#004 - And make the forest turn to sand

O sol estava alto quando Erik se despediu de Petalburg. Pelos seus cálculos, se nenhum imprevisto acontecesse, chegaria em Rinshin antes do anoitecer. O único problema era que absolutamente nada na sua jornada era livre de imprevistos. Agora, por exemplo, Erik enfrentava um verde e gigantesco imprevisto chamado Petalburg Woods.

Primeiro, a floresta não parecia saber a diferença entre noite e dia. As copas altas das árvores se emaranhavam de tal forma que o lugar permanecia escuro mesmo em uma tarde sem nuvens. Bom, pelo menos era sem nuvens antes de Erik entrar na floresta. Ele já nem enxergava mais o céu. Definitivamente o lugar fazia jus ao apelido de “caverna verde”. E Erik odiava isso.

Na verdade, Erik pensava em um nome que descrevia ainda melhor a floresta: “estufa gigante”. O lugar era, além de quente, incrivelmente úmido. Aquela cobertura verde provavelmente barrava a maior parte de qualquer chuva, mas Petalburg Woods parecia fazer questão de prender qualquer gota que ousasse atravessar. Tire o aroma das plantas no caminho o ar se torna tão agradável quanto o hálito de um Magcargo.

E a pior parte? Erik definitivamente não chegaria em Rinshin antes do anoitecer...

A floresta era um verdadeiro labirinto. Era difícil acreditar que alguma pessoa houvesse cruzado aquele matagal nos últimos dias. Ou nos últimos anos... Ainda assim, Erik tentava seguir o caminho que parecia o mais amigável, na esperança de chegar a algum lugar. E, principalmente, na esperança de sair daquela caverna/estufa sem fim.

Uma pequena faixa de terra sem vegetação parecia indicar uma trilha logo à frente. O caminho cortava a mata densa, seguindo para o norte. Bom, ao menos Erik esperava que o norte ainda fosse naquela direção, já que não podia usar a posição do sol para se guiar.

O treinador seguiu sua caminhada através daquele pequeno corte na imensa floresta. Mais cedo ou mais tarde, acabaria chegando a algum lugar. Ao menos, era o que ele esperava…

A trilha, de fato, levou o treinador a algum lugar. E, por um momento, Erik se esqueceu de tudo que o irritava naquela floresta.

Aquilo era um cenário diferente de tudo que já vira em sua vida. Pokémon das mais diversas espécies se amontoavam ao redor de uma única e gigantesca árvore. Era tudo tão belo e harmônico que Erik poderia ficar ali o dia inteiro, admirado. Deitar na grama, deixar que seus pokémon brincassem sob a sombra daqueles enormes galhos... Parecia a chance perfeita de parar e aproveitar um momento de paz.

Mas Erik não podia se dar ao luxo de parar. E, mesmo se quisesse, não conseguiria um momento de paz. Ele precisava seguir em frente, sem perder tempo.

O jovem decidiu apenas observar a árvore e a área ao redor. Algum indício de caminho a seguir, talvez uma fruta caída, qualquer coisa que pudesse ser útil. No meio de tantos pokémon, não era sua intenção incomodá-los sem necessidade. Se não houvesse nada que o ajudasse, restaria apenas seguir floresta adentro, em busca de outra trilha.

Felizmente, havia um caminho pelo qual o treinador poderia seguir viagem. Para onde? Essa já não era uma resposta tão fácil. Ao menos, não tanto quanto parecia antes de sair de Petalburg.

A maioria dos viajantes que atravessam Petalburg Woods pegava a saída norte, para a Rota 104, em direção a Rustboro. Rinshin, por outro lado, não era parada obrigatória . Uma cidade muito mais nova que suas vizinhas, sem ginásio ou qualquer outro ponto que atraísse visitas da maioria. Porque ir para lá, afinal?

Bom, o objetivo de Erik era um pouco mais… vago, por assim dizer. Buscar uma única pessoa em um continente inteiro era, literalmente, procurar uma agulha em um palheiro. Lucy poderia estar em qualquer lugar. Sem nenhuma pista, absolutamente todas as cidades de Johto poderiam ser um ponto de partida. Erik precisava revirar cada canto possível.

Mas antes, o jovem tinha que vencer aquela floresta. Encontrar a saída para Rinshin era a missão daquela tarde. Se esbarrasse com algum Pokémon interessante, fosse para adicionar à sua equipe ou para treinar seus companheiros, seria quase um bônus.

Erik caminhava, e nada ao seu redor parecia mudar. Nenhum indício de fim daquela caverna verde, nenhum pokémon disposto a batalhar. Nada além de árvores, calor e tédio.

O jovem já estava a ponto de se jogar no chão e aceitar a irrefutável vitória da floresta, quando percebeu que seu pé havia encontrado algo. Uma… teia? Sim, Erik havia pisado em uma. Um completo acidente. Infelizmente, o pokémon que a fizera não parecia se importar se o dano causado fora ou não intencional. A pequena criatura parecia irritada. Felizmente, essa poderia ser a chance que Erik esperava para quebrar o tédio daquela mata.

- Ei, desculpe pela teia… - o treinador sacou a pokébola de seu Corphish, liberando o crustáceo - E já peço desculpas pela confusão que meu camarada vai arranjar.

Karkinos, como sempre, parecia contrariado com a presença de seu treinador. Erik, enquanto isso, puxava sua pokedex, buscando informações sobre o que enfrentaria.