Pokémon Mythology RPG
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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch] - Página 8 Empty Re: Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

Mensagem por Shianny Seg Fev 03 2020, 05:04

off:

Para dizer o mínimo, era complicado.

Apesar de que no início do trajeto o rapaz não havia recebido nenhuma indicação sobre de como se desenrolaria aquela procura desenfreada pela ruiva até então desaparecida, em momento algum, nem mesmo em seus piores pesadelos, seria possível prever as situações esquizofrênicas que o Monte Pyre imporia à sua frente, Independente dos responsáveis - se os fantasmas que rondavam o cemitério com seus lamentos e maldições, ou se seus próprios pensamentos paranoicos -, era inegável o destino que o aguardava pacientemente no cume de todo aquele caos tempestuoso: Quer dizer, até poderia ser, caso o coração agitado do unoviano o permitisse dar meia volta e abandonar a busca por sua, hm... Amada?, mas infeliz ou felizmente, não era o caso.

Com isto posto em mesa, é compreensível que o músculo cardíaco se agitasse com violência diante dos sons que ecoaram do topo do cemitério. Pouquíssimo foi o tempo que teve (e, surpreendentemente, realmente separou um pedaço antes de seguir em frente!) para terminar de organizar o equipamento de seus companheiros e então, e só então, os passos apressados seguiram seu caminho pelo corredor, abandonando os restos mortais do Golem derrotado. Muito provável que Valassa não tivesse tempo suficiente para perceber a discreta mudança da estrutura que o rodeava; As escadas, alguns metros adiante do Alolan, de início eram normais; Porém, uma nova curva e um novo lance iniciava degraus esculpidos em belíssimo marfim, com inscrições religiosas em detalhes dourados. O barulho abafado de outrora da tempestade (que, por algum tempo, havia até desaparecido) agora parecia voltar com força total, arranhando a audição não só dos pokémons, como também de seu mentor.

A escadaria não era tão longa quanto aquela que tivera de enfrentar ao fugir do grupo de Aqua's; Porém, ouso dizer que era milhares de vezes mais complicada de se subir. Os degraus molhados ameaçavam escorregões o tempo todo - não foram poucas as vezes que o pobre Buddy perdeu o equilíbrio, chocando o corpo contra as escadas e emitindo gemidos doloridos antes de se recuperar e seguir em frente, sem vontade de parar tão perto de seu objetivo por um "problema" tão tosco como aqueles, por mais que o ardor em seus músculos quisesse dizer o contrário. Arrisco dizer também que o venenoso não foi o único a passar por problemas mas, oh, não vamos nos estender muito por aqui. O importante, afinal, é o que vem depois.

Antes mesmo de se alcançar o topo, era possível ver o céu - ou, pelo menos, uma pequena parte dele. O azul era majoritariamente recoberto por um manto acinzentado, quase preto, de nuvens; Clarões constantes as pintavam, porém, substituindo a escuridão por iluminação ofuscante, antes de desaparecerem outra vez e seus barulhos ecoarem. Ali, o vento era mais forte do que em qualquer outro lugar pelos quais haviam passado até então: Ele rugia, furioso, e as tochas que iluminavam aquela parte da escadaria já há muito estavam apagadas. Se antes o ambiente era frio, agora era congelante - ao ponto de arrancar e inutilizar a sensibilidade de tato que outrora o moreno ainda era capaz de sentir.

Isso nos leva ao ambiente quando, enfim, o grupo foi capaz de alcançar o último dos degraus. Os arredores certamente eram um atrativo delicioso aos olhos: Um belíssimo templo era o que estava construído por ali, semelhante aos antigos romanos, porém, extremamente mais luxuoso. O lugar também era adornado com detalhes em ouro - seria de verdade? -, estátuas de lendários e, bem, arrisco dizer que algumas decorações soltas provavelmente já haviam sido arrastadas pelo vendaval que assolava o lugar.

Entretanto, o "detalhe" que mais chamava a atenção era uma estátua mais ao longe, quase ao fim do lugar: Além de enorme, a obra de arte era extremamente realista, voltada de lado e com uma das patas sobre um corpo desfalecido, o bico apontado em sua direção e o olhar atento vigiando sua presa. Chegava a ser incrível a maneira como a estática cintilava ao seu redor, bailando junto à chuva e às correntes elétricas que circundavam todo o Monte desde o encontro com Electabuzz (seria aquela uma prova de que, sim, o material dourado era verdadeiro?). Os tons dourados de sua penugem espetada chegavam a ser incríveis, vívidos, mesmo embaixo de todo aquele aguaceiro: Tão verdadeiro parecia aquele ídolo, que suas penas chegavam até a se mover com o vento, por mais incrível que pudesse parecer!

... ... ...

Exceto que, não era uma estátua.

A prova disso veio por conta da própria tempestade: De repente, as correntes de vento se voltaram em uma única direção, investindo contra o corpo de Luch e o empurrando mais para trás, forçando-o a se agarrar nas quinas da entrada caso não quisesse ser arremessado pelos degraus. Nesse instante, como se alarmado por alguma força da natureza, o bico da ave se movimentou com sutileza, erguendo-se em alguns centímetros antes que a cabeça se voltasse, veloz, na direção do grupo que ousava interromper, mais uma vez, sua quietude.

A expressão do elétrico pareceu se fechar e, vagaroso, o corpo virou na direção de Valassa. A pata apoiada sobre a carcaça largada no chão se apertou, fincando suas garras um pouco mais fundo e provocando um remexer - muito provavelmente involuntário - de sua vítima que, infelizmente, não era apenas parte de uma obra de arte. Com um pouco de atenção, era possível reparar nas roupas tingidas de vermelho, na poça de mesma cor que se espalhava ao redor do corpo e, quando o lendário movimentou a perna e "chutou" a caída para trás num gesto displicente, seus cabelos ciano dançaram junto ao vento, até que a monotreinadora ficasse virada de lado sobre o chão gélido.

...Brooklyn.

Não só isso, porém: Apesar de permanecer parcialmente oculto por trás da giratinista, também era possível perceber um braço largado de qualquer jeito ao lado da mulher, tão manchado de sangue quanto ela própria, ao ponto de sequer ser possível visualizar até mesmo a cor da pele de seja lá quem fosse, e que indicava uma terceira presença no lugar. E, se fosse considerar todas as informações que tinha até o momento a respeito de quem acompanhava Valdstok...

...

De qualquer jeito, o rapaz não teria espaço para refletir por muito tempo a respeito pois, o que antes podia se passar por uma estátua, agora mantinha a atenção no invasor. O alado inclinou o corpo um pouco mais para a frente e, ao abrir o bico, emitiu um guincho fortíssimo, assustador, capaz de fazer estremecer o mais valente de todos os treinadores e, principalmente, pokémons; Um rápido impulso das patas o fez ganhar os céus, a eletricidade alçando voo junto ao seu líder e tingindo seu rastro com um dourado tão vívido quanto o próprio animal.

Luch não era o primeiro a cruzar seu caminho. Provavelmente não seria o último!
Mas, se não agisse rápido, seria ali que encontraria seu sepultamento.

E então, jovemzinho? Não era você quem tanto procurava o desafio final?
Pois muito que bem - aí ele está.

Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch] - Página 8 Zapdos

_________________
O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch] - Página 8 Empty Re: Capítulo 23 - Desbravando a Tormenta [Luch]

Mensagem por Pagliacci Seg Fev 03 2020, 18:30

OFF:

Apesar dos insistentes sons assustadores que vinham do topo do Mt. Pyre, não me apressei em correr na direção do perigo. Havia passado por bastante coisa na minha jornada para saber que isso poderia significar uma morte prematura e o fim, não apenas para mim e meus Pokémon, mas também para quem estivesse em risco, seja lá quem fosse. Tratei de tirar esse tempo para curar e reorganizar a minha própria equipe de companheiros, que agora encontravam-se todos do lado de fora de suas respectivas cápsulas, apenas aguardando a definição de toda nossa exploração. Apesar de serem criaturas de personalidades bastante diferentes, até mesmo conflitantes, o clima de apreensão trabalhava em uníssono no ar. Estávamos todos diante de um mesmo perigo, sob uma mesma chuva, sobre um mesmo campo eletrificado e diante de um mesmo desafio. Éramos um, como um time deve ser, não é mesmo? Pois bem... Assim que foi decidido que estávamos preparados para o que viria, seja lá o que fosse, dei o primeiro passo e fui seguido de perto pelos meus parceiros.

— Pé... por pé... Não vamos nos apressar. Olhos abertos, pessoal... Seja lá o que estiver aí em cima, não quer um abraço ou um beijo — Disse em um tom irreverente, apesar da situação. Olhei para um lado e para o outro, confirmando que todos estavam bem. Passamos então por cima dos restos mortais do Golem e seguimos adiante, agora através de uma molhada escada de mármore fino, extremamente escorregadio. Quem mais sofria com isso era Buddy, cujas pernas não foram feitas para andar em um ambiente tão liso e cruel, portanto tive que resguardá-lo pelo menos duas vezes em nossa subida, além de cuidar da minha própria segurança, já que os calçados - de solado desgastado, por tudo que já passei na vida - não davam mais conta de um atrito necessário com o piso. Mas enfim... Mesmo aos "trancos e barrancos", subimos. Chegamos ao topo do lugar que parecia inatingível há algumas horas atrás... Aqui, além dos trovões parecerem brincar nos céus livremente e poder nos acertar a qualquer momento, havia um vento fortíssimo e frio, que arrancava até a última gota de calor de nossos corpos. Abracei meu próprio tronco com os braços e comecei a "explorar" o ambiente, que era decorado com afrescos e ornamentos extremamente valiosos, possivelmente protegidos pelo governo em dias comuns. Mas não hoje... Hoje, quem dominava esse lugar e era o Rei do Mt. Pyre, era uma das estátuas que adornavam o fim do trajeto. Ou não seriam uma estátua...?

Parei, simplesmente parei. Ergui meus dois braços para os lados e indiquei aos meus cinco companheiros que era o momento de estacionarmos e esperamos o que viria. Bem diante de nossos olhos, uma visão difícil de aceitar. A água que escorria pelos meus cabelos e caía sobre meu rosto, deixava tudo ainda mais difícil de enxergar, necessitando de muitas "esfregadas de braços e mãos" em meus olhos para que ficasse mais claro. E então, o borrão amarelado e incadescente tomou forma à minha frente. Era enorme e com as asas abertas, como raios que espalhavam-se a partir de seu corpo, parecia tomar todo o céu. Fiquei boquiaberto com seu esplendor, com seu poder! Era possível sentir nas células do meu corpo a energia que fluía por ali. Era como se todo o terreno fosse parte estendida de seu corpo e estivéssemos pisando sobre ele mesmo. Seu bico, afunilado e comprido, beliscava um "petisco" próximo de suas patas, que ainda não era possível ser identificado. Mesmo assim, minha respiração parecia mais acelerada, mais incontrolável e aproximando-se de um estado que exigiria mais do meu corpo do que eu poderia fornecer.

Não mexia um músculo sequer do meu corpo, apenas os globos oculares agitavam-se de cima abaixo, procurando algo que fizesse sentido, que me fosse conhecido... Então, uma visão assombrou minha alma e congelou minha espinha. Fios de cabelo cor ciano esvoaçavam-se a partir daquilo que parecia ser o "petisco" de Zapdos e a única pessoa que eu conhecia e imaginava que tivesse estas características, era Brooklyn. Pior, eu sabia que ela estava por aqui e isso deixava tudo ainda mais assustador. Não que eu tivesse vontade de reecontrá-la depois de todos os problemas que tivemos e dos assuntos não resolvidos, mas eu preferia certamente vê-la tentando me matar do que... Muito provavelmente morta, como um boneco nas mãos de uma criatura tão poderosa e violenta. Bem, se isso já não bastasse para me deixar destruído e vencido, uma "parte de corpo" mostrava-se presente, bem ao lado do corpo desfalecido de Brooklyn. Esse, não era possível de ser identificado desta distância, até porque, mal poderia dizer se ainda compunha um corpo inteiro. Mas... O fato de estar ao lado de Brooklyn remeteu diretamente às últimas mensagens de Naty... Ela estava com Brooklyn... Ela... Ainda está com Brooklyn? Ela... Está ali?! Arregalei os olhos e deixei a boca, já escancarada de surpresa, abrir-se mais e mais, caindo como as lágrimas que se formavam em meus olhos. Era realmente possível que tudo de ruim que pudesse ocorrer, realmente tivesse ocorrido? Ou estava morto há muito tempo e isso era o castigo eterno que pagava por tudo que fizera, principalmente próximo a uma tal "fonte"?

— Você... Você matou...? Vocês matou elas? — Questionei, de uma maneira bastante estúpida é claro, ao Pokémon. Obviamente era uma idiotice tentar arguí-lo sobre qualquer coisa. Uma criatura tão poderosa e rara, considerada uma Lenda, ou era ignorante e violenta demais para enteder as amarguras e dúvidas de um ser-humano patético ou inteligente demais para se importar com elas. Independente disso, não obteria minha resposta e certamente não continuaria com a minha vida se não tomasse uma atitude, mesmo que fosse a última que eu tomasse em todo o pouco tempo que ainda me restasse de vida. O zumbido da chuva, da tempestade, além de ter abafado a pergunta quase retórica feita por mim, também impedia que eu ouvisse qualquer outra coisa, além de vento e trovões. É claro que, na minha falta de consciência lógica, eu não me importava com esses problemas e deixava apenas a fúria construir-se dentro de mim, tomando espaço da mágoa e da dor. Cerrei os punhos com tanta força, que feria-me fisicamente. Então passei a usar a boca, a língua e a garganta para tentar dispersar o que sentia — É ISSO!? VOCÊ QUER TIRAR TUDO DE MIM? O QUE EU SOU? O QUE EU FUI, QUEM EU... Amo...? — Disse, sem importar-me com as consequências ou se seria ouvido, mas baixando o tom conforme refletia sobre não ter ao menos tido a oportunidade de dizer o que realmente sentia para Natalie. Será que eu sabia antes de fato? Porque agora eu pareço saber exatamente o que meu "coração" dizia. Abaixei a cabeça e então a ergui novamente, encarnado diretamente os olhos do Pássaro.

— Que seja... Eu vou tirar tudo de você também... SEPAREM-SE CERQUEM-NO! — Disse para os Pokémon, movimentando-me também para atrair a atenção do Pokémon. Tentaríamos manter um círculo ao redor do Zapdos e se possível, eu conseguiria afastá-lo dos corpos de Brooklyn e talvez, de Natalie, para me aproximar — Mantenham um círuclo e girem, no sentido anti-horário! Vamos deixar que ele tome decisões... — Continuei comentando com meus companheiros, seguindo lateralmente ao redor do Lendário. Dei alguns passos para os lados e observei Mey, quem poderia contribuir e muito para a batalha. — MEY! FAKE OUT e depois TAUNT no Zapdos! — Ameacei ir para um lado, ainda olhando os olhos do Selvagem e então corri para o outro, na direção dos corpos, aproveitando o terreno úmido e liso do piso de mármore para tentar escorregar na direção dos corpos das garotas. Mas ainda era necessário distraí-lo. — BUDDY! Corte o chão escorregadio e essa eletricidade... GRASSY TERRAIN! Depois, acompanhe meus passos com o o golpe Z! (Z-WEATHER BALL: NÃO DÁ PARA DIZER SE VAI SE TORNAR O Z-MOVE WATER OU ROCK, VAI DEPENDER SE O SYD VAI SER BEM SUCEDIDO NA RODADA) — Ordenei, já olhando a Ivysaur — UME! Pegue o ZAPDOS com TOXIC! Depois, LEECH SEED! — E então, era a vez de Lenora e Syd, para finalizar — LENORA! Comece com DARK PULSE! Depois SUPERPOWER! Syd.... Tente um SANDSTORM! Se não conseguir, tente de novo. Se conseguir, ROCK BLAST! — Completei então a ordem de todos os Pokémon envolvidos na batalha, ficando em posição oposta a de Buddy, mas dançando com os mesmos passos que ele, para lançarmos nosso Z-MOVE em conjunto. Eram os passos de BREAKNEAK BLITZ... Mas a ressonância do movimento Weather Ball o transformaria em Water ou Rock, dependendo do sucesso ou fracasso de Syd. Estava arriscando tudo de mim nessa batalha, mas não havia volta e nem escapatória! Então... Que seja o que tiver que ser...


Resumo escreveu:

Meowth usa FAKE OUT e TAUNT
Roserade usa GRASSY TERRAIN e Z-WEATHER BALL (Water ou Rock)
Ivysaur usa TOXIC e LEECH SEED
Honchkrow usa DARK PULSE e SUPERPOWER
Dwebble usa SANDSTORM e ROCK BLAST ou Falha + SANDSTORM

Pagliacci
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Mensagem por Shianny Seg Fev 03 2020, 22:09

Era violento o impacto recebido pela percepção de realidade que aguardava não só o unoviano, como também seus pokémons, no cume do cemitério vertical. Com emoções conflitantes, o vazio que rastejava e arranhava as portas do coração do rapaz parecia aumentar mais e mais e, pior, também se tornava o responsável por atrair os fantasmas rancorosos que sussurravam seus lamentos pelas entranhas do relevo; Não obstante, era com extrema facilidade que essas almas penadas se tornavam demônios titereiros das ações de Valassa, fosse para o bem ou mal - por sua própria sobrevivência, ou pelo mero sentimento e desejo de vingança.

Se parasse para pensar, toda a situação poderia ser até tragicômica - era difícil dizer se poderia se lembrar de detalhe tão insignificante em meio ao caos, mas não havia sido a própria ruiva a sugerir que seria mais fácil encontrar algum lendário que o bendito sorveteiro, durante sua passagem por Sootopolis? Claro, seria impossível prever todo o desastre que se seguiria diante da presença de um mas, oh, não é esta uma boa lembrança para tentar apaziguar toda a fúria descontrolada de um coração atormentado?

Seja como for, como já bem dito, não havia tempo para parar e refletir antes de tomar qualquer ação e, visto que as ordens já haviam sido lançadas em campo, os variados companheiros do rapaz não se demoraram em tecê-las ao combate. A primeira de todos, superando velocidades (talvez movida pela determinação e até mesmo pela ira que emanava de seu mentor), foi a jovem Meowth; Num movimento ágil, a felina saltou em direção ao poderoso lendário, empurrando-o alguns centímetros para trás com suas patas dianteiras e usando as traseiras como impulso para recuar outra vez. Muito provavelmente a ave aproveitaria aquela brecha para atacar, porém, nada fez: Os olhos penetrantes se mantiveram por um momento sobre a imagem da felina, muito provavelmente se questionando a respeito da petulância de tão insignificante pokémon e, com esta pequena pausa, Roserade teve tempo o suficiente para agir. O venenoso juntou ambos os buquês em frente ao peito e fechou os olhos, respirando profundamente - uma energia esverdeada cintilou ao redor de seu corpo e, num estalo, foi impulsionada com velocidade contra o chão, espalhando-se e expandindo por todo o chão do templo. O poder liberado pelo mascarado foi suficiente até mesmo para cortar o véu que bailava por entre as penas de Zapdos, a relva encontrando espaço para nascer entre o piso molhado e vinhas se enroscando pelas colunas que margeavam o ambiente em belíssima decoração natural.

Não acabava por aí, porém. Aproveitando a breve distração causada pela modificação da paisagem, a jovem quadrúpede do grupo permitiu que as toxinas de seu corpo se acumulassem sobre o bulbo em suas costas - e esse processo se desenrolou por alguns segundos, até que uma fumaça discretíssima escapasse pela boca do botão de flor. Como se criasse vida, o bulbo se movimentou e "cuspiu" um material gosmento e arroxeado na direção do alado, que se enroscou e penetrou entre suas penas, atrapalhando um pouco o voo do animal e o fazendo baixar sua altitude, porém, o selvagem não teve chances de pensar a respeito. Lenora foi a próxima a interceder, emitindo um pulsante raio enegrecido contra seu adversário que, apesar de causar certos ferimentos, não tinha lá muito impacto contra a vitalidade do alado. Syd, então, movimentou suas pequenas pinças, mas... Parou por aí. A paralisia que o atormentava infelizmente tomou as rédeas, impedindo-o de prosseguir com os comandos de seu treinador.

Falando no unoviano, inclusive, não foi despercebido que ele passou ao tentar alcançar os dois corpos caídos do outro lado do templo e, apesar de ter recebido todas as investidas sem sequer reagir, o lendário não parecia disposto a deixá-lo passar, naquele momento; O olhar se estreitou, agressivo, e o voador tomou um enorme fôlego antes de erguer o bico em direção aos céus e, aí, emitir mais um de seus assombrosos guinchos que ecoaram por toda a ilha. Em reação ao tremor, a tempestade o respondeu: Um inferno elétrico foi o que desceu sobre todo o templo, eletrocutando toda a equipe do giratinista (pobre da Ume, que recebeu uma rajada crítica!) e, mais importante, um dos raios tombou bem diante dos seus pés, explodindo e o arremessando para trás em conjunto com um vendaval fortíssimo que ameaçou arrastar-lhe até mesmo para longe do próprio monte, afastando-o ainda mais de seu objetivo.

Assustada com a situação e praticamente exaurida diante da ofensiva extremamente agressiva do lendário, Meo-Mey tentou tragar sua atenção de Valassa com miados e injúrias que sequer pareciam ter feito efeito. Quem o acompanhou foi a jovem Ume, arremessando pequenas sementes contra o pássaro e enrolando suas asas um pouco mais com as vinhas que se espalharam e prenderam, como belíssimas sanguessugas. Buddy, apesar de ferido, ainda tinha forças suficientes para executar os movimentos de sua Normalium junto ao unoviano - era um dançarino exemplar, afinal! Os braços se moveram para a frente num giro gentil, as pernas acompanharam o balanço das ondas, os buquês se desviaram para a esquerda e... ... ...

De repente, parou. A estática agarrou-se com violência nos músculos do esverdeado, travando-lhe os movimentos e arrancando-lhe uma exclamação abafada, dolorosa, ao encontrar a própria impotência, incapaz de acompanhar o restante da energização de seu cristal. Lenora, distraída com as próprias ordens, não percebeu: Num rasante não tão veloz, a corvídea tentou se arremessar na direção de Zapdos, que só precisou subir um pouco mais e fez com que a noturna desse de bico com as plantas que cresciam, belíssimas, pelo chão. Já o pobre Syd, acabou que ficou só de espectador, pois não tinha feito nada e, mais uma vez, não o fez - pelo visto, ter priorizado o inseto ao curá-lo das constantes paralisias tinha um motivo real, hmm?

Ao fim de toda essa patifaria, a relva sob os pés dos pokémons ganhou um novo brilho - e igualmente ocorreu com Meo-Mey, Buddy, Ume e Syd. Uma energia esmeralda os envolveu por um breve instante, e alguns de seus arranhões foram curados no processo, enquanto a coitada da Lenora ficava chupando a asa e o lendário era acometido pelas toxinas e a sucção das sementes atiradas por Ivysaur que, bem, se beneficiava no processo e se sentia um pouco mais revigorada.

Zapdos:
Badly Poisoned (-10);
Seeded (-);
Taunted 0/3

Hold Item:
Expert Belt
Trait:
Static

Lv.55 Zapdos


122/164
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Lv.25 Meo-Mey


19/56
Lv.28 Buddy


54/73
Lv.24 Ume


42/62
Lv.24 Lenora


19/82
Lv.22 Syd


10/54
Trait 1:
Technician
Trait 2:
Poison Point
Trait 3:
Overgrow
Trait 4:
Moxie
Trait 5:
Sturdy
Hold Item 1:
Silk Scarf
Hold Item 2:
Normalium Z
Hold Item 3:
Miracle Seed
Hold Item 4:
Power Band
Hold Item 5:
Expert Belt
Meo-Mey:
Normal
Buddy:
Paralisado
Ume:
Seeded (+)
Lenora:
Normal
Syd:
Paralisado

Campo: Um templo antigo adornado com ouro e várias estátuas. A tormenta parece mais forte, e a chuva ruge. Grassy Terrain ativo [2/6].

_________________
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Shianny
Ace Trainer III
Ace Trainer III
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Venceu a Dungeon de Shimmer Ruins
Rocket Elite
Conquistou cargo de Elite dos Rockets
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Venceu a Dungeon de Everlasting
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Venceu a Dungeon de Whirl Island
Dungeon Sky Pillar
Venceu a Dungeon de Sky Pillar
Dungeon Mausoléu Assombrado
Venceu a Dungeon de Mausoléu Assombrado

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Mensagem por Pagliacci Ter Fev 04 2020, 02:36


Eu não imaginava que toda a situação iria piorar de uma maneira tão rápida, afinal tinha confiança total em meus Pokémon e no poder deles, mas logo no início de toda a investida contra a Ave Lendária eu já começava a entender qual era meu verdadeiro inimigo ali. Não, não era o Zapdos ou a sua capacidade quase infinita de lançar energia elétrica a partir de cada célula de seu corpo. Isso era, na melhor das hipóteses, contornável... Contudo, havia algo que nem toda a habilidade do mundo e estratégia poderia vencer e esse era o AZAR! Formando um círculo ao redor do violento selvagem, pude ver exatamente quando Meo-Mey agiu na dianteira, acertando um perfeito golpe na testa de Zapdos para deixá-lo, no mínimo, estupefato pela ousadia de uma criatura tão pequena. Entretanto, isso abriu uma grande vantagem para que todos os outros Pokémon agissem... Ou ao menos, tentassem... Buddy, Ume e Lenora foram bem sucedidos em suas táticas, assim como eu ordenei. Havia conseguido retirar o campo elétrico do oponente e o envenenado de uma forma que lentamente minaria suas energias, mas infelizmente o último componente não havia sido bem sucedido e a chuva continuava a cair... Syd permaneceu parado, paralisado.

— Ok, tudo bem! Acontece Syd... Não vamos desistir, lembre-se das minhas ordens! — Eu dizia, ainda tentando aproximar-me dos corpos que deveriam pertencer a Brooklyn e - esperava que não - Natalie. Contudo, antes que eu pudesse alcançar meu objetivo, recebi uma completa descarga de energia de Zapdos. Não só eu, mas todo o meu time... É evidente que uns levaram uma pior maior do que outros, eu por exemplo. Fui lançado diretamente contra uma coluna e se não fosse isso, teria sido lançado para fora do Monte e direto para a morte. Mas enfim... Não tinha tempo a perder lamentando minhas dores. Ergui-me rapidamente e observei Buddy, acenando com a cabeça para indicá-lo que era hora de agirmos. Nós dois, cercando o adversário, iniciamos os movimentos clássicos do BREAKNEAK BLITZ, mas algo deu errado... Pela segunda vez, um dos meus Pokémon sofria uma paralisia... Era como se o Pokémon soubesse exatamente onde suas chances estariam e tivesse focado exatamente aqueles que poderiam pará-lo. Se ele pode manipular as probabilidades eu não sei, mas não era algo que via com frequência.

— Afaste-se Buddy! Tome cuidado! — Disse para o Gramíneo, afastando-me também, no momento em que Lenora usou suas garras brilhantes para vir com tudo sobre Zapdos. Bem, ou pelo menos tentar, porque para completar o show de azares, a Pokémon acabou errando por milímetros o corpo do Lendário, esbarrando em algo do ambiente, que a essa altura eu nem mesmo conseguia ver. E bem, se tudo isso não bastasse, Syd ainda mantinha-se atado a sua paralisia, sem ter como realizar quaisquer das ações que eu solicitara... Olhei para o meu time e vi muitos Pokémon cansados, a beira de uma destruição. A maior parta deles certamente cairia com mais um golpe, com exceção de Buddy, Ume e provavelmente Syd, graças a sua habilidade especial. Bem, precisava arriscar então... — Mey e Lenora, usem PROTECT duas vezes... Tentem manter-se vivas a todo custo! — Ordenei às duas mais frágeis do grupo. — UME! Aproveite-se do Terrain e do seu Item para um duplo GIGA DRAIN! — Comentei para a Ivysaur, que poderia recuar um pouco e atacar à distância. — Syd, você vai insistir em um movimento SANDSTORM! Se falhar, repita. Se for um sucesso, use ROCK BLAST! — Disse ao pequeno inseto, voltando-me finalmente para Buddy — Já você Buddy! Vamos tentar mais uma vez! Depois, independente do resultado, retorne para eu usar uma POTION em você! — Finalizei meus comandos, preparando-me para mais uma tentativa de movimento Z com o Pokémon de Grama.


Resumo escreveu:

Meowth usa PROTECT e PROTECT
Roserade usa Z-WEATHER BALL e depois é curado com POTION
Ivysaur usa GIGA DRAIN e GIGA DRAIN
Honchkrow usa PROTECT e PROTECT
Dwebble usa SANDSTORM e ROCK BLAST ou Falha + SANDSTORM

Pagliacci
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Especialista Flying II
Especialista Flying II
Dungeon Everlasting
Venceu a Dungeon de Everlasting
Dungeon Pokémon Mansion
Venceu a Dungeon de Pokémon Mansion

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Mensagem por Shianny Ter Fev 04 2020, 04:08

Era como se o destino tirasse sarro da cara do rapaz, com toda sua exuberância. Minando praticamente todos os seus pokémons, a eletricidade dançava pelas nuvens e pilastras, ávida e desejosa de agarrar a capacidade de dominar por completo mais uma vez o templo que era seu de direito e, infeliz ou felizmente, impedida por conta da vegetação invasora que a enxotava tal qual gato escaldado. Além de tudo isso, o próprio clima parecia trabalhar para impedi-lo de alcançar as duas pessoas largadas ao chão que, considerando a mancha de sangue que coloria a relva por baixo de Brooklyn, já deveriam estar mortas há muito.

De qualquer maneira, esse pequeno "detalhe" não impediria o inevitável confronto de continuar - afinal, qual seria a graça, nesse caso? -, ou melhor: O lendário não permitiria sua interrupção. Para azar de Valassa, o truque de Meo-Mey a respeito de avançar e atordoar brevemente seu adversário não era algo que poderia ser utilizado mais de uma vez e, bem, restou à felina e à noturna recuarem rapidamente, escondendo-se por trás de telas protetoras que as salvaram da nova chuva de raios que caiu por todo o campo. Nessa ofensiva, porém, duas coisas aconteceram: A jovem Ume repentinamente se viu envolta por uma grande aura esverdeada e Syd só sobreviveu porque se escondeu dentro da casa de pedra que carregava nas costas.

Então, era a vez de Ume. Tão rápido quanto possível, a quadrúpede fechou os olhos e permitiu que a energia ao seu redor fosse disparada na direção do alado, envolvendo-o e iniciando um processo de "sucção" ao recuperar sua própria vitalidade e, após isso, essa aura extra simplesmente desapareceu. Passando a bola pra Buddy, que novamente fazia uma tentativa de dança - imitando os movimentos anteriores, o venenoso enfim volveu os braços para a lateral, movendo-os em gentileza de ondas e fechando os olhos, fato que contribuiu para que uma pequena esfera aquosa surgisse em sua frente antes de simplesmente explodir e quintuplicar de tamanho, voando contra o elétrico e o aprisionando em um poderoso redemoinho antes de se dissipar com o vento.

Por fim, Syd. Após tudo isso, o inseto colocou os olhos pra fora da concha, olhando de um lado para o outro e erguendo as pinças para o céu de maneira cautelosa. As remexeu para lá e para cá e, de repente, a ventania parou... Antes de retornar com o máximo de força possível outra vez, mais uma vez - porém, não era mais chuva. Arrancando terra e poeira do relevo, o pequeno rochoso invocou uma fortíssima tempestade de areia, que tornava quase impossível visualizar dois palmos à frente do rosto, antes de se esconder mais uma vez.

Contudo, o fato não pareceu um empecilho real para Zapdos - e isso se tornou evidente com uma nova saraivada de raios que varreram todos os companheiros de Valassa... ... ...Exceto por Meo-Mey, que havia agido a tempo e se escondeu por trás de um novo escudo transparente, encolhendo-se no canto da batalha e se fingindo de sonsa. A mesma sorte não teve Lenora, que virou frango frito com um poderosíssimo eletrocutar crítico que a fez guinchar e cair com tudo no chão, como um pesado saco de batatas - o mesmo para Syd que, depois de ter se escondido na sua casa, infelizmente não saiu mais. Ume e Roserade não tiveram tantos problemas (afinal, o gramíneo até mesmo teve o luxo de se recuperar com uma poção!), mas a quadrúpede acabou afligida pela mesma condição que o mascarado de sua equipe. De qualquer jeito, o acerto em Ivysaur acabou se tornando uma ótima vantagem, pois novamente o Overgrow se ativava e permitia que a quadrúpede repetisse o movimento feito anteriormente, arrancando vitalidade do adversário para poder pacientemente se curar.

Naquele instante, tudo parecia encaminhado para uma maravilhosa destruição causada pelo alado elétrico - não fosse o pequeno detalhe de todas as armadilhas cuidadosamente preparadas pelo unoviano. A ave parou para respirar; E esse pareceu o gatilho para ativar cada uma delas - as pedras voando na tempestade, o envenenamento e, sinceramente, nem precisou passar daí, mas se quiser saber, ainda tinha na fila as sementes sanguessuga cautelosamente grudadas entre as penugens do dourado. Ele guinchou, e talvez o barulho mais horripilante que ecoou desde a chegada na ilha do cemitério e, então, as asas pararam de funcionar no mesmo momento que o corpo pesadamente se dirigiu ao chão, tombando por sobre a relva num baque oco - o elétrico até chegou a tentar se levantar, mas não parecia possuir forças para sequer se mover direito, a respiração descompassada (explícita no movimento do peito), as penas bagunçadas e o olhar frustrado.

Não aparentava ter capacidade de reagir à qualquer atitude do giratinista a partir dali...
Mas, seria mesmo?
 
Zapdos:
Nocauteado
Hold Item:
Expert Belt
Trait:
Static

Lv.55 Zapdos


00/164
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Lv.25 Meo-Mey


19/56
Lv.28 Buddy


34/73
Lv.24 Ume


22/62
Lv.24 Lenora


00/82
Lv.22 Syd


00/54
Trait 1:
Technician
Trait 2:
Poison Point
Trait 3:
Overgrow
Trait 4:
Moxie
Trait 5:
Sturdy
Hold Item 1:
Silk Scarf
Hold Item 2:
Normalium Z
Hold Item 3:
Miracle Seed
Hold Item 4:
Power Band
Hold Item 5:
Expert Belt
Meo-Mey:
Normal
Buddy:
Paralisado
Ume:
Seeded (+);
Paralisada

Lenora:
Nocauteada
Syd:
Nocauteado

Campo: Um templo antigo adornado com ouro e várias estátuas. A tormenta parece mais forte, e a chuva... de areia ruge [2/6].
Grassy Terrain ativo [4/6].

_________________
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Mensagem por Pagliacci Ter Fev 04 2020, 18:39

OFF:

Acredito que nesse momento, se fosse inteligente o bastante, Zapdos já sabia que eu era o "ordenador" dos golpes que vinham sobre ele pelas mãos de meus Pokémon. Isso significava que me atacasse e me derrotasse, poderia facilmente desarticular todo o trabalho que havíamos feito até aqui. Pensando nisso, depois de dar as últimas ordens aos meus companheiros, ocultei-me por trás de uma das grandes colunas que completavam o cenário, observando sorrateiramente a movimentação dos Pokémon. E bem, até que não foi uma má ideia... Assim que agachei-me, escondido, um dos seus fortes raios passou a centímetros de mim, explodindo numa descarga elétrica poderosíssima, que lançou Buddy e Ume para trás, dando cambalhotas pelo chão, fez o casco de Syd - com o Pokémon oculto dentro - rolar para longe até parar rodopiante, como uma moeda qualquer e só não nocauteou Mey e Lenora porque simplesmente protegeram-se por detrás de uma barreira. Essa explosão de eletricidade podia ser muito pior se não tivesse retirado o terreno elétrico daqui e felizmente, apesar do alto dano, lhe cobrava muito, até para um Lendário, permitindo que eu e os Pokémon agíssemos entre um golpe e outro.

Aproveitei o fim do estrago para uma corrida, por trás das colunas, contornando o lugar até tentar me aproximar dos corpos, que dessa vez pareciam não ter ido muito longe desde a última vez que tentei alcançá-los... Enquanto meu olhar buscava as meninas, pudia ver com o canto dos olhos a ação dos meus próprios Pokémon. Buddy me observava e esperava uma reação, então de lá mesmo acabei realizando em conjunto, todos os passos de "dança" que invocavam o BLITZNEAK BREAK. Entretanto, ao invés do golpe normal, o que ocorreu foi a conjuração de uma esfera de ar por parte do Gramíneo, como se ele absorvesse parte da tempestade e formasse uma esfera, que ergueu acima de sua cabeça. A esfera começou a absorver também água da chuva, transformando-se nesse elemento e ganhando mais e mais volume, até ser gigantesca, no ponto exato de ser lançada contra Zapdos. Ao tocar o Lendário, o movimento transformou-se em um grande redemoinho, que arrastou o poderoso Pokémon com uma força descomunal, que nem suas asas rapidamente agitadas podiam acompanhar e repelir.

— ISSO! — Gritei, cerrando os punhos, ao ver o grande impacto que Buddy causava. Aproveitei para encarar o Pokémon e pedir para que ele viesse junto comigo para onde estava indo. Foi a vez então de Ume agir, com seu movimento poderosíssimo de dreno, que uniu todos os tipos de Boost que poderia ter, potencializando ao máximo suas habilidades, além de recuperar parte de suas energias. Por fim, foi a vez de Dwebble agir, sendo tão pequeno que era quase imperceptível diante do Lendário. Ele usou suas pinças para cravar as patas no solo, numa parte sem piso e erguer um punhado de terra, que parecia ganhar vida e dominar o cenário. Como uma grande bolha de areia, o movimento de Syd bloqueou a visão para o exterior, deixando a tempestade distante de todos nós. Em seu lugar, uma tempestade ainda pior, completamente de areia. Tentei pegar meu próprio cachecol e tampar o rosto para evitar o impacto dos grãos, mas só então lembrei que o acessório havia sido dado para Naty... Uma nova punhalada de sentimentos em meu coração. O pior de tudo, é que nesse caos tempestuoso, ficava ainda mais difícil achar seus corpos. Em seu lugar, encontrei Buddy, que vinha até mim para que eu usasse a Poção prometida. Um Spray em cada parte mais ferida foi o suficiente para lhe dar um fôlego a mais, segundos antes de um novo golpe ser lançado por parte do Lendário.

Bem, dessa vez eu realmente não estava esperando a descarga elétrica... Atravessando o globo de areia, um poderoso raio veio dos céus, de encontro ao corpo do pássaro, que distribuiu a energia uniformemente entre todos nós presentes. Com o impacto, Buddy foi lançado sobre mim e eu, por sua vez, fui lançado contra uma coluna, ficando sem ar e vendo meu corpo deslizar lentamente até o chão, sentado... Mey e Lenora novamente tentaram proterger-se, mas a Honchkrow, diferente da sortuda da Meowth, levou a pior. Foi chicoteada por um forte lampejo de relâmpago que quase a fritou, lançando-a no chão, aos pés da escada que nos trouxe até aqui, assim como Syd, que novamente escondeu-se em seu casco e de lá não voltou. Ume resistiu bem aos golpes e novamente teve a possibilidade de usar todo o seu potencial para absorver mais uma grande quantidade de energia do Lendário, que debateu-se tentando desvencilhar, perdendo altitude a cada tentativa de libertar-se. Além do golpe da Ivysaur, houve o envenamento passou a cobrar bem mais do Zapdos, que ainda tinha de lidar com areia entrando e acumulando-se em seus olhos e bico, minando suas últimas forças, até cair no chão, com um impacto profundo, que reverberou por todo o Monte.

Segundos se passaram desde a queda e o gramado feito por Buddy perdeu a vida e murchou até tornar-se seco. Já a tempestade de areia, cessou e caiu de uma vez só como as areias de uma ampulheta. No chão, um Lendário que tentava erguer-se, mas não tinha forças e simplesmente cessou seus movimentos, entregando-se a derrota. Tossi um pouco de areia que havia entrado na minha boca, no instante que senti a chuva, agora mais fraca, cair sobre minha cabeça. Notei os corpos inertes de Lenora e Syd no chão e tratei de trazê-los de volta à cápsula, guardando as esferas em seguida. Buddy, Mey e Ume, ainda de pé, aproximaram-se de mim com cautela, claramente exaustos e detonados. Observei apenas Zapdos por alguns segundos e então sorri, mesmo que estivesse tão quebrado quanto ele — Eu te disse... Eu ia tirar tudo de você... — E ajeitando a roupa amassada e um pouco rasgada, virei de costas, caminhandoa até próximo templo onde o Pokémon se encontrava antes e os corpos das meninas ainda deveriam estar... Precisava conferir se ainda estavam vivas, se Natalie estava lá com ela. Se aquilo era REAL afinal!

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Mensagem por Shianny Ter Fev 04 2020, 21:13

Em meio ao caos, a única coisa palpável e com "ar realístico" era, muito provavelmente, os sentimentos que chicoteavam o giratinista com a mesma violência que a tempestade fazia, há pouco tempo, com todo o terreno do cemitério - fosse saudade, desespero, medo, ira, arrogante confiança; E todos juntos, até. Entre a tormenta da tempestade, de água ou de areia, testemunhando o inferno elétrico que o lendário invocava com facilidade por sobre todo aquele projeto de equipe de resgate, era difícil saber que tipo de resultados seus monstrinhos seriam capazes de desenhar naquela tela mórbida pendurada no cume do Pyre - golpes e defesas eram trocados com agilidade quase impecável, arrebatando guerreiros do campo ou forçando-os a suportar por mais um único momento que fosse, um a um. Assim sendo, é compreensível a fagulha de alegria que se acendeu em seus corações diante da pesada queda que o rei alado sofreu de seu trono, levando consigo a tempestade de areia e a relva esverdeada que, até então, recobria o templo que se tornara coliseu - ao se voltar de costas para o caído, uma brilhante luz no fim do túnel parecia surgir para o unoviano, afinal.

...Infelizmente, aquela não era uma luz de esperança.

A tal luz, aliás, veio fortíssima, radiante como os relâmpagos que há pouco coloriam os céus, exatamente das costas do rapaz: E o que o esperava, garanto que tenha sido a cena mais desesperadora de toda a sua odisseia até então. O corpo da gigantesca ave cintilava em um ofuscante brilho esbranquiçado; Aos poucos, os músculos do selvagem encontravam forças outra vez para se erguer, enquanto seus ferimentos se dissipavam como pétalas de dente-de-leão ao vento, absorvidos pela iluminação que o acolhia em ninho. Quando pôs-se outra vez de pé, exuberante, as asas se abriram de uma vez e o bico se ergueu aos céus, emitindo um poderoso guincho que ribombou com a potência de um trovão por toda a ilha - em perfeito estado, como se todo o confronto até então sequer houvesse ocorrido.

Devagar, o bico se baixou, para que o olhar indiferente repousasse sobre a insignificante imagem do giratinista. Suave e discreto o suficiente para que pudesse pensar ser coisa da própria cabeça, o elétrico balançou a cabeça em negação de um lado para o outro; Aos seus pés, a eletricidade expulsa há momentos atrás encontrava espaço para invadir mais uma vez, as faíscas amareladas pulsando sobre o piso de marfim - o peito da ave se inflou, e as asas se acomodaram pacientemente junto ao corpo. Naquele momento infinito, com soberba, seus olhos sorriram.

Oh, pobre rapaz.
Você realmente acreditou ser capaz de destronar um soberano elétrico?

A tormenta, há pouco apaziguada, rugiu uma última vez. Exuberante, Zapdos volveu a atenção para os céus e tomou um impulso sobre o piso para zunir na direção do manto celeste, que se manchou novamente com pesadas nuvens escuras e, do fundo do peito, mais um de seus guinchos ensurdecedores ecoaram pelo templo, reverberando entre as estátuas do lugar e fazendo estremecer suas luxuosas colunas. Mais uma vez - entretanto, sem dar tempo para que nenhum dos fracos companheiros restantes de Valassa encontrasse brecha para reagir -, o inferno elétrico desceu sobre o relevo, castigando as criaturas vivas que por ali residiam: Em especial, um dos raios virou-se certeiro sobre a carcaça do giratinista, provocando uma dor excruciante que se espalhou por todos os seus músculos e células e talvez, só talvez, também serviu-lhe de karma sobre o ocorrido em certa fonte, há algum tempo atrás.

E então, tudo ficou escuro.

***

Quando acordou, não existia mais templo: Era algo que com certeza poderia dizer, mesmo que (garanto) o rapaz precisasse de alguns segundos (ou talvez até minutos) para acertar a visão turva, embaçada. Seu corpo ainda doía, àquela altura - quanto tempo deveria ter passado, desde todo o caos? -, mas felizmente repousado sobre uma superfície macia, para variar. Além disso, em contraste com a tormenta que o assombrara por uma longa viagem, tudo o que o rodeava agora era um silêncio quase sepulcral, maculado somente pelo barulho suave de movimentação pelas proximidades.

Estava escuro - muito mais do que estaria caso houvessem raios rasgando os céus, mas não o suficiente para que o horário pudesse se passar por noite fechada. A penumbra bailava pelo cômodo, e uma tímida luz fraca, quase insignificante, era a única responsável por iluminar o local. Ao lado da maca, uma enfermeira de madeixas avermelhadas pacientemente fazia a substituição da bolsa de soro ligada à veia do unoviano: E, acredite, não foi fraca a surpresa que a atingiu ao se dar conta da movimentação e despertar do moreno.

— Deus! — Exclamou, baixinho, se inclinando em alguns centímetros por sobre o corpo do treinador. — Você acordou! — Disse, antes que um sorriso enfim passeasse pelo rosto. Era difícil dizer se por alívio ou contentamento com o fato mas, bem, de que isso importava, afinal? — Como se sente? Consegue falar? — Perguntou, com um toque discreto no braço do rapaz, buscando alguma reação - se é que já não havia tido alguma.

...
Certamente uma companhia melhor que um lendário imparável, hmm?

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Mensagem por Pagliacci Qua Fev 05 2020, 02:23


Eu poderia ter fingido não ver o Zapdos, deixá-lo desmaiado no chão e seguir o meu caminho junto aos meus Pokémon e pronto. Bem, não que isso fosse resolver o problema e tornar tudo melhor do que está. Mas... Não... Eu precisava abrir a minnha boca enorme e falar algumas bravatas para o caído Lendário. Bem, quando se está nas nuvens, voando alto, a queda sempre é maior, não é verdade? Valeu para o próprio Elétrico e agora para mim... No momento em que virei as costas para o Pokémon e caminhei na direção do Templo onde os corpos pareciam estar, fui surpreendido por uma mudança repentina no ar, no ambiente. Uma sensação, sabe? Meus pelos do braço arrepiaram e não era apenas causado pela corrente de ar frio que passava por ali com força. Era estática... Os céus reclamaram quando as nuvens movimentaram-se sobre mim, chocando-se e retumbando-se, uma verdadeira orquestra percursionista da natureza. Se fosse apenas um som qualquer, não ligaria, mas uma sequência ininterrupta deles me chamaram a atenção e me fizeram ver os céus, deixando os corpos novamente para segundos mais tarde. Mal sabia eu contudo, que esses segundos não chegariam.

Ao encarar as nuvens, como um teto preto de matéria indiscritível, viva e contorcida, eu pude ver as pequenas fagulhas. Eram pequenas, mas logo foram unindo-se e formando uma rede de eletricidade que iluminava o céu em tons de amarelo, branco e grafite. Os raios uniram-se ao redor de um único ponto desceram até o topo do Monte, certeiros! O alvo? O corpo desfalecido do Lendário. Virei-me na direção de Zapdos, no instante do encontro com o raio. Simultaneamente, uma luz muito clara dominou todo o lugar, obrigando-me a tapar os olhos para não ficar completamente cego e bem... Talvez eu preferisse ser para não ver o que aconteceria a seguir. Movendo um músculo de cada vez, a criatura a muito esforço derrotada, ergueu-se novamente. Primeiro a cabeça, depois uma asa, então a outra e por fim o corpo inteiro. Não demorou muito para que chegasse aos céus e mais trovões soassem como tambores a lhe receber. Zapdos absorvia a energia do ambiente para se reerguer imponente. Com os olhos voltados para o alto, abriu suas imensas asas e estufou o peito, demonstrando uma completa recuperação. Instintivamente, comecei a dar passos para trás, preparando para comandar os Pokémon ainda restantes ao combate, mas... Não haveria algum desses... Até mesmo a energia que infiltrava-se pelo chão antes da intervenção de Buddy, voltava a preencher cada fresta do piso, como se houvessem lâmpadas instaladas bem abaixo deles.

Eu sabia que não seria fácil enfrentá-lo novamente, ainda mais contando apenas com praticamente metade do time. É claro que não me entregaria tão simplesmente e o enfrentaria até a morte se fosse preciso. E bem, parecia ser preciso... Eu tive certeza absoluta de que não havia mais luta quando finalmente o pássaro abaixou sua cabeça e apontou o longo bico em minha direção. Seus olhos, energizados de vingança pareciam quase sorrir de maneira plástica diante de meu desespero e, alguns segundos depois, os céus caíram sobre mim e meus companheiros. Uma chuva de raios, mais densa e pesada do que qualquer tempestade que já havia enfrentado desceu das nuvens. Entretanto, ao invés de vir diretamente sobre a minha cabeça, foi absorvida pelas céulas eriçadas do corpo de Zapdos. De lá, não demorou nem um segundo para serem expulsas numa velocidade inacreditável, com uma força descomunal e imparável. A última lembrança que tive foi a visão daqueles olhos... Os olhos... Era meus olhos, era a minha tortura, agora contra mim. Num lampejo de luz fui ao limite da dor. No outro, nada senti. Por algum tempo - que não podia precisar quanto - meu corpo deixou de existir e eu senti um peso ficando para trás. Ao meu redor, apenas escuridão e um vazio. Um vazio tão silencioso que eu não sabia dizer se era mesmo silêncio ou um zumbido dolorido no ouvido.

— Então... É assim estar morto? — Comentei para mim mesmo, mas sem emitir qualquer voz. Afinal, não tinha boca ou ouvidos. Tentei observar minha mão e reconhecer meus dedos, mas não haviam olhos ou pele, ou membros, ou corpo. Seria esse o castigo eterno? A danação? Sem fogo ou espetos incandescentes em nossos corpos materiais? Sem Giratina ou um suposto Mundo Invertido? Era apenas a solidão de um vazio, com sensações incontroláveis aos quais éramos oferecidos sem defesa? Precisava pensar sobre isso e parecia ter muito tempo para tal, mas antes mesmo que tivesse a liberdade e o sossego de tentar lidar com essa perda física, uma luz abriu-se abaixo de mim. Primeiro era como um ponto, um pixel morto em uma tela gigantesca de cinema de alta definição e resolução. Entretanto, esse "ponto" foi crescendo, tão qual a angústia que invadia meu inexistente coração. Em segundos, ela era maior do que a mim. Seja o de antes ou de agora. Eu não queria ficar por ali abandonado, mas tinha medo de agarrar-me àquela luz que poderia ser uma mudança ainda pior. Tentei "nadar" no vazio para afastar-me, mas... Eu não existia! Qual é? Que tipo de brincadeira doentia era essa? Por mais que buscasse me afastar, a luz crescia e ficava mais ágil, me alcançando em segundos. O que antes era um grande borrão preto, agora tornava-se um borrão branco, mas por trás de pálpebras imaginárias, também haviam cores prestes a serem vistas... E foi com essa sensação estranha que abri os olhos para observar.

Primeiro havia o vermelho e bem, ele era o mais importante. Havia branco, creme, tons pastéis, mas esses vieram só depois e flutuavam ao redor do vermelho. Semi-cerrei os olhos e suspirei pesadamente, sentindo o corpo voltar a existir. Como eu sabia? Bem, pela dor... Não havia uma parte que não doesse, como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Usei os cotovelos para me ajeitar naquela cama... Não, era uma maca. Fiz uma careta e encarei novamente o vermelho, que começava a tomar forma de um... Cabelo? Tremi os lábios e a voz, que tentava sair, engasgou. Forcei um pouco mais, abrindo a boca e tentando mexer a língua. Praticamente tentando dizer o que cada parte dela deveria fazer — N... Na... ty? — Consegui emitir, mas praticamente tendo que lançar a cabeça toda pra frente para dizer. Primeiro, achei não ter sido ouvido - ou era imaginação - só que antes de tentar falar novamente, consegui chamar a atenção. A figura feminina, ainda borrada, virou-se para mim e surpreendeu-se. Eu estava tão terrível assim? Enfim... Ela veio até mim e perguntou algo que não consegui compreender. Apesar de ainda estar muito mal para ter certeza, não parecia a voz de Natalie... A segunda frase já era mais audível, ela estava mais inclinada na minah direção, questionava se eu tinha acordado. Sacudi a cabeça afirmativamente e respirei fundo, tentando manter um ritmo de respiração. Por fim, ela perguntou como eu me sentia e se conseguia falar. Assenti novamente com a cabeça — Est... ou. Bem... Ss..sim... Co... Consi...go... Meus Po- Pokémon? Natalie? Zapdos? — Questionava ainda desorientado, mexendo o braço e sentindo que estava "preso" a uma bolsa de soro, com uma agulha enfiada no braço. Instintivamente minha mão foi até ela para retirar, mas não tinha condições e nem noção para fazer isso, por isso ela acabou caída, desfalecida de volta á cama. — On... de esto..estou? — Questionei por fim, levando a mão até a cabeça, como se isso fizesse a sala parada de lentamente girar e os latejos parassem. O que havia comigo?
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Mensagem por Shianny Qua Fev 05 2020, 03:44

É engraçada a maneira como uma realidade pode se estilhaçar com a mesma simplicidade de um estalar de dedos além de, é claro, se moldar à bel-prazer de acordo com o protagonista que a domina (ou pelo menos possui a ilusão de) como titereiro. Também cômica era a noção de que existia a possibilidade de, nem que por uma única atitude diferente da tomada, toda uma linha do tempo poderia ser completamente modificada, fosse para o bem ou para o mal - ou seja, imagine só se toda essa finalização imponente poderia simplesmente não ter existido, se não fosse a arrogância do giratinista ao considerar todo o problema com o alado solucionado e, no ápice da auto-confiança, ousou desprezar o soberano e, por isso, teve suas asas podadas. Não valia a pena pôr em mesa todos os "e se" que o rondavam ao longo de toda a viagem através não só da 121, como também do cemitério vertical; Tantas eram as coisas que poderiam ser alteradas para uma versão mais leve nos últimos tempos que, se sobre elas refletisse, seria apenas como assumir a responsabilidade ao convite da própria insanidade.

Morreu, naquele lugar - sepultado foi, literalmente ou somente em essência. Paranoias desenterradas sobrepunham ética, moral e caráter, sufocando-os entre o abraço mórbido de fantasmas esquecidos pelo tempo. Arrastada foi sua consciência, para um lugar distante e vazio e, nele, permitiu-se desabrochar os temores e reflexões que não mais fariam diferença no vácuo. Refletir sobre os próprios pecados ou se permitir martirizar por eles, quando uma escolha não anula a outra, são opções fatais para uma alma fragmentada pelas provações - e provocações - do vasto universo.

Então, acordou. Fosse tragado para que enfrentasse as consequências dos próprios atos ou meramente por uma oportunidade cedida por seu anjo protetor, lá estava: Finalmente junto à quem tanto procurava!... ... ...Quer dizer, pelo menos foi o que pensou, em um primeiro instante. As lembranças de um amor desaparecido foram suficientes para rasgar em pedaços a ilusão de sua presença e, em sílabas vacilantes e enroladas, questionou sua experiência - e, naquele momento, ela só foi digna de pena.

O cenho da ruiva se franziu com suavidade e, por alguns segundos, se reservou ao direito de não responder. Com delicadeza e paciência, as mãos ampararam o corpo do unoviano diante de sua tentativa rebelde de se erguer, controlando e contendo-o com a gentileza e toque macio de uma pluma, acomodando-o mais uma vez sobre o colchão, ajeitando o travesseiro sob sua cabeça. Era questionável pela dormência do próprio tato, porém, a movimentação da mão e o repousar em seu braço o permitiram sentir as faixas que cobriam-lhe a pele, centímetro por centímetro.

— Não se esforce. — Aconselhou, com um suspiro cansado, antes de finalmente se dar ao luxo de tentar decifrar as palavras quase confusas do rapaz. — Seus pokémons estão bem. — Assegurou, apoiando os dedos sobre seu pulso em uma tentativa discreta de transmitir um pouco de calma. — Estão todos descansando, assim como você... Bem, com exceção desse aí. — Acrescentou, o olhar se voltando para a lateral da maca, à esquerda do unoviano. Ali, em uma pequena cadeira, a imagem borrada e oval de um bebê brincava com uma esfera vítrea e de um vivo escarlate entre as mãos, distraído o suficiente para sequer dar-se conta da consciência de seu treinador. — Não sei como ele está tão bem, considerando como vocês foram encontrados... — Murmurou, quase inaudível - uma informação passada de maneira provavelmente acidental, fato explícito na maneira como logo emendou outro assunto por cima. — ...Natalie... — Deixou o nome brincar na própria boca, e então a atenção se voltou para o giratinista, mais uma vez. — ...É a garota que estava com você? — Arriscou. Então, o corpo se virou parcialmente na direção oposta à maca do treinador (e à sua direita, mais precisamente), apontando para o leito ao lado.

Lá, de fato, existia alguém. Uma moça, mais especificamente, ainda que todos os curativos fossem responsáveis por torná-la em um projeto moderno de múmia - ao contrário de Valassa, porém, desacordada. Uma máscara de ventilação cobria seu rosto, auxiliando em sua respiração: A treinadora estava quase irreconhecível, não fosse o detalhe das madeixas ciano escorrendo por seus ombros - Brooklyn.

— ...Você está em Lilycove. — Explicou, ao enfim desviar o olhar na direção do moreno mais uma vez. — Se lembra de alguma coisa que aconteceu? — Perguntou, ignorando completamente a menção ao pássaro lendário. — Pode ser qualquer coisa, por menor que seja. Mas, não precisa se forçar a falar. — Incentivou, com um discreto aperto sobre a mão do rapaz, suave - o suficiente para sequer machucar, por mais que todo o seu corpo gritasse em agonia.

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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Mensagem por Pagliacci Qua Fev 05 2020, 21:33


Apesar de meus sentidos estarem completamente bagunçados, a minha mente não estava tão confusa e embolada assim - não mais do que já não fosse. Primeiro, havia sido a visão que me enganou achando ser Natalie... Na verdade, até mesmo o cheiro, provavelmente vindo do perfume da enfermeira, me lembrava a ruiva. Mas enfim... Eu já havia me localizado... Estava dentro de um hospital, bastante ferido, mas vivo... Eu não sabia se isso era bom ou ruim considerando o fato de que não tinha conhecimento sobre o que havia acontecido com Brooklyn e também com o suposto corpo que talvez fosse de Naty... Ou não. Minha tentativa atrapalhada de colocar o "tato" em dia e sentir o que era cada coisa daquelas coladas em mim, havia preocupado a funcionária, que gentilmente tocou meu braço e pediu que me acalmasse. Ela tinha jeito com aquilo, sua voz e toque eram macios e realmente transmitiam uma tranquilidade a mais. Acenei com a cabeça concordando, apesar de ainda querer saber mais sobre meus Pokémon. Felizmente, essa informação veio logo a seguir, junto de uma informação curiosa. Havia um deles ali, o tempo todo comigo. De início, ao ouvir essa informação, deixei passar como se não fosse importante. Entretanto, conforme o cérebro processava os dados, fui me tocando de que não conhecia a criaturinha... Seria...? Não, não poderia... Ou poderia?

Sentado em uma cadeira, de uma maneira tão suave e contrastante com o caos que havia sofrido, havia uma criaturinha fofa. Bem, um Togepi, que provavelmente veio do ovo encomendado e trocado com Haruki, antes de aventurar-me atrás de Natalie. Entretanto, ele não parecia apenas um Pokémon qualquer... Ele tinha uma cicatriz em sua cabeça, não tão perceptível a essa distância, mas que não demonstrava ser convencional. Além do mais, ele brincava com algo que eu não reconhecia. Provavelmente algum presente dado pelo Hospital. Até pensei em chamar ele ou questionar sobre a esfera vítrea, mas a fala seguinte da Enfermeira me "fisgou" de jeito. Ela comentou sobre o estado em que fui encontrado e que achava incrível o Bebê Pokémon estar tão bem. Eu sabia que havia sido golpeado, mas o quão grave ainda era desconhecido. Talvez bastante, diante da forma que a jovem desconversou e resolveu puxar assunto sobre o nome que eu disse: "Natalie". A Enfermeira questionou se era a garota que estava comigo e meus olhos arregalaram-se. Seria possível? Mas em seguida, como um soco no estômago a dúvida abateu-se. Essa "garota" estaria viva ou morta? E por que falou só sobre uma e não sobre duas? Afinal Brooklyn também estava lá... Fiz menção de falar, abrindo a boca, mas antes que pudesse fazer uma pergunta - o que já estava tornando-se costume por aqui - a expressão corporal da mulher me levou a olhar rapidamente para a minha direita. Bem, agora não tinha dúvidas, mas isso parecia corroer ainda mais minha alma, havia ali apenas Brooklyn, pelo visto viva, mas nada de Natalie.

— Não... Não é ela... — Disse baixinho, agora com mais facilidade. Minha expressão facial entregava o descontentamento, quase uma decepção. Então, lembrei que não deveria expressar isso diante da vida de alguém e então sorri — Mas eu a conheço... Se chama Brooklyn... — Comentei, displiscentemente, voltando a olhar a Enfermeira. A mulher então me explicou que eu estava em Lilycove... Em seguida, questionou-me sobre o que aconteceu. Pelo menos um detalhe que os auxiliasse a compreender o que havia acontecido. Imediatamente depois, fiquei calado, apenas aguardando, pensando no que falaria e se não soaria apenas uma loucura grande demais. Bem, alguns segundos depois, falei. Esperava que a espera toda não soasse suspeita — Foi.. Um acidente! Foi um raio. Estávamos andando em trio, mas minha namorada se afastou até um rio próximo. Ela foi... Busca água. Estávamos tentando retornar para Lilycove e então, um clarão veio. Acho que foi um relâmpago. E então, acordei aqui agora. Desculpe por não poder dar mais informações... — Comentei, fazendo uma cara de decepcionado e dando de ombros. Em seguida, voltei a olhar para Togepi e a esfera que ele segurava. Algo nela me chamava a atenção. — Aquela bolinha, vocês que deram a ele? Bem, tanto faz... Eu só queria saber se posso levantar, já me sinto pronto para isso. Andar um pouco pelo quarto. Posso? — Questionei a Enfermeira, agora já mais lúcido e ajeitando-me na cama para ficar sentado e não deitado. Se fosse possível, iria investigar melhor o Pokémon, o objeto e também Brooklyn. Tinha muitas perguntas e não via a hora de esclarecê-las.
Pagliacci
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