III - Não tá fácil pra ninguém

Ao adentrar a residência, Chris não pôde pensar outra coisa a não ser "Que porra é essa?", cômodos pegando fogo, móveis que pareciam incomodamente fora de lugar e até mesmo se movendo. Com medo de permanecer sozinho ali, decidiu chamar todos os seus companheiros para fora da pokébola. Assim, Volcano, Argent, Kraken, Sansão, Silker e a ainda não-nomeada Honchkrow saíam de suas esferas. A ave não demonstrava indiferença, mas parecia não querer encarar o treinador, enquanto os outros cinco se aproximavam e Chris colocava o Tentacool sobre a cabeça. Após cumprimentar a todos, o jovem dirigiu-se ao pássaro:

-Olha, eu sei que você não me respeita ainda como treinador, entretanto, por quê não vem com a gente? Aposto que será bem mais divertido do que ficar sozinho por ai. O que me diz... Falando nisso, ainda não lhe dei um nome... Bem, acho que podemos esperar até eu conseguir conquistar a sua confiança, certo?

A ave não parecia muito simpática em responder. Chris não sabia se a mesma o seguiria ou mesmo se permaneceria pacífica como estava até então. Decidiu tentar não dá-la um pouco de atenção:

-Temos duas opções para seguir. Qual das duas portas você prefere? Seguiremos a sua decisão.

O jovem esperava Honchkrow escolher uma das portas. Seguiria por qualquer que fosse a indicação da ave, mas caso ela não fizesse uma, seguiria o caminho que estivesse mais perto, segurando com cuidado no corrimão.

-Silker, caso um de nós caia no meio do caminho, tente usar seu Confusion para que ninguém caia no chão. Fiquem todos atentos, não sabemos o que se esconde por aqui.

Um pequeno desespero tomou conta de Chris ao ver Honchkrow voando para longe de si. Depois de todo o diabo que passara para capturar aquele pássaro, o maldito vai e foge. Sabia que deveria respeitar a decisão da ave, porém não se conteve e gritou, deixando escorrer uma lágrima:

-Isso seu pássaro maldito! Vai embora! Eu não preciso de você.

O jovem virou-se e enxugou as lágrimas com as costas das mãos. Respirou fundo e depois mirou suas duas opções:

-Bem, direita então...

Adentrando o cômodo, Chris se deparou com uma deliciosa mesa posta e com o que parecia ser um homem saboreando a comida. O homem encarou Chris, e com uma considerável delicadeza pediu para ele se afastar, embora os termos utilizados não fossem compreensíveis pelo garoto.

-O que você quer dizer com assombrar? - o garoto estaria satisfeito de ter aquela pergunta respondida e iria embora, não fosse o fato do homem exibir a sua pokébola, afinal, um treinador jamais foge de um desafio, mesmo que ele seja proposto por um fantasma - Você está me chamando para uma batalha? Por que se for o caso nós aceitamos!

Os pokémon de Chris emitiram gritos em coro, como se concordando com a postura do treinador. Mas o Ayusa esperaria para a criatura a sua frente liberar seu pokémon antes de tomar a iniciativa.

Uma gota de suor brotava na testa de Chris. Por quê alguém iria querer matá-lo? Sempre fora um garoto tranquilo, o que aquele cara estava dizendo?

-Me matar? - falava com uma calma não correspondente com a situação - olha já enfrentei alguns poucos treinadores na minha vida, mas você é o primeiro a me ameaçar desta forma... Mas tudo bem, se você não quer batalhar eu entendo e acho melhor me ret...

Notou que seu Honchkrow se escondia atrás do homem e parecia prestes a atacá-lo, gritou, tentando impedir a ave, mas talvez fosse tarde demais, e aliás, não havia qualquer garantia de que seria ouvido:

-Hey, Honchkrow, não faça isso!

Chris ficava um pouco confuso com a situação, mas aquele parecia o dono da casa, e ele quase fora atacado por um dos pokémon do garoto, que aliás, fugia novamente. Chris não tina outra opção que não deixar o cômodo.

-Ok senhor, peço desculpas pelo meu comportamento e pelo do meu Honchkrow. Eu não consigo controlá-lo muito bem, sabe? - dizia o jovem forçando um sorriso amarelo.

Chris saiu pela mesma porta que entrara naquele cômodo. Parece que não havia pokémons fantasmas ali, afinal, a casa estava habitada por humanos. Ou algo do tipo. Aliás, isso o fazia perguntar "Era para eu estar com medo?", ele não sabia a resposta, mas bem, ainda haviam mais duas casas na rua para ele tentar a sorte. Será que ele conseguiria sair daquela casa tão tranquilamente quanto entrara? Certificou-se que seus pokémon estavam todos perto dele e rumou para a saída.