Conto 7 - Vamos Terminar de Fabricar Esses Brinquedos

Fui chamado de surpresa para auxiliar o Snorlax Noel com os presentes. Os Impdimps que deveriam ajudar tomaram um suquinho da confusão e estão no décimo sono. Nem eu tenho um desse. De todo o modo, saí de casa para ajudar já que muitos fizeram coisas semelhantes, ademais, também é natal, é uma época do ano bem abençoada.

Tinham alguns balões cheios e algumas coisas de couro para costurar. Espera, eram bolas? Pela aparência, pareciam ser de vôlei, aquelas que todos jogam quando vão à praia para comemorar as festas de final de ano. Como as crianças são mais singelas, né? Eu mesmo pediria, pra mim, um Porsche Carrera, mas nem o papai noel me ama tanto assim.

Tomei alguns daqueles balões, uma agulha de costura e os couros que iam por cima. Nem mesmo me atentei ao tempo, já que era necessário ser minucioso para que o balão não furasse e o brinquedo perdesse utilidade. Costura para lá, para cá, devagar, as vezes aumenta a velocidade e...

Pronto! A primeira bola estava pronta!

— Olha que legal! Já dá pra brincar em qualquer lugar — disse, feliz com o resultado. Olhei para um outro monstrinho, e empolgado, levantei a bola como um legítimo levantador; ele não sabia, mas era um “três, corta”, brincadeira que, no terceiro toque, corta igual um oposto. — Um! — disse ao levantar. Um Mr Mime devolveu de manchete, perfeitamente. — Dois! — esperei a bola vir, até que... — CORTA!

Só lembro de ter cortado a bola e ela ter saído com força demais. O barulho de tudo derrubando, um monte de “ai” pra lá e pra cá.

É melhor eu voltar a costurar e fingir que não fiz nada...

Duas da tarde, sol infernal. Já fazia cerca de dois anos que eu passei a morar em Hoenn, próximo do Shimmer Desert e eu ainda não havia acostumado. Meu treinador, um velho gagá que amo muito, se mudou para cá com a esposa a fim de se aposentar. Eu, como sou bem mais novo e vivo mais, não ia abandoná-lo na velhice e vim.

Hoje, em específico, no calor da porra, sentei no chão e pensei no quão bom é ter esse tempo de aposentadoria: sem lutas, sem muita migração e sem muitos perigos. A vida estava boa e eu comecei a pensar o que eu faria quando meu velho fosse embora. Cogitei algumas coisas mas concluí o óbvio: eu queria uma aposentadoria tranquila, gastando o tempo ajudando alguém.

ONGs de crianças carentes, Criança Esperança, APAE... tudo que aparecia na minha cabeça deixava óbvia a tendência dentro de mim: eu queria fazer crianças felizes. Talvez o âmago queira me dizer que cansei de velhos... talvez não.

De qualquer forma, foi enquanto eu pensava isso que um anel surgiu bem na minha frente, soprando um vento gelado. Dentro dele havia um buraco negro que claramente dava a lugar nenhum. Botei uma mão e nada, botei outra e nada, quando fui finalmente me afastar e tentar entender melhor o acontecido, ouvi um "ho ho ho" conhecido e franzi o cenho. Logo em seguida o anel me engoliu e eu fui parar no Polo Norte.

Andei o resto da tarde para chegar na casa do bom-velhinho, que precisava de mão de obra. Fui útil principalmente em trabalhos que necessitavam de rotação: encaixe de engrenagens, finalizações de parafusos e porcas, rotação de objetos em esteiras e essas coisas. Foi bom ser útil, no fim do dia um anel me levou de volta pra casa e preferi guardar segredo disso até o natal.

Não me diga que o Snorlax Noel realmente existe? Quer dizer eu sempre acreditei, afinal não existe nenhuma explicação "científica" para tantos presentes serem entregados. Alguém tem que estar por trás disso e agora eu via tudo isso com meus próprios olhos, se bem que está um pouco diferente do que eu pensava. Por que todo mundo dormia? Foi hípnose? Não consigo sentir, mas está tudo tão estranho... estavam dormindo mesmo?

Bem, não vim aqui para resolver mistérios e bancar a detetive. Já que os brinquedos não estão saindo, por que não dar uma ajudinha? Eu tenho uma ideia perfeita. Um boneco, crianças amam bonecos, podem brincar com eles e se imaginar como o personagem que o boneco representa. E eu tenho um personagem que as crianças vão adorar, aqueles que elas vão imaginar destruindo os caras maus e a favor da justiça e tudo o que há de bom.

Minhas habilidades para fazer bonequinhos não podem ser tão perfeitas, afinal, tentáculos não tem tanta destreza quanto mãos, que inveja desses humanos as vezes. Mas, o tipo de boneco só podia ser feito por mim, uma criatura parecida comigo, com vários tentáculos, uma entidade cósmica, vinda de um plano além, que descansa nas profundezas. O ser mais perfeito de todos...


As crianças vão amar

Na Cidade, em mais um dia de Natal, um infortúnio atingiu o ateliê dos ajudantes do Snorlax Noel. Os brinquedos não estavam sendo feitos por causa de um incidente nada trivial: o Grimmsnarl havia embebedado os trabalhadores gnomos Impidimp, causando um atraso imprevisto na produção.

O Snorlax Noel, preocupado com a situação, estava prestes a expressar sua desilusão quando lembrou-se de seu amigo de tipo, o confuso, mas brilhante, PorygonZ, com sua mente digitalizada e habilidades computacionais, que ofereceu uma solução.

— Ho, ho, ho, ho... Não se preocupem, queridos! Já conversei com meu amigo Porygon e ele vai transformar esse lugar! Vamos automatizar a fabricação dos brinquedos! — disse o Snorlax Noel, encorajando a todos.

Com a agilidade virtual do PorygonZ e seus amigos, eles modificaram completamente o processo de fabricação. De uma fábrica manual, transformaram o lugar com a magia da tecnologia, trazendo máquinas reluzentes e esteiras brilhantes para agilizar a produção.

— Vamos lá, Porygons! Cada um tem um papel importante nessa transformação! — incentivou o PorygonZ, guiando seus companheiros com maestria, enquanto suas partes móveis se agitavam freneticamente de empolgação.

Enquanto os Porygons trabalhavam, os Pokémon da Vila observavam através das vidraças da fábrica, impressionados com a velocidade e a precisão com que as máquinas agora funcionavam.

— Ho, ho, ho, ho... Isso é incrível! O Natal está salvo! — exclamou o Snorlax Noel, admirado com a eficiência dos Porygons.

Com o esforço conjunto e a automação implementada, os brinquedos começaram a ser produzidos em ritmo acelerado. A alegria do Natal voltava a brilhar nos olhos de todos! O PorygonZ era pica, menó.

Na manhã seguinte, os presentes estavam prontos para serem distribuídos. Todos os Pokémon receberiam seu presente especial, graças ao árduo trabalho dos Porygons. E o PorygonZ, com seu espírito de coach, ao fazer seus colaboradores virarem a noite sem dormir em uma prática de crunch, tornou-se o herói inesperado do Natal, assegurando que a magia da data fosse preservada para todos.