Greensight

Off escreveu:

Hey oh Sleepoh! )o)
Vou te narrar aqui, @Sleepy então sabe onde me encontrar se precisar de algo :B
Enquanto isso vou tentar me atualizar sobre esse guaraná Natu doidão aí.
Te diverte! :3

Debaixo do grande arco que marcava a fronteira entre Goldenrod e a Rota 22, quem passasse naquele instante poderia encontrar Kathryne Keyron conversando com uma exótica Hattrem toda azul. Tirando a cor da Pokémon não havia nada de estranho a primeira vista, afinal se já é comum pais de pet terem amplos diálogos com seus filhos, aqui no mundo Pokémon conversar com as criaturinhas era nada menos que o comum. Estranho mesmo era o pedido que ela fazia para Hattrem: "[...] uma angústia, solidão, medo. Um misto de tudo isso.".

Ora pois, tinham acabado de deixar a "selva de pedra" que era Goldenrod, onde devia ser bem mais fácil achar aqueles sintomas a cada metro quadrado. Digo, os habitantes locais em suas rotinas deviam ter pelo menos um daqueles sentimentos facilmente! Mas, que seja, a zona de busca de Hattrem estava bem definida como sendo a Rota 22 em particular e seu filtro, no fundo, era o fato de estar lidando com outro Psíquico como ela.

Eis então que a jovem e sua parceira-radar puderam dar o primeiro passo para fora daquele arco, deixando a cidade para trás e se lançando a ares mais rurais, a princípio, pois o começo da 22 era uma clara transição da cidade para o bosque que ali havia, com grama verdejante e muito mais árvores. Kath também tinha saído no caminho bem ao lado da costa, tendo a sua direita uma ampla visão do mar azul, com suas ondas agitadas e Magikarps saltitantes. Até era possível ver, contra o horizonte, a silhueta de um ousado trio de surfistas encarando ondas.

Nesta rota não havia praia, então toda a costa era nada mais que um precipício pedregoso, fechado por uma contínua cerca de metal grosso que deveria impedir as pessoas de entrarem no mar, mas claramente não surtia tal efeito. Essa área era bem arborizada também, exceto pelas partes em que casas de luxo foram erguidas com seus ostensivos deques acima do mar.

A zona à esquerda de Kath era o que talvez lhe rendesse mais interesse na busca, pois tinha a mata bem mais fechada e ampla, propícia para Pokémon selvagem. Apesar disso, já nos primeiros metros da trilha, rumo ao sul, a moça podia ver que ali também havia construções. Não tão exuberantes quanto as à beira mar, mas com sinais de um alto padrão aquisitivo. Mas, pelo menos deste lado, com um espaço maior, as construções eram mais espaçadas umas das outras, oferecendo boas áreas de verde.

Vale a pena informar que a maior parte das habitações estavam vazias e fechadas. Naquele primeiro trecho de caminhada, apenas uma casa na orla tinha gente no deque, pescando. Já nas do bosque, Kathryne teria visto crianças brincarem na varanda da casa mais perto dela e em outra mais adiante uma velha senhora fazendo yoga sobre um tapete na grama verde. Seriam fontes (humanas) de informação, se quisesse arriscar.

No mais, o clima em si talvez não fosse dos melhores já que o vento estava agitado e, por ser perto do mar, tinha se tornado até um pouco violento em alguns momentos. O sol estava tímido, passando a maior parte do tempo coberto por nuvens acizentadas que anunciavam chuva para algum momento entre este dia e o próximo. Apesar disso não fazia frio, mas sim o calorzinho natural que antecede dias chuvosos.

Kathryne se aproximava da casa em questão e, na verdade, não encontraria nenhuma barreira delimitando a área da casa, exceto uma cerca de arbustos floridos na altura de sua cintura, o que de fato não era um grande obstáculo assim. Também, como a residente exercitava-se ao ar livre, o tom de voz da garota se elevava pouco, o suficiente para chamar a atenção da velha e tirá-la da Trikonasana (postura do triângulo) em que se mantivera por alguns minutos.

– Pois não?! – a mulher procurava com os olhos ao redor, até encontrar a fonte da fala – Como disse, querida? – falava caminhando até Kath e secando o suor com uma toalhinha – Ruínas? Templo? – tinha um sorriso simpático [spoiler do Hattrem-radar: falso, forçado] e o olhar levemente confuso, tentando associar as palavras com a pergunta – Ai, eu não... Cheguei há uns dias e só venho nas férias. Não conheço muito bem a área. Arrisco dizer que praticamente ninguém conheça bem, na verdade...

Talvez Kathryne não soubesse, então a mulher lhe daria algumas informações resumidas, permitindo a garota descobrir que aquela rota era famosa por ter uns dos lotes mais caros de Johto, por isso atraía ricaços para lá. Como tal, a grande maioria das residências eram de ostentação e hospedagem passageira, do tipo casas de inverno, de verão, de férias. Quem morasse lá devia ser algum aposentado vindo de outra cidade há pouco tempo, pois os antigos nativos certamente foram bem recompen$ado$ para venderem seus terrenos.

O ponto positivo é que a senhorinha realmente se esforçava para dar alguma informação útil, muito provavelmente graças a aura inofensiva de Kathryne e da pequena Hattrem ali. Então no fim contribuía com:

– [...] E... Bem, se tiver alguma coisa abandonada desse tipo, deve ser mais lá pra baixo (sul) e mais pra dentro da mata (leste). – ía apontando as direções, mesmo que de forma precária – Na época costumavam ser os lotes mais baratinhos, longe do mar, e alguns até em zonas protegidas pelos Ranger. Ah! Por falar nisso, se seguir o rio que cruza a rota, talvez dê sorte de encontrar o Senhor Tumnus em casa. Ele é um dos moradores mais antigos que eu me lembre, se ainda estiver vivo... Pode ser que te ajude mais do que eu. – finalizava com um sorriso, arriscando até fazer uma caretinha fofa pra Hattrem.

Com um sorriso e um "boa sorte" a moradora se despedia, voltando para o tapetinho de yoga e seus exercícios de respiração. Kath e Reason, por sua vez, davam meia volta e seguiam caminho. Considerando o pequeno desvio que fizeram até a casa da mulher, as parceiras não transitavam mais pela estrada principal, indo então pela campina em meio a algumas outras casas.

Por ali já puderam ver novos rostos se mostrando: Hoppips bobos flutuando entre arbustos, Pidgeys cantarolando em galhos ou ciscando no chão, Sentret espiando acima de muros e atrás de árvores. Cenas e Pokémon comuns, já acostumados com a presença humana por lá. Os humanos em si também estavam em algumas das casas que foram erguidas na mata. Kath pode vê-los através das janelas.

Ainda que não tenha sido intencional, as psíquicas não se afataram tanto assim da costa; era até possível ouvir as ondas fortes quebrando contra o paredão rochoso e sentir o sal trazido no vento. O lado positivo é que como determina a ciência "os rios desembocam no mar" e, bem, a única referência dada era de que a morada do velho ficava à beira do rio. O lado negativo é que, mesmo após longos vinte minutos de andança, o rio em questão ainda não tinha sequer sido avistado.

– Eles... Hyyueem... – Kathryne ouviu.

A palavra "eles" parecia ter vindo de todos os lugares e, ao mesmo tempo, de lugar nenhum, pois ressoou inteiramente em sua mente. Mas depois a própria palavra se confundiu com a voz de Reason ao seu lado [ela teria se comunicado telepaticamente?], que resmungava em tom intrigado enquanto reduzia o passo e olhava curiosa para uma casa escura, escondida na mata. Alguma coisa lá chamava sua atenção. Como Kath já conhecia bem a bruxinha, podia suspeitar se tratar dos ruídos sentimentais de algum(s) Pokémon, portanto algo que pudesse deixar de lado se preferisse não se aprofundar.

Uma vez que Reason tinha sido incumbida de rastrear uma certa vibração de sentimentos, era de se esperar que Kathryne se interessaria em investigar quando este radar detectasse alguma coisa. Se aquilo resultaria no alvo que tanto buscavam, aí era outra história! Por isso veremos o que foi encontrado dessa vez...

A medida que se aproximavam da casa, Keyron podia perceber os claros sinais de abandono, como a grama mais alta, os musgos crescendo na muretinha baixa, os arbustos mal aparados e até parte da tinta descascando nas paredes externas. Digo, depois de saber que era uma zona de ricos e de ver mesmo as casas vazias com a manutenção em dia, era perceptível o quanto aquela destoava das outras.

O que era estranho, contudo, era encontrar a grade baixa do portão de entrada completamente aberta, bem como a porta principal da casa. Reason hesitou alguns passos ao se aproximarem e até mesmo se arrepiou um pouco quando olhou para as janelas do segundo andar. Se Kathryne olhasse para lá também talvez se arrepiasse já que, para além dos vidros embaçados de poeira, quase dava para distinguir um rosto as observando lá de cima, numa janela, e era... Esverdeado?! Podia ser um truque do vidro, claro.

– AU-AULL! AU-AU-AULLL! (x3) – uma confusão de latidos vinha de dentro da casa, anunciando o trio de Snubbull que saíram gritando e correndo de lá.

Feito cães de guarda, eram mal encarados e tinham as garotas como alvo comum, é claro, como se estivessem defendendo o lugar. Feito pinschers, tremiam de nervoso. Feito Snubbull, eram um pouco medrosos e por isso latiam mais para afugentar, não sendo os primeiros a atacarem.

Plaft!! Reason dava uma bofetada no Snubbull da ponta, fazendo o doguinho recuar choramingando para trás dos seus companheiros, mas era tarde demais para por o rabo entre as pernas e, como Kath bem deduziu, eles não iam fazer isso depois de terem sido afrontados, principalmente ao se verem em maior número, mesmo com o pequeno Dwebble vindo para o lado de Hattrem para lhe auxiliar.

A Snubbull do meio parecia ser a líder do bando, rosnando para intimidar os Pokémon de Kathryne no instante em que deram um passo a frente para os enfrentar. Reason, ainda braba, bradava e brilhava num flash multicolorido que só fazia os Snubbull se aproximarem uns dos outros ainda mais, como se também estivessem intimidados.

Uma vez mais a Snubbull do meio rosnou, desta vez enfatizando sua cara (feia) contra os oponentes, mas o que ela não esperava era que Dwebble estivesse escondido sob sua carapaça, por isso inacessível, e que Reason tinha aquela aura peculiar e reflexiva que rebatia o "feitiço" contra o feiticeiro, deixando a líder canina com arrepios, mais lenta.

Pelos flancos os outros Snubbull tentaram agir. Um viria a dar uma cabeçada contra a carapaça protetora de Dwebble, sem alcançar a criatura em seu interior. Reason, por outro lado, era atingida por uma mordida perspicaz e efetiva contra suas defesas. Mas os Pokémon de Kathryne, apesar em menor número, eram poderosos e resistentes.

Reason respondia com mais um flash intenso de luz que por sua própria conta deixava já os cães bem ofegantes e cansados. Dwebble vinha na sequência lhe dando cobertura com uma rajada de pedras pesadas que até mesmo imobilizou um dos Snubbull temporariamente. Ainda assim, mais dois golpes foram desferidos pelas fadas caninas ali, um em cada Pokémon de Kath...

Acima deles, na janela, o suposto rosto ainda estava lá. Era inexpressivo até onde dava para ver e, só foi possível confirmar que não era uma ilusão de ópica da sujeira porque se moveu levemente de um lado para o outro, lentamente, mas se moveu.




Campo: Mato alto em uma área estreita, cercada por muros baixos do lado da personagem e uma casa do outro, às costas dos oponentes.