No Olho da Tempestade

- Você está indo bem, garoto! Só vai com calma. – O Dragão estava agindo com muita cautela, ganhando altura pouco a pouco, sem nunca se afastar demais do paredão. Will por um momento imaginou ter pego a caminho errado para o topo do Mt. Pyre. Pelo que já tinha ouvido falar do lugar, pessoas costumavam chegar facilmente ao topo através de uma trilha relativamente fácil. O maior problema para quem escolhesse se aventurar em tal lugar era os Pokémon fantasmas. Uma coisa era certa, algo de muito estranho estava acontecendo, aquele campo elétrico não era nenhum pouco normal.

Então, outro raio pareceu cruzar o céu. Se antes ele o ajudou derrubando a barreira que impedia o seu avanço, agora ele ameaçava a sua vida. – Brago, use Dragon Pulse nas pedras, destrua o máximo delas! – Will gritou para ser ouvido, fazendo sua voz se sobressair ao som da chuva. Com os ombros presos pelas patas de seu Dragão, estava impossibilitado de chamar a ajuda de Charizard. Restava confiar na destreza de seu Dragão para destruir o máximo de pedras no caminho e desviar de possíveis destroços menores.

Will não viu o que aconteceu, mas assumiu que um estilhaço grande o suficiente para desorientar o Dragão conseguiu atingi-lo. Em queda livre, tentou primeiro agarrar a “parede” em vão, para só depois buscar a Pokébola de Drako. Antes, porém, de conseguir liberar seu Lagarto de fogo, atingiu algo sólido que só depois do susto percebeu se tratar de um tronco de árvore. Apesar da dor do choque, respirou aliviado e agradeceu mentalmente a um ser superior, entretanto, seu momento de paz não parecia durar. Ao sentir a insegurança de sua base, foi rápido em libertar seu Charizard, que mesmo sob a forte chuva ainda era uma criatura poderosa. – Drako, voe ao meu lado. Vou pular para suas costas. – Assim que ele se posicionou, Will não hesitou, buscando em seu alado a segurança costumeira das incontáveis viagens áreas que faziam juntos. Quando Brago os alcançassem, subiriam juntos, com o Noivern responsável pela segurança, liderando a subida para destruir possíveis novas pedras do caminho.

Will não curtiu muito da adrenalina daquela subida radical, dolorido e com medo de ser atingido por algum estilhaço, colou a cabeça no pescoço de seu Charizard protegendo-se o melhor que podia. Drako e Brago avançaram com total controle, um responsável pelo transporte, enquanto o outro guardava o perímetro da equipe.

Quando finalmente encontraram um platô, o Carateca desceu da sela e se jogou no chão deitando de braços abertos com a barriga para cima. Estava aliviado de uma vez mais ter um chão firme onde pisar. – Muito obrigado pessoal, vocês foram ótimos. – Os dois Pokémon se aproximaram cansados e esfregaram suas cabeças no treinador, que rindo, se levantou e deu alguns aperitivos para os dois, agradecendo o esforço. – Melhor vocês dois descansarem agora. Vou tomar um fôlego antes de continuarmos. – Will recolheu as duas criaturas para as Pokébolas e procurou um abrigo para descansar, mas caso não encontrasse, ficaria sentado no chão acalmando a mente e o coração.

- Seja qual criatura for essa, parece que estou na direção certa. – Comentou para ninguém em especial, falando sozinho ao observar a chuva e os raios daquele campo elétrico. Aquilo o fez lembrar de seu encontro com Articuno. Na época, no lugar da chuva e dos raios, ele estava no coração de uma nevasca. – “Será que o Pokémon responsável por isso é um tipo Elétrico? Droga, deveria ter trago Brutus e Shogun”. – Depois de um bom descanso de 5 a 10 minutos, o treinador voltou a se levantar, seguindo pela planície procurando por um novo caminho que o levaria mais alto.

O avanço continuava difícil, Will se perguntava se ficaria bem com tantos raios caindo ao seu lado. Pelo que conhecia da ciência, já era para ter morrido um milhão de vezes. Mas ali estava ele, se fingindo de corajoso (ignorante) enquanto avançava naquela tempestade. O fim da linha pareceu chegar logo depois, assim que encontrou um abismo tomado por um vento infernal.

- Merda – Chiou enquanto observava aquela anormalidade. – “Drako e Brago não vão conseguir voar aqui, mas fácil sermos lançados para longe... Não quero admitir, mas parece que terei que voltar. É impossível alguém passar por aqui, preciso procurar outro caminho” – O treinador estava inconformado, chegara a um ponto impossível de transpor, infelizmente, teria que voltar e relatar que falhara na missão. Mas não ainda, tinha por obrigação explorar mais um pouco.

Ignorou o abismo e começou a caminhar pela área, se não encontrasse outro caminho para avançar, teria que descer o monte de volta para casa.

Sem muita opção, Will logo encontrou o declive que o levaria a uma caverna. Caminhou com cuidado, apoiando-se sempre onde poderia. O vento ali em baixo era mais fraco, mas nem por isso, amistoso. Sem outra escolha, encarou a caverna e a atravessou, esperando que ela pudesse leva-lo ao outro lado.

“Por que essas criaturas cismam em fazer ninho no topo das montanhas? Depois de ser obrigado a encarar isso tudo, terei prazer em expulsá-la de Hoenn” – Pensava enquanto caminhava de cara fechada. Todo aquele clima somado a distância estava começando a deixá-lo exausto, físico e mentalmente, não era de se admirar que ele começava a ficar de mau humor.

Após voar até o outro lado, chegou até a caverna. Viu que não era muito extensa, ela tinha luz entrando por ambas as extremidades. Não tinha nem 10 metros de extensão. Também não via nenhum Pokémon ali. Mas via que após a saída, havia outro platô. Igual ao anterior. A tempestade seguia caindo.

Off: Sqceu de mencionar como chegaria (em qm voaria), mas adiantei por ser irrelevante e pra não empacar. Mas se puder, reforce no próximo posto, plz.