Capítulo 9 - Tempestade [Tielo]

E então, simples e somente, ocorreu-se o que há certo tempo já se provava inevitável: O início de uma batalha, instigado pela agressividade do selvagem com um belíssimo chute de lama que, independente de se havia ferido ou não o filhote, já se provara mais que suficiente para que o arlequim agisse e tirasse o inseto de campo, ordenando, enfim, seus primeiros movimentos de combate. A fiel psíquica loira tomou a dianteira, invocando uma brisa gélida que arrepiou o pobre animal e fê-lo estremecer, inquieto, mas não recuar o suficiente para que sua ação fosse evitada: Um olhar penetrante que fez recuar não só a beijoqueira, como também o filhote que nada feliz estava com todo o frio do lugar - e, falando nele, foi justo o próprio que resolveu avançar, com as pernas meio cambaleantes e desajeitado, para dar uma mordida na ponta da asa do alado que, sinceramente, nem bem chegou à ter efeito.

Não foi preciso muito mais, qualquer das formas: Com um único avanço extra e um soco bem dado, Jynx foi a responsável por finalizar um combate que já estava determinado antes mesmo de começar - ora, que podia fazer um pobre selvagem contra dois treinadores, sendo que um possuía a maioria de seus pokémons prontos para uma luta, independente de se feridos ou não?

Hora da Experiência! escreveu:

Jynx recebeu 630 de experiência por vitória contra Farfetch'd e ganhou 4 pontos de felicidade, subindo para o nível 23.

Tyrunt recebeu 630 de experiência por vitória contra Farfetch'd e ganhou 4 pontos de felicidade, subindo para o nível 8.
Tyrunt aprendeu Roar!

Chegava a ser estranho o quão rápido havia sido a resolução daquele bendito combate - mas, considerando que a única batalha realizada até então pelo cigano (além daquela, é claro) havia sido contra os ferozes pokémons do comerciante na 121, talvez ele simplesmente teria esperado demais ao encontrar um selvagem sem treino e sem mentor que pudesse auxiliá-lo à tomar as melhores decisões possíveis: Caso contrário, bem, ele poderia facilmente ter tido um problema naquela caverna ou, no mínimo, teria demorado bem mais tempo do que uma única rodada de ataques que sequer chegou a ser concluída.

O segundo passo foi retornar seus pokémons; O terceiro, utilizar uma das tantas esferas bicolores que tinha para arriscar tomar para si o belíssimo alado, agora ferido e impotente no chão, amarrado à uma infeliz inconsciência não programada. Com um único movimento necessário, a pokéball sugou para dentro de si todo o corpo da ave, logo após envolvê-lo e dissipá-lo num feixe de energia carmim. O objeto sacudiu-se uma, duas, três, cinco, oito vezes antes de, enfim, descansar: Era difícil saber se por estar muito machucado ou qualquer coisa do tipo, mas o selvagem não foi capaz de lutar por muito tempo e, então, foi transferido para um distante depósito de uma cidade qualquer.

Pokeball utilizada por @Tielo!
Tentativa de captura efetuada!
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AHÁ! Captura bem sucedida - Farfetch'd foi enviado ao Storage. Parabéns!
Itens restantes: x07

O quarto passo, e talvez o segundo mais importante, veio quando o "obstáculo" vivo foi eliminado; Sem mais preocupações, o arlequim avançou para o meio do entorno de pedras do qual o pato havia saído. Não foi preciso procurar muito, sinceramente: Parecendo meio preso à alguns pedregulhos, um pequeno formato que lembrava bastante um ovo descansava, inerte, alheio ao sequestro de seu protetor e, principalmente, ao temporal que o rodeava.

...
Era isso.
E então?

Ao dar um "adeus" silencioso que nem sequer teve tempo de realizar adequadamente, a próxima atitude do treinador se resumiu em libertar o anfíbio aquático e, de maneira inconsequente e até indiferente à atitude anteriormente defensiva de Farfetch'd, ordenou um ataque aquático para varrer o ambiente e se livrar de qualquer possível existência que se ocultava por detrás e entre as rochas escuras. Ao inicial, não restou hesitação alguma: Respirando profundamente, Marshtomp fechou os olhos e, com um sopro fortíssimo, um jato d'água começou a sair... Ou, bem, essa era a intenção; Diante da exclamação repentina para que interrompesse a atitude, de uma maneira cômica e inesperada, o que acabou saindo da boca do pokémon foi um mero cuspe esquisito, e o coitado se engasgou no próprio movimento, virando para o outro lado e começando a tossir.

O que nos leva, então, ao pedido do bardo para que o fotógrafo intercedesse quanto ao ovo aparentemente aprisionado entre as rochas. Surpreendido, restou que o jovem se aproximasse um pouco mais e, bem, após alguns segundos, retirou da mochila uma lanterna para melhor iluminar o caminho e, mais especificamente, a área onde a casca clara se escondia. Sem pressa, o retratista movimentou o ovo para lá, para cá - e, independente da delicadeza empregada, sem sucesso na sua breve tarefa.

Talvez precisassem quebrar, com todo o cuidado, alguma das pedras... Ou tentar deixar o ovo mais escorregadio? A primeira opção parecia mais simples e efetiva, ainda que perigosa - um passo em falso e poderiam danificar a casca no processo. Como diabos aquele negócio tinha conseguido ficar preso daquele jeito, céus?

Considerando todas as atitudes realizadas até então, o "saque" de um ovo aparentemente - agora - abandonado não chegava realmente a ser o pior e maior dos problemas; Inclusive, tal fato se explicitou bem diante da afirmação do arlequim, que praticamente ignorou a recém-captura e se pôs a pensar em um plano de ação para libertar o "objeto" atual de sua cobiça. Durante esse curto período, o retratista que o acompanhava limitou-se a observar, a cautela sendo sua maior característica para que não acabassem encurralados ou pior, vítimas de algum desastre natural que o temporal ousasse arrastar para o interior da caverna - ainda que a possibilidade parecesse um tanto quanto remota, pelo menos naquele momento.

— Bem, acho que você não tem muitas opções agora, né? — Comentou o rapaz, um sorriso simples em reação ao albino mencionar o desejo de tomar o futuro filhote para si. E, de fato, ele estava certo; Afinal, sem Farfetch'd ali, o pobre ovo estava abandonado em meio à um temporal, e não se pode dizer nada a respeito da sorte que um recém-nascido teria no caos que abraçava o Monte Pyre... Se é que chegaria a esse estágio, huh?

Foi desse jeito, então, que a missão "Resgate" se iniciou. O anfíbio foi o primeiro a agir, empapando as mãos com um barro lodoso e tentando, desajeitadamente, envolver completamente a superfície da casca ou, pelo menos, tão completamente quanto era capaz de fazê-lo; O segundo, claro, foi o bardo - que logo descobriu que as pedras eram um pouco mais pesadas e pontudas do que pareciam inicialmente. Não seria tão difícil seguir com a tarefa, mas... Talvez não fosse inteligente prosseguir com as mãos nuas. Com isso posto em mesa, seguiria em frente ou tomaria algumas precauções?

Quando se está na chuva, é para se molhar - e, bem, possivelmente aproveitando todo o temporal que o rodeava, foi exatamente essa linha de pensamento que o arlequim utilizou ao decidir que, mesmo com os riscos de piorar ainda mais a situação de suas mãos (oh, céus, a queimadura já não lhe havia sido suficiente?), optou por mantê-las desnudas em prol de manter a atenção voltada para proteger o ovo, caso necessário. Sem muitas surpresas, então, Tielo apoiou os dígitos e as palmas sobre as pedras, e foi necessário um pouco de tempo e inspeção dos "arredores" para que encontrasse uma rocha mais solta e, dela, pudesse começar a trabalhar para libertar o pequeno formato oval aprisionado entre os insignificantes minérios.

Também não é surpreendente dizer as consequências do fato: O trabalho era demorado, principalmente com o cuidado necessário para não acabar agredindo a casca por acidente; E, entre arranhões nos dedos e nas palmas e algumas pequenas lesões causadas pela pressão da pele contra as rochas ásperas, após algum tempo entre dificuldades de mover pedras e mantê-las apropriadamente fora do caminho, foi a vez de Erick interceder: Com suavidade e até um pouco de hesitação, o fotógrafo meteu a mão na massa - ou, nesse caso, no barro -, envolvendo o futuro filhote e o trazendo cuidadosamente entre os braços, antes de finalmente se levantar.

— ...O que você acha que é? — Perguntou, o olhar passeando pela casca clara, uma das mãos se libertando para começar a tirar o barro que envolvia o ovo. — Talvez um Farfetch'd, também?