O Resquício das Chamas

Era manhã, o dia que eu sempre esperava desde minha infância chegara, o dia que eu iria aventurar-me ao mundo. Levantei da cama com uma intensidade que nunca eu tinha feito anteriormente, olhei para o canto do meu quarto, ali estava Cerberus no seu canto de sempre, me olhou com o rosto inclinado ao me ver levantar daquele jeito, sem entender nada.

- Vamos amigo, é hoje o dia! - Falei com ele, apesar da calma na minha fala, ela continha uma certa ansiedade. Ele me olhou pertinente mas se levantou com animação e latiu, se aproximando de mim e se acariciando em minha perna. Ergui minha mão em seu pescoço e depois lhe fiz um cafuné. Andei até as escadas e desci, indo até o saguão, para encontrar minha família. Estava ensolarado, o clima perfeito, parece que os astros tinham se organizado para fazer daquele dia o ideal, o dia que a pequena chama da vela iria finalmente se separar de seu suporte e se tornar independente.

- Bom dia Liss! - Sorri para minha irmã gêmea, que me olhou levemente confusa, não era normal essa tamanha felicidade em mim, mas assim como eu ela também entendia o porque eu estar daquele jeito, então me retornou um sorriso largo igual ao meu. Esse dia não era de ninguém, nem só meu, mas nosso.

Fui para a sala, havia uma grande quantidade de equipamentos já preparados pelos meus pais para seus dois filhos, inclusive algumas pokebolas. Posicionei elas em um cinto já ajustado em meu corpo, pegando apenas uma separada. Agachei-me perto do meu Houndour que já era meu companheiro faz alguns anos depois que o salvei no dia da tempestade, e sussurrei perto dele: " É hoje nosso dia amigão, de todos nós, exploraremos este mundo inteiro juntos e mudaremos ele! ", ele fechou seus olhos e sorriu, em seguida me deu uma lambida. Juntei meu rosto ao dele e com a outra mão aproximei a esfera de captura em seu corpo, que se abriu e o fez entrar ali dentro em uma luz vermelha, ela se fechou e balançou uma única vez, dando sucesso ao feito. Agora eramos companheiros eternos, somente até o dia de minha morte. Abri a bola e o deixei livre, para ele poder caminhar junto de mim e não recluso em meu bolso.

- Bom, eu acho que é isso... - Minha mãe olhou para mim e para Liss fingindo estar séria, mas era totalmente perceptível em seu olhar sua tristeza, seus dois filhos estavam saindo de casa e demorariam para retornar, se isso fosse acontecer. - Sabe, vocês poderiam ficar um dia ou dois, não iria mudar nada... - Ela falou brincando, então eu me aproximei dela e a abracei, minha irmã fez o mesmo e em seguida meu pai também se aproximou, o abraço em família durou alguns longos instantes, até que teve que infelizmente se finalizar. Os irmãos já equipadores e preparados, contentes e tristes ao mesmo tempo saíram de casa, havia continentes ainda para os dois visitarem e milhares de pokémons para descobrir.