Uma pequena imprudência

O dia claro e iluminado já deixava evidente como seria o evento que tinha apenas um foco: diversão. Ao menos era o que se aparentava, já que não haviam boatos algum sobre a prefeitura e teorias malucas.

Quando Daisuke chegou nos portões do espaço destinado ao evento, não precisou esperar no fim de uma fila gigantesca como estavam murmurando por aí, o andamento dela era rápido, até. O pessoal a sua frente usava roupas brancas ou coloridas, características do evento. Assim que chegou sua vez de apresentar o ingresso e retirar os sacos de tinta e a Park Ball, única ferramenta permitida no evento, os seguranças vasculharam rapidamente o rapaz, pois não permitiam a entrada de alimentos e batalhas Pokémon ali. Daisuke era informado que caso quebrasse as regras poderia ser preso. Com tudo certo, era liberada a entrada do rapaz naquele campo enorme com um palco tão grande quanto as duas caixas de som em vertical. Haviam telões e muita gente entrando junto e indo para o meio. Haviam alguns doidos que estava nas grades para ficar bem perto do palco.

Tachikawa, após os eventos que lhe fizeram perder a memórias e a recém descoberta de um novo mundo, estava de certa forma feliz. Estava vivo e num show que lhe fora prometido algo raro, dito até único, durante o evento. A excitação era tamanha que ele permitia a música que tocava no momento invadir seus ouvidos numa explosão de som.

Meio atrapalhado, Daisuke caminhava por entre as pessoas se juntando a multidão. O rapaz procurou o amigo que esquecera de encontrar no CP, mas deu de ombros. Talvez o encontrasse na saída ou ainda por ali. O mais engraçado era que todos os presentes eram diferentes, mas iguais. Ninguém ligava a qual classe você pertencia ou o objetivo do colega ao lado. As pessoas eram simplesmente pessoas. Cores, raças, classes, gêneros, tudo diferente. Daisuke era exemplo de algo indefinido que não importava. Era apenas mais um na multidão.

A música agitada ajudava em muito o deslocamento, visto que alguns davam espaço quando pulavam ou beijavam o indivíduo ao lado. O moreno já não queria ficar ali no meio e tentava se afastar, sendo algo impossível de se fazer, entretanto tentou. Ao girar para voltar, deu de cara com uma menina branca que estava saltando e acabou batendo o queixo na testa dele. Ela provavelmente gritou, pois se abaixou contorcendo. A dor de Daisuke foi suportável, mas o que ele tentava fazer - evitar contato - acabava não muito bem.

O rapaz até tentou ajudar, mas de nada poderia fazer se não dar assistência. A garota ficou por uns segundos abaixada atpe que conseguiu levantar o rosto. Seus cabelos eram da coloração mais pura de azul que Daisuke podia imaginar. O rosto era rosado e provavelmente tão macio quando a pele que o jovem tocava nos braços descobertos. Ela usava um vestido bege curto com apelas uma fita dourada na cintura. Quando ela elevou os olhos também azuis para Daisuke, chegou a ficar embaraçada e pediu desculpas pela falta de atenção. Ela ainda mantinha as mãos no queixo que também tapavam a boca. Quando finalmente largou, foi porque começou a tocar uma música muito conhecida e ela queria cantar, mas não sem antes dizer:

- Eu também sou - e sorrir com trinta e tantas estrelas brancas no lugar dos dentes. - Eu adoro essa música!

Estando mais tranquilo em relação ao incidente, Daisuke e a jovem linda e misteriosa, cujo nome ele não sabia e também não fazia questão de saber, curtiam o som de uma música bem conhecida e que contagiava a galera de forma assombradora. O vocalista não media esforços para fazer todos pularem e soltarem a voz a ponto de ficar roucos no dia seguinte sem pena alguma. Já para o meio da música ele segurou uma nota e fez uma prece para os que o ouviam:

- Vamos lá, eu quero ouvir todo mundo cantando: Ninguém, nos deterá! - então ele colocou o microfone para frente ouvindo o público cantar em uníssono.

Então o cantor, com um saquinho de tinta nas mãos, tacou bem alto, fazendo um arco vermelho, vendo em seguida e erupção de cores começar!

Quando foi lhes dado a permissão para jogarem todos juntos suas cores, a mistura se tornava a mais perfeita visão de harmonia sem sincronismo. Azul, amarelo, verde, vermelho, rosa, lilás e muitas outras cores inundavam cabelos, vestes e pele. Daisuke via o quão louco aquilo tudo era e mesmo assim se tornava divertido. Bom, até tomar uma nuvem de core rosa na nuca como se fosse uma bola de neve. Ao se virar, viu que a mesma menina doas cabelos azuis, agora meio verdes, colocava a mão na boca e tinha os olhos arregalados e pedia desculpa, meio nervosa.

O cantor estava animado com a vibe do público, mas não tanto quantos os mesmos ficariam a seguir. Um sinal sonoro era dado ao final da música, sendo a banda substituída por um DJ que começava a tocar uma música eletrônica tranquila que nos seus primeiros segundos já começava a contagiar o pessoal. Algumas grades se erguiam diante do campo aberto nos limites de onde estava rolando o evento. Lá, alguns Pokémon apareciam e era notável diferenças entre eles. O pessoal que foi até ali em busca da surpresa que a prefeitura, organizadora do evento, tinha prometido não ficou esperando para que o coleguinha de festa saísse correndo na sua frente.

As cores das tintas já tinham baixado, mas vendo de longe, os participantes eram todos grandes pincéis sujos de diversas cores. Poucos ficaram ali perto do palco central. Só que algo chamava a atenção do moreno. Numa dessas quadras gradeadas, um Pokémon fofo tipo algodão o olhava, radiante!