Segundo capítulo

Segundo Capítulo


Era visível o quanto aquele pequeno humano estava abatido. Mesmo sob a atitude carinhosa e prestativa do garoto de cabelos azuis, aquele menininho ainda chorava e tinha medo. Os Azurill, que outrora estavam investigando um ao outro, agora voltavam sua atenção a ele, preocupados.

— Eu, eu... Eu sou Alef — Ele gaguejou, mas conseguiu dizer. — Eu fugi de casa. E agora eu moro aqui. Mas tem um monstro na floresta, e temos medo de sair daqui. Eu tô com fome, mas não tem mais nada pra comer aqui e o Azurill não é forte para ir lá fora sozinho.

Apesar de dizer que seu Pokémon não era forte, Zaffre percebeu o quanto o garotinho estava errado. Entre choros e fungadas de tristeza, era perceptível o quanto aquele pequeno Alef sofrera e o quanto ele lutava para manter-se vivo. E apesar de tudo ali estava seu companheiro, tão pequeno e inofensivo quanto ele.

—Vamos atrás desse monstro juntos, nós quatro. Se unirmos nossas forças sei que podemos vencê-lo — Zaffre falou, assertivo. — Venha. Confie em mim.

Deu as mãos para o garoto se levantar e irem enfrentar aquela criatura.

Zaffre não era apenas um jovem curioso, ele também tinha muita empatia e tinha um grande coração. Assim, depois de ouvir os motivos de o garotinho estar ali dentro daquela cabana escondida na floresta, ele resolveu ajuda-lo a derrotar seus medos. Ainda não sabia o que encontraria lá fora, mas talvez o fato de não ter visto nada enquanto estava seguindo até ali o deixava mais confiante.

Alef logo aceitou a ajuda para se levantar, e os dois Azurill começaram a conversar em de seu próprio jeito, como se fossem velhos amigos. O garotinho pegou os guizos do chão, com bastante cuidado para não se cortar com os cacos de vidro, e depois os prendeu no fino rabinho de seu próprio Azurill. - Não deixe suas coisas jogadas assim. Você precisa disso para crescer mais rápido. – Ele dizia em tom sério.

- Moço, qual é o seu nome? – Alef perguntava curioso. Depois de se levantar ele começou a juntar algumas coisas, enquanto esperava a resposta. Ele pegava uma bolsa surrada e colocava um estilingue e algumas pedrinhas que estavam jogadas em um canto. Depois fazia sinal de que estava pronto.

Os dois Azurill pareciam animados, e saltavam em um “poing-poing” sincronizado. Cada hora um estava no alto enquanto o outro estava no chão.

Depois que todos estavam prontos, ele poderiam seguir de volta para a floresta aos arredores da cidade. Assim que saíssem da cabana, Alef os guiaria em direção à mata atrás da cabana. Parecia que Zaffre não havia encontrado nada no caminho, porque estava no local errado. Talvez agora fosse o momento de tentar saber mais sobre o que procuravam.

Segundo Capítulo


O pequeno garoto parecera se animar mais frente à disposição e empatia de Zaffre. O jovem de cabelos azuis via em Alef um pouco de si mesmo quando menor. Acuado, desprotegido e fragilizado. Era assim que ele se sentia quando morara no orfanato, antes de ir morar com seu irmão de coração, Harry.

— Não deixe suas coisas jogadas assim. Você precisa disso para crescer mais rápido. — O garotinho colocou os guizos na cauda do seu Azurill, que agora se mostrava animado com o outro Pokémon. Eles pareciam conversar animadamente. Zaffre sentiu a coragem e a força de vontade daquele menino em proteger quem era importante para ele mesmo num momento tão fragilizado. — Moço, qual é o seu nome?

Eles estavam saindo da cabana. Zaffre sorriu com a pergunta do pequenino.

— Meu nome é Zaffre. Acho legal como cuida do seu Pokémon mesmo enfrentando tantas dificuldades. Para que serve esse guizo que você usa em Azurill? — perguntou. Após uma pausa, continuou: — Continuando... me guie para onde você viu o monstro pela última vez. Sei que é difícil... mas você precisa fazer isso agora.

Depois de se apresentar, Zaffre perguntou sobre o guizo preso à cauda do pokémon do garotinho. O garoto se admirou por um treinador acompanhado de um Azurill não saber sobre aquilo, e enquanto andavam, ele explicava.

- Isso serve para deixar ele mais feliz. – Ele dizia enquanto guiava Zaffre em direção a nova área da floresta. - Os pokémon bebês só evoluem se estiverem felizes o suficiente. Por isso eles precisam brincar bastante.

Os dois Azurill concordavam saltitando de alegria.

O grupo continuava seguindo. E agora que já estavam entre as árvores, começavam a andar um pouco mais devagar por causa dos obstáculos. Alef ia na frente, e mesmo estando com medo, ainda conseguia guiar o grupo sem problemas. Ele já devia ter visto muita coisa por ali, então sabia que precisava fazer aquilo. Por vezes era possível ouvir o estomago do garoto roncar, ele estava com bastante fome.

Enquanto se afastavam da cabana, um doce aroma de frutas frescas tomava conta do ar. Parecia que estavam chegando em um dos pomares que havia ao redor da cidade. Alef parou e olhou ao redor, parecia esperar que algo acontecesse.

- É aqui. – Ele dizia. - Eu pegava frutas aqui pra comer, mas um dia o monstro apareceu e correu atrás de mim. Eu nunca tinha visto um bicho daquele. Ele tinha olhos assustadores e vermelhos. - Ele deu mais alguns passos e apontou para uma grande cerca viva. Parecia que a floresta havia terminado, e a vegetação estrategicamente plantada ali formava um cerca para separar a mata do pomar. Era possível ver uma abertura próxima ao solo, onde provavelmente Alef passava para pegar frutas no pomar. O garoto não parecia animado para passar por ali novamente, então ele recuava um pouco.

Enfim haviam chegado ao local onde deveriam encontrar o tal monstro, porém, eles precisariam atravessar aquele arbusto usado como cerca.

Percebendo o medo do garoto em continuar, Zaffre se propõe a ir na frente para ajudar o garotinho a superar seus medos. Zaffre sabia que provavelmente encontrariam ali algum pokémon, e que este pokémon poderia ter assustado Alef de alguma forma. Mas o garoto estava realmente com medo, como se fosse mesmo um monstro que estivesse por ali. Mas monstros não existiam, e era isso que o treinador deveria provar. Pelo menos, não daquele tipo.

Enquanto Zaffre engatinhava pela abertura no arbusto, Alef ia atrás. - Tá bom, mas fique perto de mim. – Ele dizia seguindo com seu pokémon logo atrás de Zaffre.

Ao chegarem do outro lado, os garotos se depararam com um grande pomar de berries. Havia frutas de todas as espécies por ali, e elas pareciam todas muito bem cuidadas. As árvores eram dispostas em filas, e cada fila possuía uma distância de um metro entre ela e a fila do lado. Por enquanto ainda não tinha sinal do tal monstro, nem mesmo de nenhum pokémon. Ao olhar para os dois lados, era possível ver que o pomar se estendia por centenas de metros tanto para um lado, quanto para o outro. Devia ter milhares de árvores frutíferas por ali.

- Eu nunca fui muito longe. – Alef dizia sem sair de perto do buraco. - Mas tem umas frutas bem docinhas que ficam ali na frente. Eu sempre pego delas. - Ele apontava para a direita de onde estavam. Talvez o ideal seria verificar por ali primeiro.

Segundo Capítulo


O buraco era estreito e escuro. Realmente, parecia algo que tinha saído de um filme de Pokéterror. Mas ao sair, a visão mudava-se totalmente.

Árvores de todas as cores repletas de frutos se enfileiravam coordenadamente. O aroma era delicioso, e pairava no ar um sentimento misto de calma e doçura. É claro que aquele lugar atrairia Pokémons.

Zaffre foi em direção a uma das árvores, com Azurill animado ao seu redor. O pequeno Pokémon cheirou animado uma das berries e começou a pular continuamente. Ele devia gostar daquela. Zaffre decidiu pegar algumas para o pequeno.

— Eu nunca fui muito longe. Mas tem umas frutas bem docinhas que ficam ali na frente. Eu sempre pego delas.

— Vamos, Alef! Sem medo, confie em mim! Vá pegando as frutas que gostar enquanto vou na frente.

Zaffre, então, deu as mãos ao garoto para que fossem para as árvores à direita. Os Azurills os seguiram animados.

Depois de atravessarem o buraco, Zaffre e seu Azurill focaram maravilhados com o pomar, já que era a primeira vez que estavam ali. O jovem treinador seguiu até uma das árvores próximas e pegou uma das frutas para seu pokémon, que saltitou animado. O outro pediu por uma também, recebendo em seguida.

Mas estava na hora de continuar seguindo. Zaffre, então deu a mão para o garotinho, e seguiram na direção em que ele havia indicado. Procurando pelo local onde ele havia encontrado com a criatura desconhecida. Com os humanos seguindo à frente do grupo, os dois Azurill saltitavam logo atrás.

Não era longe, e logo eles estavam no local. Nenhuma das frutas encontradas até o momento apresentava efeitos característicos. Eram todas de tipos usados apenas na culinária. Algumas eram bem doces, como as que estavam ali mas havia frutas de todos os tipos e sabores.

As Bluk berries, as favoritas de Alef, eram doces e deixavam uma sensação adstringente na boca. Cresciam em cachos, belos e brilhantes.


Enquanto estavam ali distraídos com as frutinhas, algo se aproximava de forma rasteira pela copa de uma árvore próxima, para que eles não percebessem. Os dois Azurill acabaram sendo os primeiros a perceber a aproximação, e com um gritinho de cada um, chamaram a atenção de seus treinadores. Ao olharem na direção em que os pequeninos apontavam, viram no primeiro momento, apenas um par de olhos vermelhos e assustadores em meio ar folhas verdes. Alef imediatamente se encolheu e começou a chorar.

A criatura era rápida, e imediatamente saltou na direção de Zaffre e Alef, fazendo o pequeno chorar ainda mais alto.


Finalmente a criatura se revelava, era um Zigzagoon, um pokémon bastante comum naquela região. Mas algo estava errado. Com aqueles tenebrosos olhos avermelhados, e uma pelagem preta e branca, aquele pokémon não parecia normal.

- É ele! Esse é o monstro. – Alef dizia. - Ele parece um Zigzagoon, mas um Zigzagoon não é assim! - O garoto se escondia atrás de Zaffre, e esperava que ele fizesse alguma coisa.