Centro Pokémon - Slateport

Ok, ele desviou o olhar e isso não era bom sinal, mas também não queria pressionar ele. Se não estava conseguindo lidar com algo talvez ele precisasse de um tempo para respirar e processar antes de falar. Contudo, aquela informação sobre o Fletchinder tomou totalmente qualquer pensamento que eu tinha no momento, me fazendo ter de interromper ele.

— Salva essa RareCandy pra outro momento. Numa batalha contra um selvagem ou contra o Brawly você consegue essa experiência, agora ta mais fácil de upar. Quase todo mundo tem um Pokémon no nível 40.

Depois disso pedia dois croissants, geleia de frutas vermelhas e um suco cítrico. Esse pequeno momento pedindo pães e bebidas me fez relembrar os pensamentos de antes para poder me mostrar disponível.

— Ei! Você sabe que eu to aqui pra você, né? - Segurava firme na mão dele, estabelecendo uma conexão no olhar querendo que ele se sentisse confortável para me contar o que fosse no momento certo. - Eu vi que não se inscreveu no próximo concurso. Vai assistir o Thito levar a quinta fita?

Sim, eu provoquei, mas queria de verdade que ele estivesse nos bastidores ou na plateia. Seria a primeira vez que me apresentaria num concurso oficial depois de um longo hiato me descobrindo e redescobrindo o Thito como mais que uma máscara.

Eu sentia que ele não estava bem, mas não sabia que estava desolado. Daisuke definitivamente não era do tipo que mostrava suas fragilidades em público. Se ele estava se expondo a ponto de chorar sem ligar pros arredores, ele realmente estava na pior. Também pudera. A única família que ele tinha - até onde eu sabia - não existia mais. A notícia realmente me pegou de surpresa, mas eu não podia deixar de me mostrar disponível pra ele agora que me contou.

Me arrastei até chegar ao lado dele e o envolvi num abraço, afagando as costas dele com as pontas dos meus dedos.

— Ei... se acalma Dai, vai ficar tudo bem... Você vai ficar bem... - disse baixinho, tentando dar forças a ele.

É claro que nada que eu dissesse poderia trazer a mãe dele de volta, mas eu já tinha conhecido a morte e o vazio vai sempre existir. A gente só aprende a lidar, superando ou ficando amigo desse pedaço que falta para poder suportar. Meu mantra da vida era "É preciso conhecer a escuridão para ir além" mas duvidava que isso ajudaria agora. Ele estava frágil e precisava se recompor antes de qualquer coisa.

Procurei suportar o choro dele até onde deu. Quando o garçom voltava com nosso pedido, agradeci e puxei a bebida que dele para ver se ele conseguia se erguer e se acalmar um pouco.

— Que tal a gente marcar uma dia de praia no fim de semana hm? Posso realizar uma meditação guiada e depois a gente fica torrando um pouquinho... mergulha... conversa se você quiser... Te anima a ideia? Aliás, se quiser pode dormir comigo na torre da Avengers esses dias, não quero que você se sinta sozinho.

Eu demonstrava toda a compaixão que tinha por ele. Me culpava um pouco por não ter acompanhado ele nessa jornada, mas como eu poderia evitar de visitar a minha própria mãe nessa oportunidade? Respirava fundo e aguardava, apenas.

Ouvia tudo o que ele dizia e não achava muito bom tentar silenciar a dor. Eu fiz isso durante um tempo e não foi saudável. Bom, ao menos eu estava avisado e ficaria atento. Já que ele comentava sobre treino ou desafios a ginásios sabia como desviar o assunto triste para algo diferente.

— hmm É verdade, você foi passado pra trás... - perturbei ele para ver se o animava. - Já tenho 5 insígnias e em breve vou atrás da próxima!

Ria de forma descontraída, beliscando ele.

Aproveitei para comer meu pãozinho para depois confinar a ele - e não aos que liam essa CONVERSA PRIVADA - sobre os planos do Thito para assegurar a quinta e última fita.

— Eu pretendo usar o quimono do teatro de Sootopolis quando o Thito interpretou um valente guerreiro do vilarejo das fadas. E estava pensando em usar um dos Pokémon que tem conexão com a lua, já que o tema sobre a luz lunar. Eros e Sakura dançam muito bem, mas Morpheus, o Munna que esteve com a gente no teatro em Forina, ainda não teve uma estreia oficial. Seria legal se a gente tivesse uma outra pedra da lua pra evoluir ele durante uma dança, tipo ritual de passagem, sabe?

Ele realmente conseguia se recuperar. Disso que tinha certeza. Talvez uma maratona em busca das insígnias seria uma boa para focar em outras coisas, mas em algum momento ele teria que viver aquele luto e deixar de se culpar pela falha com a mãe.

Enquanto terminava meu café da manhã ele surgia com a pedra que eu havia comentado. Aquilo me fazia rir junto das palavras dele. Realmente seria uma apresentação em tanto. Senti que o Thito vibrava em alegria. Aceitei com gratidão.

Estava na hora de voltar aos meus afazeres antes de me preparar para a apresentação. Mas antes, tocava no ombro de Daisuke me despedindo de uma forma a me mostrar presente mesmo distante.

— Eu preciso ir, mas promete que vai ligar se precisar de ajuda?

Ele me surpreendia mais uma vez me puxando para um abraço. Não neguei, pelo contrário, apenas curti o momento.

Sabia que nos encontraríamos em breve. Matte fez questão de me lembrar que Daisuke disse que se precisasse de ajuda com os Rockets, ele entraria também. No entanto, eu não queria envolve-lo durante esse estado de escuridão. É muito fácil se perder nas trevas se você mesmo não for fonte de luz...

OFF: Pegar o item; Voar para Mu Island.