[OzPantalho no País das Esmerilhas] – Forina Theater –

Lenora esticou suas asinhas em campo e tratou de seguir minhas ordens o mais rápido possível, erguendo uma barriera protetora e mantendo-se distante, enquanto a dupla de oponentes finalizavam o Rotom-Cortador-de-grama.... Infelizmente, porém... O movimento havia sido em vão, já que todos que miravam seu bico estavam indisponíveis para o combate nesta rodada... Além disso, com Rotom caído e a pausa para trocas, havia tido uma perda de estrategia significativa, que me impediam de repetir a dose de Proteção anterior... E MAIS! Agora Lenora era o alvo das duas Pokémon, de uma só vez... Era necessário resistir bravamente nesta rodada para que tudo se resolvesse na próxima — Lenora... Estou contando com você... Resista! Nosso foco é a Psíquica! Use um duplo Steel Wing na Mega Gardevoir! — Ordenei, observando a Pokémon Voadora subir alto no palco e fazer suas asas brilharem, pronta para descer com tudo na direção da oponente Mega Evoluída. Esperava apenas que ela conseguisse aguentar o tranco do primeiro turno e nos desse uma vantagem para a próxima rodada...

Eu sabia dos riscos de enviar Lenora no meio de uma combinação de golpes tão pesada assim... Entretanto, não havia escapatória se quiséssemos nos livrar da Mega Gardevoir e abrir caminho para a vitória... Sendo assim, restou a mim apenas assistir de camarote a movimentação da voadora, que deu uma jogada de corpo para a direita e depois para a esquerda, antes de acertar com tudo a psíquica com uma pancada de suas asas brilhantes e pesadas... Era evidente que a Pokémon adversária havia sentido o impacto, mas mesmo assim ela manteve a compostura e, ajeitando seu vestido, lançou uma bola imensa de energia que mais parecia a Lua. O choque desse movimento com as pedras lançadas por Mawile, foram suficientes para arrancar uma quantidade absurda de energia de Lenora... A apreensão tomou conta de mim, esperando ver a Hnchkrow sair por cima desse clarão luminoso e rosáceo... E por fim, não me desapontei! A Voadora ganhou o "céu", quase chegando no teto que cobria o palco, mergulhando novamente sobre a Gardevoir, que não aguentou o golpe e caiu, nocauteada! Era o momento de recuar e manter a calma, apesar de estar explodindo de alegria — Menos uma! Cuidado Lenora... Recue até mim com um Protect e depois, retorne! Em seu lugar...Tália, eu escolho você! — Comandei, segurando a Poké Bola de Lenora e também a Dusk Ball de Ume, que pelo visto finalizaria esta batalha em uma dobradinha com a Ivysaur de Natalie...

A minha substituição havia se mostrado bastante acertada, uma vez que Mawile havia tentado acertar a minha companheira, sendo efetiva inclusive na retirada do item que Tália mantinha consigo... Entretanto, não havia o que a Rainha de Copas pudesse fazer em Batalha, pois nada impediria o sucesso de Oz e do Espantalho... Sabendo disso e encurralada, a Sabrinana, digo... a Soberana de Wonderland resolveu mexer com o psicológico de Oz (Ou talvez, com o psicológico de Natalie), declarando guerra ao País das Esmeraldas e trazendo novamente ao palco, aquele mesmo Lírio de antes, muito mais machucado do que havíamos visto, além de colocar em xeque sua cabeça, para fazer um delicioso Chá Verde, talvez?

Olhei para um momento na direção de Natalie, eu sabia que ela ficaria novamente tocada por esta aparição do Lírio e talvez fosse melhor deixar ela reagir em cena, assim tudo ficaria ainda mais completo e real, afinal... Depois que ela reagisse, tomaria minha vez de fala, dando um ultimato para a Rainha, antes daquela que possivelmente seria nossa última cena nesta peça — Não lhe permitiremos cortar mais cabeças, nem de alhos, nem de bugalhos, nem de Lírios ou de Espantalhos! — E após a fala expressiva, entortei a cabeça na direção do Mágico de Oz, pensando por um tempo, até voltar a olhar para Sabrina, na pele da Copas — E NEM A CABEÇA DAS COISAS QUE O MÁGICO É! HUNF! — Finalizei, dando um pisão forte e apontando para frente, ao comentar desta vez com Tália, ou melhor, Ume, sobre as ordens de batalha:

— Tália, vamos sugar todas as forças desses adversários, ok? Use um duplo Giga Drain em Mawile! Precisamos derrubar o Pokémon para salvar o Lírio! — Comentei, rapidamente, esperando que a combinação de movimentos de Ume com Ryo fossem suficientes para derrubar a Pokémon Metálica. Se tudo desse certo, restaria apenas corrermos na direção dos guardas e simular um ataque neles para finalmente libertar o prisioneiro e afugentar a Rainha, salvando os moradores do País das Maravilhas desse governo tirânico. Bem, apostaria que as crianças na plateia estavam praticamente sem respiração com todo esse clímax da peça! Restava saber se o desfecho seria realmente agradável...

O Clímax do Combate finalmente chegava e eu podia sentir meus dedos formigando de tanta agitação... A adrenalina percorria meu corpo e me fazia querer me movimentar o tempo todo, apesar de ter que fixar minha marcação pela questão da iluminação e etc. As duas Ivysaur, como irmãs, andavam de um lado para o outro aos leves saltos e davam bastante trabalho para a Mawile que, em vão, erguia suas proteções metálicas inúteis contra os movimentos especiais das gramíneas. Entretanto, apesar desta eufórica batalha, eu não havia notado ainda e em breve descobriria que a verdadeira atenção do público estava voltada para o que ocorria paralelamente... O silêncio, não era de apreensão pelo que fazíamos ali e sim pelo que estava ocorrendo surpreendentemente diante de seus olhos. Os dois guardas, depois de "desfolharem" ainda mais o já pelado Lírio, simularam uma cena bastante explícita de decapitação do rapaz diante de inúmeras crianças e seus pais estupefatos. Foi tudo tão rápido e silencioso que eu só notava mesmo o que ocorria quando uma poça vermelha começou a se formar aos nossos pés, além de entender que o "molhado" em meu pescoço e na lateral do rosto eram "sangue cenográfico" e não suor apenas...

Quando resolvi atentar-me à peça, já havia acabado o combate. Mawile caia quase simultaneamente ao Lírio, depois de ser sugada por todos os lados por Ume e Ryo... Sabrina, ainda mais agitada do que antes, gesticulava ordens que traziam uma infinidade de guardas ao palco. A volta de todos os figurantes que já participaram da peça, todos trajados com uniforme da guarda. Aos poucos eles foram nos cercando e nos prendendo - não de verdade, é claro - me fazendo perguntar como o Diretor nos faria escapar dessa situação. A surpresa deixada para o final era bastante interessante, mas nada bom para minha ansiedade natural. Pois bem, quando enfim já não tinha mais para onde me mexer, o desfecho finalmente havia chegado. Sem falas, sem espaço para discursos ou lições de moral comentadas. Era isso... O Espantalho e O Mágico de Oz foram facilmente vencidos pelo grande número de oponente se enfim, terminaram exatamente como o Lírio, perderam a cabeça! No momento derradeiro, uma única voz deu um grito na plateia com o susto, mas o clima geral e imediato foi o silêncio absoluto. Entretanto, conforme a cortina abaixava e o narrador deu seu último suspiro, falando sobre "a não-necessidade de mais miolos...", o que se sucedeu foi um estranho misto de palmas, choros infantis, murmúrios adultos e... gargalhadas?

— O QUE?! — Finalizei, dizendo em alto e bom som, tentando entender se realmente havia acabado e quando a "ficha caiu" sobre nossa situação, acabei gargalhando pela ironia do destino — GENTE! EU NÃO SEI! Eu não sei se é a pior coisa do mundo ou a mais genial, mas eu vou ficar com a segunda opção! Isso foi incrível! — Comentava com os coadjuvantes ao meu redor e também com Natalie, que estava bem diante de mim. Infelizmente eu não havia notado a reação dela para a construção daquela situação, mas era provável que estivesse um tanto abalada com o ocorrido. Observei a ruiva, esperando constatar este estado ou não, no momento em que uma toalha foi lançada para mim pela Staff. Rapidamente sequei o líquido vermelho e viscoso do pescoço e antes mesmo de conseguir falar com a garota, fui questionado sobre minhas recompensas e tudo mais. O Cachê daquela peça havia sido todo convertido em itens úteis para uma Jornada, sendo os mais importantes: três valiosos Doces Raros, além de um belíssimo Z-Ring e um Normalium Z escolhido por mim e a premiada Insígnia, que valeria para a Liga Pokémon. Inclusive, minha primeira... Contudo, tão rápido e inesperado quanto isso iniciou-se, tudo acabou e Naty e eu fomos deixados à sós no palco, além de outros poucos coadjuvantes, incluindo o Lírio...

— Parabéns pessoal! Todo mundo foi demais! Mas ainda bem que acabou... Não é mesmo, Naty? — Comentei com a menina, dando um beijo em sua testa e sorrindo, enquanto deixava ela livre para agir como bem entendesse. Tratei de ir cuidar das minhas próprias coisas, ali bem próximo ainda, dentro da mochila deixada de canto. Tudo que recebi foi devidamente guardado e retornei Ume para a sua cápsula, para finalmente descansar. Entretanto, para minha surpresa, uma luz vinha de dentro da bolsa e quanto a abrir para averiguar, ela expandiu-se direto para meu rosto. Como estava agachado, caí para trás no susto e só entendi o que havia quando um Pokémon saltou de lá de dentro para o meu colo. Era uma espécie de Horsea, mas alternativa. Eu não me lembrava mais como havia parado ali, até finalmente me recordar do Ovo que o tal Nicholas, da Circulus, havia me dado... Então era ESSA a criatura que sairia dali! Familiar para mim, ao menos visualmente, mas as informações paravam por aí... Aproveitei então para sacar a Pokédex e averiguar o que ela tinha a dizer sobre ele:

"Beep! Skrelp! Pokémon Alga Falsa! Disfarçado de uma alga apodrecida, este Pokémon lança um spray de veneno líquido nas presas que se aproximam desavisadas para eliminá-las. Skrelp não são bons nadadores e gostam de esconder-se, adeiros em meio à algas-marinhas das quais também se alimentam, para evitar o ataque de predadores. Eles permanecem assim por tempo suficiente para reunir energia necessária para evoluir! Beep! Boop!"

— Hmm... Diferente, né? Você é engraçadinho! Ou melhor, engraçadinha! É uma menina, não é mesmo? — E com um cry bastante fraco, a Pokémon concordou com minha descoberta, arrancando um sorriso do meu rosto — Ok, já que estamos aqui, que tal eu te chamar de... de... Já sei! Maria Joana?— Com um zumbido e uma expressão alegre, Skrelp aceitou de bom grado a minha curiosa nomeação. Levantei-me então, com ela ainda no colo e aproveitei para guardar a dex e pegar o Poké Nav Plus, de onde acessei o aplicativo do Day Care, retirando alguns Pokémon de lá. Em seguida, aproxime-me de Natalie e conversei um pouco mais, até decidirmos deixar de vez o Teatro de Forina e seguir nossas vidas bastante atarefadas.