[001] First Things First

first things first

Era final de tarde quando o navio se aproximou de Slateport. O garoto passou as últimas horas da viagem escolhendo um apelido para sua fiel companheira. O motivo da demora não fora a falta de criatividade do rapaz, mas sim a recusa da parceira em aceitar as ideias mirabolantes dele. Por fim, depois de muitos olhares zangados de Misdreavus e muita insistência de Lief, chegaram a um consenso: Yomi.

O que levou a pokémon a aceitar a alcunha foi o simbolismo empregado na palavra. Na mitologia japonesa, Yomi é a palavra usada para nomear o mundo dos mortos. O garoto ainda achava a ideia um pouco exagerada, mas Misdreavus ficara empolgada com a história das criaturas terríveis que lá habitam.

Quando o barco finalmente aportou nas docas, os dois desceram rapidamente, ávidos por voltar à terra filme. Foi só quando colocaram os pés no porto que pararam para olhar para a grande cidade à sua frente. Conforme o sol se punha as luzes acendiam gradualmente, formando um espetáculo que deslumbrou os olhos de Lief. Não é que ele não estivesse acostumado com cidades grandes, ele já havia visitado Goldenrod inúmeras vezes, mas Slateport tinha um encanto especial. As fotos que já tinha visto não faziam jus à beleza da metrópole portuária.

Olhou para Yomi, seus pequenos olhos brilhavam e se moviam rápido, tentando captar cada centímetro da paisagem que contemplava. Lief sorriu. Cada segundo que passavam juntos fortalecia o laço entre eles. Ter alguém para dividir cada momento que iria viver dali pra frente lhe fazia feliz. Começou a caminhar em direção às ruas da cidade.

Que aventuras estariam os esperando?

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Lief teve seus documentos conferidos, mesmo sabendo que estava tudo em ordem, não pôde evitar ficar nervoso com a situação, mas tudo correu bem. Ele e Yomi estavam oficialmente em um novo continente. Os dois mal podiam esperar para conhecer a cidade e a cultura do local. O garoto logo percebeu que o clima era completamente diferente do de onde vinha, assustou-se com a quantidade de pessoas de roupas curtas e fez uma nota mental de agradecer sua mãe por tê-lo convencido a ir de camiseta e bermuda.

A beleza da cidade ainda deslumbrava os companheiros. Misdreavus, curiosa, flutuava pelo caminho explorando o novo espaço em que se encontrava. Lief sentia seus olhos pesados, o cansaço começava a percorrer seu corpo. Entretanto, notando a empolgação de sua parceira, ela era um pokémon fantasma afinal, sentia-se muito mais confortável à noite; decidiu ficar mais um tempo acordado. A brisa do mar amenizava o calor e parecia o convidar para chegar mais perto.

— Yomi! — Lief chamou a parceira que logo se aproximou, ainda extasiada pelos novos ares — O que acha de fazermos um passeio na praia?

O pokémon parecia saltar de alegria com a ideia. O garoto animou-se também. Afastou o cansaço com o pensamento de que não poderia desperdiçar sua primeira noite em Hoenn dormindo, teria muito tempo para isso depois. Agora era hora de conhecerem o lugar. Yomi subiu no ombro de Lief e os dois saíram em direção à praia ávidos por uma aventura.

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Não demorou muito para o garoto ter a certeza de que fizera a escolha certa. A brisa do mar e o som das ondas o fizeram sentir como novo. Perceptível era também a animação de Yomi, que chegava a quase sumir em meio a noite. Embora Lief estivesse um pouco preocupado, a companheira nunca deixara seu lado desde o dia que se encontraram pela primeira vez no cemitério, ele sabia que ela voltaria.

Não demorou muito para que ele percebesse uma figura aproximando-se, tratava-se de uma garota. Ela o saudou e Lief logo respondeu, já estendendo a mão para cumprimentá-la

— Oi! Me chamo Lief, acabei de chegar na região. Eu venho de Johto. Como é seu nome? — o garoto esperou a resposta e percebeu que a jovem estava acompanhada de um pequeno pokémon que ele não reconhecia, abaixou-se — E este pequenino aqui, quem é?

Misdreavus finalmente percebeu que seu treinador estava conversando com alguém e foi em sua direção, curiosa quanto aos recém chegados.

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A jovem chamava-se Amélia e o pequeno pokémon inseto que a acompanhava, Wurmple. Lief teve a ideia de testar sua pokédex, retirou o aparelho da mochila e apontou-o para o pokémon.

— Desculpa se estou sendo muito invasivo, a curiosidade falou mais alto. — falou um pouco envergonhado.


Lief guardou sua pokédex satisfeito, mas ainda um pouco ruborescido pela afobação. Amélia tinha um ar caloroso e receptivo, logo convidou os dois companheiros a juntarem-se a ela e a seus amigos. A princípio o garoto estranhou, era uma atitude diferente da que estava acostumado. Não que as pessoas lhe fossem grosseiras ou antipáticas, mas não era comum que o convidassem para algo sem antes conhecê-lo melhor. Claro, isso em sua terra natal, as pessoas em Hoenn pareciam diferentes.

— Parece uma ótima ideia! — por fim, Lief decidiu aceitar, seria bom estar com algumas pessoas que conhecem o lugar, poderia aprender muito sobre as paisagens e os pokémon da região — Muito obrigado pelo convite!

Yomi colocou-se no ombro do parceiro e os dois seguiram Amélia.

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Os dois caminharam até uma espécie de arquibancada um pouco afastada da beira do mar. Lief percebeu que haviam outros dois jovens, um rapaz e uma menina, parecia um grupo divertido. Feitas as apresentações, Derek logo pegou uma pokébola e liberou seu pokémon, um pequeno guaxinim, e convidou Lief para uma batalha.

Lief demorou a perceber que o garoto estava falando com ele, sua mente ainda estava pensando nas palavras de Amélia, enquanto ela o apresentava mencionou que pretendiam capturar um pokémon que parecia especial. Os olhares começaram a pesar e ele finalmente percebeu o que estava acontecendo.

— Me desculpem, me distrai um pouco. — Lief estava um pouco envergonhado — Parece uma boa ideia, o que você acha Yomi?

Misdreavus pareceu ficar empolgada com a ideia, olhou para seu parceiro com determinação. O garoto por sua vez pegou novamente sua pokédex.


Guardou o aparelho em sua mochila um pouco confuso, Derek não parecia entender muito de batalhas. Lief lembrou das aulas de sua mãe na escola pokémon, ataques do tipo normal não afetam pokémon do tipo fantasma. É verdade que o contrário também se aplica, mas com o golpe psíquico que Misdreavus conhecia, ele sentiu que conseguiria se virar.

— Vamos lá então! — disse enfim enquanto sua parceira se preparava para o embate.