Poni is the new Ilhas Laranjas

Ao contrário do que imaginei, Growlithe não parecia nem um pouco empenhado em dormir; o pobre Elodin estava se esforçando tanto para aquietar o animal que cairia numa soneca antes do filhote. Oh, não vou me preocupar com isto agora; bolhas estão vindo em minha, inclusive muitas, eu diria. Três porções! Se isso for ideia de Balder, estou muito agradecida.

Movi a vara de forma lenta para a terceira rajada de bolhas; a maior. Meu raciocínio poderia parecer óbvio e simples, quando maior as bolhas, maior as guelras, logo, mair o peixe, certo? Bem, não tenho certeza se isto é correto de se afirmar, cheguei a cogitar a ideia de metabolismo ou outras coisas que aprendi na escola, mas não o fiz, apenas fui para o espaço com maiores bolhas e tentei a sorte. Poderia perguntar para Elodin, claro, mas se eu tivesse tempo para consultá-lo antes, eu também teria para tentar duas vezes, e prefiro tentar duas vezes à que indagá-lo.

Balder parecia entretido em algo que não idetificara, não havia tempo para isso! Eu havia fisgado uma baleia, no sentido mais literal o possível. Forcei a vara até que envergasse, chamei Elodin e tive ajuda e, com quatro mãos, consegui retirar tal bicho do mar. Era enorme! O dobro da Magikarp anterior, tão grande que fiquei até triste em gastar uma esfera com ela.

Posicionei a segunda esfera e, sem mais delongas, joguei. Ok, eu só teria mais uma e, caso Wailmer fosse capturado, voltaria com o plano que estava dando certo; jogaria a linha no mar e pescaria outro grande. Caso contrário, jogaria a terceira esfera.

Oh deus, o que está fazendo ai? Balder, isso lá é hora de arranjar encrenca? Aproximei do reboliço aquático sem enxergá-lo muito bem, tal movimentação estava espantando os peixes e, bem, eu não tinha tempo para isso. Olhei para a dupla e, como quem já estava bastante feliz com o que conseguira até então, pedi para que viessem ao barco.
- Venham vocês dois aqui - Sugeri.

Era óbvio que desde o início eu não esperava abandonar Jorge tão facilmente; se não fosse por Elodin, o pequenino nunca havia saído do barco e, reencontrá-lo tão fervoroso para voltar me dava uma maior vontade de mantê-lo comigo. Eu já tinha uma baleia, eu estava dentro da competição, provavelmente não acharia algo maior que Wailmer, então porque não levar o peixinho comigo, satisfazendo meu desejo e o dele? Olhei para trás e, esperando um momento de desleixo do pescador, capturei o pequenino Wishiwashi. Jorge, vamos perder junto!! Pensei.

Pensei em dar algum sermão em Balder por tal atitude, mas depois de pouco pensar, reparei que ele não tinha como saber a procedência daquele peixe, e ele apenas estava cumprindo ordens minhas; além disto, não havia porque eu brigar com o aquático por uma instabilidade emocional minha. Quem estava errada era eu, em quase desistir do maior ranking da competição por algo tão bobo quanto um peixe-amigo.

Para além disso, tinha um plano para atrasar os competidores e adiantar o término da competição; pediria, desonestamente, que Balder usasse Rain Dance. Isso também não estava contra as regras, eu perguntei a moça! Mas claro, seria melhor que perguntar a Elodin antes de o fazer.

Joguei a esfera e entre brilhos e acontecimentos, apenas soube olhar para Balder e indagá-lo com uma simples, curta e significativa expressão:
- Que? - Fora a única palavra que saíra da minha boca por alguns longos segundos.

Eu tentaria descrever o acontecido, mas eu não entendi. Não vejo porque escrever neste diário o que já lhes foi apresentado; eu apenas joguei a esfera, ouvi um barulho, vi um movimento bizarro de peixes e em um clarão tudo desapareceu. Eu tinha medo de liberar aquela esfera e ver o que tinha dentro! O acontecimento fora tão confuso que eu nem me dei o trabalho de criar uma hipótese para o acontecido; não acertaria mesmo. O aquático livre estremeceu, nenhum dos dois havia entendido a situação e, depois de muito silêncio constrangedor, vi-me tendo que responder Elodin de alguma forma, só não sabia como. Fui sincera, porém não dei-lhe detalhes; não diria que capturei Jorge, já que nem disso tinha certeza mais:
- Eu não faço ideia - falei ao homem - Mas ao que tudo indica, ocupei minha terceira pokebola.

Com isto, o torneio devia ter chegado ao fim para mim, já poderíamos voltar para a margem e esperar acabar; ou dar um passeio por aqui. Não pediria mais favor algum para Balder, não por ele não ser útil, mas sim por estar desnorteado demais para isto, e eu também. Era melhor que tudo acabasse de forma normal, para trazer estabilidade a nossos corpos. Além do que, eu não conseguia parar de pensar no que acabara de acontecer; tão confuso que nem descrever eu consigo.

Entreguei as esferas mais ansiosa que qualquer um ali; nem eu sabia o que tinha por trás da terceira. Desejava que esta medisse logo todos os outros para revelar o mistério e, ao revelar, só criara mais confusão! Olhei para Balder e Elodin com um olhar de desamparo; desespero filosófico, eu diria. Eu nunca capturei aquele pokemon!!! Mais uma vez só soube exprimir a expressão "que" com os lábios, porém sem sair som. Acho que já está na hora de parar de tentar entender. Encarei aquele pokemon gigante e, depois de muito temê-lo, resolvi tomar coragem para chamá-lo para mais perto e perguntar:
- Você é o Jorge?