[002] Cigarettes In The Theatre

cigarettes in the theatre

A viagem de metrô foi longa. A rota que pegaram não era direta, saindo de Slateport eles tiveram que fazer uma parada em Mauville, a central da rede ferroviária, e então partiram para Forina. Embora tivessem feito a parada, não puderam sair da estação então não viram nada de Mauville, o que deixou Lief um pouco chateado, mas nada que pudesse apagar a euforia de estar se aproximando do evento.

Enquanto ainda estavam no trem, o garoto ouviu outras pessoas comentando sobre o decaimento da cidade nos últimos anos, mas que viam no evento de teatro uma oportunidade de buscar os anos dourados com Forina como um importante centro cultural de Hoenn. Antes ele já tinha estudado na escola e até mesmo visto algumas reportagens sobre os escândalos de corrupção que ocorreram, mas foi somente ao ouvir outros comentando que lhe caiu a ficha de que já tinha ouvido falar do local.

Finalmente desembarcaram na estação de Forina. Dirigiram-se ao balcão de informações para conseguir direcionamento ao teatro. A tarefa não foi tão fácil quanto imaginavam, mesmo com as orientações da atendente. As ruas da cidade pareciam não ter uma unidade. Casas de estilos completamente diferentes misturavam-se com diversos estabelecimentos culturais de aparência bastante malcuidada.

Após muito andarem, graças a ajuda de Yata, Amélia e Lief enfim foram capazes de encontrar o teatro correto. Este parecia estar em melhores condições que os outros, o grande letreiro que dizia “Teatro Continental de Hoenn” parecia novo.

— Chegamos, pessoal! — disse o garoto virando-se para seus pokémon — Chegou a hora!

Yomi, Yata e Raiden pareciam extasiados, mas ao mesmo tempo tímidos. Até mesmo a pequena fantasma que mal chegara em Slateport e já estava explorando, estava com certo receio de passar pelas grandes portas vermelhas.

— Parece que vocês estão com um pouco de medo de subir no palco. — Lief riu — Mas não se preocupem, vai dar tudo certo!

Disse isso entrando no teatro e automaticamente buscando alguém que pudesse lhe dar mais informações sobre o evento que estava para ocorrer. Era sua primeira vez participando de algo assim. Assim como seus pokémon, ele estava um pouco ansioso. Nunca havia estado em um palco, mas não era de recuar diante de novos desafios.

cigarettes in the theatre

Logo após adentrar o teatro, Lief encontrou um dos organizadores do evento que conferiu seus dados e lhe deu instruções para chegar ao camarim e estudar o roteiro. O garoto não esperava que as coisas se encaminhassem tão rápido. Sua memória era relativamente boa, mas nunca havia tido que decorar o roteiro de uma peça, ainda mais em um tempo tão curto. Ele nem ao menos sabia que personagem deveria interpretar.

— Espera! — disse antes que o organizador o deixasse de lado para atender outra pessoa — Podes me dar algumas orientações de como vai funcionar? Eu nem mesmo sei qual o meu personagem...

Assim que terminou de falar sentiu-se envergonhado. O que o organizador iria pensar dele? Um garoto todo perdido inscrevendo-se para participar de uma peça de teatro. Mas conformou-se, era melhor tirar todas suas dúvidas do que subir no palco sem saber o que deveria fazer.

Depois de receber as informações de onde ficava o camarim, e saber que teria um roteiro para decorar, Lief acabou se sentindo um pouco perdido. Era muito normal aquele sentimento de querer tirar todas as dúvidas, por mais que parecessem idiotas, já que estava prestes a passar por uma experiência nova. O organizador que o havia informado, apenas abriu um sorriso e respondeu tranquilamente. - Não se preocupe, não tem muito o que decorar, apenas a história central para não se perder muito. Os diálogos são basicamente improvisação, e no roteiro existem apenas algumas orientações do que deve conter, para não fugir do roteiro. - Ele dizia indo com Lief até a porta do camarim. - Sobre o personagem, você vai ser o principal. Não precisa se preocupar com figurino, pode escolher o que achar melhor para se vestir, tem bastante roupas aí. – Ele dizia ao pararem na porta. - Você será o último a se apresentar hoje. Entre os atos, vamos fazer rápidas pausas para mudança de cenário e para você e os outros atores poderem se hidratar. E por último, deixe todos os seus pertences aqui no camarim, e leve apenas as esferas dos pokémon escolhidos. Itens são permitidos apenas os que estão na bolsa em cima da mesa do camarim. Divirta-se!

Depois de deixar Lief ali no camarim, o homem saiu para resolver alguns outros preparativos antes da peça começar. Cada peça se tratava de uma visão diferente da mesma história, seguindo de acordo com o que os treinadores convidados escolhiam fazer. Para os expectadores era uma coisa ótima, já que tinham entretenimento para a semana toda, mas para os organizadores era uma trabalheira sem fim.

Muitos recursos estavam sendo usados ali, de mecanismos de alta qualidade, até taxis de verdade. Mas todo o caixa que conseguiram com a bilheteria, fazia aquilo tudo valer a pena. O Teatro Continental de Forina estava finalmente de volta.

Ao entrar no camarim, Lief viu à esquerda da sala um amontoado de araras abarrotadas de roupas. Havia tanto roupas masculinas quanto femininas. Roupas coloridas e animadas, e roupas mórbidas e sem vida. Havia fantasias de animais que nem existiam naquele mundo, e também de pokémon bastante conhecidos. Em resumo, havia roupas para todos os gostos.

Logo em frente à porta, havia uma mesa com uma cadeira. Uma bolsa e uma bandeja de lanches repousava sobre mesa ao lado do roteiro, apenas à espera de Lief. Do lado direito da sala um armarinho e uma cômoda com espelho para maquiagem. Estava na hora de ser bastante criativo, para poder impressionar a plateia.

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O organizador não pareceu incomodado em responder aos questionamentos de Lief. Após ter suas dúvidas esclarecidas o garoto sentiu-se ainda mais ansioso, não esperava ter tamanha liberdade criativa. Alice tratava-se de uma de suas histórias preferidas na infância. Como sempre gostou de se aventurar, não é surpresa nenhuma que o conto de uma menina que viaja para um mundo alternativo e cheio de criaturas e pessoas fantásticas tanto lhe encantara. Tudo que ele queria era fazer jus à personagem que representava seu espírito curioso.

Chegando no camarim Lief impressionou-se com o que viu, era melhor do que que havia imaginado. O cômodo era equipado com tudo que ele pudesse querer para montar seu figurino e caracterização. Seus olhos focaram no roteiro a sua frente, sentou-se na cadeira e começou a ler. Após uma olhada nas primeiras páginas já teve uma ideia de como gostaria de se vestir. Ao notar que os pokémon não paravam de olhar com desejo para a bandeira com lanches que havia sobre a mesa deu-lhes permissão para comer e encaminhou-se para o lado da sala com os figurinos.

Começou a procurar entre as araras por peças que pudessem compor o visual que havia escolhido. Não era uma tarefa fácil, o garoto nunca havia visto tantas roupas em um único lugar. Desde simples camisetas de cor lisa a fantasias irreconhecíveis, o céu era o limite para as opções que ali estavam. Achou enfim aquilo que procurava: uma camisa de botões azul, um pequeno colete prateado, uma calça listrada azul e preta e botas com fivelas. Vestiu-se e dirigiu-se para a cômoda com espelho.

— Não! Ainda falta alguma coisa... —  disse enquanto olhava ao redor.

Encontrou, penduradas em um cabideiro no canto da sala, uma peruca loira e uma fita preta. A sensação de usar uma peruca causou-lhe um leve estranhamento no primeiro momento, mas logo acostumou-se. Fez um laço com a fita em seu pescoço. Assustou-se ao olhar seu reflexo no espelho. Riu. Ele realmente parecia outra pessoa.



Lief ficou bastante feliz com o resultado, esperava que agradasse também à plateia. Terminou de ler o roteiro, a base era a mesma da história infantil, mas haviam algumas alterações, como o gênero dos personagens. Respirou fundo, estava chegando a hora. Conforme orientado, guardou seus pertences no armário do camarim e pegou a pequena bolsa que estava junto ao roteiro.

— Vocês estão prontos? —  perguntou a seus parceiros.

Toda a ansiedade que seus pokémon estavam sentindo quando entraram no teatro parecia ter se esvaído após terem acostumado-se com o ambiente e terem enchido a barriga. Os três confirmaram e, com isso, Lief guardou Yatta e Raiden em suas pokébolas e chamou Yumi para que o acompanhasse. Finalmente saiu do camarim e foi em direção às coxias onde deveria aguardar a sua deixa para entrar em cena.

Lief ficava bastante animado ao ver o camarim. Nunca tinha visto tantas roupas juntas em um mesmo lugar, além de se sentir bastante confortável com a liberdade que teria. Seus pokémon também se animaram, mas não com as roupas e possibilidades, mas sim com o lanchinho que estava ali.

Depois de dar uma rápida lida no roteiro, o jovem se decidiu como seria sua vestimenta para a apresentação. Depois de se vestir, ele ficou incomodado com o resultado, sentia que ainda faltava alguma coisa. No fim, achou uma peruca para completar seu figurino, e ao ver outra pessoa no reflexo do espelho, percebeu que estava pronto.

Feliz com o resultado de seu figurino, ele recolheu seus companheiros, deixando apenas Yomi a seu lado, ele se dirigiu até as coxias para esperar seu momento de brilhar.

O cenário estava pronto. As cortinas se abriam vagarosamente revelando lentamente toda a magia. Os atores se preparavam para suas cenas, e o treinador aguardava ansioso.


Um belo gramado banhado por um sol artificial em um céu azul pintado na tela de fundo, era revelado assim que as cortinas se abriam. Uma salva de palmas foi ouvida assim que o narrador começou à introdução. - Em uma bela manhã na região de Hoenn, um jovem treinador andava acompanhado com seu pokémon fantasma. Como todo treinador, ele estava à procura de um pokémon raro, para lhe auxiliar em sua jornada para se tornar o mais forte. – Essa era a deixa para que Lief entrasse no palco e começasse sua interpretação do que o narrador dizia. - A rota em que ele se encontrava, era famosa por ser o lar de uma espécie de pokémon em especifico. Buneary. Muitos Buneary corriam pelo gramado naquele dia,  – Ao dizer isso, um bando de pokémon entrou no palco, saltitando animadamente enquanto rodeavam um ao outro, sem se preocuparem com a presença do humano. - mas apenas um chamou a atenção do jovem. Com um brilho especial – A Buneary shiny se destacava dos outros com uma das luzes a perseguindo fazendo a purpurina espalhada em seu pelo emitir um brilho rosado. Ela tinha a coloração diferente das demais. - a bela Buneary shiny o encarou de longe. Seus olhares se encontraram e em seguida ela correu. Correu com toda sua velocidade em direção à uma árvore ao longe. Então, como todo treinador faria, o jovem correu ao encontro da rara pokémon shiny.


Com o fim da narração dos acontecimentos pela voz misteriosa, Lief estava livre para dizer o que quisesse para que a cena fizesse sentido. A Buneary shiny correu até desaparecer da vista dos espectadores. Porém, quando Lief fosse persegui-la, o palco giraria um pouco, para trazer o restante do cenário para dentro do campo de visão dos espectadores.

O restante do cenário consistia de um gramado assim como o anterior, mas dessa vez com uma grande árvore cenográfica no centro. Um grande buraco na lateral da árvore podia ser visto por todos, e assim que ela aparecia, Buneary entrava pelo buraco, desaparecendo novamente da vista de todos. Como Lief sabia, ele deveria seguir a coelha pelo buraco para dar prosseguimento à peça.

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Lief impressionou-se com o cenário que fora montado para a primeira parte da peça. Se ele próprio não estivesse atuando poderia jurar que se encontrava mesmo no gramado de alguma rota. Ainda estava em transe quando as cortinas se abriram e foi despertado pela voz do narrador. Era a deixa para que o garoto entrasse, mas exatamente naquela hora ele entrou em pânico. Era como se finalmente caísse a ficha do que estava fazendo e do tamanho da platéia que aguardava para assisti-lo. Sentia que estava demorando demais para entrar, porém seu corpo estava paralisado pelo nervosismo. De repente tudo passou. Sentiu-se leve como nunca.

— Obrigado Yomi, não sei o que eu faria sem você! — sussurrou para a companheira, já conhecia a sensação bem o suficiente para saber que ela estava usando sua habilidade para acalmá-lo.

Revigorado, Lief entrou no palco. A princípio sua parte era simples, apenas seguir as instruções do narrador e falar nos momentos convenientes para entreter o público. Forçou-se a não olhar na direção da plateia e entrou no personagem. Conforme a voz descrevia a cena, vários pequenos pokémon coelho saíram das coxias. O jovem treinador resistiu ao impulso de sacar sua pokédex e continuou prestando atenção no narrador. Era o momento em que ele apresentava a Buneary brilhante. Lief a olhou verdadeiramente encantado. Ele já havia estudado sobre os pokémon com coloração alternativa, mas nunca tinha visto um pessoalmente. Era muito mais deslumbrante do que ele podia imaginar. Seus olhares se encontraram e se mantiveram por pouco tempo. Logo, Buneary começou a correr.

— Minha companheira, você viu aquilo? — falou para Misdreavus enquanto andava para a boca de cena de modo que a plateia pudesse vê-lo bem — Nunca vi pokémon tão raro! Certamente será uma forte adição ao nosso time! Precisamos capturá-lo!

Dito isso, colocou-se a correr também. Ao mesmo tempo, o palco começou a girar, revelando o restante do cenário com uma majestosa árvore cenográfica bem ao centro. Lief queria parar e observar com admiração os mecanismos que tornavam aquele movimento possível, mas não podia sair do personagem. Buneary estava ao lado da árvore e, no momento que tornou-se visível para o público, entrou em um grande buraco que havia na lateral do tronco.

— E agora? O que faremos? — dramatizou. Yomi flutuou até a entrada do buraco e olhou para o treinador, como se dissesse que ele deveria entrar —  Entrar aí também? Acho que não tenho outra opção.

Terminando de falar, Lief aproximou-se da árvore e abaixou-se para entrar no buraco.

Apesar da falta de experiência, Lief estava se saindo muito bem. Os expectadores estavam maravilhados com sua interpretação, já que sabiam que se tratava de um treinador ser experiências em dramaturgia. Sua pokémon também estava se saindo muito bem, acrescentando sua própria atuação.

Assim que Lief decidiu entrar no buraco, as luzes foram se apagando lentamente, até que tudo ficou escuro e o locutor volto a falar. - O jovem treinador não esperava que ao perseguir aquela rara pokémon, ele seria levado a um mundo estranho, onde tudo poderia acontecer. – E com o fim de sua fala, as cortinas se fecharam.

Lief era novamente convidado a aguardar, enquanto fazia uma rápida mudança de cenário. O palco retornava ao local de início, para facilitar alguma cena que precisasse se mover novamente. O gramado, que na verdade era um grande tapete verde, não era retirado, era apenas adicionado um grande cômodo sem janelas acima dele. Um das paredes não existia, para providenciar a visibilidade para o público. Além disso, contando com os assistentes pokémon, Lief foi levitado para algum lugar bem acima do cômodo. Ele chegaria “caindo”, mas na verdade levitado até o chão com a ajuda de uma dupla de Alakazam.

Estava novamente na hora de a peça retornar. Os ajudantes de palco eram muito rápidos em seu trabalho, e foram elogiados por todos os treinadores que haviam passado por aquele palco. Aquilo era o que deixava possível o grande número de apresentações no mesmo dia.


Quando as cortinas se abriram pela segunda vez, Buneary estava dentro do cômodo posicionado no centro do palco. As cortinas se abriram de forma que aparecesse apenas o cômodo e seu interior. A coelha olhou para o alto enquanto fazia uma expressão de pânico. Essa era a deixa para a entrada de Lief.

O treinador vinha caindo até que apareceu no cômodo. Ele caia lentamente como se fosse mágica. Yomi ia levitando a seu lado, fingindo tentar segurá-lo.

O cômodo era grande, e possuía uma grande mesa no centro. Encima da mesa estava uma fatia gigantesca de bolo de creme, e na parede direita havia uma porta, pequena demais para um humano, mas grande o suficiente para Buneary sair por ela, e foi exatamente o que a coelha fez quando Lief caiu no chão fazendo um leve baque. Era tranquilo para Misdreavus passar pela porta que ficou aberta, mas seu treinador acabaria ficando para trás.

Agora o jovem estava ali, naquela estranha sala sem janelas, com uma pequena porta e uma fatia de bolo gigantesca com uma grande fruta no topo. Ao lado do bolo havia um bilhete, escrito: Coma-ma!

Assim que Lief percebesse o bilhete, e fosse seguir suas instruções, o grande bolo falaria em alto e bom tom: - Não me coma! – e a fruta no topo levantaria revelando um rosto, além dos braços que sairiam de dentro do recheio. Era uma roupa muito realista, mas se com alguns detalhes que faziam perceber que se tratava apenas de uma fantasia. - Se prometer que não vai me comer, posso te ajudar a passar pela porta. – O bolo completaria.

cigarettes in the theatre

Lief finalmente deixou-se relaxar um pouco. As luzes se apagaram gradualmente e, depois de uma última fala do narrador, as cortinas se fecharam. A introdução da peça havia terminado e com isso começaram os preparativos para o primeiro ato. O garoto estava nervoso com isso, pois seria a primeira vez que contracenaria com alguém. Esperava que os demais atores não julgassem muito sua inexperiência. Tentou deixar esse pensamento de lado, não o ajudaria em nada. O melhor a fazer no momento era se esforçar para agradar ao público.

— Yomi, você foi muito bem! — disse enquanto encaminhava-se aos bastidores para tomar um pouco de água — Você realmente parecia confortável no palco!

A pokémon vibrou ao receber os elogios de seu treinador. Após os dois recuperarem as energias, foram orientados quanto aos procedimentos para a próxima cena. Lief estava maravilhado com a agilidade e competência dos assistentes de palco e também com sua diversidade. Várias das funções eram desempenhadas por pokémon, inclusive a entrada dele na cena. Dois Alakazam o levitaram para cima do novo cenário montado para que pudessem simular uma queda. Com tudo pronto, as cortinas se abriram e deu-se início o primeiro ato,

De onde estava, o garoto podia enxergar a pequena Buneary que, com a abertura das cortinas, o olhou apavorada. Foi nesse momento que ele começou a ser descido pelos pokémon psíquicos.

— Ahh! — Lief gritou enquanto aparecia para os espectadores — O que está acontecendo?

Yomi encenou uma tentativa de ajudá-lo. Assim que o jovem terminou sua queda, a pokémon brilhante saiu do cômodo por uma passagem pequena demais para Lief segui-la. Ao levantar, o treinador agiu como se estivesse ainda desorientado, mas começou a prestar atenção no local a sua volta. Era uma sala espaçosa, mas não havia janelas ou portas, além daquela usada pela Buneary. No centro, podia-se enxergar uma grande mesa com uma gigantesca fatia de bolo em cima.

— Como viemos parar aqui? — questionou — E melhor... como vamos sair?

Lief aproximou-se da mesa para examinar com atenção e notou um pequeno bilhete ao lado do bolo. Leu em voz alta:

— "Coma-me"? — notava-se a confusão em sua voz — Será que deveríamos? Isso tudo está muito estranho...

Misdreavus pareceu não se importar com a estranheza da situação. O bolo tinha uma aparência incrivelmente apetitosa, mesmo para uma fantasia. O garoto deu de ombros como se dissesse "que mal vai fazer?". Mas, ao inclinar-se para pegar um pedaço, tomou um susto que quase o derrubou. O bolo falara, fazendo um pedido para que não o comesse. Em seguida, a fruta no topo levantou, revelando um rosto, e braços saíram do meio do recheio.  Assim que Lief recuperou o fôlego, o bolo propôs um acordo, se não fosse comido, ajudaria o garoto a passar pela porta.

— O que você acha? — o jovem perguntou à companheira e então olhou de volta para o bolo — Parece ser nossa única forma de sair daqui. Eu aceito!

Lief estava se saindo muito bem na interpretação do personagem. Ele improvisava muito bem suas falas de acordo com o que acontecia, parecia até que tinha nascido para aquilo. Ele não sabia, mas aquele evento, acabou fazendo com que vários treinadores descobrissem talentos que antes não conheciam, e o incentivou a participar de eventos como os Contests.

Depois de encontrar a grande fatia de bolo falante, o jovem treinador acabou aceitando a proposta de não come-lo. Mas e ele ficaria ainda mais intrigado com o que estava por vir. - Que bom que aceitou. Fico feliz por conseguir viver por mais um dia. – Dizia o bolo com alivio. - Então vamos à explicação de como você vai sair daqui. – Ele dizia gesticulando. - Normalmente você teria que comer um pedaço de mim, para ativar as propriedades da minha estrutura molecular. Mas tem outra forma de fazer isso, que é, batalhando com um pedaço do meu recheio. – Ao dizer isso, um pedaço de recheio de creme começou a escorrer do meio das tiras de massa. Ao acertar a mesa, o recheio se juntou e formou um pequeno e estranho pokémon.


O pequeno Milcery olhou ao redor como se fosse a primeira vez que via o mundo. Em seguida sorriu para Lief.

- Então, vamos batalhar? – O bolo perguntava. - Não se preocupe, isso escorre de mim o tempo todo. Se você derrota-lo, ele vai explodir liberando as propriedades que você precisa usar, sem me comer.

Com isso, estava prestes a se iniciar a primeira batalha de Lief naquela peça. E ele precisava conseguir o máximo de pontos que pudesse, para que conseguisse sair dali com bons prêmios.