got me thinkin' nonsense ~

Aprecio a ideia de que ao não saber o destino de um Magikarp naquele lugar, a decisão mais óbvia a se tomar seja simplesmente flambar o coitado.

Acho que a única coisa que dê pra deixar passar é o fato de que houve uma tentativa de captura. Mas há algo mais importante que preciso narrar a respeito - e isso se trata da maneira como, ao ver o bicho sapateando no chão (pouco antes de ir pras mãos de Kenma, embora tenha escorregado e saltado por aí em vários Splish Splash), o Pidgeot-Segurança se aproximou. Os olhos passeavam cuidadosamente pelo aquático, a cabeça indo de um lado pro outro, e até chegou a recuar por um momento quando o lança-chamas do galinho assou o animal vivo.

...e foi aí que ele se intrometeu. Antes da Cherish chegar e bater no corpo do coitado, o pássaro simplesmente meteu o bico, jogou pra cima e engoliu de uma vez só o pobre do Magikarp, que em momento algum teve um fim digno - ou até teve, se você considerar a lei da selva, cadeia alimentar, blábláblá. Por consequência, a esfera atirada por Daisuke quicou no chão e saiu rolando, sem alvo para acolher, abandonada, sofrida (mas não tanto quanto o peixe).

Você sabe o que dizer?
Eu não, mas foi esse o destino que a coitada da carpa sofreu.

— ...o que é que v-... — Oh, sim. Sobre o barulhão - claro que ele atraiu de vez o tal do homem que desapareceu lá pra cima. Mas eu posso te dizer que ele não inventou sobre ir buscar alguma coisa, considerando a pasta grossa de documentos que trazia em mãos na sua volta. Ele olhou pro "videogame" ligado, pra breve bagunça causada pela perseguição de Kenma-Ivy-Manju-Litwick (ainda bem que não tinha muita coisa pra arrumar, né?), pro casalzinho feliz da vida com o marmitex na mesa. — ...bom ver que já se sentem em casa. — Um sorriso cínico, curto. Ele caminhou na direção do videogame, colocando um dos controles junto com a TV e... O outro, teve que tirar da fantasminha, que ainda tentava bater nos botões pra ganhar um novo petisquinho. — Sai, solta. — Reclamou, balançando um pouco o joystick e tirando o objeto da coitada para poder deixá-lo junto do outro. Mas não pensem que foi fácil: A coitada resmungou, choramingou, fez berreiro - e até ameaçou investir com uma esfera multicolorida, mas pensou duas vezes quando uma cara gigantesca de Pidgeot chegou bem pertinho da sua. Na verdade, ela desistiu na hora, dando meia volta e fugindo deliberadamente pra perto de Kenma, pois estava bem mais tranquila com a ideia de um 2x1. — ...é impressionante como conseguem fazer bagunça em um lugar que não tem quase nada, mas parabéns. — Balançou a cabeça, apertando um dos tijolos na parede que, então, engoliu novamente a TV e o "joguinho", levando-os embora como se nada estivesse ali. — ...espero que não tenham conseguido quebrar nada.

Imagina só pagar de herói e na mesma golfada querer abusar de um pokémon que SOFRIA MAUS-TRATOS pelo simples desejo de querer completar uma missão - uma, aliás, que é só pegar um bichinho que tem que nem rato pelo meio do mar!...

É isso que a convivência com Temperance te ensinou - é isso que faria ela se sentir confortável e segura ao lado de seu treinador?
É esse o tal de "exagero" que você estava falando da corporação há pouquíssimo tempo atrás, seu hipocritinha?
Você também faz parte do problema.

E não só faz, como o próprio Pidgeot também percebeu: Aquela fúria relampejando no olhar, mesmo que o ódio fosse relativamente contido pelo galinho (aliás, péssimo exemplo para ele) e pela criminosa do lugar. A ave recuou alguns passos, abrindo as longas asas e abrindo o bico em ameaça, um grasnado de respiração violento e afetado, altíssimo - ou tanto quanto parecia capaz de ser. O que posso te garantir com toda a certeza é que você tem muita, muita sorte da situação ter se apaziguado antes do nosso belíssimo ciborgue aparecer pois, do contrário, não tenho como te dizer o nível de escalada que aquela situação poderia ter tido.

...Ainda que não houvesse passado despercebida por ele a maneira como arisco e agressividade pulsavam com tanta força nos olhos de seu companheiro emplumado, direcionado exclusivamente ao cabelos-de-fogo - garoto, pois homem não é. Hmpf.

— Não é brinquedo. Larga. — Foi a última coisa que disse antes que Litwick finalmente perdesse a pegada do controle - mas, ei, se não o era, era o quê? Não sei, acho que vocês vão ter que perguntar pra saber. Vai que foram responsáveis por algum desequilíbrio ecológico aí? TALVEZ SEJA NECESSÁRIO PERGUNTAR PRA SABER. Mas não sei. A vida de cada um, a vida de cada um. Quem que tem interesse nesse tipo de coisa, afinal?

O fato é que... O olhar analisou Karinna por um instante diante de seu argumento. Ele também bateu as pupilas brevemente no marmitex aberto, o que fê-lo erguer bem de leve uma das sobrancelhas, mas não comentou nada a respeito. No fim, o que é que podia fazer se a mulher alegava fome de pokémons, afinal? Ao contrário de alguém por aí, que não citarei o nome, esse altão aqui tem um pouco de CORAÇÃO... Mesmo que, até onde se seja sabido, o dele seja de metal. O que não deixa um placar muito razoável entre um e outro, mas vamos SEGUIR EM FRENTE. Eu não sou uma pessoa rancorosa, no fim das contas.

— ...o que você me deve, eu sei que nunca vai conseguir pagar. — Comentou, as íris direcionadas na direção de Bley. A mão livre afagou brevemente a cabeça de seu pássaro e foi aí, e só aí, que o voador fechou um pouquinho os olhos pra receber o seu carinho, verdadeiramente relaxado pela primeira vez naquela situação desgraçada. — ...então, eu só vou pedir um pequeno favor. — Vamos deixar o passado ser passado? O passado dessa rota, eu digo. Porque o outro eu não vou deixar não. Você que lute com o seu H1 aí no projeto.

Devagar, se aproximou mais uma vez. Acompanhado por Pidgeot (que NÃO DESISTIU de encarar Daisuke - ironicamente, apesar do surto de Bley, o desmiolado ali parecia se tratar justamente do rapaz. Miliciano, né, fazer o quê...), caminhou na direção da mesa, dando meia volta e sentando do lado oposto, onde largou a pasta também. Mini-Oswald (que de mini não tem nada) enfiou uma das mãos no bolso, retirando dali um pequeno artefato... quase-circular, que largou em cima da mesa. A moedinha girou brevemente antes de repousar sobre a madeira escura, o logo de Arceus namorando gentilmente o grupo que ali estava.

Para quem não sabe, essa é a Moedinha de Arceus.

— ...Reconhece? — Sem plural, dessa vez, a atenção se fixou na loira. Seja pra evitar talvez amassar a cara de Fernandez com a ideia de que ele tivesse maltratado seu bebêzinho ou por qualquer outro motivo, sua hospitalidade se voltou para a monodragoa. É verdade: O Ranger provavelmente poderia ter batido de cara com um desses exemplares aqui ou ali mas, no fim das contas, era Bley quem tinha verdadeira consciência da origem do artefato, dropado tão belamente do loot de Gilatina.

Ela quem foi no meu evento, afinal.
...CAHAM.

Acho que você tá falando demais pra quem não sabe a equipe dele. (╯▽╰ )

De qualquer jeito: Eu tenho certeza absoluta que posso contar nos dedos as pessoas que não dão pra trás em meio a um escândalo de Karinna Bley. Mini-Oswald claramente era uma delas (algo que já deve ter ficado explícito desde o encontro no beco) e, enquanto observava aquele projeto de ataque de pelanca, a única coisa que fez foi deixar escapar um riso frouxo no processo.

— ...É, quase isso. Os robôs foram uma obra falha da Devon e, até onde se saiba, não têm correlação. — Comentou quando a monodragoa finalmente deu uma trégua, um sorriso de canto passeando nos lábios, suave. Ele recuperou a moeda abandonada na mesa, movimentando-a entre as costas dos dedos naquele vai-e-vem legal que vocês talvez saibam. É maneiro, tá? — ...Há quem diga que foi um presente deixado pra gente pelo próprio Gilatina. Não posso te dizer que é uma identificação. — Viu, Daisuke? Você maltrata meu Pidgeot, mas mesmo assim eu ainda te respondo. Eu sou mó legal. — ...de qualquer jeito, é bom saber que vocês tem experiência nesse tipo de coisa. — Afinal, foram se debulhando em um monte de teoria conspiratória de culto, quando tudo que o coitado disse foi um simples "Reconhece?", né?

— ...Relaaaxa, cãozinho. — Ei, o apelido pegou? Tudo bem, vai: Eu admito que foi só um deboche suave, sem nenhuma malícia por trás. — ...Não, eu não tenho nenhum interesse naquele bicho. E tenho mais o que fazer do que me envolver com esse tipo de gente. — A cabeça balançou, discreta, em negativa. — Eu não sei se posso te dizer culto, mas tem, sim, alguém por trás de algumas coisas. — Então, outro papel foi retirado da pasta. Mais especificamente, uma blue print, que representava uma esfera maciça, descrita exclusivamente com numerações que, sinceramente, ninguém aqui ia entender. — É isso aqui que me interessa. — A mão metálica se apoiou sobre o papel, a ponta do indicador batendo no desenho branco. Ele se inclinou sobre a mesa, um suspiro pesado escapando enquanto analisava as inscrições. — ...Muita coisa aconteceu desde o primeiro ataque à cidade. Mais especificamente, muitas crenças começaram a ser postas à prova, de certa forma. — Explicou, largando o corpo contra a cadeira e esticando as pernas, apenas para apoiar uma em cima da outra. — ...Tem gente que se aproveitou disso. E sempre tem quem se aproveite da pior forma possível. — Jogou no ar, o olhar subindo mais uma vez na direção da loira. — ...Essa esfera é um núcleo de energia. É bem, bem difícil de controlar, e pode fazer um estrago se cair nas mãos erradas. — Veja, pelo menos esse aqui não fica escondendo informação, né? — ...Era de um acervo privado. Alguém passou a mão, de algum jeito. — Admitiu, vagarosamente, uma seriedade inquieta na voz que denunciava a probabilidade impossível do fato. Mas, bem, já vimos bastante disso aqui, né? — ...Eu tenho a localização, mas não sei que tipo de coisa vai ter lá dentro. Parece, sim, ser um lugar bastante frequentado por pessoas de crenças alternativas, então eu não quero esperar pra descobrir qual é a ideia por trás da necessidade dessa belezinha aí. — Indicou o plano azul com o queixo. — ...Eu quero que recupere ela pra mim.