Confusões em dobro!

Sophia via uma grande oportunidade de, não só aumentar sua equipe como também recuperar seu item perdido. Ela, naquele momento, estava em posse de uma Pokébola comum a qual utilizaria para capturar o pequeno urso.

A chance era única e ela aproveitava da situação para fazê-la. Lançou a esfera bicolor metálica e atingiu em cheio o Pokémon nocauteado. Aquilo não só chamou a atenção do garoto como também do pequeno Shinx que rosnava contra o Nosepass. O pequeno felino elétrico, pela primeira vez prestava atenção da certeza que a ranger tinha em sua ação, e isso certamente fez com que ela ganhasse pelo menos um pouco de seu respeito.

A captura permanecia como todas as outras, mas mesmo após tantas vezes realizando aquele mesmo processo a experiência era sempre nova e animadora. A ansiedade de ver a pokébola parar de se mexer era muito grande, mas certamente o resultado daquilo traria uma felicidade maior ainda.
A pokébola se mexia de um lado para o outro, e por alguns instantes ela parecia que não iria parar. Parecia durar uma eternidade. Mas foi por um barulho que fez toda aquela pressão parar. O som de tranca misturado com a luz vermelha sendo apagada fez com que o Tedidursa fosse oficialmente da equipe da jovem.

O garoto que a acompanhava olhava para ela com ciúmes mas certamente aquele sentimento de inveja passaria. Ele tinha a oportunidade de finalmente recuperar seus Pokémon visto que mais nada lhe atrapalharia.

Por fim era hora de agir, novamente, eles tinham a árdua missão de passar pelo corredor dos cristais misteriosos, tais que fizeram toda a equipe de Sophia entrar em uma estranha indução hipnótica.

Shinx olhava para ela com uma feição séria, mas que não deixava de cativar, talvez, enquanto Nosepass continuava olhando na direção da ranger. O garoto, por sua vez, conseguia ver algo parecido com uma pokébola dentro de um dos vários buracos que estavam pela parede da caverna. Seria seus Pokémon? Só tinha um jeito de descobrir.

Sophia, agora, tinha total atenção no que estava acontecendo ali, além do Shinx e sua batalha e também seu acompanhante que permanecia de modo muito estranho.

A questão do Nosepass começava a se tornar algo questionável, afinal, o leãozinho não tinha total capacidade de criar eletricidade, além de sua eletricidade natural, e isso parecia não ser o suficiente em ter tanto vínculo magnético com o Pokémon bússola. Mesmo que o Nosepass considerasse o pouco magnetismo do Shinx ele certamente também não mudaria para a Pokédex da ranger, afinal, o aparelho transmitia pouquíssima energia comparado ao Pokémon elétrico. Era a se questionar, porém ninguém havia feito, o que deixava aquilo ainda mais “suspeito”.

A mudança de reação do pequeno filhote também era bem chamativa, ele começava a observar Sophia de modo diferente, agora com bastante admiração, talvez, o Shinx via nela algum potencial paterno e que suas vontades refletiam na jovem. Esse tipo de reação emotiva era comum no mundo Pokémon, em certos casos os Pokémon conseguiam ver suas inspirações e vontades nos seres humanos assim como o contrário. Era motivador ver aquilo dessa forma e também traria benefícios para ambos os lados.

- Eu acho que consi... go... – Dizia o garoto enquanto esticava o braço ao máximo que conseguia o enfiando no buraco da parede da caverna, ele dizia isso confiante, mas que no final se tornava completamente desmotivado. – Acho que não...

O jovem conseguia ver algo em uma das pequenas cavernas que estavam na parede daquela área da caverna, era louvável ver isso e também era possível pegar o item, mas o garoto não alcançava. Por alguns centímetros ele apenas conseguia encostar e, infelizmente devido a tentativa de encostar e puxar a esfera, empurrar aos poucos para mais distante.

Além disso alguns barulhos começavam a ser ouvidos do interior da caverna, por onde eles já haviam passado, e tais barulhos eram similares a asas batendo, algum voo era perceptível.

Eles provavelmente estavam sendo seguidos por alguém ou algum Pokémon, o que era esperado visto o grande barulho que estavam fazendo ali, talvez alguma espécie estivesse sendo incomodada com a presença dos dois.

Além das tentativas do garoto em tentar recuperar seus Pokémon o próprio Shinx se prontificava em ajuda-los. Ele, devido ao seu tamanho, conseguia entrar tranquilamente pelos buracos e se movimentar dentro deles. O Pokémon conseguia atravessar todas as conexões que os buracos tinham, mas ele não conseguia, até então, chegar no lugar onde as Pokébolas estavam. O filhote também usava de uma de suas habilidades naturais, ele fazia com que sua pelugem brilhasse, ainda que bem claro, tentando ajudar o jovem a enxergar no escuro, pois o felino conseguia ver tranquilamente naquela situação.

Sophia poderia agir para ajudar o rapaz de alguma outra forma, ela poderia perceber a forma em que o garoto olhou para ela similar a um pedido de suplica. Ela expressava um semblante de ansiedade e também o de alguém que não tinha outra opção.

A escolha em enviar Sewaddle para fora da pokébola e auxiliar o Shinx na busca dos Pokémon do garoto foi bem esperta. E de fato o inseto conseguia exercer aquela tarefa com perfeição. Não demorou muito para eles exclamarem que haviam encontrado algo. Seria a pokébola ou algum outro objeto?

Durante sua busca eles conseguiam ouvir um barulho similar a toques crescentes. Eles eram algum barulho específico de alguma espécie, mas infelizmente, graças a sua localização, dentro da parede repleta de buracos, eles não conseguiam ver de quem se tratava. Havia também algumas pequenas luzes vermelhas, duas para ser exato, que saíam de dois buracos diferentes, mas que ainda estavam próximos, elas refletiam e eram emitidas de forma viva e intensa, além de parecerem com olhares penetrantes.



- Acho que eles encontraram alguma coisa. – Falou o menino com um tom duvidoso, ele colocava uma mão sob o queixo e também observava bastante a parede a sua frente. – Mas acho que não foram meus Pokémon...

Ele tinha sim um ar de dúvida e não era difícil perceber isso, além de que ele transmitia sua indagação através de sua postura.

Não só bastava o que eles haviam encontrado, o grupo finalmente pudera ver quem estava a caminho deles, eram dois pequenos Zubat que começavam a planar em volta de Sophia e do garoto. Os morcegos, ainda pequenos, voavam em círculos e emitiam seus sons característicos. Eles também demonstravam uma postura agressiva, afinal, o grupo estava interferindo em seu habitat. Eles não só planavam como davam pequenos rasantes na direção dos garotos, de forma imponente e bem irritada também.

Sophia estava em uma situação de dois caminhos, tinha que ajudar o garoto a recuperar seus Pokémon como também, agora, se defender dos Zubat que lhe atacavam. Mas como a garota agiria diante disso?

Era notável a complexidade da situação e como Sophia conseguia reagir a isso, ela certamente teria muito a ganhar demonstrando tamanha preocupação com seus Pokémon assim como o garoto a quem estava ajudando.

Diante dos Zubat que voavam ao redor da ranger ela conseguiria batalhar contra eles utilizando dois de seus Pokémon, o Golbat, que já era bem experiente e o novato Poochyena. Ele teria muito a aprender com a batalha, mas certamente com a companhia de Batgirl ele conseguiria um bom resultado.

Os Zubat, por sua vez, não pareciam ser muito fortes, eles eram bem pequenos, talvez até menor do que os de sua espécie, e até mesmo o modo de voar refletia sua inexperiência e infantilidade. Era aceitável que pensar que eles fossem recém-nascidos.

Diante da batalha, o Golbat executava um poderoso Wing Attack, o que devastava um dos morcegos o lançando longe e contra a parede. Isso fez com que ele caísse quase nocauteado. Poochyena, por sua vez, era ágil o suficiente para acertar o outro morcego com seu Tackle. Algo bem notável foi que devido a ansiedade do Pokémon ele acabou por acertar o Zubat que estava recuperando voo, o mesmo que havia sido afetado pelo Wing Attack de sua evolução.

Antes do Tackle o Golbat foi duplamente atingido pelo Absorb dos morcegos, mas o movimento foi tão indiferente que a Batgirl quase não percebeu que sua vida estava sendo sugada.

Os movimentos se repetiam da mesma forma, porém ver o Wing Attack atingir aquele morcego quase nocauteado era um desperdício, enquanto isso, o pequeno morcego percebia que enfrentar o “grandão” não era uma boa ideia, partindo para cima do Poochyena com seu Absorb, sugando a vida do pequeno canino noturno. E que era também acertado em cheio por mais um Tackle, o fazendo recuar um pouco.

Era hora de executar novos movimentos seguindo as ordens de sua treinadora, e quais seriam?

Durante a batalha os Pokémon que continuavam tentando recuperar as pokébolas do garoto estavam ainda na mesma situação. O som continuava sendo emitido e as luzes eram as mesmas. E desta vez a pequena Swaddle conseguia alcançar uma esfera, ela emitia seu som característico, tentando chamar a atenção de Sophia, enquanto tentava puxar o item.

A conclusão da batalha foi rápida e bem direta, apenas um Wing Attack bastou para que o outro morcego fosse nocauteado. Poochyena ficou apenas olhando a sua parceira Batgirl detonas os adversários sem nenhuma dificuldade.

Sophia via que seus Pokémon certamente estariam muito bem treinados a seus cuidados, e isso era um reflexo perfeito de sua Golbat, a qual demonstrava um grande potencial e poder também.

Ao se agachar e colocar o rosto sobre um dos buracos que sua Sewaddle tinha entrado para recuperar pelo menos as pokébolas do rapaz, ela foi atingida diretamente em seu rosto com a cabeçada do Shinx. Ele parecia ter saído as pressas de um dos buracos e inesperadamente ele se chocou um a ranger. A cabeça do pequeno leãozinho doía, ele caía no chão grunhindo de dor, talvez por ser bem novo, e logo ele olhava para Sophia com os olhos cheios de lágrimas, certamente procurando consolo.

A jovem, após alguns segundos, era novamente surpreendida por 5 pokébolas que saíram todas de uma vez do buraco, logicamente acompanhadas da pequena larva gramínea que as empurrava. E logo atrás, em sua companhia, algumas rachaduras eram formadas e algo parecia querer sair. Este “algo” refletia sons bem altos e também uma grande energia era sentida vinda do local.