Oh shit, here we go again

Somente pelo olhar desferido pelos rapazes, ao menos uma coisa já era sabida: a notícia de que mandei meu Gallade perfurar ainda mais a barriga já machucada do Mr. Mime estava sendo espalhada por toda Mu Island. Não posso dizer que não gosto da fama de ser sádica e maluca, já que impede gente insuportável e efusiva de sequer se aproximar de mim, mas ainda assim é chato de ser pré-julgada sem ninguém me conhecer. Já era a segunda vez que participava de um evento e meu nome ficava na boca do povo: antes fora com Katakuri, naquele absurdo de batalha na Wallace Cup que fiz o que podia para vencer e ainda assim ficar em quinto lugar. Já estava irritada e, bom, a cara do recém-recrutado pra mim só piorava a situação, apesar da educação em se apresentar.

— Então... — olhei o garoto de cima a baixo — Podemos recrutar qualquer um, assim, sem mais nem menos? — voltei minha atenção para Thomas — O que exatamente ele tem para agregar? — fitei Daisuke uma segunda vez e ele ainda parecia sem jeito de ficar perto de mim — Diferente do que dizem por aí, eu não mordo, garoto. — não resisti e precisei comentar, observando Thomas se afastar para treinar seu psíquico — Você tem quantos anos? 14? — cerrei os olhos — Não podemos ter adolescentes assim na Virtutum... Só vai piorar a situação quando "certa informação" vazar. — fiz sinal de aspas quando disse a palavra em questão — E como vai fazer parte da sociedade se tem medo de mim? Tem tanta gente pior por aí. — balancei a cabeça negativamente algumas vezes me dirigindo a Fernandez — Tsc.

Revirei os olhos e aproveitei para prender meus cabelos, parando para pensar por alguns segundos. Não queria ser grossa gratuitamente com o garoto, mas toda essa inocência uma hora ou outra seria destruída; se não por mim, por pessoas que podem fazer muito mal a ele. No mundo que vivemos, ser inocente assim é basicamente uma sentença de morte. Imagina se algum dia esse garoto dá de cara com o Maximus? Não queria bancar a professora, mas talvez fosse o correto a se fazer. Mesmo não sendo problema meu.

Observei Tyrant se aproximar junto com seu pequenino Eevee e era a primeira vez no dia que abria um sorriso: algo sobre aquelas malditas raposas fazia meu coração amolecer igual um purê de batatas. Abaixei-me e acariciei o pequenino, afagando seus pelinhos na cabeça.

— Oi, campeão! — continuei fazendo carinho no Pokémon — Como estamos nessa jornada de evoluir? Será que vai demorar igual sua amiga? — busquei a esfera da psíquica e liberei Espeon para que brincasse com sua pré-evolução — Pouco tempo só, Manju. Ele está treinando.

Battle Tower!

Observar o jovem garoto gargalhar diante as coisas que disse também não ajudava muito na minha jornada de melhorar meu humor. Revirei os olhos, ouvindo o convite para assistir uma batalha e provar alguma coisa pra mim.

— Uma batalha sua? — apontei para seus Pokémon — Dispenso. — cerrei os olhos mais uma vez — Se você não consegue levar a sério uma simples conversa comigo, imagina como deve ser em um embate. — respirei fundo — Agora estamos sem tempo, mas depois da Battle Towe- — interrompi a mim mesma ao lembrar que tinha "assuntos" para resolver com uma velha "amiga" depois do evento — Depois de resolver uns problemas pessoais, te procuro. Me passe seu contato. — estendi a mão na direção de Daisuke — Recomendo até lá ter amadurecido ou... Sabe-se lá o que vai acontecer. — pisquei para o rapaz e dei uma risada, dando a entender que estava brincando mas não-tanto-assim — Lembre-se, você agora é meu calouro. E digamos que não sou uma veterana de coração mole igual os outros.

Deixei que as raposas brincassem e levantei para conversar com Tyrant: o moreno me perguntava como havia sido minha luta. Quer dizer, não posso mentir já que aparentemente uma hora ou outra a fofoca chegaria até ele. Dei uma risada sem graça e bufei:

— Fui bem... Quer dizer. — tentei buscar as palavras certas para tentar me expressar — A batalha foi bem sangrenta. Meu Gallade não mediu esforços contra os adversários. — dei de ombros, eventualmente ele saberia a verdade — Digamos que eu também não deixei passar. Queria ganhar de qualquer maneira e ver um dos nossos se aliando com um aleatório abusado também me irritou um pouco. — abri um sorriso e apontei pro meu rosto — Tendo a me descontrolar sempre que estou sem paciência, quem olha pra essa carinha inocente nem imagina, né? — dei uma risada — E a sua? Como foi?

Battle Tower!