Pokémon: Aventura Distópica
Pokémon Mythology RPG :: OFF :: Artzone :: Fanfics
Página 1 de 1
Pokémon: Aventura Distópica
POKÉMON - AVENTURA DISTÓPICA
- PRÓLOGO:
PRÓLOGO
Você já imaginou se todas as aventuras vividas pelos jovens treinadores terminassem com a destruição de uma facção criminosa? Se todo treinador desmantelasse os planos de dominação mundial de um grupo do mal? Ou ainda, acabasse de vez com seus líderes apenas derrotando-os em batalhas pokémons?
Deixe-me dizer uma coisa... Isso não acontece na vida real. Bandidos são bandidos, assassinos são meros expectadores e ladrões são a raça mais confiável, se você for um deles. Agora, sabemos que se as jovens promessas vencessem os vilões, o mundo continuaria a ser um lugar lindo e florido, mas e se não derrotassem? Se fossem mortos? Ou se nunca houvessem existido?
Sabe, para mim, essas promessas são apenas histórias de contos de fadas, contadas pelos pais para criar a fantasia de um lugar lindo de se viver. No mundo que vivo, acreditem em mim, não existe um jovem prodígio, muitos tentaram na tentativa de imitar seus heróis e, para esses, a morte chegou cedo. Essa não é a história de um garoto de dez anos que ganhou seu primeiro pokémon de algum professor estranho e preguiçoso, que manda suas promessas pelo mundo para capturar todos os pokémons e, por incrível que pareça, acabam destruindo a equipe malvada que deseja controlar o mundo...
Não. Essa história é sobre um jovem de dez anos e seu primeiro pokémon, sobre um mundo destruído, sobre vingança. Então, se você gosta de contos de fadas, pare agora, essa história não é para você. Agora, se você deseja saber o que o mundo real é sem suas promessas, então que eu possa ser o seu melhor narrador.
- OBSERVAÇÕES:
Essa fic é uma tentativa de escrever algo mais realista do ponto de vista de um jovem treinador. É um mundo distópico, ou seja, ele se passa em uma realidade alternativa de pokémon como conhecemos.
É minha primeira experiência com escrita em primeira pessoa, então, desculpe qualquer erro grosseiro que tenha cometida.
Comentários são sempre bem-vindos, desde que construtivos.
Espero que gostem xD
Thirtan- Treinador
- Alertas :
Re: Pokémon: Aventura Distópica
- CAPÍTULO I:
O Décimo Aniversário
— Bem, deixe-me ser educado. Meu nome... Bem, chame-me de Lug, minha mãe me chamava assim, acabei adotando o apelido como nome. Vejamos, por onde posso começar a contar essa história? Minha situação atual é a seguinte: Estou em uma cela em algum lugar sob as arenas de batalhas da elite dos quatros. A cela é bem pequena, imunda e tem um cheiro horrível saindo da latrina, as grades estão cobertas de um musgo amarelado e o barulho de água gotejando é constante e irritante. Fui pego alguns dias atrás, estou preso e faminto, provavelmente morra aqui mesmo.
Naquele instante olho para o aparelho preso ao meu pulso, gravava minha voz nitidamente, apesar dos ecos que reverberavam pela cova. Olhei ao redor novamente para ver se alguém se aproximava, mas apenas o som de água pingando me chegou aos ouvidos. É estranhos que quando estamos perto da morte, nos apegamos aos nossos momentos mais felizes. Acho que deve ser uma maneira de podermos nos convencer de que nossas vidas valeram alguma coisa. Depois de pensar nisso, vejo por onde posso começar...
— Bem, vejamos... Era uma terça ou quarta-feira. Seja como for, era o meu dia...
Naquela manhã o dia amanheceu mais iluminado que o normal. O sol irradiava por entre as árvores do jardim, algumas Oran Berries pareciam estar perto de madurar, eu decidia, enquanto as observava pela janela de meu quarto, que as colheria na manhã seguinte. Voltei a me deitar, jogando a coberta fina sobre o rosto, um sorriso largo surgiu em meu rosto e para mim mesmo, sussurrei: — Feliz aniversário!
É engraçado, mas naquela hora me lembrei das histórias que minha mãe contava. Sobre os treinadores jovens que ao completarem dez anos ganhavam seus primeiros pokémons dos professores pokémons. Minha mãe insistia em dizer que era maravilhoso, que ela fora uma dessa crianças, mas que não tinha espírito aventureiro, por isso não saiu em uma viagem. Mas, em suas histórias, ela contava sobre treinadores destemidos que saíam em busca de aventuras, encontrando os mais poderosos pokémons lendários. Ela me chamava de Lug, como Lugia...
— Lug! — Ela gritou em alto e bom som. — Saía desta cama, malandrinho.
Eu obedeci prontamente.
Ela preparava o café na cozinha, eu sentei-me a mesa esperando o café de aniversário. Era assim em minha família, em dia de aniversário, tudo era de aniversário. Sabe, as refeições, os passeios e se fossem tempos bons, até podia rolar presente. O que eu ganharia? Pensava comigo enquanto comia o café.
Sabe, aquele foi um dia quase normal, se não fossem pelas refeições de aniversário. Fiz as mesmas obrigações diárias para ajudar minha mãe, a minha recompensa era a mesa farta de todas as minhas comidas preferidas. O cheiro impregnava em todos os cômodos das casa, até no jardim ele chegava e se tivesse um olfato apurado, na entrada da floresta você sentiria. Quer coisa melhor do que comer!
— Sabe filho, já lhe contei a história de quando fiz dez anos? — Ela perguntou, a resposta certa seria “muitas vezes”, mas ela adorava contar aquela história.
— Não mãe, você apenas comenta. — Respondi.
— Era uma manhã fria...
Começou ela a contar. Eu já decorara, ela chegara para o tal professor para receber seu pokémon, mas não gostara de nenhum deles desde o início. Implorou para que ele lhe desse outro pokémon, mas o professor insistia que aqueles eram os únicos. Até que um tal de Purrloin apareceu, um gato roxo, dizia ela e, foi amor à primeira vista. Hoje, Lantis, como ela o chamou, é um Liepard velho que só dorme. Eu, para ser sincero, nunca acreditei.
Um pouco mais tarde, quando o sol já havia se escondido atrás das montanhas, meu pai chegou em casa. Ele era um cara grande, forte e rústico em muitos sentidos, tinha seu leal Vigoroth o acompanhando. Ele trabalhava como lenhador e seu pokémon companheiro o ajudava no trabalho, muitas vezes passava dias fora, pois precisava ir a lugares afastados para fazer o corte da madeira. Com o que recebia, vivíamos relativamente bem...
— Feliz aniversário, garotão! — Disse ele, me erguendo bem para o alto. — Parece que você teve sorte, trouxe-lhe um presente.
— Minha nossa! — Eu gritei e joguei as mãos para alto de alegria.
O que poderia ser? Eu me perguntei o dia todo se ganharia algo e vou ganhar. Para uma criança como eu, aquilo era muita sorte. Eu estava feliz como nunca estive antes... — E como jamais ficaria novamente, se me permite dizer. Quando terminamos o jantar de aniversário, meu pai colocou sobre a mesa um pequeno pacote embolando em folhas velhas de revistas. Eu não me importei pelo embrulho, queria apenas rasga-lo e ver o que ele guardava.
— Vá em frente, abra. — Meu pai sorria de orelha a orelha.
Eu rasguei as folhas velhas com toda voracidade que me cabia e, sob aquele monte de papeis, encontrei uma esfera meio vermelha e meio cinza, com um pequeno botão em um dos lados. Meu encanto desapareceu por um segundo.
— O que é exatamente isso? — Indaguei, realmente curioso.
— Isso, filho — Começou minha mãe. — Isso é uma pokebola. Nela nós carregamos nossos pokémons para todos os lugares. Os treinadores, como lhe contei, carregavam um monte delas e durante suas viagens capturavam muitos pokémons.
— Mas como eles cabem ai dentro? — Sim, eu já fui uma criança boboca... Pensando bem, eu até hoje nunca entendi como essa tecnologia funciona.
Meus pais até tentaram explicar, mas isso não é tão importante. O mais importante é o que tinha dentro...
— Você não quer ver o que há dentro? — Meu pai instigava.
Peguei aquela bola meu desajeitado, apertei aquele botão e virei a esfera para o outro lado. Segundos depois, ela se abriu e uma luz saltou do seu interior, materializando-se sobre a mesa na forma de uma criatura engraçadinha, laranja com amarelo e um bico pontiagudo.
— Torchictor... — Repetia ele.
— Esse é o seu presente, Lug. — Disse minha mãe. — Um Torchic é um daqueles pokémons que os treinadores escolhiam antigamente. Sabe, chamam eles de pokémons iniciais.
E neste momento a minha felicidade não se conteve dentro do peito. Eu corri para os seus braços, agradecendo e chorando de uma alegria que eu não sabia demonstrar de outra forma. Até mesmo aquele Liepard velho decidiu se mexer de seu tapete surrado e ver o que estava sobre a mesa. Eu fui até a mesa novamente e o peguei, erguendo-o acima da cabeça, sorrindo para ele e, um pouco ainda perdido, ele sorria para mim.
Naquela noite eu ganhei o maior presente de minha vida. Naquela noite, eu perdi os maiores presentes de toda minha existência.
Eu já estava em minha cama com o Torchic sobre o travesseiro, já o alimentara e agora mostrava para ele meus brinquedos favoritos. Cada novo brinquedo que mostrava, ele saltava sobre o travesseiro e tentava bica-los, mas eu os afastava rapidamente. De repente, luzes atravessaram minha janela, corri e vi três jipes velhos se aproximando de minha casa e, naquele mesmo instante, ouvi passos pesados pela casa e com um forte bater de porta, minha mãe adentrou ao meu quarto com uma mochila na mão.
— Rápido, Lug. — Dizia ela esbaforida. — Troque de roupa e coloque Torchic na pokebola. — Ela começou a jogar peças de roupas na mochila e outras coisas mais.
— O que está acontecendo, mãe? — Perguntei, enquanto trocava de roupa. — Quem são aqueles que chegaram de carro?
— Não faça perguntas perigosas, está me ouvindo! — Disse ela. Ajoelhando-se na minha frente, segurou meu rosto com as duas mãos e me olhando nos olhos, me alertou. — Nunca, jamais, faça perguntas perigosas. Perguntas das quais você não quer saber a resposta, entendeu.
— Mãe... — Foi a única coisa que consegui dizer.
Logo o som das portas dos carros batendo chegaram ao quarto e, segundos depois, uma explosão e o som de madeira espatifando. Minha mãe me deu a mochila, apontou a janela, me deu um beijo no rosto e disse:
— Corra para a floresta. Não deixe que te encontrem...
— Você e o papai vão me encontrar lá? — Eu não conseguia entender o que acontecia.
Da cozinha ouvi a voz de meu pai aos gritos, ele comandava o velho Liepard.
— Use Slash, Lantis! — Em seguida, para Vigoroth. — Proteja-se com Protect e avance com Thunder!
E depois, explosões atrás de explosões... Minha mãe me empurrou e me ajudou a pular a janela. Quando olhei para trás, ela já saía do quarto em direção a cozinha para ajudar meu pai. Fiz o que ela mandou e corri em direção a floresta. A noite estava mais fria que o normal e quando alcancei a floresta, senti um arrepio na espinha, olhei novamente para trás e vi parte de minha casa dominada por chamas. Entrei um pouco na mata até uma árvore alta e em poucos tempo estava no topo dela, olhando minha casa queimar como uma enorme fogueira. Quando menos esperei, quatro homens saíram carregando meu pai e o jogaram no porta-malas do jipe.
Em seguida, outros dois saíram com o velho Liepard em uma coleira, arrastando até um dos jipes. O outro arrastava o Vigoroth de meu pai, já desacordado, pelas pernas até o último dos jipes. Um último capanga saiu da casa com um pokémon ao seu lado, era um cachorro preto e grande, com uma espécie de capa de ferro no corpo, o homem deu algum comando ao seu pokémon que, no instante seguinte, circundou a casa lançando labaredas de fogo pelas paredes de madeira. Antes que o cão voltasse ao lado de seu treinador, parte do telhado cedeu e uma outra explosão fez uma fumaça preta tomar conta dos escombros.
Naquele momento a única coisa que pude fazer e que conseguia fazer foi chorar. Agarrei-me ao galho no qual estava com tanta força, que cortei a palma da mão. Os homens ficaram assistindo minha casa queimar até tudo estar no chão. Depois, com uma esfera parecida com a minha, o homem recolheu o cão preto, entrou em seu jipe e os três carros partiram.
Meus presentes mais valiosos... Eu desci da árvore e caminhei até minha casa. Sentei ao pé da árvore de Oran Berries e terminei de assistir as labaredas se extinguirem. Foi só quando o sol surgiu no horizonte que tive coragem de levantar e ir até os escombros, ainda era possível sentir o calor emanado pela madeira carbonizada e do ferro retorcido. Continuei a olhar aquela cena e a única coisa que se passava pela minha cabeça era: Eles a queimaram! Eles a queimaram...
E eu fui um covarde!
— A verdade é, que eu sabia que se me atravesse a aparecer, seria levado como meu pai ou, na pior das hipóteses, seria morto como minha mãe. Aquele dia eu entendi como a vida funcionava, era uma luta pela sobrevivência. Prometi a mim mesmo nunca mais me acovardar e protegeria com todas as minhas forças as pessoas e pokémons. Iria salvar meu pai, estivesse onde estivesse e vingaria a morte de minha mãe... Jamais estive tão perto disso.
Apertei o botão de pausar e parei a gravação. Olhei minha cela novamente, escura, um completo breu se apoderava dela quando anoitecia. Não havia nada que pudesse fazer, lembrar aquela história trazia sensações ruins, sensações que eu não gostava de sentir. Então, virei-me de lado e apoiei a cabeça o mais confortável possível e tentei dormir. Só assim para esquecer aquelas sensações.
- OBSERVAÇÕES:
Escolhi não colocar cor nas falas, apenas nos ataques para dar mais destaque, vou sempre tentar deixar bem claro de quem é cada fala.
Comentários são sempre bem-vindos, desde que construtivos.
Espero que gostem xD
Thirtan- Treinador
- Alertas :
Re: Pokémon: Aventura Distópica
- CAPÍTULO II:
CHUVA EM CHAMAS
Senti um forte incomodo nas costas certa hora da manhã, ainda com os olhos fechados, virei de barriga para cima para tentar diminuir a dor e voltar a dormir, mas, antes que conseguisse pensar em dormir novamente, senti o bafo pesado de carne podre esquentando meu rosto.
— Mas o quê? — Abri os olhos.
Sobre mim estava uma cara negra com focinho vermelho a me encarar. As presas a mostra e o ar quente saltando de sua boca, o maldito cachorro de chifres me encara com seu olhar demoníaco.
— Dá pra tirar esse maldito Houndoom de cima de mim? — Afastei-me e levantei sobressaltado. O cão rosnou para mim.
— Você têm um medinho dele, não tem? — Uma voz veio do outro lado das grades da cela.
Eu olhei em sua direção enquanto me encolhia o máximo possível. Um gordo fardado me observava com um genuíno olhar de aprovação no rosto. Ele gostava de me ver suar frio na presença daquele cão demoníaco. Aquele cão, nunca poderia me esquecer dele, esteva lá aquela noite... Maior e mais poderoso.
— Apenas, tire-o daqui! — Levantei com determinação desviando do cão e indo em direção a saída da cela. — Quando eu sair, juro que vou acabar com sua raça, seu gordo...
— Houndoom. — Disse o gordo com calma e o cão saltou sobre as minhas costas.
— AAAHHH! — Eu me debatia desesperadamente, com as mãos empurrava meu corpo para longe do cão, mas ele jogava suas patas sobre as minhas costas com toda a força e rajadas de fogo saltavam de sua boca atingindo o chão à minha frente.
Gargalhadas vinham do gordo fardado. Ele tinha os cabelos pretos e a pele branca, os olhos eram minúsculos no rosto imenso e seu riso era esganiçado, em sua farda era possível ler as letras R e P, elas se cruzavam no emblema de meu algoz. De repente o cão saltou e saiu pela cela, o gordo a fechou em seguida e antes que eu pudesse recuperar o fôlego, anunciou:
— Flamethrower, Houndoom! — E voltou a rir.
O fogo tomava conta da cela. Eu me encolhia no centro dela, enquanto as chamas me rodeavam e o calor evaporava minhas lágrimas de desespero. Eu fiquei imóvel e sem reação, pois não conseguia lutar contra o pavor que aquele pokémon me dava, seu olha e seu rosnado eram assustadores e as chamas que me envolviam, aumentavam ainda mais aquele medo. Eu estava indefeso, naquele momento, eu voltava a ser a criança que perdera os pais. O medo e o terror me acompanhavam desde aquela noite...
Eu me sentei na encosta do rio que cruzava aquela parte do caminho. Abri a mochila e fiz a contagem: 7 Oran, 8 Sitrus e algumas Leppa. Não me acostumara com o gosto da Leppa, então deixava essas para alimentar Torchic. Estávamos viajando fazia alguns dias desde o ocorrido, o caminho parecia cheio de perigos, encontrei alguns pokémons selvagens, por sorte, Torchic era corajoso e enfrentou a maioria com destreza.
Eu não sabia como comandá-lo, enfim, ele lutava como podia, esquivando e dando bicadas em seus oponentes. O último, um tipo azulado com um amontoado de folhas na cabeça, nos atacou depois que eu o chutei por acaso, não o vi no meio da grama alta, senti quando um pó arroxeado começou a subir pelos meus calcanhares. Corri para fora e logo atrás, o pequenino. Quando meu Torchic entrou em cena, o pequenino lançou um jato de uma gosma esverdeada, por sorte, Torchic esquivou, mas o local onde caíra ficou com uma marca de queimado, parecia um tipo de ácido, pois onde tocava, corroía. Depois de algumas bicadas, o pequenino se afugentou e correu de volta para a grama alta.
No início me senti corajoso, decidido a encontrar meu pai onde ele estivesse, mas não sabia para onde eles poderiam tê-lo levado e conforme avançava por aquele caminho estranho, o medo tomava conta. Não sabia por mais quanto tempo eu poderia aguentar, nem mesmo sabia por mais quanto tempo Torchic aguentaria, eu não sabia mais o que fazer, por isso, quando alcancei o rio, parei e decidi molhar os pés. Chamei Torchic para fora da pokebola e ele já se armou para atacar.
— Acalme-se. — Disse colocando a mão sobre sua cabeça. — Estamos seguros, por enquanto.
— Torrr... — O pokémon soltou a respiração e sentou, parecendo mais tranquilo.
— As coisas não estão fáceis, eu sei. — Eu olhava para ele com certo desgosto. — Acho que sou como minha mãe, não tenho espírito aventureiro. Devia ter ficado lá...
E um silêncio se abateu entre nós. Por alguns minutos os dois permanecemos sentados, olhando para o rio, na direção da outra margem. Então, chuva...
O sol que irradiava calmo naquela manhã simplesmente se escondeu atrás de grandes nuvens escuras e a chuva fria escorreu sobre meu pescoço, dando arrepios. O mais rápido que pude, levantei-me, peguei a bolsa e com Torchic ao meu lado, corri, mas avançamos muito pouco... Uma esfera arroxeada atravessou nosso caminho, cai sentado e logo ouvi sucessivos comandos e uma batalha que acontecia debaixo de chuva.
— Marill, Aqua Tail, agora. — Dizia uma garota dos cabelos cor de fogo.
Mas, tão prontamente quanto ela, um homem a sua frente respondia.
— Sneasal, Ice Beam!
E mais explosões. Ficamos simplesmente chocados com o que acontecia, eu não conseguia ter nenhuma reação, nem mesmo para fugir daquilo. Algo me prendia ali, talvez fosse o medo, mas no fundo estava sentindo uma euforia, como se quisesse estar no lugar de um deles.
— Você pode até tentar, Abigail, mas não vai conseguir escapar novamente. — O homem sorria descaradamente, um sorriso sombrio.
— Vamos para a contagem — dizia ela, enquanto jogava o gorro do casaco sobre a cabeça. — Abigail, dez, Alto comando, zero!
— Alto comando, um. Sneasal, Shadow Ball, mais uma vez!
Mas este parecia diferente do outro, não ia em direção ao seu Pokémon de orelhas grandes. Me movi por instinto, soltei a bolsa e com exatos dois passos, saltei sobre ela, sentindo a radiação da esfera roxeada passar as minhas costas enquanto caíamos. No instante seguinte, estava sendo empurrado para o lado, enquanto ela tentava se levantar.
— Quem é esse intrometido? — Gritou o homem com fúria nos olhos.
— Esse... Bem, ele veio me dar cobertura. — Ela já estava em pé, como se não tivesse caído. — Contagem. Abigail, 10! Marill, acabe com isso de uma vez, Superpower!
E antes que eu pudesse pensar, senti mãos me agarrando, forçando-me a levantar e fazendo minhas pernas correrem como se não houvesse amanhã. Ainda debaixo de chuva, nós corremos até um velho observatório, ao nosso encalço, Torchic e o Pokémon de orelhas grandes. Nenhum sinal do homem. Subimos alguns lances de escada, passamos por algumas salas totalmente destruídas até chegarmos a sala do enorme telescópio.
Parecia ser de potente, mas havia muitos cacos ao seu redor o que dava para entender que não funcionava mais, na verdade, aquele lugar parecia abandonado há muito tempo, ou era o que ela queriam que pensassem.
— Agora, vamos bater um papinho. — Ela me agarrou pelo colarinho e me arrastou até o telescópio gigante. — Spinarak, teia nele.
Eu simplesmente não pude reagir, ela mal terminara de falar, senti algo sobre meus pulsos e pernas, era grudento, então, novos jatos, um após o outro e eu estava cada vez mais preso ao telescópio. Rapidamente fiquei coberto de teia, não demorou para que o pokémon se revelasse, tinha o corpo verde com listras, era pequeno, mas sua teia era muito resistente.
Abigail por sua vez, era muito bonita. Ela retirou a blusa ensopada e pude notá-la, era mais velha, com toda certeza, era mais alta e magra, mas seus cabelos, longos e vermelhos que pareciam em chamas. Quando dei por mim, Torchic estava ao meu lado, inutilmente tentando arrancar com o bico a teia pegajosa.
— Comece a falar, meu salvador. — Disse ela, enquanto virava minha mochila do avesso sobre o chão destruído da sala do telescópio. — Quem te mandou?
— Do que você está falando? Como assim, quem me mandou? — Absorto respondi.
— Vamos lá, foi o Alto comando que te mandou, pra tentar ganhar a minha confiança. Eles se acham muito esperto mandando uma criança como você para fazer o serviço que o Cão não consegue fazer. — Seu olhar era penetrante.
— Olha, eu não sei do que você está falando. — Tentava eu convencê-la. — Eu e Torthic estávamos no rio, quando começou a chover, nós corremos...
— Você deve me achar alguma imbecil, não é? — Ela se aproximou com a pokebola nas mãos. — Quando começou a chover?! Você sabe muito bem que usei Rain Dance, e essa pokebola, só o Alto comando e os seus coleguinhas possuem. Pode abrir o bico, quem te mandou?
— Você é maluca? — Retruquei, o medo me afligia. — Olha, eu não sei quem é o Alto comando ou os seus amigos. Não sabia que esse ataque, Rain Dance, fazia chover, aliás, nem sabia que existia um ataque assim e a pokebola... — Engoli em seco, sabia que precisava falar, mas ainda era difícil. — Foi um presente do meu pai, antes de ser sequestrado e ter minha casa queimada. Eu nem sabia que elas ainda existiam, para mim era só histórias...
— Qual o seu nome? Sua idade? — Indagou Abigail.
— Meu nome é Lug e tenho 10 anos. — Respondi rapidamente.
— Lug, agora é a minha vez de contar uma história emocionante. — Ela se aproximou. — Como você sabe, me chamo Abigail, sou acusada pelo Alto comando de alta traição, estou sendo caçada desde Sootópolis. Como você também já sabe, escapei dez vezes de suas emboscadas, mas tenho agora em minha ficha, algumas mortes, umas ocasionais, outras propositais. E hoje, como uma benção divina, você me salva. Então, acho melhor você falar, se não quiser ser mais um nome na minha ficha.
— Vou te falar tudo o que sei. — Ergui a cabeça e encarei seu rosto cansado. — CONTAGEM: ABIGAIL, DEZ, ALTO COMANDO, ZERO!
As grades ressoaram na cova. Abri meus olhos, não havia mais cão, nem gordo sarcástico, apenas o cheiro de queimada e a fumaça esbranquiçada no ar. O calor que ainda emanava, me lembrou novamente de Abigail e de seus lindos cabelos cor de fogo. Eu realmente queria que ela estivesse aqui, encontra-la naquele dia pode não ter começado com o pé direito, mas depois de algumas horas e uma bela surra, ela acreditou em mim... Ou pelo menos preferiu me manter perto, para quem sabe me usar como moeda de troca. Uma pena, mal sabia ela o erro que cometia. Mal sabia eu, na enrascada que a colocava só por conhece-la.
Olhei a hora, faltava pouco para o almoço. Então logo aquele porco e o cão voltariam, tentei me recompor, levantei, bati a poeira da roupa, fui até a grade e a chacoalhei. Fechado. Voltei para a cama com o pensamento de algum dia aquele porco esqueceria ela aberta... Algum dia.
- Observações:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que construtivos.
Espero que gostem xD
Thirtan- Treinador
- Alertas :
Tópicos semelhantes
» [Pokemon]Aventura de Jay em Kanto
» Pokémon - Aventura nas Nuvens.
» Pokemon A nova aventura
» [Evento Holi Park 2.0] Pokémon, digitais, Pokémon são campeões!
» Quero meu Pokémon! Prometeram um Pokémon, cadê?!
» Pokémon - Aventura nas Nuvens.
» Pokemon A nova aventura
» [Evento Holi Park 2.0] Pokémon, digitais, Pokémon são campeões!
» Quero meu Pokémon! Prometeram um Pokémon, cadê?!
Pokémon Mythology RPG :: OFF :: Artzone :: Fanfics
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|