Centro Pokémon - Cherrygrove

Ainda bem que saí de Olivine correndo. Só o fato de estar naquele lugar já me deixou extremamente... Triste. Não sei, talvez quando minha cabeça estiver no lugar e eu conseguir lidar com todas as memórias que existem naquela cidade, eu possa andar pelas ruas e visitar quem não visito há muito tempo. Por sorte, Cherrygrove conseguiu me distrair um pouco assistindo o pessoal na Cherry Cup e agora aguardava Daisuke acabar sua última batalha para me encontrar no Centro Pokémon. Como eu estava um pouco cansada, acabei pedindo um quarto na recepção para tirar um breve cochilo e enviei uma mensagem para o Ranger me encontrar aqui quando acabar.

Busquei a Pokéball do pequeno que daria de presente para o ruivo e, após um longo e demorado banho, sentei na cama enquanto escovava o cabelo e esperei Daisuke aparecer. Sua última batalha havia acabado há um tempo e ele não havia se classificado, então, acredito que o presente viria em uma boa hora. E além disso eu vou enchê-lo tanto de carinho que acho que ele vai acabar deixando a tristeza pra lá...

Quer dizer, espero, né?

OFF: Interação com @Karinna

Por mais que tenha dado meu melhor, por mais que Temperance e Zhár, minhas lutadoras da vez, tenham se esforçado, ainda não havia sido o suficiente para nos classificarmos. Mas sabe de uma coisa? Eu não estava triste. Quer dizer, eu estava um pouco chateado, sim, mas no último torneio, minha performance havia sido deplorável. Com apenas uma vitória suada, dessa vez, eu conseguia marcar três lutas em que existiram chances reais de vitória. Duas foram extremamente complicadas, mas uma delas, eu havia ganhado sem grandes problemas. Quer dizer, existia o fator azar, como o que me tirou da classificação, mas eu consegui vencer. Acho que isso que importava, né?

Eu tive de ir rapidamente em Olivine, tanto que nem prestei muita atenção quando Karinna me chamava para seu quarto em Cherrygrove. Então, de um voo tranquilo nas costas de Hope, eu acabei liberando Timid, subindo em suas costas, e correndo feito o diabo pra voltar. A voadora era muito veloz, sério, muito mesmo. Ficava surpreso com o que a distância que ela era capaz de encurtar enquanto se impulsionava pelo vento. Pula nuvem também seria um nome adequado, caso ela não fosse tão... timid. Na maior parte do tempo.

Pois bem, demorei 20 minutos pra ir e voltar nas costas de Noivern. Posso justificar que encontrei alguém no Centro Pokémon? Cai melhor do que dizer que eu já havia saído da cidade, né? Enfim. Ela havia me dito o quarto em que estava, e eu fazia questão de ir direto pra lá. Com apenas a mochila nas costas, eu dei duas batidas na porta e me identifiquei. - Ei, loirinha, sou eu. - E em seguida, entrei, e, meu arceus. Ela tava só de toalha.

Me lembrei do episódio de natal, e não quis que aquilo se repetisse, mas o rubor instantâneo era impossível de ser disfarçado. - E-ei. - Disse, gaguejando. Para com isso, Daisuke! Balancei a cabeça, rapidamente, tentando me recompor e dei mais uma boa olhada. Mano, eu nem acredito que fico com essa gostosa. Essa é a maior das dádivas que tenho pra mim. Me sentei ao seu lado e lhe tomei um beijo, antes de perguntar se ela queria ajuda com o cabelo. - Quer ajuda? Eu tomo cuidado. - Ofereci, com a resposta positiva ou negativa, acabava deixando a curiosidade tomar forma e ser verbalizada. - Aconteceu algo? Ou você só queria ficar a sós um pouco mais comigo? - Perguntei, com um sorriso de todo tamanho no rosto.

Até que não demorou muito para Daisuke chegar. Sempre atencioso, o ruivo deu duas batidinhas na porta e, bom, bastou olhar para ele para perceber que estava todo envergonhado. Sinceramente, depois do episódio de Natal, acho que ficar de toalha é a menor das vergonhas, né? Não é lá como se ele não tivesse visto tudo que tinha para ver. Abri um sorriso, chamando-o com a mão para que sentasse do meu lado:

— Oi, Simba. — retribuí o beijo, aproveitando para dar alguns beijinhos na bochecha também; se ele estava triste, era a oportunidade perfeita para tentar melhorar seu humor — Quero, mas devagar, tá? Muito rápido vai me machucar. — pisquei, dando uma leve risada; estava falando do cabelo, mas que oportunidade que eu não pego pra deixar o Ranger mais sem graça ainda? — Sempre quero um tempinho só com você. E também vi que você não passou... Sinto muito, implicantezinho. Sei que você e Temperance queriam muito. — levei minha mão direita até a perna de Daisuke, fazendo um pouco de carinho — Se serve de consolo, no meu coração você já é campeão invicto há muito tempo!

Gargalhei, sinalizando para que o Ranger parasse de desembaraçar meu cabelo; virei de frente para ele, abrindo um sorriso travesso de orelha à orelha. Não só acredito que ele estava ficando mais feliz sendo todo paparicado, como também acho que vai gostar bastante do presente que preparei. Roubei um beijo, tapando os olhos dele com a mão direita.

— Fecha os olhos que eu tenho um presentinho pra você. — tirei a mão dos olhos do ruivo, acreditando que ele não espiaria; busquei a esfera de Swablu na bolsa e a coloquei do meu lado — Agora me dá sua mão direita. — peguei os dígitos de Daisuke e deixei sua mão com a palma para cima, colocando a esfera em cima — Sem mexer os dedos e abrir os olhos... Que cê acha que é?

Óbvio que ia ter piadinha com conotação sexual, né? Eu sou tão ingênuo... Enrubesci de novo diante da resposta de Bley, mas não tardei em ajudá-la com o cabelo, enquanto estava atrás dela, conversávamos um pouco. - Opa, então meu saldo ta positivo. Essa é a maior conquista que ue podia querer. - Agradecia, em tom de brincadeira. - Mas esta tudo bem. - Respondi, com uma voz serena. - Eu consigo ver uma melhora considerável de um campeonato para o outro. Então, assim, eu estou satisfeito. Das três lutas que tive, tive chance de vencer nas três e ganhei duas. - Então, coloquei meu rosto ao lado do dela. - Me parece um bom resultado, né? - Sorri, antes de voltar a atividade e brincar um pouco sobre a primeira vez que nos encontramos. - Até amoleci o coração de uma certa veterana... - Brinquei, enquanto soltava a provocação antes de gargalhar dela.

Quando terminei, Karinna se virou de frente para mim e sorriu travessamente. Felizmente, não saiu sangue do nariz, mas minha cabeça mentalizou oitenta cenários possíveis, nenhum deles tão inocente quanto o que viria a seguir. A loira me beijou, e eu retribui, mas quando me dei conta, ela havia tampado os meus olhos. - Ei. - Protestei divertidamente, mas quando ela disse que teria um presentinho, engoli seco. Ta, calma, ela não faria nada demais. Né? Tentava manter um ritmo mais tranquilo na respiração. - Ta... - Dizia, lhe entregando minha mão direita, mas quando senti um objeto gelado e metálico, eu senti um misto de alívio e... não sei, não me era algo recorrente. Talvez... eu estivesse esperando por outra coisa. Ou eu queria, algo que ela queria também, e... Sério? Ta, foca, Daisuke, em primeiro lugar, é você quem evita essas situações. As investidas de Karinna tem sido extremamente prejudiciais pra ela, tu não pode esperar algo assim depois do que aconteceu! FOCA NO AGORA!

Sentia um objeto metálico, pequeno. Não dava para dizer se era redondo, mas ele balançava um pouco na minha mão. - Parece... um objeto metálico. - Falava. - Eu não conheço muitos, então parece uma Pokéball em versão portátil. - Chutei. - É isso? - Perguntava, esperançoso. Será que era algum Pokémon? Da caverna que a loira havia visitado recentemente? Deixa eu ver... Um Geodude! Não... um Aron!

A possibilidade de mais um monstrinho me fazia sorrir de imediato, então ficava mais empolgado. Ah! O que devia ser?

— Ah, é isso sim. Você estragou a brincadeira, implicantezinho. — cruzei os braços, fazendo bico e um leve drama — Mas sim, é um Pokémon. — sorri, engolindo seco e aproximando minha testa da de Daisuke para que ficássemos o mais próximo possível — Não se acostuma muito com o que eu vou falar, você sabe que não é meu estilo, okay? — dei uma risada sem graça, claramente de nervosismo; consegui sentir meu coração bater a mil por hora, com as mãos tão trêmulas que precisei puxar a outra do Ranger para segurá-la e me acalmar — Mas esse pequeno aqui precisa de cuidado. Ele é bem arisco, irritado e traumatizado... — acariciei a mão de Daisuke, abrindo um meio sorriso — Igual eu era quando te conheci. De alguma forma maluca você me fez enxergar que é possível confiar de novo e, melhor ainda, aprender a amar. — dei um leve beijinho na ponta do nariz do ruivo, suspirando em seguida — Espero que tenha entendido o que eu quis dizer, Simba. Mas... Não se sinta na obrigação de dizer de volta. — abri um sorriso, roubando um beijo bem apaixonado, acho que talvez o maior desde sempre — E...  Acho que você vai conseguir quebrar as paredes desse neném também. Talvez não dê tanto trabalho quanto eu dei, mas...

Levei os dígitos até o centro da pequena esfera bicolor que estava na palma da mão do Ranger, expandindo-a. Em seguida, apertei mais uma vez para revelar o pequeno Swablu. Arisco e amedrontado, ele correu até uma das quinas do quarto, se escondendo com as próprias asas que faltavam um tufo ou outro.

— Venho tentando cuidar dele, dei remédio, tudo. Ele confia bem pouco em mim, mas tem alguém que ele gosta bastante e gosta bastante dele. — respirei fundo, buscando a esfera de Okawa e liberando-a também — Essa é a minha Altaria, Okawa. Capturei junto com ele quando os liberei de alguns contrabandistas. — acariciei a voadora, que se apresentou para Daisuke, pedindo carinho — Eles me lembram um pouco a gente, mas com os papéis invertidos, sabe? — dei uma leve risada; enquanto o fazia, Altaria ia até o pequeno Swablu e o abraçava, acalmando um pouco seus ânimos — Quer tentar falar com ele? — sinalizei para que Okawa o convencesse ao menos a não se esconder; e assim ela o fez — Oi, rapazinho... — levantei da cama de mãos dadas com o Ranger, sentando no chão próximo do pequeno — Esse aqui será o seu novo dono. Ele se chama Daisuke e é muito importante pra mim. — tentei esticar a mão para acariciá-lo, mas ele não parecia tão a fim assim no momento — Ele vai cuidar muito bem de você e te ensinar uma porção de coisas, não é, Simba? — abri um sorriso, dando um beijo no rosto do ruivo; o engraçado foi ver o Swablu fazer o mesmo com Altaria e seu biquinho, abaixando a guarda por um único momento quando tentou me imitar — Não falei? Igualzinho.