Assim que vi a pedra azul encontrada no altar, lembrei-me diretamente das estátuas de fora do templo. Como havia prestado atenção excessiva em suas características, percebi que seus olhos eram substituídos por pedras. Porém, um dos dragões possuía o buraco de um de seus olhos vazio. Quando o vi, presumi que a pedra que lá deveria estar tivesse ruído com o tempo, mas a minha recente descoberta me deu uma luz para prosseguir naquela incessante busca por itens valiosos. Saí do templo, com a pedra azulada em mãos.
-Certo, dragãozinho, acho que você não gostou de ficar tanto tempo sem ver direito, gostou? – disse, tentando encaixar a pedra no buraco de seu olho.
O garoto finalmente sacou a referência e pegou a pedra azulada no centro do altar, parecia uma pedra preciosa, mas aquilo não era tão importante quanto algumas das grandes relíquias ou dos mais variados itens Pokémon que poderiam ser encontrados naquelas ruínas. O jovem então foi até a estátua que tinha um olho faltando e o completou num encaixe perfeito.
Para a surpresa de Roderick, assim que o olho foi colocado no lugar a boca do dragão se abriu e o jovem conseguiu ver um item que poderia ser bem utilizado futuramente. Uma pedra azulada e brilhante que parecia um calmo mar azulado. O jovem poderia pegar o item e explorar ainda mais o local...
Assim que a pedra entrou no buraco no sentido mais puro e inocente possível, a boca do dragão se abriu. Dentro dela, havia outra pedra azul, mas que possuía uma profundidade maior. Era como se as ondas do oceano se chocassem em mirabolantes voragens dentro dela. Assim que a vi, presumi que fosse um item de imenso valor, então imediatamente a soquei para dentro de um dos menores e mais vazios compartimentos da minha mochila. Se era algo de valor, que ficasse num lugar de fácil acesso para o uso.
-Certo... Templo, você não tem mais nada para mim, tem? – falei com a construção em ruínas que permanecia à minha frente, como se fosse um louco.
O silêncio do templo sugeriu uma resposta negativa. Logo, comecei a refazer meus passos até o ponto em que me separei de Lairon. Quando chegasse lá, iria pelo caminho que apontei para meu companheiro seguir. Com sorte, ele não teria se perdido e poderia até ter achado alguma relíquia.
O garoto então se despediu do templo que apenas continuou com seu eterno silêncio ignorando completamente as palavras do garoto e indo em busca do desconhecido apenas continuou sua caminhada em direção a Lairon. Foi algo rápido, em poucos minutos o garoto já estava na direção correta e seguia o caminho que seu Pokémon tinha feito seguindo suas pegadas.
Mais ou menos uma hora depois o jovem encontrou seu Pokémon, Lairon estava num local que corria um rio, havia cavado alguns buracos, mas não havia achado nada de interessante. Talvez se Roderick o ajudasse pudessem encontrar algo de valor naquele local...
Ao encontrar Lairon e ver o resultado de suas tentativas frustradas e achar por itens escondidos dentro da terra, resolvi ajuda-lo. Perto dele corria um rio, que me deu a ideia de garimpar. Ideia essa que aos poucos foi desaparecendo com os meus pensamentos, que ditavam que não seria uma boa ideia, visto que o máximo que poderia encontrar seria minérios ou pedras que caíram na água e agora eram levadas pela correnteza. Saquei a minha picareta e lancei um golpe no solo, em seguida arrastando a ferramenta para trás, como se arasse a terra, mas com uma profundidade maior, buscando a formação de um buraco.
-Se eu me esforçar, talvez consiga fazer com que isso sirva como uma pá. – expliquei. -Lairon, vamos continuar cavando, que tal? – sugeri.
Lairon apenas me encarou e recomeçou seu processo de escavação. Com sua evolução, ele havia se tornado um Pokémon de poucas palavras.
Aceitando o pedido de seu treinador o monstrinho recomeçou a cavar, parecia que algo o estava impulsionando aquilo. As coisas começaram a dar certo quando o metálico captou algo em meio a suas escavações, algo parecia que ligava aquele rio com alguma coisa naquele ambiente.
O mais estranho de tudo fora a chuva que estranhamente começava a surgir. Não passava de uma fina garoa, mas era muito estranho um local como aquele chover, o que deixava as coisas mais esquisitas ainda. O que o Pokémon havia escavado nada mais era que os restos mortais de um Pokémon morto, era muito parecido com um sapo, talvez um Politoed.
A sequência de movimentos de Lairon na terra e os golpes com a minha picareta no solo eram os únicos sons que, em par com o ruído das águas calmas do rio, quebravam o silêncio do local, numa melodia repetitiva e cansativa. Porém, a música subitamente mudou. Lairon parecia ter encontrado algo, então me aproximei dele. Assim que cheguei a seu lado, fui introduzido a uma estranha chuva que me atiçou a curiosidade. Como poderia estar chovendo no subsolo? Logo, olhei para dentro do buraco escavado por Lairon. Eram os restos mortais de um Pokémon que lembrava a anatomia de um sapo.
-Talvez ele tenha sido o companheiro de uma das pessoas que habitaram essas ruínas, há muito tempo atrás. – disse. -Lairon, vamos enterrá-lo de volta. Acabamos de perturbar sua paz. – solicitei em uma voz melancólica, sob os pingos rígidos da chuva.
Em seguida, tive a estranha sensação de que algo naquele lugar pudesse estar ligado ao rio. Talvez relacionado à chuva. Comecei a ter conflitos de ideias e pensamentos. Aquele acontecimento, de tão anormal, estava dando pane nos meus circuitos e sistemas. Na forma metafórica, obviamente.
-Tem alguém aí? – perguntei. -Alguém que por acaso poderia ser o responsável por essa chuva? – embora dissesse, não esperava receber uma resposta; se aquilo não fosse obra de alguém, talvez fosse obra da própria civilização antiga. Um sistema ainda funcional que tira água do rio pra regar o solo sem usar qualquer fonte de energia aparente, quem sabe? -Lairon, procure nos arredores por algo que pareça estranho. Se achar algo, volte e me chame. Estarei refletindo sobre o que está ocorrendo atualmente. – comandei, sentando-me sobre a terra molhada.
O garoto ficou muito tempo pensando sobre aquilo, eram muitas as possibilidades e tudo poderia ser mudado conforme o jovem escolhesse. Lairon começou sua busca, mas não encontrou nada demais nos arredores, apenas algumas outras escavações que poderiam ter sido feitas por outros que passaram pelo local.
Logo após isso foram enterrar os restos mortais do Pokémon, e em meio a isso notaram que alguns poucos centimetros havia outra ossada, o que fez o metálico recuar um pouco e aguardar os comandos de seu treinador, visto que poderia ser algo ali que estava fazendo com que o ambiente mudasse tão subitamente. Enquanto pensava o jovem pode ouvir uma voz ressoar ao longe...
Quando fomos enfim enterrar os restos mortais do sapo, Lairon avistou outros ossos, recuando e me alarmando. Não era a tumba de apenas uma criatura. Talvez pudéssemos estar até mesmo sobre um cemitério inteiro de Pokémon, ou de uma pilha de cadáveres que havia sido enterrada. Fora nesse momento em que um calafrio me percorreu a espinha, seguido de uma voz que ressoou nas ruínas, pedindo por socorro. Naturalmente pensaria que era outro participante do evento, que acabou ficando preso em um deslizamento de terra ou algo do tipo, mas dadas as circunstâncias as quais nos encontrávamos, o medo tomou conta. Hesitei em mover sequer um músculo, mas fui em direção à voz. Não sabia ao certo se aquelas palavras tinham chegado à Lairon, mas este me acompanhou da mesma forma.
Seguindo a voz o jovem começou a notar que a fina garoa que antes era recorrente agora parecia uma grande tempestade. A voz aos poucos foi ficando mais forte e o jovem se viu na beira de um grande buraco sem fundo, parecia que o jovem estava correndo para a morte. Mas subtamente a voz parou e o jovem viu um espectro borrado.
Mesmo com tanta dificuldade devido a tempestade, o espectro apontou do lado de Roderick que observou uma pedra brilhante, está parecia ser a origem das chuvas e da tempestade e para tanto também poderia ser a origem do tormento de tantas almas perdidas naquele local....
