#Extra [Teatro] - A Guerra de Naipes

     A pequena Marill finalmente entrara em cena, após tanto tempo parada. Entretanto, seu adversário não era um dos mais agradáveis de se lidar com. Após girar, usando seu movimento rochoso, a aquática recebera em cheio a investida elétrica que o búfalo inferira. Ela conseguira ficar de pé ainda, mas ja muito enfraquecida. Isso entristecia Ren. E se Dandara também acabasse por desmaiar? Seria ele um treinador tão péssimo assim? Ele segurou para não chorar novamente, tinha que ser forte pelo personagem e o teatro, pelos seus pokémon, por si mesmo.

     — Minha querida, aguentes firme! Continues desse jeito, sei que pode! Não temas, estou aqui ao teu lado... — dizia agora, em uma mistura de Wallace, Ren, treinador e sabe-se lá o que mais. Ele estava muito chateado agora, mas não havia muito o que fazer.

    — Você... Lamento gatinho, mas as coisas não serão desse jeito. Suitless, ajude-me! Seguiremos sem piedade, FURIOUS SHATTERING PUNCH!!!

     É, mais um turno daquela desgastante batalha. Não fora muito longa ou coisa do tipo, mas afetara negativamente o mono treinador, com a rápida derrota de Hokori, e o forte golpe que quase levara Dandara em um instante também. A aquática dava seu máximo, mesmo que enfraquecida, girando teimosamente ao atacar o búfalo. Até que... O grande bovino, com um bater de patas, ele derrubara ambos os pokémon adversários, e até mesmo fizera uma rachadura no palco, a qual os treinadores precisaram pular para desviar.
   E... Dandara se fora também. Não podia ser possível. Não. Não. Não! Não... Pois bem. As lágrimas eram inevitáveis, mesmo que sendo motivo de risada para alguns na plateia. Poderiam rir, mas não importava. O rapaz realmente estava triste e magoado, e pequenos comentários ou aparentes sinais não poderiam influenciá-lo. Ele era mais que aquilo, ele aguentava. Então expressou sua dor, pura e real, pela perda de consciência vinda de seus pokémon. Era sensato o garoto sentir-se de tal maneira, uma vez que era realmente a primeira vez em que os monstrinhos de Ren acabavam por encontrar-se nesse estado. Ele estava arrasado, e mal conseguia ajudar Ryousuke a movimentar o mecha. Assim sendo, ele fragilmente sacou sua última Poké Ball, que continha Ísis, e a jogou em campo.

  — Ísis... Ajudes-me a acabar com isso de uma vez por todas... Uses o Fairy Wind repetidamente, e tomes cuidado! Não quero que nada de mal te aconteça... — a pequenina saíra da esfera calma e límpida, procurando o motivo de sua convocação. Um tumor foi visto ao ver que ainda estava na presença de muitas pessoas, mas logo a Flabébé focou nas ordens. Wallace deixou o restante nas mãos de Suitless, uma vez que estava incapaz de fazer muito.

  A batalha estava próxima do fim. Ela não fora muito longa ou demorada, mas, sem dúvidas, fora a mais agressiva e emocionante até o momento. Ren ainda estava afetado pelo desmaio de seus pokémon, mas continuou, ainda que com o nariz a escorrer fluidos e o olhar embaçado.

— Ísis, uma última vez, Fairy Wind! Confio em ti, e sei que podes! Se acabar por ser atacada ainda assim, aguente firme. Ele não é páreo para nós!!! — disse ele, apoiando sua monstrinha. Wallace também estava preparado para ajudar Suitless naquilo que parecia ser o golpe final.

     É, a vitória talvez não estivesse tão certa assim. Mesmo em um fragilíssimo estado, Bouffalant conseguira derrotar ambos Duskull e Flabébé, morrendo logo após, em função dos insetos. Mais um pokémon caído, mais lágrimas. Entretanto, essas não foram tão exasperadas e descontroladas, mas ainda assim estavam lá. Ren lembrava a si mesmo que era comum os nocautes no mundo dos monstrinhos, que fazia parte da natureza das batalhas. E também decidia que preferia muito mais os contests, com toda aquela beleza e vigor.
    Eles saíram do mecha, para checar todas as coisas, e assim que o fizeram, Ren caiu em um abraço forte e triste, sob os braços de Ryousuke. Lágrimas silenciosas escorriam, enquanto ele tentava encontrar uma explicação lógica para o personagem Wallace comportar-se daquela forma. Acabou por dizer que, sendo um nobre, nunca tivera problemas com o estado de seus pokémon. Ele sacou cada um dos três Full Restore que lhes foram entregues no início do teatro, liberou os demais pokémon desmaiados  e espirrou a solução em todos eles, até então ignorando o gato, mas esperava que o mercenário Suitless distraísse o felino enquanto isso. Ao ver que todas as suas fadas pareciam bem, ele sorriu e voltou-se para aquele que outrora fora seu adversário.

    — Gato de Chesire. Não sei se lembrarás de mim, mas sou membro da corte da Rainha Branca, enviado em uma pequena e sigilosa missão para resgatá-los. Parecia-me que estavas a ser controlado por esse estranho fio em teu pescoço, não tendo mais controle sobre suas funções corporais. Mas não temas, agora estás bem. Por favor, siga o caminho até a praia, onde encontrarás o navio que nos trouxe. Ainda temos assuntos a resolver aqui.

   O garoto dizia, abraçando firmemente Dandara, grato pela consciência da tal e de todos os outros. Explicara tudo ao gato, demostrando certa empatia, mesmo sendo ele aquele que derrotara todos seus monstrinhos. Faltava a Ren esperar mais algumas poucas interações, e enfim aquela breve pausa mais uma vez, onde novamente descansaram, conversaram e prepararam-se para a próxima cena, o inimigo final.