[1.5] Como ser sequestrado sendo um perdedor!

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Aleksei continuava parado, com um pouco de medo, com um pouco de raiva, suas decisões haviam levado aquela situação, sequestrado, no frio, abandonado logo em seu primeiro dia, sorte a sua que Pedro não estava com ele, pois teria uma crise asmática naquele exato segundo e sem seu remédio provavelmente morreria. Deslizou sua mão sobre a cabeça do Pidgey, fazendo-lhe um pouco de carinho, algumas lágrimas escorriam de seu rosto, na mais pura raiva, estava sem Watkip também, ou seja, estava totalmente inutilizado, precisava sair dali e corre com o Pidgey para salva-lo, também necessitava achar seu pokémon e libertar todas aquelas aves.

Tantas preocupações, um turbilhão de emoções e pensamentos corriam na cabeça do garoto - ''O que fazer? O que fazer?'' - Assim como era sensitivo e bastante perceptivo a detalhes, era um bom analista de situações, porém precisava se concentrar, manter a calma, algo para se apoiar naquele momento, porém a cada segundo que se passava, a situação ficava pior, o Pidgey ficava mais enfraquecido e mais perto da morte, afinal de contas olhe só o estado em que ele estava. Loban respirou fundo, parou, pensou e percebeu que logo logo estaria em Oldale, isso se não estivesse, por isso fazer um som alto para chamar a atenção talvez fosse uma boa, se tivesse que cair numa briga, poderia dar conta de um, mas não de dois, era um plano arriscado demais, mas precisava ser feito.

Respirou fundo novamente, levantou tentando se equilibrar e então pegou o Pidgey machucado e tentou coloca-lo em algum lugar seguro, procurava alguma gaiola vazia ou algo pesado para jogar contra a porta traseira do caminhão, para que assim fizesse o máximo de barulho possível e com sorte até abrisse a porta.

Sem nem ver o que estava acontecendo do lado de fora do caminhão, Aleksei pensava em formas de sair de lá, sendo ou não visto pelos caçadores. Deixara Pedro e sua família na Rota 101, sem notícias do que teria acontecido. Seria bem melhor se Pedro e Everaldo estivessem ali para ajudá-lo a fugir. Mas nenhum Pokémon apto para o combate estava lá. Somente pássaros presos e um quase morto. Estava frio, mesmo naquele lugar fechado, talvez já estivesse perto da meia noite, ou então de madrugada, onde o frio atinge seu pico. Deveria sair de lá o mais rápido possível, e aceitava cair em alguma briga. Alguns caixotes vazios estavam encima de gaiolas meramente para acomodar todos os Pokémon lá dentro, e foi com esses caixotes que Aleksei decidiu agir, já que não tinha mais nada.

Bateu na porta daquele compartimento, o barulho foi grande, ainda mais la dentro. Por uns poucos segundos, Loban poderia ter achado que de nada adiantou, mas o caminhão parou bruscamente. Um silêncio percorreu naquele lugar, e então uma voz conhecida surgiu lá de fora. - Vamos. O garoto deve estar acordado. Os pássaros não devem ter feito isso. - era Marco. Quando a porta se abriu, Aleksei pôde perceber que estava de noite, e a lua estava com um quadrante coberto, com sua luz oscilante. O garoto pulou contra Marco, que revidou o conduzindo com força para o chão. Mais um golpe forte. - Eu não falei, Eric?

Eric era o outro caçador, o caçador que usou um Growlithe contra Wat. - Muito bem, Marco. Bem, amigo, eu não faria isso sem nenhum Pokémon. - falou o homem girando uma Pokéball nos dedos. - Acho que esse Mudkip é muito grande para a Pokéball, já está até pegando o formato dela. Hahahahahah - caçoou Eric jogando a esfera para o ar e a pegando logo em seguida. - Leve ele lá pra dentro, irmão. Eu levo esses pássaros para os fundos. - e com isso, Aleksei foi levantado com força, e foi levado para uma casa razoavelmente grande.

Tinha dois andares, uma porta de entrada de madeira que era de deixar qualquer um com inveja. Havia duas varandas no segundo andar, e duas janelas abaixo delas, ao lado da grande porta de madeira. Era uma espécie de base? Marco abriu a porta e deixou que se mostrasse o interior daquele sobrado. O hall de entrada tinha um criado-mudo com algumas chaves e fotos. Uma velhinha sorridente abraçava dois homens, possivelmente Marco e Eric. Nas paredes haviam quadros de pinturas e fotos de Pokémon voadores de todas as espécies e continentes. Sem conseguir ver mais nada, Aleksei foi jogado numa salinha escura. - Você vai ficar aqui hoje. Amanhã nós vemos o que faremos com você. - e então bateu a porta.

Após bater contra a porta, o garoto era brutalmente jogado para fora do caminhão, sendo carregado aos sopapos e chutes pelo homem, já estava puto pelo fato de que Pidgey estava caindo aos pedaços, mas agora caçoando até mesmo de seu pequeno, ou não tão pequeno, Mudkip.

Jogado em uma sala pequena, ou assim parecia ser, Loban parava para pensar nos detalhes que havia visto, a foto da velhinha por exemplo talvez indicasse alguém, mas ninguém que conhecia. Julgando pelo quadro, talvez não fosse uma simples organização, mas possivelmente uma família de caçadores, incluindo os dois homens e a velhinha. Seriam ambos os vilões, irmãos?

Vendo que nada era possível a se fazer naquela situação, não lhe restava mais nada até cair no sono algum tempo depois, necessitava descansar de qualquer forma, talvez um breve sono fosse algo que o ajudaria no dia seguinte. Mas obvio, o sono lhe era bem perturbado, um lugar ruim para dormir e amigos feridos para resgatar. O que o amanhecer reservava para o menino?

Aleksei caiu no sono. Foi um grande dia, fora a sua primeira aventura. Seu sono fora tão pesado que pareceu mais um piscar de olhos. Fechou os olhos, e quando abriu, lá estava Marco novamente, só que com bermuda e camisa polo, cabelo penteado para os lados e dividido no meio, a barba mal feita. - Vovó não gosta que os hóspedes sejam maltratados. Você vai tomar o café da manhã com a gente. Nada de gracinhas. - Marco acompanhou o garoto até uma sala bem clara, com uma janela aberta onde o Sol batia e a iluminava por inteira. Uma mesa redonda coberta por um pano florido estava sob vários tipos de comida. Bolo, pão, frutas, suco, leite, café e tudo mais. Eric estava sentado comendo. Com os mesmos cabelos negros que o outro caçador, só que jogados para trás. - Seu Wailmer com cara de Mudkip está dando uma volta com a vovó. Ela já deve estar vindo para cá. Não tente nada.

Uma cadeira foi oferecida para o rapaz se sentar e comer. Como Aleksei iria reagir?

No principio de tudo, recusar comida era má educação e idiotice na visão de Aleksei, por isto o treinador se sentava devagar, pegava o seu prato e a ele enchia de pães, a veracidade que o garoto conseguia comer pães sem sequer parar era enorme, não apenas pela sua fome, e sua raiva que lhe dava mais fome, mas porque fora criada por uma padeira que adora testar novas receitas de pães com frutas e doces em seu filho.

Enquanto comia, obviamente era um pouco mal educado, não considerava os outros, mas isso era de sua personalidade e nada mais, quando percebeu que estava se exaltando demais, parou de comer, após claro, limpar seu prato sem ter nenhuma migalha.

- E então... E a vida? - Disse o treinador, sem nenhuma malícia, aquela pergunta clássica para começar a conversa com os homens, enquanto limpava sua boca, utilizando seu braço direito, passando-o por cima de seus lábios. Depois ajeitou seus óculos de sol que nunca tirou do rosto, claro. Porém, desta vez, levava-os para cima da cabeça, encarando os homens enquanto observava bem o lugar aonde estava.

Devorando toda aquela comida era falta de educação até mesmo para os sequestradores. Olhavam um para o outro e depois para Aleksei, que só parou quando o prato estava limpo. Marco respirou fundo após a pergunta do garoto, olhou para Eric e então abriu um sorriso largo. - Oi vovó. - na porta estava uma velhinha que tinha, fácil, menos que um metro e meio. Um coque prendia seus cabelos frágeis e alvos, um vestido florido ia até o chão, escondendo seus pés. Ao lado da senhorinha estava Wat, o Mudkip, mas havia algo em seu pescoço. Era uma corrente, e estava presa ao pé da velhinha. - Oi Marquinho, oi Eriquinho. Olá visitante. Adorei o seu presente. Esse Mudkip é muito fofo e eu me dou muito bem com ele.

A velha parecia inocente, mas Mudkip tinha um olhar desesperado, talvez soubesse que agir bruscamente pudesse ser um problema, talvez os caçadores tivessem falado para o Pokémon que não deveria fazer gracinhas na presença da idosa. A velha se juntou ao trio na mesa e beliscou uma bisnaguinha. - Eu sou a vovó, espero que tenha dormido bem. Sempre falo para Marquinho acomodar bem os meus hóspedes. Você está satisfeito, - a velha olhou para Aleksei, e revelou a mais sombria das coisas: olhos brancos, aparentemente cegos, rosto enrugado e macabro. - Não está?

Ele encarava a vovó sem medo, não porque não o tinha, mas porque simplesmente aquele rosto macabro para ele, não era tão macabro assim. Aleksei é do tipo que não se assusta com aparência nem as julga de início, vide lembrar a própria escolha de seu pokémon inicial. Um pouco revoltado, encarava a situação de seu aquático, mas sabia que tomar decisões precipitadas, pular na mesa e quebrar tudo como se não houvesse amanhã seria algo estúpido, então apenas decidia seguir o clima, talvez a velhinha não soubesse da história por de trás daquela ilustre situação.

Deu um arroto, mas para variar, na presença da velha, resolveu por a mão na frente. Ainda a encarando disse - A senhora sabe por que estou aqui? - Olhou para os dois homens antes de terminar de falar, e em seguida continuou - É uma história bem interessante, se quiser ouvir - Levou a mão até o queixo, coçando, encarou a velha um pouco mais de perto, depois olhou para Watkip, curioso de como diabos conseguiram achar o pescoço daquele criatura para prender a corrente - Alias, desculpe a má educação, meu nome é Aleksei. O seu seria?

[OFF] Achei que você tinha pausado por hoje.

Aleksei talvez não sentisse medo da idosa, ou talvez fosse desrespeitoso mesmo. Pelo menos arrotou com a mão na frente, pois ninguém ali poderia dizer o que aconteceria se o arroto fosse na cara da velha com olhos de cego. Fez perguntas para a idosa, que ouviu sem tirar os globos brancos de Aleksei. Por fim esboçou um sorriso e colocou a mão sobre a mão de Loban. Era uma mão fria, quase de um morto, e ela apertava como nunca. - Meu nome é vovó. Meu netos me contaram bem porque trouxeram você aqui. Nós somos bondosos as vezes, mas nada como um pagamento. Em troca de comodidade aqui, esse Mudkip é meu. Eu não tenho nenhum Pokémon que não voe, e eu gostei desse aqui. - disse a velha. Marco e Eric não ousavam falar nada contra ela ou para ela, então apenas esperou que ela continuasse.

- Acho que o café da manhã já acabou, não é queridos? Podem levar esse Alex para o quartinho dele. - a idosa então se voltou para Aleksei mais uma vez. - Eu e meus netos vamos sair para a cidade e vamos voltar um pouco depois do almoço. Quero encontrar você no seu quarto na hora que voltarmos. Entendido, filhinho? - perguntou a mulher. Era uma pergunta retórica, então não precisaria ser respondida, e entendendo isso, Eric pegou Aleksei pelos braços e levou novamente para a salinha. Somente de dia pôde perceber que era onde eles guardavam vassouras, baldes, e outros produtos de limpeza.

O que faria?

Após ser jogado novamente na salinha, Aleksei parou para analisar bem o que tinha na sala de limpeza, primeiro procurou algo tipo quiboa ou o mais tóxico possível para se jogar na cara de alguém e doer-lhe os olhos até não poder enxergar por algumas horas ou pelo menos minutos para conseguir fugir quando abrissem a porta novamente.

Também já considerava pegar a vassoura ou rodo que mais lhe parecesse resistente como arma. Armando-se até os dentes, com sprays de limpeza, quiboa, vassouras, esfregões e baldes para tacar na cabeça de seus adversários, era quase como um jogo de videogame aonde você tinha que escapar de algum lugar perigoso utilizando apenas produtos de limpezas.

A sorte de fato é que aqueles tipos de produto poderiam ser bem úteis e perigosos para se tacar na cara de alguém, bastava-se armar, e óbvio, após estar todo pronto, colocou a orelha contra a porta, tentando escutar se havia alguém ali, caso não tivesse, daria um belo de um chute para tentar arrombar a fechadura, uma tarefa não tão difícil já que o garoto tinha um físico forte e saudável, nenhum maromba, mas nenhum palito. Caso houvesse alguém, gritaria que gostaria de ir ao banheiro, se esconderia atrás da porta e quando a abrissem a empurraria contra a pessoa, tentando atordoa-la para depois jogar um pouco de quiboa nos olhos da pessoa.

Pensamentos cruéis, atitudes cruéis, nada daquilo agradava o garoto que gostava de ser pacífico e apenas gostava de batalhas pokémons controladas aonde ninguém se arriscava, porém situações radicais pediriam soluções radicais ao menino.

- Vamos lá, Aleksei Loban, faça valer as batatas doces que comeu durante sua vida - Murmurou para si mesmo antes de iniciar seu plano.

[OFF] BATATA DOCE DO PODER!

Como se fosse um arsenal, Aleksei se armou até os dentes com vassouras e produtos tóxicos. Colocou a orelha na porta tentando checar se havia alguém, mas a família de caçadores parecia ter ido embora. Deu uns passos para trás e avançou um chute na porta, que cedeu abrindo com rapidez. Estava no hall de entrada, com duas saídas. Uma ia na direção da sala de jantar, e a outra era um mistério. Mas uma coisa estava fazendo barulho na sala de jantar, e seria arriscado ver quem era ou o que era. Era como se algo estivesse batendo em algo de madeira, incansavelmente. Por onde iria Loban, para a sala de jantar ou descobrir os outros cômodos do sobrado?