Uma turminha do barulho.
16:15h, zona oeste da floresta.
HAILEE & JOE
A cena presente começava a se tornar cada vez pior: Hailee segurava em Joe e deitava a cabeça em seu ombro, dando alguns apertos no braço do rastafari toda vez que a dor do corte dava uma pontada. Ao entorno da profunda ferida — agora estancada graças a Yokosuka — era possível ver as veias da jovem aos poucos se tornarem mais evidentes, tomando um tom mais escuro, uma coloração bem próxima ao preto.
— Sa-sabe, que... — Hailee engolia seco e começava a suar
— Se eu sobreviver, vou te matar por nã-não ter me obedecido. — a garota erguia um pouco a cabeça e abria um sorriso, mas logo deitava novamente, agora no peito de Joe.
— I-Isso tinha que acontecer comigo, né?Clefable parecia a princípio ignorar completamente as palavras de nosso herói, levantando imediatamente e lançando uma enorme esfera negra em Trevenant. Mas dessa vez, o ataque parecia ser "carregado": era como se aquela situação fizesse com que a fada encontrasse mais impurezas dentro de si para conjurar o ataque fantasma. A já gigantesca Shadow Ball começava a se aproximar da árvore inimiga e aumentar significativamente de tamanho, terminando por atingi-la quando já tinha praticamente quase a mesma altura do adversário. Crítica, a bola de sombras desmaiava o Pokémon malfeitor.
Nesse meio tempo e desesperado com a situação que se encontravam, Yokosuka lançava todo poder de fogo que tinha em mãos. O rapaz jogava as Pokéballs de Hailee no ar, bem como as de seus companheiros de jornada, que prontamente saíam para ajudar. Após a saída de Nincada e Bunnelby, somente uma das esferas bicolores da jovem abria, com o amorfo feixe de luz dando lugar a um Mimikyu. Sem muito o que fazer, todos os três monstrinhos somente observavam a fúria de Clefable após derrotar Trevenant, onde a fada chutava a árvore diversas vezes por mais que machucasse seus pequenos pés.
— E-eu. — a respiração da jovem começava a ficar ofegante
— Não quero morrer, Joe. — algumas lágrimas escorriam dos olhos da garota, descendo até suas bochechas e depois pelo peito do rastafari
— Mas não temos como sair daqui. — ergueu a cabeça, fitando os olhos do rapaz
— Podem vir atrás da gente. Não tenho como corr- — interrompeu a si própria dando um gemido de dor
— E-e aí nã-não teremos chance. — Hailee segurou na mão de Joe
— Deixa de ser teimoso. Faz o que eu te pedi. — entrelaçou seus dedos com os da mão direita do nosso herói e colocou-as em seu rosto
— Por mim.Shroomish respirava fundo, caminhando rapidamente na direção de Clefable. O que pensávamos que seria novamente uma cantada, se tornava um... esporro? Mas diferente dos xiliques que dava vez ou outra, o gramíneo parecia sério. Como nunca antes visto. A fada era pega de surpresa e, talvez relutante no início, acabava aceitando os conselhos ou seja lá o que o Pokémon de Joe estivesse dizendo. Com a cabeça abaixada, a monstrinha de Hailee caminhava na direção de sua treinadora, caindo em prantos assim que a via, como se a ficha estivesse finalmente caindo. Clefable estendeu ambas as mãos sobre as feridas e uma aura cor-de-rosa começou a envolver tanto a própria quanto Hailee, que começava a gritar e gritar de dor enquanto pressionava sua cabeça contra o peito de Joe e apertava sua mão entrelaçada com força.
A parte púrpura da ferida começava a se dissipar aos poucos, mas por algum motivo a cissura diminuía muito pouco de tamanho. Diferente de quando curou as perfurações de Joe, parecia que o corte da lesão de Hailee era tão profundo que somente um hospital de fato fosse ser capaz de estancar aquele sangue e fechar a incisão. Clefable fitou Joe enquanto sua treinadora gritava de dor e pedia para parar, sem saber muito o que fazer. Não demorou muito e a jovem de cabelos cor-de-rosa desmaiou nos braços do rastafari.
DOMINIC & RYOUSUKE
Entrando em completo surto devido a tudo que havia passado nos últimos cinco minutos, Dominic chamava a caçadora para briga, sem se intimidar pela força que exalava de seus adversários. Mas a surpresa não era essa: pela primeira vez, talvez em sua vida, Ryousuke decidia se impor. O ruivo parecia atingir seu extremo com as maldades da mulher, deixando sua timidez retrair e dar lugar a determinação. Enquanto se enfureciam com a situação, diversos gritos femininos começavam a ecoar pela floresta, não parecendo estar muito longe dali.
— Hm. — a caçadora começava a gargalhar
— Ouviram? — abriu um sorriso diabólico
— Espero que tenham se despedido. — apontou na direção de nossos heróis
— Chega de brincar, Zoroark, duplo Dark Pulse! Zoruas, foquem seus ataques no pássaro! Duplo Feint Attack!Staraptor parecia reconhecer os gritos de sua treinadora, o que fez com que o pássaro tentasse alçar voo para ir atrás. Antes mesmo de se estabilizar no ar, o voador era atingido por diversas esferas negras provenientes de Zoroark. Mas não parava por aí: a mesma energia noturna atingia também Rockie, Haunter e Duskull, que sentiam bastante o poderoso ataque, especialmente ambos fantasmas. Tomado pela raiva, Staraptor seguia as ordens de Dominic e alçava voo novamente, dessa vez atingindo o
Pokémon ilusão principal com um potente Wing Attack. Haunter seguia, desaparecendo em meio ao ar e surgindo atrás de Zoroark, finalmente conseguindo hipnotizá-lo até dormir. Aproveitando da distração, Aipom saltava no ar e lançava suas características estrelas nos adversários, atingindo-os com precisão. Staraptor voava para voltar até sua posição, mas acabava sendo pego no meio do caminho por rápidas investidas de ambos canídeos menores, o que fazia com que perdesse estabilidade e caísse no chão, quicando até chegar próximo aos pés de Dominic. Duskull sequer se mexia, deixando que de dentro dele diversos insetos saíssem e tentassem envolver o noturno com sua infestação; por azar, o fantasma era devagar demais e o adversário conseguia desviar.
Outro turno começava e Staraptor tornava a usar seu ataque, mesmo com o malfeitor canídeo ainda dormindo. Haunter aos poucos começava a criar uma esfera de veneno com a boca e lançava-a diretamente na cabeça de Zoroark — o impacto era tanto, que acabava acordando-o. Rockie repetia o mesmo movimento, bem como os Zoruas e Youma agora ordenava seus insetos que atacassem o canídeo da direita, dessa vez acertando.
— Não que eu me importe, mas apesar de estarem em maior número, meu machado ainda encontrará o pescoço de vocês. — a caçadora sacava o machado e lambia sua ponta afiada
— Aliás, já já o presentinho que coloquei na comida de vocês fará efeito. — fitou seu pulso
— Tic-toc. — piscou para Zoroark e seus Zoruas
— Rapazes, duplo Dark Pulse!Assim que a mulher gritava, tanto Dominic quanto Ryousuke e os Pokémon que se alimentaram começavam a sentir uma ardência no estômago. Nada a princípio, mas poderia ser perigoso. Youma, mesmo extremamente exausto após o ataque de Zoroark, fora o único que não comeu a carne de Pokémon e começava a se desesperar ao ver o rumo da batalha, olhando para seu treinador como se não soubesse o que fazer caso ficasse sozinho ali contra a caçadora.
Floresta densa com uma inclinação de quarenta e cinco graus e chão de folhiço. De cima, sangue escorria e formava uma poça embaixo de Duskull. Ao redor, diversas árvores e arbustos.