[Friend Safari Ghost] Anne

Sai da sala luminosa e empoeirada com passos leves e curtos, quase que em câmera lenta, não por medo, mas sim por apreensão, tantos prolongamentos de raízes por ali poderiam causar uma segunda queda, e era o que eu menos queria no momento, cair, antes eu estava animada com toda aquela situação, uma quedinha não estragaria meu dia, mas agora que abandonei Gourgeist, qualquer coisa me faria ficar irritada com o destino, é como se fosse aquela chuva logo depois que se diz "e tem como piorar?", pois é, continuei caminhando atenciosamente até que cheguei ao centro do caminho que estava outrora, observei a árvore que guardava a entrada da sala-abóbora, segui o olho do tronco até suas raízes e reparara que atrás da segunda mais grossa, podia haver uma passagem escura, não era certa tal afirmação, mas não custaria procurar, não? Andei até lá e olhei por trás do segundo ramo mais grosso, mas a medida que eu ia chegando mais perto, minha ideia de passagem claramente ia se confirmando.
Agora, sem calafrios e medo, uma outra coisa me fez recuar: uma sensação ruim. Não sei bem o que isso significa, mas deve se dar por todo aquele cenário de filme de terror, eu realmente não pretendia não ir apenas por instinto, isso é algo que não é valorizado no homem racional, então avancei pela entrada, sem muito medo. Procurei pensar em coisas malucas mas menos medonhas, como um livro que mamãe me dera quando menor, perto dos meus dez anos, esse contava a história de uma esbelta jovem loira que resolvera seguir um coelho e por isso caiu em sua toca, embaixo das raízes de uma grande árvore, sua queda levou-a a um mundo estranho, mas não fantasmagórico, seria divertido se ela soubesse aproveitar sua estadia lá. Enfim, será que eu cairia em um mundo sem sentido? Acho que não, ambiente macabro e bichinhos que soltam super poderes já está de bom tamanho.

Andei mais um pouco para poder explorar o que havia de baixo da raiz, mas mal sabia eu, inocente como sou, que assim que chegasse lá, não ficaria nem instantes no lugar para observar e avaliar se a passagem era viável ou não, pelo visto, ela que avaliara se eu podia ou não entrar, acho que era por quesito de gordura corpórea ou o quão seu corpo é escorregadio, se é que exista tal escala. Fui chamada a entrar sem convite prévio, dessa vez, um tropeço era a chamada, e a porta um tobogã pequeno, onde até fora divertido estar, mas prefiro assentir que posso firmar meus pés em algo duro, nem que não seja o verdadeiro chão, será melhor do que escorregando nas pedras. Isso me lembra mais Alice do que antes, em queda livre por baixo das raízes, dentro da falsa toca, pena que, no meu caso, o que eu achara parecia mais uma toca de coelho verdadeiramente falando a que um país novo.
Ao por o pé no chão novamente, um ufa se fez automaticamente em minha boca esbranquiçada, um pouco de adrenalina não faz mal a ninguém, mas meu sistema autônomo estava totalmente atento, o que tornava a adrenalina apenas um incomodo dessa vez, outrora poderia até ser divertido esse friozinho na barriga, mas agora não, quanto menos indicação de medo, melhor para mim. Forcei-me a ficar em pé e olhar os resultados, dessa vez não tive melhor desenvoltura que o último tropeço, um arranhado cortou o lado posterior da minha coxa, pegando do ponto alto direito e descendo até o ponto mais centralizado possível, não que eu me corte, mas apenas uma observação: Se houvesse sido propositalmente calculado e dilacerado, o ponto não conseguiria ficar tão no centro posterior do membro. O arranhão era jovem, então o sangue ainda não saíra, estava apenas branco, fechado por alguma força mágica que depois de um tempo cederia à pressão sanguínea e abriria, dando um tom de vermelho a pele branca, que de vez em quando eu penso em cuidar, amarronzada de poeira e terra.

Já machucada, no chão e em pé, pude me certificar de que eu ainda não havia virado um fantasma, a adrenalina não permitia que a dor do corte fosse sentida por inteira, mas o suficiente para garantir que meu corpo e minha alma ainda são as mesmas coisas. Agora olhei em volta e me situei em mais uma sala, comparando o tamanho, acho que é o mesmo da última, porém agora sem prateleiras nem abóboras, apenas um poço de estrutura medieval, mas o que é isso? Parece aqueles de desenho animado ou filmes, que de vez em sempre jogavam as bruxas para morrer. Aproximei-me da estrutura e rezei para não tomar um susto no ato, ainda de longe, tentei olhar para dentro, esticando-me e colocando na ponta dos pés e ver o que eu achava, mas aparentemente, mal daria para ver uma parede lateral fazendo aquilo, então prossegui minha caminhada até sua beira. Para não chegar sem nenhum aviso prévio à construção alheia ou casa de alguém, gritei em um aviso:
- Alguém ai?! - falei em direção ao poço, e fui respondida pelo eco de minha própria voz
Era estranho falar com meu eco, mas eu me sentia na obrigação de avisar minha aproximação, pokemons fantasmas podem morar em poços mais fácil do que bruxas, então não era uma suposição inviável.

OFF: CONSEGUI ARRANJAR TEMPO PRA POSTAR UHUUUUUUUUUUUUUUL! E SE FOR A SAMARA EU CAPTURO, LEK

Dei um passo para trás e levei minha mão até onde doía, era meu machucado, agora livre do anestésico natural eu podia sentir. Ao passar a mão, o sangue escorreu pelos meus dedos e pude ver melhor o resultado daquilo tudo, devia ser de fato um imenso corte, mas como está na minha parte traseira eu não poderia me certificar. Assim que levei minha mão até a altura de meus olhos pude avaliar o sangramento, e realmente, não parecia pouca coisa. Por um breve momento um devaneio veio a mim como um ataque esquizofrênico, eu podia jurar que aquela era a realidade e que eu estava imersa em um universo paralelo maluco onde meus pensamentos se faziam realidade, mas para descrer de mim mesmo precisei ver tudo sumir e me atentar ao poço, coelho não suma! Pensei, senti-me como se até meu pensamento fosse influenciado pelo eco, fazendo com que não parasse em minha cabeça.
O devaneio sumiu e o sangue jorrou, uma associação simples fora feito em minha cabeça: Será que fui envenenada? Peguei da minha bolsa duas pokebolas, a de Tyr e a de Balder, ambos poderiam me ajudar, se eu estivesse envenenada, meu gramíneo seria o primeiro a saber. Minha nova Meganium surgiu ao lado de Balder, que por sua vez tomou um susto, mas ambos se atentaram quando me viram com um machucado, Tyr correu até o poço, procurando o autor da obra, e Balder soltava esguichos de água para limpar meu machucado, e por mais que ardesse, era a melhor sensação do mundo, eu precisava de um banho.
- Tem um pokemon brincando comigo em algum lugar daqui - afirmei para os dois.

Procurei então firmar-me e ir até o poço, tentando achar quem era o brincalhão e se ele era tão forte quanto era trapaceiro.

OFF: MINHAS DUAS CORES FAVORITAS, mas rosa > all

O poço tinha seu volume aumentado cada vez mais, era como se essas gotas sem remetente fossem como um chuveiro e enchessem muito mais rápido do que pingos, o som também era absurdamente irritante, algo errado estava acontecendo, água não se materializa assim do nada. Bufei e procurei alguma explicação, era óbvio que era um pokemon estranho que manipulava água, quem diabos inventou isso? Deus, não misture fantasmas com água novamente, você não sabe o quanto isso é aterrorizador e desnecessário.
Finalmente um pokemon se materializou a minha frente, eu nem pensei em pegar uma pokedex ou algo do tipo, eu precisava, realmente precisava, acabar com aquilo logo, se não, eu acabaria criando um trauma bizarro e um deficit na minha personalidade. Ou no mínimo, me mijaria.
Encarei o alvo inimigo e gritei:
- Balder, use Hypnosis, e se não conseguir uma primeira, tente uma segunda vez - ordenei - e Tyr, você irá usar Safeguard e logo em seguida Petal Dance.
Era como se fosse um balão rosa, era fofa demais para ser tão ameaçadora, mas eu já sabia que não devia me levar pela aparência daquela coisinha.

OFF: Post meh, eu sei, é só pra não ficar sem postar.

E por um breve momento, me arrependi das minhas ordens. Tal pokemon tinha uma beleza muito exótica para ser atacada daquele jeito, era mais do que linda, era simplesmente, magnífica, encantadora e ao mesmo tempo, medonha! Era tão hipnotizante quanto o golpe que mandara Poliwag exercer. Fiquei ali sentada aproveitando o show do "desabrochar", vendo sua pele translúcida e seus tentáculos rosados, não eram gosmentos como outros, eles faziam como um vestido, um belo vestido a uma bela dama. Porém meu tempo de deslumbro passara, não por completo, mas apenas o suficiente para manter-me atenta, eu realmente queria aquela pequena Afrodite para mim.

A batalha havia sido tão fácil quanto pensei, não que o pokemon inimigo seja fraco, mas as chances de derrota diminuíam muito com dois em campo. Poliwag havia sido mais que perfeito para ajudar mais ainda, porém o silência daquela sala já me fazia sentir falta dos ecos e alucinações. Respirei fundo e tentei falar brandamente, para evitar que o eco acordasse a bela menininha dorminhoca:
- Vou esperar o próximo hit de seu Petal Dance e jogarei a Safari Ball - comentei à Tyr.
Era uma necessidade minha capturar algo tão belo. Posicionei-me, e mesmo que algo saísse do controle e ela não desmaiasse após o dano tomado, eu jogaria aquele item e a pegaria para mim. Meu rosto, que antes parecia angustiado, estava repleto de serenidade, músculos relaxados, pupila dilatada, salivação reduzida, tanto que engoli seco em algum momento do show.

OFF: YEY, CAPTURA <3 E sim, eu sei, é por que ai eu dava XP para Poliwag sem precisar demorar anos.