Matthew surpreendia-me ao revelar que seu pai havia sido assassinado. Aquilo era um choque para mim, afinal, o senhor Monclar era um homem muito gentil. Quem poderia ter feito aquilo com ele? Não sabia quem era o assassino, e não teria coragem de perguntar, logo, apenas me desculpei por tocar no assunto, dizendo:
-Desculpe, Matth. O navio onde meu pai estava se perdeu no mar há cinco anos. Bem, vamos deixar isso pra lá.
Dava um meio sorriso... não, aquela coisa sem graça não poderia nem mesmo ser chamada de meio sorriso, talvez um terço de sorriso. Estava um tanto triste pela morte de meu pai, e também triste pela morte do pai de Matthew, mas não poderia deixar isso evidente.
Eu, meu terço de sorriso e Matth estávamos, agora, diante de um Pidgey. Esse tipo de pássaro não era lá muito raro, chegava até mesmo a ser comum, mas isso não fazia-o menos interessante que os outros.
O garoto se aproximava de mim calmamente e sussurrava em meu ouvido, perguntando-me se desejava batalhar junto à ele. Eu dava um sorriso e, colocando meu queixo em seu ombro, respondia cochichando:
-Claro. Será divertido.
Não conseguia conter alguns risos ao fim da minha fala. Ele sacava uma pokeball e lançava-a para o alto. Assim que a pequena e bicolor esfera abria-se, liberava um show de luzes prateadas, que tomavam a forma de uma joaninha sorridente.
Não demorava para reconhecer a monstrinha, afinal, já havia batalhado contra uma. Tratava-se de uma Ledyba, porém, muito mais calma que a outra que havia encontrado uma vez na Rota Trinta e Um. O rapaz apresentava-me à ela, eu, tentando não chamar a atenção do voador, respondia apenas acenando com a mão direita.
Sacava a pokeball de meu Poliwag. Ele era tímido, não gostava muito de batalhas, e era por isso que precisava ser treinado. Queria ajuda-lo a superar este medo de combates, logo, sacava seu item "casa" e lançava-o ao vento. A esfera não tardava para se abrir e liberar um feixe de luzes platinadas, que tomavam a forma do pequeno monstro girino.
Eu passava a mão em sua cabeça levemente, enquanto dava um sorriso carinhoso. Queria ajuda-lo a ser mais confiante, logo, precisava contempla-lo com um nome tão especial quanto ele. Ainda sorrindo, cumprimentava-o baixinho:
-Olá, Kaiser. Tudo bem com você?
O monstrinho, então olhava em volta, como se estivesse falando com outra pessoa. Via apenas o selvagem, Matthew e Ledyba, logo, concluía que minhas palavras eram, de fato, para ele. Apesar disso, o pequeno ainda me olhava estranho, como se ainda não tivesse entendido seu apelido. Eu, tentando ser o mais carinhoso possível, respondia:
-É você sim, Kaiser. Gostou do nome?
Kaiser, significava Imperador em alemão. Poliwag, naque estado, não parecia muito com um rei, mas tinha certeza que ele era. O monstrinho já mudava sua expressão, agora tinha um sorriso um pouco mais confiante. Ficava contente com o andamento da nomeação, então, prosseguia com a conversa:
-Vê aquele Pidgey? - Apontava para o selvagem, para ter certeza que o monstrinho sabia de quem estava falando - Ele será nosso oponente. Acha que consegue ataca-lo com um Bubble? Mesmo que erre da primeira vez, tente repetir o movimento logo em seguida, afinal, é errando que se aprende. Ah, não esqueça que Ledyba e aquele garoto são nossos amigos, e que irão lhe dar cobertura.
Poliwag estava, visivelmente, vencendo sua timidez. Ficava animado, tanto que chegava a dar um pulinho. Só o que me restava, agora, era aguardar o início daquela batalha em dupla.