#004 - And make the forest turn to sand

Um inseto comum daquela floresta já era incomum o suficiente para quebrar a monotonia da caminhada. Aquele Wurmple estava disposto a uma batalha, e Erik não ia perder a oportunidade.

- Muito bem… - o treinador dirigiu-se a seu Corphish - Karkinos, já que você curte tanto uma briga, aí está uma ótima chance. Começa com Harden e ataque com Vice Grip!

- Mas que…?

Claro que Erik nem ao menos conseguiria enfrentar um Pokémon selvagem sem que algo estranho o interrompesse. Ou alguém, nesse caso.

- Err… - o jovem virou na direção de onde escutara a voz - Olá, completa desconhecida que decidiu que seria uma boa ideia interromper a nossa batalha. Como posso ajudá-la?

Apesar da resposta irônica e a leve alteração no tom de voz, Erik estava mais confuso do que realmente irritado. Karkinos, por outro lado, encarava a criatura que entrou na sua frente como se calculasse a forma mais rápida de transformá-la em cascalho. O que seria bem problemático.

Enquanto Erik estava apenas ligeiramente incomodado com a interrupção da garota, a tal Ametista parecia furiosa com a simples presença do treinador.

- Foi mal, não era nossa intenção atrapalhar.

Erik estava pronto para sair do caminho da “defensora da floresta” - antes que ela o tirasse por conta própria - mas algo o incomodava. Ametista passava longe da imagem de uma protetora. Nem mesmo Karkinos parecia simpatizar com a treinadora ou seu pokémon. O que indicava absolutamente nada. O Corphish parecia odiar tudo que entrasse em seu campo de visão.

- Sem querer soar rude - questionou Erik, da forma mais rude possível - mas com que autoridade você está nos expulsando daqui? Digo, você não me parece uma Ranger ou algo do tipo…

O jovem apontou a pokédex para a criatura que encarava Karkinos. Na pior das hipóteses, a informação da agenda acabaria sendo útil.

Mas que…?

Aparentemente, um incômodo metido a ranger não era o bastante para que Erik cumprisse a cota de problemas no dia. Mas, pela forma como os pokémon fugiam, o problema da vez era real.

O treinador encarou o caminho por onde veio. Quando algum ranger (de verdade) encontrar o lugar no meio dessa imensa floresta, talvez seja tarde demais. Da mesma forma, não podia contar com ajuda caso a situação fugisse do controle. Erik não poderia contar com ninguém além de seus pokémon e… Ametista, talvez. O que soava ainda pior do que nenhuma ajuda.

- Não queria que eu saísse do seu caminho? - Erik questionou a garota - Desejo realizado.

Com Karkinos ao seu lado, o jovem correu de volta parar a gigantesca árvore. Ao menos o Corphish parecia animado com a chance de enfiar suas pinças em algo - ou alguém. Erik, por outro lado, torcia para que a sorte lhe ajudasse e despertasse um pouco do bom senso de Ametista, e a fizesse ficar longe da confusão. Infelizmente, o bom senso a garota parecia ser tão elevado quanto a sorte de Erik.

Isso ainda vai piorar muito…

A situação parecia péssima. A árvore de antes estava sendo atacada. Uma parte de seus moradores tentava defendê-la, sem sucesso, enquanto o restante fugia em pânico. Parado, um pouco afastado do caos, um homenzinho admirava o cenário. Ênfase em “homenzinho”. Sério, ele parecia mais baixo do que aquela garota irritante de Petalburg. E por falar em garotas irritantes...

Ametista também estava lá, é claro. Eba. Por sorte, seu discurso de “ranger-não-tão-ranger” não foi suficiente para chamar a atenção do baixinho. Erik ainda tinha o elemento surpresa.

- Karkinos, - o treinador sussurrou para seu pokémon - vamos nos aproximar devagar, tudo bem?
-
Erik não esperou a resposta de seu Corphish. Ele nunca fora um Pokemon muito discreto. Ainda assim, o jovem se aproximou do tal homem da forma mais silenciosa possível. Deve ser fácil derrubar um cara desse tamanho, pensou. Por mais que preferisse uma boa batalha pokémon - incrivelmente, funcionava na maioria das vezes - Erik não poderia deixar de tentar uma alternativa mais “segura”. Ou, pelo menos, o treinador esperava que fosse.