Route 110 - Walking

Lysander observava aquela criatura... E logo sua dúvida mostrou-se real da pior forma para a mente do rapaz. Aquele não era, de fato, o Pancham que acompanhava Abigail, aquele já havia desaparecido de seu radar, é claro. Seu olhar então descaia. Aquele animalzinho lhe trazia à memória aquele Pancham... Enfim... Ele era um Pancham, mas não Aquele. Mas algo lhe intrigara sobre o monstrinho, ele apontava para Lysander, oque poderia querer? Ele não deixava de ser um monstrinho... E o que poderia querer com um treinador estranho ao aproximar-se daquela forma e ainda por cima apontar? Provavelmente estava sentindo cheiro de algo...

Lys então deixava seu olhar cair sobre a mochila presa em seu ombro por uma única alça, uma vez que só possuía uma mesmo, e com sua mão, começou a procurar por algo em seu interior. Havia ali uma pequena flor azulada, um enfeite. Flores emitem odores agradáveis, mas aquela provavelmente não possuía cheiro algum. Fora a flor, só haviam algumas balinhas de coloração azulada e uma fruta... Animais provavelmente não deveriam gostar de balinhas, então, logo, sua mão envolveu a frutinha rosada que ali se escondia entre pequenas pedrinhas coloridas e a levantou até a altura de seu olhar.

- É isso que deseja? - Disse Lys, esboçando em sua face um sorriso. - É seu... - Continuava, estendendo a mão para o monstrinho enquanto virava-se mais apropriadamente para o animalzinho, e como estava sentado, no caso, sobre seus próprios pés, sua altura não era tão desigual ao do animalzinho. Qual seria a reação de Pancham?

Pancham olhou desconfiado para o treinador que mexia em sua mochila, quando Lysander o mostrou a frutinha, a criatura avançou lentamente, como um gato se preparando para dar um bote. A poucos centímetros de distância, Pancham estendeu a mão, se esticando ao máximo para pegar a Berry.

Percebendo que Lestrange não se movia, Pancham puxou a berry rapidamente para si. Ele cheirou a frutinha e abriu um sorriso contente, mas logo em seguida, virou-se para Lysander e continuou farejando. Agora com a berry “guardada” em sua mão esquerda, ele continuo se aproximando, até quase tocar o seu focinho na mão direita do rapaz. Aquela mão tinha algum cheiro que o intrigava.

- Pancham?

Talvez fosse o cheiro do Pancham de Abigail? Afinal, o outro tinha estado bem próximo de Lysander e ambos tinha apertado as mãos como homens. Ele poderia estar procurando outro de sua espécie...

O monstrinho aceitara a fruta em sua mão, mas de alguma forma não parecia ser realmente aquilo que o monstrinho cheirava no ar. Lysander notava que o monstrinho apontava para sua mão, e após levantá-la na altura de seus olhos, e examiná-la melhor, como por exemplo as linhas da palma de sua mão, até se lembrar do aperto de mão que havia tido com o Pancham de Abigail, talvez o monstrinho estivesse sentindo o cheiro de Pancham de Lys, talvez o identificando como um da mesma espécie.

- Está sentindo o cheiro de Pancham? - Disse o rapaz ainda com a mão erguida, apenas a retirando da frente de sua cara para melhor observar o ursinho a sua frente. Um fino sorriso surgia em sua face neste momento. Curioso como eram estes monstrinhos, como poderiam sentir o cheiro de sua espécie mesmo tão distante, como antes ele estava, antes de chegar em cena. Ao final, esticava mais uma vez sua mão ao monstrinho, mas desta vez não havia nada sobre ela, não havia fruta nem nada do tipo, alias... Lys havia é perdido a frutinha, já que não era nem o cheiro dela que ele sentira. Enfim, a sua mão continuava esticada para o monstrinho, como se esperasse algum aperto de mão, ou seja lá qual fosse ser a reação do pequenino.

Pancham continuou encarando Lysander e sempre farejando. Achando confuso o fato daquele humano ter um pouco do odor de outro da sua espécie... Quando Lestrange estendeu a mão, a criaturinha tocou sua pata nela, e pegando Lys de surpresa deu um puxão como se dissesse “venha comigo!”. Lysander caiu no chão, pois estava agachado e não conseguiu manter o equilíbrio, Pancham então se virou preocupado, mas depois voltou a andar, agora sozinho, seguindo em frente...

O ursinho parou a 10 metros do monotreinador e se virou, acenando para que Lysander o seguisse. O que o monotreinador faria?

Recolhendo a sua equipe, Lysander decidiu seguir Pancham que nesse momento já andava apressado. Seja lá o que ele queria, precisavam ser rápidos... Lestrange teve que andar a passos largos para acompanhar o ritmo do pequenino que se movia a favor do vento, talvez tivesse sido o vento que levou o cheiro do Pancham de Abigail até aquele outro.

Seguiram a sudoeste, contornando pequeno laguinhos e caminhando por quase 100 metros. Pancham então entrou em um pequeno bosque, com árvores baixas e frondosas. Quando atravessaram o cordão de árvores, chegaram em uma pequena clareira, dois Pokémon discutiam fervorosamente, e próximos a eles, uma pilha de berrys jogadas no chão.

Pancham se aproximou da pilha de berrys e jogou ali a frutinha que tinha recebido de Lys. Então os dois Pokémon começaram a discutir com Pancham, que também começou a bater boca com os dois. Os três Pokémon discutiam um com os outros, sem favorecimento. Estando eles ao redor do montinho de berrys, parecia que a causa era justamente essas frutinhas. Afinal o que estaria acontecendo ali?

Lys seguia o ursinho sem objeção alguma, apenas pensava consigo mesmo onde aquilo iria dar. O que Pancham realmente desejava com Lys, o por que de chamá-lo para segui-lo assim. Lys não parecia estar tão em forma, logo cansando de toda a movimentação, mas, ainda assim resistia para seguir o ursinho e não perdê-lo de vista. - Ah... Uh... Não poderia pelo menos desacelerar? - Pensou consigo mesmo enquanto suas pernas moviam-se apressadamente. Sua respiração já estava ofegante quando viu o corpo de Pancham parar diante de outras duas criaturas, parando próximo ao mesmo também.

Os dois monstrinhos pareciam discutir por algo, e assim que Pancham chegava, este também se juntava a discussão, jogando a frutinha em um monte de frutinhas. Um dos monstrinhos parecia uma espécie cãozinho, ou algo do tipo, e que naquela rota em especial não era tão difícil de ser encontrado. Já o outro parecia uma espécie de... Bem, não sei definir o que ele seria, mas de alguma forma o lembrava e muito sobre uma história que sua mãe lhe contara quando criança, antes da morte da mesma, sobre o Pinochio, um garoto de madeira cujo maior sonho era ser um garoto de verdade. Será que a discussão que havia por ali seria por causa daquelas frutinhas?

Lys, após realizar um breve aceno de sua mão, proferiu enfim, com seu tom de voz sério, mas não de uma forma que parecesse estar bravo com os pequenos. - Acalmem-se, por favor! - Com aquilo o rapaz buscava apenas chamar a atenção dos monstrinhos para si, fazê-los se acalmar para poder melhor entender a situação. - Estão brigando pelas frutas? Mas, por que? - Sua mão inconscientemente movia-se para o interior dos bolsos de sua calça, onde ali permanecia, sem oferecer perigo algum. - Se forem de vocês, por que simplesmente não dividem?

Todos os três Pokémon ficaram quietos quando Lysander chamou a atenção do trio. Apesar de se olharem estranho, eles obedeceram e passaram a ouvir o que o humano dizia. Concordaram veementemente quando perguntado se a discussão era devida as frutinhas. Então Nuzleaf negou em dividir, pois ele afirmava, batendo no peito, que foi ele que juntou as frutinhas. Pancham vendo aquilo abriu a boca revoltado e se virou para Lysander afirmando que era mentira do Nuzleaf. O ursinho repetiu o gesto do Nuzleaf afirmando que tinha sido ele a juntar as berrys. Mas durante todo esse tempo Electrike negava com a cabeça, batendo a pata no chão para afirmar que foi ele quem recolheu todas as frutinhas.

Os três então voltaram a bater boca, um deles devia estar dizendo a verdade, e talvez, os outros dois, tentaram se aproveitar da situação? O que Lysander poderia fazer agora que testemunhou aquilo? Ele tomaria partido por algum deles?

Os monstrinhos sem muita confusão entraram em acordo ao afirmar que a discussão que ali se instalara era sim por conta das frutinhas. Mas, quando Lys recomendara que as dividissem, Nuzzleaf imediatamente negara, afirmando que fora ele quem pegara todas as frutinhas, e por isso, eram delas por direito. Pancham, indignado realizava o mesmo gesto. Electrike também, balançava sua cabeça e batia suas patas no chão. A discussão logo retornara ao mesmo ponto que fora interrompida. Sério? Por que aqueles monstrinhos não poderiam simplesmente agir como pessoas civilizadas? Se bem que eles não era pessoas... Eram monstrinhos, acostumados a sobreviver por si só num universo repleto de competitividade, pedir para que agissem como gente nesta situação seria pedir demais, mas, aquilo já estava dando nos nervos de Lys, não pelos animais, mas por não encontrar uma forma que ajudasse a todos.

Lys então se aproximava do montinho de frutinhas, e curvando sua coluna esticava sua mão para pegar a frutinha que dera para Pancham, uma Chesto Berry, a que estava em seu topo, a ultima ali jogada. - Cof... Cof... - Pigarreava o jovem, limpando sua garganta e também para chamar a atenção dos monstrinhos. - Esta frutinha... Dei a Pancham, era minha, fui eu quem a recolheu, mas, não irei usá-la. - Seu olhar então recaia sobre o restante do montinho enquanto devolvia a frutinha ao monstrinho. - Acredito que alguém tenho feito este montinho... Mas... Por que, assim como eu, não escolhem partilhá-las? Se não vão comer todas por si só, por que não repartir? Tenho certeza que se sentirão melhor assim...

Off: Não tinha muita ideia do que fazer. Kkkkkkkkkkkk

Lysander se aproximou do montinho de berrys e percebeu que devia existir quase 20 frutinhas ali, com uma boa diversidade. Seja lá quem estava recolhendo as berrys, se preparava para o inverno... Quando o treinador tocou na berry que tinha dado a Pancham, Nuzleaf e Electrike olharam feio para Lys, enquanto o ursinho se virou pedindo para que ele deixasse a frutinha no lugar. Afinal, “deu tá dado”. Voltaram a relaxar quando a Chesto Berry voltou para o montinho.

Lys insistia em compartilhar as berrys, mas os três Pokémon se mostravam inflexíveis. Eles pareciam dizer, “Se eu fiz o trabalho todo, porque tenho que compartilhar?”. As criaturas apesar de parecerem adultas, agiam como crianças, discutindo, provocando, mas não partindo para a agressão. Qual seria a solução para aquela situação? Ganhar a confiança deles? Propor uma competição? O que Lysander poderia fazer? Uma coisa era certa, foi Pancham que buscou ajuda...