Shimmer

Este treino me mostrava um lado de Quagsire que eu não conhecia. Pensando melhor, eu não conheço ele, é o único pokemon que eu realmente não conheço do meu time todo, até mesmo Gliscor, que é tão novo, já tem história comigo. Lembro-me quando capturei este aquático, o quanto ele queria vir comigo, o quanto ele estava mal, e eu nunca tratei disso. Arrependo-me, mas eu ainda tinha chance de fazê-lo parecer membro da família:
- Você está indo perfeitamente bem, Quagsire, está surpreendendo todo mundo aqui - disse assim que terminou de aprender Surf.

Sua resposta fora dar um abraço em mim, e por causa disso, Meowth saiu correndo e fora para bem longe das minhas pernas, com medo de se molhar novamente. Agora Skoll voltava para o parquinho e eu podia andar livremente. Obrigada novamente. Estou começando a achar que este pokemon é perfeito.
A dupla que sobrou então voltou ao treino, dominando Ice Beam juntos, mas novamente o anfíbio ganhou na disputa de velocidade e fizera tudo de uma vez, dominando o que antes parecia chato e complicado. Ok, talvez o pensamento de que ele seja o pokemon perfeito não seja tão absurdo. Falta apenas um movimento.

Liberei Frillish e lá foi ela para o parquinho, fazer absolutamente nada, como sempre faz, apenas se apoiar na cerca e olhar o que todos estavam fazendo. De vez em quanto emitia uma risada sombria que gelava todos ali, mas em poucos segundos se davam conta que era apenas Freya e relaxavam. Paralelo a isso, treinava meu último pokemon e o último golpe:
- Ok, nesse golpe você irá criar um escudo maleável que te manterá seguro de alguns status - pausei, pensando em como ele faria isso - Acho que é bom pensar em coisas boas enquanto faz isso, acumular energias positivas e jogá-las pra fora de uma vez.
A cada palavra que falava, tudo parecia mais confuso, me perguntava se estava ensinando um golpe ou escrevendo um livro de auto-ajuda.

Quagsire era, assim como o Wesley, 99% anjo, perfeito, mas o 1% vagabundo bloqueava o aprendizado de um golpe puro. Fiquei durante minutos pensando em como descrever aquele golpe para ele e nada vinha em minha cabeça. Fora Vicent resolver abrir a boca que, pela primeira vez na vida, ele conseguiu ser útil. Refresh! Abracei-o forte e pulei algumas vezes, agradecendo-o infinitas vezes por aquilo, chamando-o de gênio e tudo que tinha direito, eu não precisava mais ser um livro de auto-ajuda.

Assobiei e gritei por Vili, que veio desfilando, lentamente, até a mim, com peito estufado e nariz empinado, a ela pedi:
- Mostre como você faz o Refresh, preciso de um molde para Quagsire seguir.
E assim ela obedeceu, na velocidade dela, executando o golpe e, por meio de latidos, descrevendo o que ela faz para realizar aquilo. Passei a mão na cabeça da Kabuki Shiny, despenteando seu pelo e a deixando levemente incomodada. Agradeci e pedi para que ficasse por perto caso precisasse dela ainda.

Aquele stress todo estava quase no fim, torcia mais que meu próprio pokemon para que aquilo acabasse logo, para enfim deitar no chão e ver o céu noturno completamente estrelado. Suspirei. Só treinar tem sido bastante chato, sinto falta das minhas experiências nômades e encrencas que não entro a tempos. Andei de um lado para o outro, contente com o avanço de Quagsire, porém ansiosa para que tudo aquilo acabasse, a ele só me cabia uma dica: continuar tentando. Como meus pais sempre diziam, o treino leva a perfeição.
- Vamos lá, estamos quase acabando, assim que conseguir, vamos fazer algo mais divertido - disse, tentando animá-lo.

Enfim acabou. Acrescento: espero que isso não volte a acontecer durante um bom tempo. Verdadeiramente, eu cansei de treinar TMs, desde que começou a copa eu só faço isso. Não deveria tornar-se meu cotidiano, por mais que eu queira muito ganhar as próximas partidas. Respirei aliviada, soltando o ar pela boca em um assobio, e finalmente relaxada dei atenção ao bichinho a minha frente. Acariciei o topo da cabeça de Quagsire parabenizando-o, sua pele úmida molhou minha mão, mas isso não era motivo para tirá-la, havia já me acostumado com essa superfície fria e úmida dos meus anfíbios, Balder também sempre fora assim.

Agora estava de frente para meus dois únicos pokemon que não estavam no pátio, abaixei, ficando menor que o aquático, porém do tamanho de Vili. Do chão, encarei-os por um tempo, muda, apenas pensando em algum plano divertido, porém, não consegui pensar em muita coisa além de explorar a cidade, e isso não incluía os seis pokemons juntos, então não cabia a mim convidá-los. Acabei que dei uma fala clichê, de quem ainda não fazia ideia do que fazer:
- Vamos descansar e depois pensar um plano divertido pra essa noite? - comentei.
Meus pensamentos voavam entre algum clube de treinadores ou um lugar especial para pokemons, ou até mesmo explorar alguns campos não urbanos da cidade, procurando um novo companheiro. Explorar puramente só a cidade com seis pokemons livres podia me causar problemas, algum guarda me pararia por violar alguma regra que deva existir, Skoll e Hati podiam ficar brigando e, além disso, a violência e taxa de roubo em áreas urbanas é bem maior, mesmo que Aztlán seja "a cidade perfeita", não seria legal me meter em uma encrenca agora.

Ao meu sinal, os dois correram - na velocidade deles - até o parque de areia, e eu? Levantei e chamei Vicent para sentar no banco próximo do parquinho, que antes eu vira ele sentado. Independente de sua resposta, eu iria repousar ali, jogar minha cabeça para trás e olhar para o céu, esperando fielmente que ele esteja lindo e estrelado. Ah sim, e lunar se possível.

OFF: Vamos fazer um plot, me leve para o espaço!!
E obrigada seu lindo <3

Se por um lado eu não fazia ideia do que fazer, por outro eu não pretendia me preocupar com isso por hora, meu descanso de alguns minutos seriam extremamente valorizados, para muito depois, me preocupar com isso. Foi assim que pensei quando sentei naquela cadeira e comecei a olhar o céu, esparramada, quase que deitada. Porém, para meu desgosto, nada disso durou nem sequer um porcento do que imaginei. Em pouco tempo já estava sendo cutucada e quase que xingando meu irmão por isso, porém, antes de pronunciar qualquer palavra repugnante, olhei para o lado para ver do que se tratava. Era um menino. Não apenas um menino, mas um fã.

O que diabos está acontecendo aqui? Quando foi que eu ganhei um fã? Meu deus, assim que acabarmos essa conversa, Vicent vai me zoar tanto, mas tanto, que eu vou acabar brigando feio com ele de novo. O ciclo da nossa infância vai se repetir. Suspirei, tentei não parecer muito mal educada, mas não consegui esconder 100% meu descontentamento, meu suspiro fora um leve sinal de "acalme-se", que eu esperava fielmente que o garoto não tivesse reparado. Forcei meu sorriso de sempre, olhei para o menino meio sem graça, até um pouco ruborizada, e finalmente respondi:
- Sou eu sim - ri sem graça - Pelo visto você também viaja entre continentes. Qual seu nome? - perguntei.

Fora ai que me dei conta, eu estava dando corda ao garoto. Eu puxei assunto, eu dei atenção, eu não o cortei. Por que Winnie, por quê? Você podia ignorar essa sua simpatia e ter só respondido algo genérico e voltado a descansar, mas ao invés disso deu atenção ao menino e ainda perguntou o nome. Bem, se eu já fiz isso não tem volta, caiu a ficha que não seria essa noite que eu iria poder relaxar.
Se eu não iria descansar, então que apenas seja útil essa experiência, né? Seria legal ter mais alguém que me apoia, desde que não me dê mais TMs para treinar, ou pelo menos, não pra hoje a noite.

Decidi que agora que a abordagem estava feita, na noite recém-nascida, eu deveria continuar, não só por educação, mas porquê eu poderia ganhar com isso, além de que, ao final, eu iria só ter uma boa noite de sono, e isto já me seria o suficiente. Sendo assim, continuei a falar algo:
- Este é Vicent, meu irmão, ele também está acompanhando meus jogos e participou da Copa União.


OFF: Gostei do plot até UIDHIQUHDW
A propósito, nem reli o q escrevi UDHIQUDUI ESPERO Q FAÇA SENTIDO