Centro Pokémon - Lilycove

Há vários lugares que eu não esperava ver de novo tão cedo, e Lilycove com certeza estava no topo da lista. Depois que Yoshiro saiu às pressas da cidade, jurando que não colocaria o pé lá de novo até ter esquecido o vexame que passou no Contest, seria difícil imaginar que poucos meses depois estaríamos de volta ali. Mas estávamos. Fazendo o quê? Também não sei. Simplesmente foi a cidade onde Nêmesis quis pousar - e eu te garanto que não é nada saudável contrariar essa Swellow.

Enquanto esperávamos aquela mal-encarada ter a boa vontade de nos tirar dali, resolvemos ir para o Centro Pokémon, para ao menos esperarmos sentados. Acabou sendo uma ótima ideia: assim que tirei o Rotom Phone da mochila, vi uma mensagem de Ren, dizendo que ele tinha acabado de encerrar sua luta de ginásio. Ora, por que não marcar um reencontro, então? Não víamos o menino desde o Doll Fanfest, e certamente havia muito assunto para colocar em dia. Além, é claro, de um presentinho que Yoshiro tinha arranjado para ele.

Não demorou muito para o humano chegar. E minha dona foi a primeira a notar isso - talvez por estar mais ansiosa, ficava subindo na minha cabeça e olhando ao redor de cinco em cinco minutos. Uma figura pequena e de cabelos cor-de-rosa já seria chamativa o bastante, mas a fada foi a prova final. Quando me dei conta, Yoshiro já tinha pulado do meu ombro e corrido até o rapaz. Parou na frente dele, encarando-o com um sorriso largo, mas ainda assim envergonhada de dar qualquer passo adiante.

- Ei, Ren! - Corri logo atrás da anfíbia, parando ao lado dela e acenando para o menino. - Puxa, parece que faz séculos que não te vejo! Como é que você está? E cadê a Laylah? - Sem a menor cerimônia, puxei o humano para um abraço enquanto o bombardeava com perguntas. Eu já estava até estranhando o fato de Yoshiro ainda estar alguns passos atrás… mas foi aí que me lembre de um pequeno detalhe. Ren ainda não sabe sobre o que Jirachi fez conosco… a hesitação da menina deve ser por isso. Como exatamente vamos explicar que a amiga dele virou um Mudkip? Isso é uma completa loucura!

...No entanto, não seria a maior das loucuras que já vimos com ele, não é?

- Antes que eu me esqueça, tenho uma coisinha pra você aqui… - Tirei da mochila o tal comprimido e entreguei-o, embora pra mim pareça um presente muito estranho. Por que ele está precisando de remédio? O menino nem parece doente! - E você aí, não vai dizer nada? - Essa última parte foi um murmuro direcionado a Yoshiro, a qual ainda encarava Ren com um olhar digno de um filhote que caiu do caminhão de mudança. Meu comentário pareceu despertá-la para a realidade: não sabíamos quanto tempo o garoto tinha, ela não podia ficar insegura para sempre. Com isso, a ex-humana pulou para o ombro de Ren, esfregando sua cabeça na dele com uns “mud mud!” alegres, mas meio chorosos.

Se o menino desenrolasse o comprimido do papel que o embrulhava, veria uma pequena mensagem ali. Uma que Yoshiro passou quase meia hora guiando minha mão para conseguirmos escrever, já que eu não sei o alfabeto e ela não tem dedos. Apenas uma curta resposta ao último bilhete que ele nos deixou: "Muito obrigada pelo presentes, Ren! Mas mesmo sem eles, jamais te esqueceríamos, bobo. Espero que goste deste também."

Não sei se vale a pena preocupar Ren com o que aconteceu com a gente... mas só estar com ele de novo nos conforta com lembranças de um tempo melhor, não é, Yoshiro?