[0] A Primeira Onda

Uma janela solitária era responsável por fazer o sol invadir meu quarto, como em todas as manhãs... Mas, diferente de todas as outras, daquela vez a luz parecia 'mirar' em meu rosto quase que como em um sinal de que era hora de acordar. O sol brilhava mais forte do que nunca, e pairando sobre a água, um grupo de Wingulls voava em formação... Mas eles não pareciam com tanta pressa, na medida em que pouco a pouco ficavam para trás. — Wingulls, é? — Um sorriso preenchia meu rosto conforme eu me levantava da cama, 'equilibrando-me' as ondas do mar; uma das consequências de pegar o pior 'assentamento' do barco. Eu sorria pois, mais do que nunca, aquela 'formação' de aves me lembrava que estava mais perto do que nunca de meu destino.

E não tardaria muito até que, enfim, desembarcássemos em Slateport. Eu começava a me preocupar em como iria fazer para chegar ao Laboratório Pokémon da região, afinal, como este se encontrava em uma região relativamente rural eu não tinha muitas esperanças de conseguir um ônibus ou afins para lá. Mas, como tantas outras coisas, este era um dos problemas que eu deixava pra depois; até que voltassem me chutando a bunda.

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SOCORRO! Céus, que burrice, oque eu tô fazendo aqui?! Eu nem tenho dinheiro pra voltar pra casa! Por que raios esse lugar é tão infestado de Pokémon?! É... Bom, não muitas horas depois, eles haviam voltado. Eu já havia tentado pelo menos duas vezes me 'esgueirar' pela rota até Oldale antes de ser posto para correr por um Zigzagoon ou Poochyena. Naquele momento, eu atraia alguns olhares 'estranhos' enquanto recuperava meu fôlego nas fronteiras da cidade que levavam para além da mesma. O desespero era visível em meu rosto; eu havia vindo de tão longe pra isso? Eu prometi pra todos que me tornaria uma lenda! — Hmhm! — Alguém limpou a garganta, próximo à mim. Enquanto eu levantava a cabeça, Era um homem de meia idade, com grandes cabelos e barbudos, carregando pelo menos uma meia dúzia de sacolas em seu braço esquerdo. — Com problemas pra sair da cidade, imagino? — Ele dizia, encarando a estrada. Eu parecia vermelhar um pouco com o comentário do homem, envergonhado de minha situação. — Sim... Eu sequer consigo dar dois passos pra dentro da mata sem que alguma coisa morda minha canela. — Eu bufava, admitindo a derrota. — E oque te faz querer sair de Slateport? Digo, não há muito a se fazer em Oldale que não consiga fazer aqui. — Perguntava o homem, curioso.

Meu destino não é Oldale... É Littleroot. — A sobrancelha esquerda do homem se erguia, antes de seus olhos cerrarem-se. — Hmm... Bom, e só há uma coisa em Littleroot que não aqui. — Eu suspirava, antes de balançar a cabeça em um aceno positivo. — Hahahaha! — Eu erguia a cabeça um pouco confuso, e até certa extensão irritado, conforme o homem começava a rir da situação. — Bom, então talvez seja seu dia de sorte... Diga-me, oque planeja fazer com um Pokémon? — O homem perguntava com um sorriso no rosto, ansioso pela resposta. Enquanto meus olhos encontravam-se com os deles, ainda confuso, antes de enfim decidir contar-lhe. — Eu vim de Alola, e não temos uma Liga Pokémon lá. Eu desafiei os Trials com alguns Pokémon que eram meus amigos, mas sabia que aquilo não seria o suficiente para essa paixão que acendeu em mim, tão forte ao ponto de me consumir. Eu juntei oque tinha e vim pra cá para conseguir meus próprios Pokémon, desafiar a liga e... — Conforme a paixão acendia em meus olhos enquanto contava o homem, parecia que a realidade em um momento batia à porta, de forma com que eu tremesse para terminar a última palavra. — Tornar-se Campeão? — Completava o homem, para minha surpresa.

Ele estendia sua mão para mim em um sinal que, para mim, chamava-me a me levantar. E na mesma medida em que eu erguia minha mão de encontro, ele girava seu pulso, revelando uma Pokébola na palma da mesma. Meus dedos, apenas a alguns centímetros dela. — Escuta... É oque eu tenho, afinal, eu não viajo com todos os três pra ir na feira. — Eu hesitantemente pegava a esfera, terminando de me levantar. Ele percebia minha confusão e, conforme abria minha boca para perguntar, ele se apressava em me cortar. — Meu nome é Birch, por sinal.

Birch? Quer dizer, PROFESSOR Birch?! — As palavras saíam em um tom tão acentuado quanto minha surpresa, e minha atenção instantaneamente se virava para a Pokébola. — Então esse é... — O homem seguia estampando seu sorriso no rosto, enquanto acenava em concordância. — Ei, mas escuta aqui. Eu gostei do seu pulso e da sua história, mas eu peço que você use mais sua cabeça daqui pra frente. Lembre-se que você não é mais responsável apenas por si mesmo. — Sua feição e tom se tornavam mais graves, tentando deixar claro seu recado. — Mas, fora isso, agora você tem Mudkip para te proteger. E cuide bem dele, hein?! Treine-o, e ele certamente te levará ao lugar que almeja alcançar.