Capítulo 5 - Inconspícuo [Tielo]

Ruas de Petalburg - 19:00

" Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo. "

As vezes tentamos ser inconspícuo na nossa vida. Ter aquela vida pacata, sem ninguém nos perceber ou nos notar. Sermos discreto apenas, e não chamar a atenção. Não se sabe porque realmente essa própria paranoia de não querer passar vergonha ou algo do tipo. Não tem nada de errado em sermos um pouco exacerbado as vezes. Afinal, pessoas assim se divertem mais, são mais felizes, e não tem nenhuma ou quase poucas correntes que a prendem à algo que não querem ser. Se é uma vontade sua, permita-se cada vez mais, mas, com segurança é claro.

Era entardecer quando Tielo acabava de sair do Centro Pokémon. Passou um dia inteiro dormindo após sair do Safari. Pegou seu instrumento musical, e como de costume, começou a cantarolar enquanto ia em busca de algo.

— And you got me, let go!
What you want from me?
I tried to buy your pretty heart, but the price too high!
Baby you got me like oh!
You love when I fall apart!
So you can put me together!
And throw me against the wall!

Seu safari não havia sido como o esperado. Ouviu diversos comentários de Pokémons raros e aquisições fortes e preciosas. Mas, isso era um mal que ele não queria para si. Não era o conceito batalhado e à batalhar. Havia sido muito grato pela Pokémon capturada. Uma dama do gelo que tinha uma expressão artística imensa. Pensando por esse lado, o jovem que era sortudo, e nãos os demais. Porém como o ditado popular diz "a grama do vizinho é sempre mais verde". Tratou de quebrar os preconceitos dentro de si mesmo.

— Baby you got me like ah, woo, ah!
Don't you stop loving me!
Don't quit loving me!
Just start loving it baby!

Antes disso, havia encontrado um grupo de jovens treinadores. A primeira, muito simplória atrás de seu Azurill que se perdeu. O segundo, um jovem treinador que tentava capturar Pokémons baixando a guarda deles com Sleep. O terceiro, um caçador de insetos, com sua grande ambição de treinar insetos. Havia consigo um deles, e era incrível como alguém enxergava poder em um tipo que poucos ligavam. O casulo que havia consigo, que antes pertencia à ele, era um potencial à ser explorado por Tielo, e devia isso à ele.

— Oh, and baby I'm fist fighting with fire!
Just to get close to you!
Can we burn something babe?
And I run for miles just to get a taste!
Must be love on the brain!
That's got me feeling this way!
It beats me black and blue but it fucks me so good!
And I can't get enough!
Must be love on the brain yeah!
And it keeps cursing my name!
No matter what I do!
I'm no good without you!
And I can't get enough!
Must be love on the brain!

Intensificou suas emoções na música, pouco se importando se alguém via ou ouvia. Era o que ele sentia e precisava se expressar. Mesmo aquela hora da tarde. Não sabia o que acharia, mas precisava achar algo, afinal, precisava de tantas coisas que não sabia por onde começar, sendo assim caminhava apenas sem rumo.

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Cantarolava para si mesmo enquanto mantinha-se atento ao movimento. Como não tinha nenhum plano concreto, era bom ter uma visão ampla das situações. Qualquer uma que pudesse entrar poderia lhe render alguns frutos.

A cidade era pequena, mas era bastante visitada, principalmente pelo fator maior de ter um ginásio bastante famoso. Sendo assim viajantes e desafiantes não paravam de transitar por ali. Mas, como era entardecer, a situação já era um pouco diferente. Nem todos tinham a vontade ou até coragem de ser um passante à noite.

Alguns trabalhadores passavam indo em direção as suas casas. Apesar de estar bem limpo, pois fazia suas higienes corretamente no Centro Pokémon, as pessoas o olhavam de maneira estranha. Não era também por suas roupas extravagantes e pouco discretas. Mas talvez pelo fato de ser um nômade. Claro que eram incomuns. A maioria das pessoas preferem estabelecer-se em uma viagem ou em uma cidade trabalhando. Mas nômades como não eram nem um ou outro, era considerado por alguns apenas vagabundos, que comiam e enchiam a cara o dia inteiro e festejavam sem motivos a noite.

Esses pensamentos fizeram o jovem momentaneamente esquecer seus dedos entre os acordes, e o colocou-os nas costas. Sua mão já não tinha mais nenhuma cicatriz do incidente em Littleroot. E seu ovo havia acabado de chocar... Sentia falta de estar segurando algo. Liberou então Poochyena, que adorava um colo e um afago, e assim o fez. Gostava da companhia dos seus Pokémons mas, não queria mal acostumá-los ou causar algum tipo de ciúmes por sempre ter um fora da Pokébola. Fora que tinha o fato que eles cresceriam, então... Era melhor fazer um revezamento entre eles.

Dado momento, enquanto acariciava a hiena cinzenta, um poste chamou atenção enquanto esperava uma charrete com tauros passando na rua. Virou-se em direção à isto e leu. Eram duas oportunidades. Agora era hora de mostrar uma boa característica do jovem. A indecisão.

— É um pocket show e um desafio de batalha... O que você acha? - Perguntou ao pequeno Poochyena que parecia muito pouco interessado em qualquer coisa que não fosse carícias. Inútil para opinar nessa situação. - Neste caso... Err... - Precisava muito de dinheiro, tinha muitos planos. Apesar de não ter uma ordem de necessidades das situações, seria necessário criá-las. - Bom, tenho que decidir... - Segurou Poochyena em um braço enquanto com o outro arrancava um dos papéis. - Nós vamos para o lago. É certo que vamos apanhar dos tipo fantasmas, porque até onde sei vocês não são as melhores escolhas para isso, mas, pode render uma forcinha extra. - Não tinha nenhuma certeza da onde realmente ficaria esse local mas, seguiu sua intuição, e se necessário, perguntaria à alguém próximo em que pudesse julgar confiável.

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Senso de direção não era muito forte em Tielo. Preferia ter senso maiores em outras condições e práticas. Mas nada que uma informação não resolvesse. A pequena hiena parecia extremamente inquieta nos braços do jovem, mordendo a mão de leve do seu treinador enquanto tentava acariciá-lo.

Logo viu o lago. Adorava aquela paisagem de onde o céu refletia na água. Como Petalburg era uma cidade não muito grande, a noite não tinha tantas luzes a ponto de ofuscar o brilho das estrelas. E obviamente, notou a presença do jovem. Estranhou não ter ninguém ali para enfrentá-lo. Provavelmente seria o mesmo motivo pelo qual Tielo pensou em recusar esse desafio. Os Pokémons do tipo normal. Fantasmas e Normais eram ambos vantagem e desvantagem um sobre o outro. Era algo nulo. Porém os Pokémons normais tinham menos recursos para acertar os fantasmas do que o contrário. Mas, para o jovem, uma experiência é uma experiência. Tinha total noção do que estava se metendo e, tinha um Centro Pokémon ao seu lado, tudo daria certo.

— Boa noite! Ei, do cabelo branco. - Não era e nem sabia ser muito discreto, apesar de tentar várias vezes. Era estranho ver alguém com a exata coloração de seu cabelo. - Eu vim aqui por conta disso. - Levantou o cartaz. - Ainda está disposto? - O jovem esperaria a reação do seu futuro oponente para tentar alguma outra abordagem ou dar procedimento.

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Tielo manteve-se bastante calmo, afinal era uma de suas maiores características de personalidade. E também porque tentava usar sua observação para analisar o 'coração' das pessoas. Não via aquele jovem como um cara ruim. Apesar de ser amigo de fantasmas e usar roupas tão excêntricas mas, quem nunca vestiu umas roupas bastante encrencas? Isso para o bufão não queria dizer nada... Além de que seu povoado tinha os Pokémons fantasmas nos quais o jovem aprendeu a lidar.

— Ah não, não, não. - Disse já tentando rever as possíveis ideias do jovem. Sempre tinha essa tendencia de desfazer mal entendidos ou possíveis mal entendidos. Mas apenas para ter a consciência limpa, se não funcionasse, paciência... - Eu sou um artista solitário, eu te entendo. Não vim aqui por interesse... Quer dizer, vim por interesse sim mas, poderia ter me aproximado de você por muitos outros motivos, apenas o destino não foi tão favorável assim... - Observou os fantasmas em volta. - Aliás, belos Pokémons! - Disse com um olhar sereno e um sorriso amigável para eles, e para o jovem. - Em meu povoado, fazíamos apresentações de terror e fantasmagóricas com esse tipo. E era bastante confortável para eles pois faziam tudo que mais gostavam de fazer, que era assustar e dar medo. Ao mesmo tempo que se divertiam e nos divertiam. É apenas um tabu ter medo deles. São Pokémons de excelente coração... Um pouco mal incompreendidos... - Tentou acalmar Poochyena que não tinha a mesma vivencia que o seu treinador, por isso sentia-se ameaçado. - Aliás... Tem diversas maneiras sim de eu dar no pé daqui. De maneira não muito honesta confesso mas... Não é o caso. - Tentou reforçar que não se sentia ameaçado pelo jovem. Aliás, sempre acabava falando bastante quando lhe era dado a oportunidade. - Eu também pretendo enfrentar um líder de ginásio. No caso meu caso é em Rustboro. Mas não irei me dar ao luxo de enfrentar com as fraquezas naturais... - Pareceu um pouco pensativo na ameaça do jovem. Sabia que era comum apostas ou alguma troca no final de batalhas... - Levar algo de mim? Bom, não tenho nada a te oferecer caso eu perca... Mas podemos negociar isso... E caso eu vencer... Mereço algo também, não?

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— Três contra três é bom... - Disse para si mesmo, bastante pensativo sobre o que usaria. Dois deles já tinha bastante certeza de qual seria. O terceiro era uma dúvida... Ainda não tinha planejado seu trio para o ginásio da professora. - Oras, que bom que já enfrentou a Roxanne. Eu já enfrentei a liga inteira da inundada região de Kanto. Mas derrotar a Roxanne continua sendo um bom feito. - Disse ironicamente e soltando um blefe. Claro que cairia por terra o seu argumento, afinal não era tão experiente assim em batalha. Mas era um ator, isso serviria para agora. Liberou Mudkip da Pokébola, e colocou Poochyena entre seus pés. - Eu vou começar com Mudkip. - Teria que esperar ver qual Pokémon seu oponente usaria, para tentar traçar uma estratégia...