000 — Início

O céu estava claro e não havia vestígios de um temporal naquele momento. O sol adentrava pela janela, movendo as cortinas e deixando-me um pouco cega pelo fato de eu estar virada para a parede e ter recebido aqueles raios matinais de luz solar. Depois de alguns minutos de preguiça, abri meus olhos lentamente, encarando o teto enquanto me acomodava com o meu edredom.
Havia suado um pouco durante a madrugada, cujo eu percebi depois de cheirar as minhas axilas — desculpa sociedade mas quando você sai de casa, você tem que checar antes né? — e logo joguei meu edredom aos meus pés, levantando e sentando sobre a cama com minhas pernas cobertas. Virei-me para o lado direito, direcionando meus pés ao chão, calçando minhas pantufas de Buneary e saindo da cama, em direção a janela.
Abrindo-a, pude perceber a movimentação nas simples estradas de Petalburg, o que era normal ao meu olhar. Procurei acenar para as pessoas que trocavam olhares comigo para não passar uma imagem de gente mal educada, e depois de um tempo mongando na janela, saí de lá, indo diretamente para o banheiro, antes, pegando uma muda de roupas simples em meu guarda-roupa.
Depois de me lavar no chuveiro quente, aproveitando para lavar também o meu rosto para eu dar uma acordada, saí do chuveiro, vesti minhas roupas, arrumei a minha face e o meu cabelo. Por incrível que pareça, vestia uma camiseta grande de coloração preta com listras brancas na vertical como de uma jogadora de basebol, uma saia preta com tênis pretos de cano médio e meias brancas com listras pretas no joelho. Um típico look preto e branco porque eu estava afim de usar essa paleta de cores, não sei o porquê, mas estava.
Desci as escadas de minha residência segurando o corrimão, e logo então ouvi uma voz dizendo para descer devagar, o que eu à obedeci imediatamente. A voz vinha de minha mãe, o que não era de praxe já que era o dia em que ela iria me liberar para começar a minha jornada ao lado de meu presente de aniversário.
— Espero que você tenha cuidado nas estradas minha filha. — Ela me recomendou, enquanto me direcionava à mesa que já estava com o café servido, algumas pequenas fatias de pão com patê de frango em um prato amarelo e biscoitinhos embrulhados para a viagem.
Agradeci e aderi ao conselho enquanto estava me alimentando da refeição. Pude notar pelo canto do olho quando ela soltou um leve sorriso. Não sabia o que significava aquilo, se ela queria me despachar logo ou porque estava feliz de eu ter responsabilidade suficiente para me virar sozinha. Enfim, meus pensamentos eram tantos, e eu não queria descrever-los todos aqui.
Depois de acabar a refeição, novamente agradeci pelo alimento e carreguei minha mochila que estava pendurada ao lado da porta, e chamei a minha companheira. Da janela da cozinha, a pequena criatura fantasmagórica me respondeu com um sorriso e se direcionou ao meu lado. Ela se chamava Misdreavus, e foi dada à mim ontem, no dia de meu aniversário, e de ontem para hoje, nós começamos a ter um laço de amizade forte o suficiente para confiar uma na outra para ter a possibilidade de começar uma jornada com ela.
Abri a porta de minha casa, despedindo-me de minha mãe e então saí, começando minha caminhada.