We Need to Talk About Pyre

O silêncio de Nicholas nunca me incomodou; não seria diferente agora. Ok, nunca é uma palavra muito forte mas... argh, eu infelizmente me acostumei. No meu histórico, encontrar alguém como Nicholas nunca aconteceu; eu estava aprendendo a lidar com o silêncio de uma forma bastante forçada. A questão principal era: forçada por mim ou pelo além?! Certamente por ele não seria. Ah, acho que não é hora de pensar nisso; ao menos ele fora receptivo com meu convite. Sorri. Sorri até demais: ele não fora só receptivo como parecia bastante entusiasmado com a ideia. Incomum de Nicholas.

Somado a tudo isso, ele brincou com algo genial: chamar Lysander era a melhor ideia que o rapaz já havia me dado. Ok, ele não é muito propositivo então a concorrência fica fácil mas, na brincadeira, surgiu uma esperança de fazer daquele um dos melhores dias em Mu. Meu sorriso que já era grande se alargou e, com os dentes amostra, suspirei encantada. Meu olho brilhou e uma pequena luz pareceu emanar sobre minha cabeça. Demorei um pouco por-me a falar e o encanto dos meu olhos já revelava o encanto com a projeção:

- Mas que ideia maravilhosa - Eu sabia que era uma brincadeira mas... ah, eu fingiria que não percebi - Vamos!! Vamos pro centro, eu falei para o Lysander que estaríamos lá e, quando acharmos ele, a gente senta no bar. É melhor. Eu também não quero ficar treinando só entre a gente. Um Bar do lado do centro pokemon deve ter algum desafio melhor, não é possível... Essas batalhas entre nós estão perdendo o sentido e... ah, desde aquele problema com Loki eu to meio assim... sabe?! Não é que você tenha alguma coisa haver com isso mas... - Era estranho introduzir aquela conversa; ela deveria ser um tabu indizível, não?! - Ah... deixa, vamos logo! Vai ser mais divertido assim! - E ao reanimar a fala, peguei Nicholas pela mão e arrastei-o para frente, o forçando para andar mais rápido.

Não faltava muito para o centro pokemon e... bem, com o tempo que enrolamos, esperava já encontrar Lysander lá. Ou não.

Aquela conversa bastou para ocupar nosso tempo: em instantes estavamos no centro e, para nossa surpresa, só éramos nós. Ok, haviam várias pessoas completamente desconhecidas curando seus pokemons pós Battle Tower mas... ah, Lysander não era um deles. Corri até o espaço de treinamento e não o vi; será que ele nem sequer viera aqui?! Será que demoramos demais?! Ah, não sei, o que importa é que ele não estava e isso de fato me entristeceu. Minha animação se tornara decepção e, sem nem tentar me recompor, andei até o computador.

Encarei Nicholas ao fundo; eu nem tinha porque curar meus pokemons, Vili nem tomou dano. Deixei que ele ficasse naquela fila sozinho e, enquanto isso, adaptei meu time.
Foram três treinadores na minha frente e aquilo pareceu segundos; o tempo passa rápido para quem se afunda em frustrações. Winnie, você anda sentindo demais o que não deve. Há que entender que o dia ainda será divertido e não há porque desanimar: quem sabe não encontre Lysander do lado de fora e ele ainda participe disso tudo?!

Ok, não se agarre nessa ideia. Além disso, sua vez chegou.

Encarei a tela um pouco esquecida; o que ia mesmo fazer ali?! Num lapso feliz lembrei: troquei Vili (Furfrou) e Freya (Jellicent) por dois ovos que devia estar carregando comigo: o de Cleffa e o de Togepi. A tempo deixei-os com o doutor e... ah, a gente sabe que se eles não tiverem uma rotina agitada, não ganham forças para quebras a casca, né?! Pois é, peguei-os para mim. Guardei um na bolsa e outro nos braços e fui ao encontro de Nicholas. Ele já deve ter acabado, né?! Pois bem:
- Vamos ao bar?! - Disse à ele, na esperança de responder um sim

OFF: trocando Vili e Freya por Cleffa Egg e Togepi Egg.

Um Não Tão Tempestuoso Treinamento...?

A procura pelo montreinador dos noturnos mostrou-se infrutuoso, já que acabaram por não achar o moço no local onde seria mais óbvio encontrá-lo, o que significava que encontrá-lo fora do centro pokémon seria ainda mais impossível... Enfim... Apesar da vontade dos treinadores de consolar o moço, havia ainda algo dentro dos mesmos que acreditava que o seu adversário não se deixaria desmotivar por algo como aquilo e, com certeza, recuperaria a sua moral em breve.

Com tudo isso, e talvez para festejar a sua vitória, o casal decidiu ir até um bar para passar algum tempo juntos e aproveitar a juventude que tanto é melhor época da vida quanto a pior... Pois bem. O trajeto até ao estabelecimento não fora não de especial, uma calma caminhada os levou até lá sem grandes confusões ou cansaço. A porta rangia um pouco enquanto abria, fazendo com que fosse impossível entrarem sem serem percebidos. Felizmente, a maioria dos presentes já parecia estar familiarizado com o estridente som e nem se importaram muito em olhar para quem entrava mas uma moça com uma roupinha de empregada de anime e segurando uma bandeja redonda de metal os recebeu com um encantador sorriso e apontava para uma mesa em um canto do local.

- Bem-vindos à Taverna Cherubi! Vos garanto que aqui encontraram as bebidas mais refinadas e feitas com as frutas mais suculentas! Por favor, se sentem nesta mesa! É perfeita para um casal.

A moça então deixou que Winnie e Nicholas se sentassem, enquanto isso foi até ao balcão para ir buscar menu de bebidas que entregava aos treinadores, logo depois se afastou para deixá-los mais à vontade e que pudessem ter tempo para escolher e observar o local. Era um bar simples, a maioria da infraestrutura era feita de madeira, apenas o chão, o teto e as paredes que eram feitas de pedra, porém, haviam algumas colunas reforçando de madeira. Um grande salão com várias mesas e cadeiras que estavam organizadas de forma a permitir aos baristas observarem todo o local através do extenso balcão que se estendia a alguns metros das mesas. Eram duas baristas, uma servente e um outro rapaz que também aparentava servir às mesas. Tinha ainda alguns bancos ao longo do balcão para aqueles que preferiam receber a bebida do próprio barista ou estavam simplesmente sozinhos. Ah e claro, as extensas prateleiras com as mais diversas bebidas dos mais diversos sabores, cores e marcas. De fundo, era possível ouvir uma playlist de youtube com músicas calmas para estudar. O ambiente era bastante pacato e o facto de não estar a abarrotar de clientela sem dúvida ajudava para tal ambiente e ainda servia de fuga para o movimentando e corrido dia a dia da cidade.

No menu as bebidas estavam divididas em leves e bebidas com teor alcoólico superior, para além de uma parte sobre bebidas picantes? Hot Cherry o nome da categoria... Como são essas as únicas que quero listas vou inventar alguns nomes aqui: Spicy Jello, Aroma's Fantasy, Bloomer, Succubus Juice, Aphrodite's Special, etc. Muito poliglota, claro.

Voltando-me agora para as pessoas presentes para além dos funcionários, tinham dois homens de estruturas volumosas, ambos carecas e com uma cara de quem não quer muitos amigos, um deles estava sentado ao balcão e outro em uma mesa a alguns metros do casal. Tinha ainda um outro rapaz com um grande chapéu que cobria a sua face, parecia estar dormindo... Um mulher com um corpo voluptuoso, porém disfarçado pelas roupas meio largas, que estava também sentada em uma mesa enquanto lia o jornal.

A servente olhava de vez em quando, com o seu típico sorriso, esperando que o par decidisse por alguma das bebidas e a mesma pudesse efetuar o seu pedido.

Eu realmente queria tomar cerveja mas... já que o Narrador me levou à uma bar de drinks, vamos lá! Sentei na mesa indicada, ultrapassando Nicholas e sempre perguntá-lo em qual das cadeiras queria sentar: ele que lute. Minha posição era próxima da janela e esta era minha felicidade por ter sido posta no canto. Eu via tudo de lá! Ok, convenhamos, não tinha tanto para ver; alguns gatos pingados coloriam o local e... ah, quando eu e Nico chegamos, quase que duplicamos a quantidade de pessoas.

Garçons eram ainda mais populosos que clientes. Ótimo, eu gosto disso.

Terminei de analisar o redor decorado e olhei o semblante do meu... par?! Somos um casal neste exato momento, né?! Bem mais que uma dupla... acho que fora isso que a moça falou. Pois bem, olhei o semblante do meu acompanhante e, com uma ansiedade aparente, tive que me colocar a falar:
- Vamos começar logo?! - E nem sequer esperei a resposta, virei-me à garçonete e disse - Um Hot Cherry, por favor - Eu gosto de pimenta; até hoje Matthew Monclair se arrepende de me deixar escolher o cardápio daquele encontro mas... ah, como eu gosto de pimenta!

Ser filha de cozinheiros nunca foi lá muito evidente... mas nessas horas! Toda a nostalgia da cozinha volta: dos drinks até os cheiros. Do movimento até a decoração. Da organização até a limpeza. Eu amo estar aqui. A correria do mundo pokemon não me permite descansar o suficiente mas... quando eu faço! Como é bom! Agora sim: olhava Nicholas com um sorriso simpático e, como quem já não tinha com o que surtar, botei minhas mãos sobre a mesa e convidei-o para me dar as dele:
- Pois então... como está?!

A dinâmica da conversa de Nicholas me surpreendeu; eu realmente acreditava que ele responderia apenas "bem, e você?!". Era muito mais a cara dele, não? Bem, ser surpreendida sempre é bom. Tentei não demonstra meu semblante animado e responder com uma simpatia que, atualmente, tem fugido de mim:
- Eu to estranha... não sei, colocaria a culpa em Mu mas faz mais tempo que venho sentindo isso - Introduzi o comentário; eram muitas coisas que passavam em minha cabeça mas quase nenhuma se transformava em texto escrito - Quando você perguntou a moça chegou... acabei esquecendo... mas bem, eu acho que e depois do Battle Tower eu vou tirar umas férias. To precisando, né?! Acho que é por isso que eu to meio assim. Eu ando bem cansada, sabe?!

Falei demais?! Esperava que não. Era o momento da moça chegar com os drinks e felizmente ela fez. Peguei o meu e coloquei sobre a mesa; larguei o canudo de lado e dei uma golada leve; ali reparei o quão ruim era tomar a bebida sem canudo... não havia filtro algum! Alguns pedaços grandes de gelo escorregaram até meus lábios me fazendo arrepiar. Oh mas que cena; um tremelique involuntário me fez retomar o que descartei antes, o tal do canudo.
- Pior que... não vai demorar muito para nossa segunda batalha começar - E introduzi a melancolia à mesa - E eu aqui reclamando de cansaço né, irônico isso. Desculpa - e sorri ruboriza, botando o tal do canudo na boca.