Doe Deer

por **Seth** Qui 26 Set - 0:54

doe deer

OFF:

Nem tudo na vida eram flores, huh? Pensava eu que, entrando para a Equipe Rocket, eu facilmente descobriria o mundo e ajudaria os justiceiros a lidar com o governo e a polícia corrupta; e principalmente: eu enfrentaria o Maxima e desmantelaria sua operação. Nada disso aconteceu. Se passaram meses desde o acontecimento em Cerulean, do encontro com Darius e da minha entrada na organização, mas eu não havia progredido um passo sequer. Estava completamente no escuro ainda, sem saber o que fazer, sem saber quem confiar, sem saber o que procurar.

Tentei esconder esse sentimento de não-pertencimento por bastante tempo. Ignorei ele por boa parte dos meses, mas a verdade é que estava completamente inviável continuar assim. Dentro de mim ardia um desejo de justiça grande demais, e que não se saciava a muito tempo. "Os fins justificam os meios", era meu dilema sempre. Sempre fui assim, prefiro acreditar que qualquer objetivo meu é nobre o suficiente para entregar alguns sacrifícios, mas até agora eu não tive que fazer nenhum sacrifício. Na verdade, eu não tive que fazer nada. A única missão que fiz para os Rockets foi entregar os Muks de volta ao vulcão de Cinnabar, nada além disso.

Na verdade, eu tinha uma direção: Sabrina. O encontro com a líder foi tão breve quanto a quantia de respostas que ela me deu. "Eu também quero me livrar do Maxima", o que isso significava? Ela estava envolvida com o Darius? Para arrancar qualquer coisa dela eu teria de derrota-la numa batalha de ginásio, mas eu não sabia se estava pronto para isso; ela tinha uma clara vantagem de tipo, e mais ainda, de experiência. Vai saber quanto tempo e quantos desafiantes ela já não enfrentou, mesmo com tão pouca idade. A verdade é que eu estava com medo. Talvez por isso não tomei nenhuma atitude antes, talvez por isso deixei que os sentimentos de impunidade ficassem escondidos por tanto tempo.

Mas não mais. Eu tinha que fazer alguma coisa. Mas o que? Eu não tinha nada além dos meus Pokémon e um desejo tremendo de fazer justiça com as próprias mãos. Essa ânsia me consumia, e cada vez mais sentia que estava desperdiçando meu tempo na Equipe Rocket.

Era um dia nublado quando cheguei em Celadon. Passei na base da ER para reportar a missão dos Muks e depois fiquei hospedado no Centro Pokémon. O dia estava bem feio, mas propenso a introspecção. Já era tarde da noite quando eu resolvi levantar da cama, tomar um banho, me trocar e sair pela noite da cidade. Celadon não era lá tão grande, mas tinha grandes atrações ao público, a principal: seu Cassino. Talvez fosse interessante dar uma passadinha lá, ver se conheço alguém, aposto um pouco, bebo um pouco. Da última vez que fiz isso não terminou tão bem, mas foi a única vez que realmente me senti vivo. Quem sabe o que posso encontrar pela noite?

Coloquei uma roupa bem "eu": uma camisa preta com o símbolo da minha banda favorita, um chocker com grandes spikes, três pulseiras de spike (incluindo o que tinha minha key stone), um cinto com duas carreiras e uma calça também preta. Terminei com uma jaqueta de couro e meu coturno, e saí perdido pela noite. Na verdade, faltava uma coisa: corpse paint. Faziam alguns anos que eu não me vestia como o verdadeiro gótico que era, e aquela parecia ser a oportunidade perfeita para matar a saudade. A essa altura da noite a lua já brilhava forte no céu, cheia e bem amarela, iluminando meu caminho pelas ruelas de Celadon; meu trajeto era relativamente simples até o cassino, mas quem sabe se eu não encontro alguma festa ou outra coisa mais nichada no meio do caminho?

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por **Karinna** Qua 23 Out - 23:14

off escreveu:oiiiii seu narrador favorito está de volta!!!

pronto pra outra rota que vai entrar pra história? qualquer coisa, cê sabe onde me encontrar <3

Doe Deer

Ser protagonista da própria história não é fácil, huh?

Parece meio redundante, mas são poucas as pessoas que encaram o perigo diretamente nos olhos como Luke. Diabos, pior ainda é ficar esperando-o aparecer, com a ânsia de que, talvez, e somente talvez, ele aparecerá por acaso e voltará a encará-lo outra vez. Ser protagonista da própria história é isso, no fim das contas: Não observar a própria vida do lado de fora e, independente do que o destino colocar na sua frente, mergulhar de cabeça.

Acredite, são poucos os que o fazem.

...

A vida noturna em Celadon era semelhante à de Cerulean, similar aquela fatídica noite que está marcada no consciente de Horan como um filme. A diferença principal é que, diferente da cidade ao norte de Kanto, Celadon parecia ter uma avenida principal mais badalada, enquanto as ruas adjacentes são mais residenciais e silenciosas. Mas não se engane: A Avenida Vileplume era gigantesca, estendendo-se por quase toda a cidade de ponta-a-ponta. Foi inclusive nela que Luke desaguou após andar por cinco minutos - O Centro Pokémon fica bem no meio da metrópole em uma das ruas de trás, não muito longe de uma convergência que o levaria até lá. O Cassino, segundo algumas placas para turistas desnorteados, ficava ao sul.

O problema da grande quantidade de nuvens no céu era a possibilidade de chuva. Algumas brisas um tanto quanto geladas denunciavam que estava a caminho, mas não havia chegado por enquanto.

As luzes fortes dos outdoors digitais da Avenida Vileplume eram de cegar os mais desavisados. Edifícios de muitos andares enfeitavam toda a extensão: Uns mais altos que outros, mas todos com billboards digitais que mudavam a cada 15s para um anúncio diferente. Na base de tais prédios, lojas e bares badalados enganavam os mais perdidos de que já estava quase perto das onze e meia da noite - e pelo andar da carruagem, não parece que fecharão tão cedo. Talvez por ser sexta-feira à noite tudo fica aberto a madrugada toda?

A quantidade de pessoas na rua era alta, mas nada alarmante ou que incomodasse. Honestamente, a grande maioria ou estava nos bares, entrando ou saindo das lojas ou bêbados sentados em banquinhos espalhados pela calçada. Como toda metrópole, pedintes apareciam vez ou outra e Luke conseguia ver alguns batedores de carteira parados nas esquinas atrás de vítimas. Inclusive, quiçá por estar parado observando a avenida para poder se orientar - ou por se destacar por conta das suas vestimentas -, Horan conseguia ver de canto de olho que um dos trombadinhas começou a caminhar na sua direção, disfarçando tão mal que qualquer um conseguia perceber sua verdadeira intenção.

Será que é tão fácil assim reconhecer um turista desesperado por algum tipo de emoção?

Progresso de Rota:

por **Seth** Qui 24 Out - 4:13

doe deer

OFF:

Celadon definitivamente me oferecia mais opções do que Cerulean. Apesar de apenas uma avenida com grandes comércios, a vida ali parecia mais atraente pra mim do que a pacatez da cidade-sede da Requiem; imagine que eu, um garoto de Castelia, tive que reaprender a viver numa cidade satélite. Foram meses difíceis tentando não enlouquecer por não ter nada pra fazer no cortiço, mas as aventuras pelo continente certamente saciavam o desejo de escape. Mesmo assim, eu aprendi a me reencontrar lá, com o tempo as ruas pouco movimentadas se tornaram casa, e eu definitivamente nunca esperaria que num barzinho qualquer eu viveria um dos momentos mais marcantes da minha vida.

Percebi eu a diferença que tinha entre mim e os outros na rua. Com toda certeza um cara com maquiagem branca na cara, roupas góticas e quase dois metros de altura chamavam muito mais atenção que qualquer normie que transitava por ali. Isso e minha cara de perdido, tentando encontrar o cassino nas placas da cidade. Eu só não imaginava que, o tipo de atenção que eu atrairia, era da laia mais baixa que existia entre os bandidos: batedores de carteira. Sério, era um estilo de vida tão ridículo que eu conseguia ignorar o fato de ser marginalizado e claramente a única opção de muitos jovens em situações precárias. Me irritava saber que alguém precisava roubar para sobreviver, e que ninguém fazia nada sobre isso. E menos ainda: que eu seria alvo disso.

Respirei fundo quando vi de canto de olho um rapaz vindo em minha direção, claramente mal intencionado, mas sem saber com quem tava se metendo. Se tem uma coisa que eu não tinha hoje era paciência, e ele iria aprender isso da pior maneira. Comecei a caminhar na direção dele, cruzando olhares com ele e mantendo contato visual enquanto me aproximava, até esbarrar no ombro dele num encontrão. Derrubei minha carteira no chão, de propósito, e botei as mãos no bolso, como quem procurava por ela, até "encontra-la" caída. - Ei! Presta atenção por onde anda. - Minha intenção era clara: eu esperei alguns segundos para ver se ele abaixaria para pegar meu pertence. No momento que ele fizesse isso, eu meteria uma joelhada com certa força, o suficiente para empurrar ele mas não para quebrar algum osso.

A essa altura eu já estava com minha mão na pokébola de Manigold, preparado para lança-lo caso ele tentasse alguma outra gracinha, ou meu objetivo principal não desse certo. Uma coisa eu garanto: ele não vai sair daqui ileso e muito menos com minha grana. - Escolheu a pessoa errada pra se meter hoje colega.

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por **Karinna** Seg 28 Out - 19:53

off escreveu:!!!!!!

Doe Deer

Dessa vez, sem rodeios: Se o trombadinha pode tentar disfarçar suas verdadeiras intenções, por que Luke não poderia?

O plano do gótico saiu como esperado, admito. Não existe nada de nobre em precisar roubar para sobreviver, e na minha opinião é ainda mais feio se você for especialmente ruim nisso. Era exatamente o caso desse rapaz, que viu seus olhos brilharem ao perceber a carteira de Horan no chão, sem sequer notar que receberia uma bela de uma joelhada em seguida.

Um adendo bem importante: Não sei se nosso querido protagonista conhece a própria potência física, mas quiçá para ele "certa força" não seja muita coisa...

...Para o rapaz magricelo que acertara, certamente foi.

Não sei se o garoto era especialmente frágil, mas a joelhada o fez dar um berro de dor. Em seguida, perdeu o equilíbrio, caindo no chão - foi aqui que Luke pôde perceber que seu nariz jorrava sangue e mais sangue. Clientes do restaurante em frente começaram a observar o acontecimento, bem como transeuntes começavam a parar para tentar matar sua curiosidade. Em um piscar de olhos, toda aquela cena do trombadinha havia criado um grupo de pessoas tentando entender o que acontecera. Ao fundo, em algum lugar mais à frente da avenida, uma sirene laranja começava a soar - sinal de que os queridos escoteiros perceberam a situação e estavam a caminho.

Um plano de fuga seria necessário - ninguém quer passar a madrugada toda na delegacia prestando depoimento, imagino - mas para a surpresa de todos, enquanto observava toda aquela comoção, Horan conseguia perceber por sua visão periférica uma esfera preta ser lançada por cima de seu ombro, direcionada ao colo do trombadinha. Isso mesmo, uma esfera de cor preta...

Praticamente do tamanho de sua cabeça.

No milissegundo que passava ao lado direito de seu rosto, Luke conseguia analisá-la. Não perfeitamente, é claro, mas o suficiente para entender do que se tratava. A esfera possuía uma característica bem própria: era comprimida, quase que de forma que estivesse esperando o momento certo para explodir. Inclusive, sua cor se dava não por sua membrana externa, mas por conta de seu conteúdo... A camada fina translúcida e bem frágil denunciava que do lado de dentro havia um gás preto condensado e, como dito anteriormente, comprimido.

...Um uso bem específico e muito bem treinado de SmokeScreen, como Horan descobriria após duas unidades de segundos: O suficiente para virar o rosto e não ser bombardeado por seu conteúdo.

De suas costas, mesma direção que a esfera veio, uma mão agarrava seu braço e o puxava para trás para caminhar junto com ela, atropelando alguns dos transeuntes que estavam desorientados e tossindo com a cortina de fumaça encapsulada. Ao voltar sua atenção para a figura que o puxara, Luke percebia se tratar de alguém de um pouco mais de um metro e meio, coberto com uma capa preta e uma postura curvada que, sinceramente, pouco parecia humana.

Progresso de Rota:

por **Seth** Seg 4 Nov - 20:46

doe deer

Talvez eu tenha colocado um pouco mais de força do que deveria. Ok, talvez eu tenha colocado MUITA força, mesmo que achasse que não. O menino franzino caiu com tudo no chão, e eu logo pude ver o sangue escorrendo do seu nariz e... Sinceramente? Não me arrependia. Ficou bem claro que ele queria me roubar, e eu não ia deixar isso acontecer. Não num dia em que eu estou tão bonito para alguém vir e estragar a noite antes mesmo dela começar. E sendo ainda mais sincero, nem mesmo movi um músculo pra ajudar o rapaz. O problema disso tudo foi que ele começou a chamar a atenção de quem passava.

Em pouco tempo, nós dois estávamos cercados de um bando de curioso, que não tinham nada melhor pra fazer. Comecei a procurar um caminho seguro pra sair dali sem que percebessem; avistei uma rua um pouco menos movimentada, mas eu simplesmente não tinha como chegar lá por entre o povo que estava ali nos cercando. Devo admitir que comecei a entrar em pânico. Minha mente começou a correr de um lado pro outro e a ansiedade começou a tomar conta dos meus atos. E se me levassem pra delegacia? Como eu ia provar que ele estava tentando me roubar? Seria minha palavra contra a dele, e eu tinha um background que os policiais não poderiam descobrir de jeito nenhum. Eu tinha que ter empurrado ele e saído andando, ou então chutado com mais força, ou então...

Fumaça? Uma bomba de fumaça parou em minha frente, rapidamente preenchendo a distância entre mim, as pessoas e o rapaz, garantindo que eu tivesse um tempo para escapar, mas sequer conseguia me mexer; só consegui virar meu rosto, num reflexo rápido o suficiente para tapar a boca com a manga e evitar respirar o ar tóxico. Senti alguém me tocar, e aí meu instinto voltou a tona, e ansiedade passou. A pessoa (ou coisa) me arrastou diretamente para a rua mais isolada que vi antes, dando pouco tempo para que eu fizesse alguma pergunta até estarmos longe da multidão.

- Que porra foi essa? - Não estava entendendo bem o que era aquilo, sinceramente. Parecia mais um Pokémon do que um ser humano, um humanoide de meio metro coberto por um capuz. Certeza que era obra de alguém da Requiem. - Obrigado pela ajuda... Eu acho. - Nessa hora eu tentei não parecer um total ingrato, e dei uma olhada de canto para o lugar de onde viemos. Aparentemente ninguém mais ligava para o que havia acontecido, e aos poucos a plateia ia se dissipando, junto com a fumaça. Ótimo.

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por **Karinna** Dom 10 Nov - 12:30

Doe Deer

Comoção despistada, Horan conseguiria observar por cima de seus ombros que os Ranger chegavam no local atrasados e com a brutalidade de pegar o trombadinha caído e jogá-lo no camburão, sem muitas perguntas. Brutalidade policial não é exatamente o motivo dos escoteiros serem conhecidos mundialmente - muitos diriam que são até molengas demais - mas quiçá por se tratar de uma metrópole, a abordagem seja diferente.

... Ou não. Vai saber?

Independente disso, nosso protagonista continuava caminhando junto a figura encapuzada sabe-se lá para onde. Além da fisionomia esquisita, a "mão" que o segurava possuía dedos talvez longos demais, com uma força superior a que alguém daquele tamanho possuiria normalmente. De qualquer maneira, alguns quarteirões ao norte depois, viraram em um beco que levaria até uma rua adjacente. Aqui a arquitetura geral da avenida principal começava a mudar um pouco: ficava mais desleixada, com lojas não tão conhecidas e com mais botecos pé-sujo que restaurantes localizados na base de seus prédios. Esses, por sua vez, que já não arranhavam tanto o céu assim, com andares menores e de idade um pouco mais avançada.

Nesse beco, a pessoa encapuzada abria uma porta de metal enferrujada, localizada mais ou menos no meio da ruela - não sem antes verificar se estavam sendo seguidos ou não. Após abri-la, um único caminho os levava até um lance de escadas estreitas e um pouco velhas demais da conta... Aqui, o encapuzado já não fazia qualquer questão de disfarçar sua fisionomia não-humana: um grunhido era emitido como um convite para Luke acompanhá-lo e, então, sabia o lance de escadas em uma velocidade absurda, pulando de cinco em cinco degraus até o topo.

A chuva, prometida há poucos minutos, começava a cair aos poucos.

Lá de baixo, ao fechar a porta atrás de si, Luke conseguia escutar You Oughta Know de Alanis Morissette tocando no topo da escada - uma voz feminina suave cantava sobre a da faixa, harmonizando-a perfeitamente e ecoando na acústica do ambiente. No ar, um cheiro agradável de nanab berry perfumava o ambiente, talvez o de uma torta ou cuca com um toquezinho de caramelo.

Progresso de Rota:

por **Seth** Dom 17 Nov - 1:49

doe deer

A cena que eu deixava para trás acabara de ficar ainda mais esquisita: nunca vi os Rangers agirem daquela maneira. Era a primeira vez que via eles com tanta agressividade para um caso que sequer haviam investigado ainda. Dei de ombros, seja lá o que causou a mudança de atitude, não era para me preocupar no momento. Segui o caminho adiante, atrás daquela "pessoa", que a cada segundo se afastava de tal silhueta, parecendo cada vez mais não humana; a mão que me guiava certamente não pertencia a alguém normal, mas eu não conseguia identificar o que havia de diferente nele.

Aos poucos a paisagem ia se alterando, o centro da cidade ia desaparecendo e dando espaço para a parte menos rica, e a arquitetura infelizmente ia refletindo isso. Não andamos por muito mais tempo, até darmos de cara com uma porta de metal num beco qualquer; eu não fazia ideia de quem ou o que era aquilo. O guia, eu digo. Não sabia nem mesmo porquê estava me ajudando; era um ajudante de Sabrina? Ele estava, de alguma forma, ligado a Darius ou a ER? Não tinha certeza de nada ainda, e minha única opção era continuar caminhando, para chegar a algum lugar, seja lá onde fosse.

O coiso abriu a porta, e me conduziu pra dentro, garantindo que não estávamos sendo seguidos, e que a porta estivesse bem fechada uma vez que eu atravessasse. Á frente havia uma escadaria, bem vagabunda, e um rockzinho bem gostoso de fundo, que provavelmente vinha da casa no topo do lance de degraus; olhei para cima, vendo e sentindo a chuva finalmente começar a precipitar, sinalizando que eu não tinha realmente outra opção que não fosse entrar ali. Não estragaria minha maquiagem! Comecei a subir os degraus, bem devagar, afinal, eu não era muito leve e a qualidade daquele troço não parecia ser das melhores; o que me surpreendeu, na verdade, foi quando meu guia começou a agir feito um animal de fato.

Um grunhido e diversos saltos, fazendo a escada ranger de uma maneira que me botou ainda mais medo. Levei alguns segundos pra botar a cabeça no lugar, mas logo me livrei do transe e voltei a subir; era um Pokémon? Um lobisomem? Isso ta ficando cada vez mais estranho, mas quando minhas noites eram normais, huh?

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por **Karinna** Qui 21 Nov - 20:06

Doe Deer

Um lobisomem?

Onde você acha que está, Luke? Uma produção low-budget de Crepúsculo orientada em uma metrópole ao invés de no interior de Sinnoh?

Mas tá.

Era quase um lobisomem.

...

Essa não foi a primeira coisa que Luke reparou quando subiu as escadas aos poucos e com cuidado para não destruí-la. O aroma que perfumava o ambiente ficava ainda mais forte e, quando estava mais ou menos na metade dos degraus, a mesma voz que cantarolava parou, onde com um tom mais marcante e assertivo, gritou: "Vai demorar muito?".

E não demorou mesmo. Ao chegar perto do fim das escadas, Horan pode finalmente perceber onde estava. Se tratava de um flat, daqueles grandes e aconchegantes de madeira escura, onde o interior não condiz absolutamente nada com o exterior. Quiçá para afastar ladrões ou pelo menos disfarçar seu conteúdo, a fachada do prédio e suas escadas convidativas indicavam que no mínimo teria um pulgueiro aqui dentro.

Mas não era o caso, não mesmo.

Conta-se pelo menos uns oitenta metros quadrados como a área do local. Como todo flat, é uma grande sala com um ou dois cômodos em seu final, mas isso é para outra hora... A grande estrela do local é seu ambiente principal. Talvez a primeira coisa que chame atenção de Luke é o que está ao lado da escada - a "sala" era composta de um sofá verde-metálico de pelo menos uns dois metros e meio, com decorações quase medievais, indo desde tapetes de couro no chão até mesinhas laterais e lustres de metal-maciço, isso sem contar a decoração que certamente valia uma nota. Um janelão que ocupa o cômodo inteiro tanto verticalmente quanto horizontalmente termina de enfeitar o cômodo. Confortável em cima do sofá e vestindo a mesma capa que Luke seguiu desconfiado até aqui, um Zoroark babava no que parecia um décimo sono daqueles de dar inveja.

Então, sim... Quase um lobisomem.

Passando os olhos pela sala, uma cozinha no estilo americana enfeitava o lado oposto da gigantesca janela, onde uma mulher ruiva vestia um avental e terminava de preparar o que pareciam ser duas Margaritas, colocando um chorinho de Tequila a mais em cada copo. Vamos a essa estranha: Por volta de seus vinte anos, seus cabelos ruivos lisos estavam presos em um coque desleixado - se soltos, possivelmente bateriam na altura do cóccix. Sua pele, alva, reluzia levemente embaixo do lustre metálico que iluminava a cozinha e sua altura era por volta de 1,70cm, caso não estiver usando sapatos. Difícil medir à distância, mas por ser mais alto que 90% da população, Luke sabe um coisa ou outra sobre altura. Ah, um detalhe importante: Em cima da bancada a travessa de cuca descansava soltando bastante vapor e perfurmando ainda mais o ambiente.

Antes de conseguir falar algo, um Vileplume sai de trás dessa mesma bancada com uma vassoura infantil, terminando de varrer o chão - era até cômico se você parar pra pensar que a espécie não é exatamente conhecida por ser fofinha, mas essa não tinha nada de mal encarada. Ao perceber a presença de Luke, sorriu, caminhando até ele e puxando-o pela mão para se apresentar.

- Agora um leve toque de Cheri. - a mulher disse, finalmente terminando a preparação das duas taças - Pronto.

Ao se virar com ambas taças em mãos, seus olhos fitaram Luke por alguns segundos, como se tentasse lê-lo sem qualquer cerimônia. Reparou nas roupas, na maquiagem, na altura e sabe-se lá no que mais.

- Huh... Você é realmente alto, achei que estavam exagerando. - abriu um meio sorriso, estendendo um dos braços para entregar a Margarita; suas unhas, pintadas em um vermelho escarlate, destacavam-se dentre o cristal da taça - Me chamo Margo. - fez uma leve pausa para dar uma bicadinha na bebida - Te trouxe aqui com uma certa urgência, novato. - deu outra, sinalizando com a cabeça para acompanhá-la até a janela - Pode beber... Acredite, você vai precisar.

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