[101] O Abrir das portas

Um Choque de Aventuras

Blaize ouvia os sons descontrolados do interior da casa e apenas podia imaginar o que acontecia. O rapaz então meteu a cabeça para dentro da cabana, através da janela, quase sendo acertado por um raio, emitindo um grito desesperado para que seu Pokémon tentasse se controlar e parasse com os golpes. Sara, ouvindo o amigo, saltou para o chão e arrastou-se para debaixo da mesa, tampando a cabeça com as mãos em busca de proteção. Já o ratinho elétrico, não conseguia fazer nada além de emitir raios constantemente e ter seu corpo rodopiando pelo chão graças a intensidade do golpe. Prevendo o pior, Blaize fez a coisa mais arriscada possível, foi para cima de seu companheiro e o abraçou, mesmo levando choques fortíssimos em seu corpo.

— Pi! Pi! Pichuuu! Chuuuuuuuuuu! — Dizia seu Pokémom, debatendo-se e tentando se controlar para parar de ferir seu dono. Os dois ficaram abraços por um longo tempo, até que o rapaz finalmente conseguiu arrancar os fios das bochechas de seu amigo, simplesmente apagando em seguida. A última coisa que o treinador conseguiu ver foi Pichu quase desmaiando também e Sara levantando-se e vindo correndo em seu apoio. A voz da menina começava a desaparecer e a imagem ficava mais turava a cada segundo, até que a escuridão tomou conta e o silêncio reinou...

Na escuridão, Pichu parecia cair em um abismo e por mais que o garoto corresse para alcançá-lo, não era capaz de pegar o pequeno ratinho elétrico em seu colo. Aos poucos as trevas engoliam o seu companheiro que gritava desesperado pelo seu dono, com pavor e decepção estampados em seus olhos brilhantes. O coração de Blaize disparou e finalmente o garoto acordou, levantando-se da cama em um pulo. Ele estava repousando sobre a cama que havia ali, enquanto Sara o observava de uma das cadeiras, ao lado de um senhor bastante idoso e desconhecido.

— Finalmente você acordou! Graças a Arceus! — Dizia Sara, com as duas mãos juntas em uma posição de prece. O senhor idoso que a acompanhava não se levantou, apenas acenou e a garota tratou de apresentá-lo. — Blaize! Esse aqui é o Senhor Alphonse, ele é dono desta cabana. Eu não sabia o que fazer quando você desmaiou e ele logo chegou para me ajudar a cuidar de você e de Pichu! — E assim que a menina falou sobre o Pokémon elétrico, o treinador notou a presença de seu companheiro ao seu lado com uma toalha úmida na cabeça, repousando calmamente — Depois que descansar, eu precisarei falar contigo... É que... Nós destruímos a casa dele e eu nos ofereci para ajudar a reparar... Tudo bem? — Questionou a menina, um pouco envergonhada e temerosa. O que Blaize faria sobre tudo isso? ◄

Um Choque de Aventuras

Blaize estava extremamente preocupado com o estado de saúde de seu companheiro, mesmo depois de Sara ter dito que ele estava bem, apenas dormindo. O treinador só se sentiu mais aliviado quando o ratinho elétrico despertou de seu longo sono e o observou com os brilhantes olhos castanhos, abraçando-o com bastante amor — Pichuuu!! — Dizia com ternura a criaturinha, olhando com curiosidade para Sara e o Sr. Alphonse em seguida. O rapaz fez o mesmo, finalmente podendo dar atenção ao que a garota tinha dito sobre ajudar o dono da casa e reparar os estragos causados por eles mesmo.

Blaize concordou com Sara e sacudiu a cabeça de forma afirmativa, garantindo ao idoso que fariam de tudo para reparar o que causaram. Alphonse ouviu tudo e sorriu satisfeito — Tenho certeza que irão, a senhorita Sara foi muito gentil em explicar tudo. Fico feliz que tenham conseguido se livrar da matilha. Esses Poochyena às vezes são muito perigosos! — Comentava o senhor, alisando sua barba muito branca e comprida enquanto falava. — Infelizmente houveram danos na minha cabana que não podem ser só "remendados" com o que tenho aqui... Eu sou muito pobre e vivo o mais simples possível. Fiz esta cabana quando era jovem e agora não tenho a mesma força de consertá-la. Ficaria muito grato se fossem até a selva próxima e me trouxessem bastante madeira para tapar os buracos, o resto do material eu tenho aqui... — Finalizou Alphonse, com um pedido de ajuda.

— Eu disse para o Sr. Alphonse que nós conseguimos essa madeira com bastante facilidade! Nada melhor do que ajudar alguém para eu vencer meu medo da Selva... — Disse Sara com um nervoso sorriso em seu rosto. Era claro que ela queria ajudar, mas o medo ainda a deixava preocupada com o que encontraria pela frente. Pichu, agora já recuperado totalmente, desceu da cama e foi até a menina, abraçar sua perna. Sara então o segurou no colo e abraçou, voltando depois sua atenção para o rapaz — O que me diz? Vamos até a selva? — Questionou a menina, ainda segurando o ratinho elétrico no colo. O que Blaize faria sobre isso? ◄

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Já que Sara havia resolvido enfrentar seu medo de selva e Blaize também sentia-se um tanto culpado pelo estrago que fizeram na cabana do Sr. Alphonse, o rapaz prontamente aceitou a missão, sendo acompanhado pela animação de Pichu, já totalmente recuperado. Os dois jovens então pediram orientações para o dono da casa, sobre em que parte da floresta conseguiriam as melhores madeiras — Aaah sim... Bem, se me lembro bem... — Dizia o senhor alisando mais uma vez sua longa barba — Assim que acessarem a selva verão uma infinidade de troncos espinhosos de plantas, tome cuidado com eles. Depois, precisarão subir uma pequena ladeira para afastar-se dos terrenos que podem ter se alagado nas últimas chuvas. Quando estiverem quase no topo dessas ladeiras, verão galhos grandes o suficiente para virar madeira, então tragam uns dois bem grandes, serão o suficiente. Entendido? — Perguntou o homem, finalizando a explicação.

O homem não havia informado exatamente como dois treinadores conseguiriam trazer troncos "bem grandes", mas certamente ele devia confiar de que a criatividade e engenhosidade dos mais jovens servisse ao propósito aqui. Sendo assim, dispensou Sara e Blaize de volta à rota. A menina foi a primeira a sai, colocando as mãos sobre os olhos para tampar o Sol e observar melhor o caminho — Olha lá Blaize... Parece que ali que a gente pode entrar na Selva — Disse indicando uma trilha por entre árvores um pouco mais espaçadas. — Mas acho que a ladeira que o senhor falou é mais ali... — E agora apontou para um claro espaço íngreme bem mais denso do que o anterior, que faria com que os dois precisassem se espremer entre as árvores para passar, mas pouparia tempo dentro da selva. O que Blaize acharia melhor? ◄

Um Choque de Aventuras

Mais uma vez, a gentil e prestativa Sara deixou uma escolha difícil nas mãos de Blaize para que fosse resolvida. A menina deu duas opções com seus prós e contras e cabia ao treinador escolher o melhor "custo-benefício" dos dois caminhos. Tentando seguir a lógica mais simples possível, o rapaz preferiu que fossem pelo trajeto mais curto, porém mais apertado. A garota concordou, mas era notável pela forma como segurava o mapa em mãos, apertando-o com força, que ela não estava confortável em andar no meio da selva e isso independeria da decisão de Blaize.

Os dois jovens então caminharam pela pradaria até os limites da selva. Blaize ordenou que Pichu ficasse em sua cabeça e solicitou à Sara que continuasse com sua função de guia para os dois. A menina, nervosa, concordou com a cabeça sem dizer nada, mas em nenhum momento recuou, seguindo seu novo amigo. A dupla então adentrou a selva, sentindo uma clara diferença climática. Apesar de ainda ser quente, a cobertura vegetal reduzia a exposição dos treinadores ao Sol, dando uma sensação de maior alívio. Em contrapartida, a umidade alta deixava a sensação de "abafamento" mais presente e dificultava a respiração. Felizmente eles andavam com cautela entre as árvores, sempre de lado e passo a passo, o que lhes poupava ar e permitia resistir mais tempo antes de uma parada.

De tempos em tempos Sara pedia para Blaize esperar e observava o mapa em busca de alguma dica que lhes levasse a o lugar correto e de acordo com o que via, indicava alguns desvios no caminho para a direita ou esquerda, até que o treinador notou que não conseguia passar, pois haviam grandes malhas de uma espécie de tecido branco, semelhante a um pano e com um estilo de teia. Ao tocar, notou que era sedoso e talvez fosse seda... Assim que Sara notou o que havia "bloqueado" a passagem do amigo, pareceu ficar extremamente branca, tanto quanto a própria seda, de medo e ansiedade. Blaize poderia retirar aquilo dali com o puxão para seguirem adiante, mas também poderiam tentar contornar e deixar tudo no lugar para alcançar seus objetivos. O que Blaize decidiria? ◄

Um Choque de Aventuras

Notando que Sara, diante de um grande pavor, poderia acabar se colocando em perigo mesmo que involuntariamente, Blaize resolveu seguir por um trajeto diferente, que evitasse todos aqueles sinais de atividade dos Pokémon inseto. Para tal, pediu para sua amiga que pesquisasse no mapa uma rota diferente e ela, aliviada demais, concordou rapidamente. O novo caminho que deveriam seguir era mais longo e com curvas complicadas, mas evitava um possível ninho de insetos e os levava diretamente ao topo da ladeira, onde as madeiras secas encontravam-se. Era uma grande quantidade de troncos caídos, alguns maiores do que outros e também haviam galhos finos e basante ramificados. Não havia sinais de que Pokémon causaram aquilo, muito menos humanos e sim havia sido uma queda natural. O que garantia uma maior qualidade da madeira. Pichu não se importava muito com a descoberta, até porque ficava de costas para o local a pedidos de seu treinador, em busca de qualquer movimentação estranha.

— Chegamos! E não encontramos nada de ruim, graças a Arceus! — Dizia a menina, com uma expressão de alegria e levando as mãos ao peito. Sara então aproximou-se dos troncos e de alguns galhos com maior calibre analisando a madeira e a casca, se soltava com facilidade e como era a cor da madeira por trás dela. — Acho que é essa aqui que precisamos levar, mas... Temos um problema, não é? Olha o tamanho desse "galho". É monstruoso. Não acho que aguentamos tudo isso! — Comentava a garota, analisando o formato e a extensão, colocando a mão em alguns cantos e fazendo força para ver se pelo menos podiam girar, mas eram impossível. — Nem temos ferramentas! Como vamos cortar, Blaize? — Questionou ela, enquanto Pichu, ainda sobre o chapéu do treinador, observava uma movimentação na copa das árvores próximas e mantinha-se em alerta, agitando orelhas e rabo. b]— Pi-Pichu! —[/b] Disse a criaturinha para seu treinador sobre o que via, ou pelo menos sentia. O que Blaize faria primeiro?  ◄