002 - QUAERERE

A primeira rodada havia sido excelente, Golett e Passimian só precisaram de um único ataque cada para acabar com Teddiursa e deixar Combusken à beira da derrota. Mesmo com a vantagem totalmente em nosso favor, não sabia o que poderia vir a seguir, então precisava manter a calma e focar em derrubar o pokémon do tipo fogo antes que algo pudesse ser feito contra nós. Cerrei os punhos e olhei em direção à dupla de vilões.

-Não vamos pegar leve! Golett, continue com a sequência de Drain Punch contra Combusken!

Mantive minha voz firme, em minha cabeça só passava a cena de Eevee tremendo de medo e o som de seu choro. Peguei a pokébola dele, queria ficar um pouco com o pokémon, mesmo que dentro de sua esfera... E talvez ele não ficasse por lá, o objeto começava a tremer como se ele quisesse sair, mas por algum motivo ele se mantinha do lado de dentro.

-O-O quê? - Fiquei preocupado com aquela reação, a preocupação se permaneceu mesmo após a tremedeira parando após alguns segundos. O que havia acontecido? Não sei, mas queria poder cuidar do pokémon o quanto antes -Não... Não se preocupe - disse a Karen -Eu vou cuidar dele assim que sairmos daqui.

Mantive a pokébola em minhas mãos, agora qual seria o resultado daquela batalha?

Entre socos e bicadas, logo a batalha foi encerrada com a vitória vindo para o nosso lado. Aqueles dois eram maus perdedores e saíram correndo assim que foram derrotados dizendo que deveriam ter ido para lares roubar carteiras de velhinhas -Não valem nada - disse irritado. Pelo menos não teríamos mais que nos preocupar com eles. Saímos daquele caminho e chegamos à entrada da praça de alimentação.

-Parece que estamos seguros, e... Obrigado - disse a Karen por ter me ajudado na batalha e tentado me acalmar naquela hora, devo admitir que ter alguém junto a mim naquela hora deu fez a diferença, talvez eu tivesse voado para cima de um deles após o término da batalha caso estivesse sozinho -Agora, a sorveteria. Você estava indo para lá também, né? Acho que é hora de descobrirmos alguns sabores de sorvete.

A pokébola de Eevee permanecia em minhas mãos, assim como Golett ao meu lado. Agradeci o pokémon terrestre por sua ajuda -Acho que você pode descansar depois de dar uns socos por aí, assim que puder prometo te deixar mais forte - retirei sua Muscle Band e o retornei para a pokébola. O que fiz em seguida? Liberei Eevee, precisava acalmá-lo um pouco. Antes que eu pudesse interagir com ele, Cupid acordou e deu um longo bocejo, pulando de meus braços e indo ao chão. A aterrissagem não foi perfeita, perdeu o equilíbrio e caiu de bunda no chão reclamando do ocorrido -Calma aí, vai se machucar assim - o ovo apenas inflou as bochechas, não tinha muito a ser feito.

Voltei meu olhar ao pequeno quadrúpede que parecia tremer de medo olhando para o chão, aqueles dois... Malditos... Aqueles malditos colocaram tanto medo nele que mal conseguia se manter de pé. Aproximei-me do pokémon, mas... Eevee deu um grunhido bem alto -O-O quê? Eevee... - antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o pokémon pulou em mim, mordendo minha mão, pude ver a expressão de pavor em seus olhos, sua reação não havia sido racional, talvez fosse seu instinto defensivo? Comecei a entendê-lo melhor, não era apenas timidez, o pokémon nascera com um medo maior que o comum, pelo menos agora em sua infância e a experiência anterior, por mais curta que tivesse sido, mexeu com ele.

-Gnh! - a resposta à dor que sentia foi um gemido, um que eu tentava evitar o máximo possível. Eevee estava com medo e eu precisava ajudá-lo. Com a outra mão, abracei o pokémon, então o trouxe até mim. A mão livre começou a fazer um cafuné em sua cabeça atrás da região das orelhas -Ei... Já acabou.. Eles já foram embora, não precisa ter mais medo - não sei se foram minhas palavras, mas quando o o abracei vi ele se acalmar um pouco mais, mas ainda não parava de tremer. Continuei tentando conversar com ele e espantar seu medo. Cupid resolveu intervir, subiu em meus braços e assim como eu fiz deu um abraço em seu colega com seus bracinhos. Ao sentir o calor de nós dois, nosso pequeno amigo foi acalmando até o ponto que sua mordida se soltou e começou a chorar. Momento após, Eevee adormeceu.

-Acho que, vamos ter que deixá-lo descansar um pouco - disse a Cupid que, sorrindo, concordou. Resolvi carregá-lo em meus braços para acompanhar seu estado emocional -Por favor, ande do meu lado e não saia andando por aí, ok? Não vai ser fácil te encontrar se você sumir... E aqueles caras podem te achar - pensativa por alguns momentos, Togepi inflou suas bochechas mais uma vez, porém concordou, nem ela queria ter que enfrentar vândalos sozinha. Antes de prosseguir, resolvi fazer um curativo, seria necessário -Só um momento, Karen, vou precisar cuidar disso aqui.

Peguei uma garrafa da água e usei para limpar e retirar o sangue, então usei uma gaze para cobrir o ferimento e o suficiente de uma atadura para envolvê-la, por fim prendi com o esparadrapo -Prontinho - disse estendendo a mão. Com o pokémon em meus braços novamente, era hora de seguir à sorveteria -Então... Vamos à sorveteria?

Eevee dormia bem em meus braços, parecia tranquilo, tão tranquilo que nem parecia que teve uma crise de pânico há alguns minutos. Após algum tempo de caminhada, chegamos à sorveteria, agora era só entrar e tomar o sorvete, não é? Bem...

-Uh? Mabel? - não sabia quem era, mas a carta nas mãos de Karen parecia ser importante. Ela não precisava vir comigo para tomar o sorvete, ela poderia simplesmente completar o que tinha para fazer no momento, mas... -Sem problema, não é como se a sorveteria fosse sair de lá ou algo assim. - e realmente não iria... E de alguma maneira eu havia concordado em não ir à sorveteria por agora. -Nesse caso, o que acha de eu te ajudar com isso? - disse olhando para o lado - -Ah! Não é nada demais... É so que as ruas dessa cidade já mostraram que não são tão seguras assim.

Então, se ela aceitasse... só precisaria saber por onde começar. Ela havia recebido mais alguma orientação?

Então estava decidido, não é? Eu iria com a garota entregar a carta, depois voltaria para tomar um sorvetinho. Enquanto conversávamos, seus Passimian pegava o ovo que ela mantinha guardado e tentava batucá-lo so para ser repreendido antes que tivesse a chance. Ela tinha o endereço de onde o destinatário morava e como chegar lá a partir do ponto de referência.

-Assim fica mais fácil. Se ele mora aqui na esquina, então é só procurar. - peguei minha PokéNav -Sabe, a gente pode procurar pela função GPS da minha PokéNav. É so colocar o endereço e... - lá estava, o caminho para chegar à residência na tela do aparelho.

A maior preocupação agora seria um evento totalmente misterioso e inesperado surgir e atrasar nossa viagem, assim como havia acontecido toda vez que chegávamos a um lugar novo. Bem, se a sorte estivesse ao nosso lado a carta seria entregue. Orientei o mapa em relação ao local onde estávamos, agora era só segui-lo, mas antes achei melhor explicar o aparelho para Karen.

-Isso aqui é um PokéNav, é um aparelho com várias funções para ajudar os treinadores. Vai desde mapa até informações de rotas. Se quiser, pode pegar uma de graça na Corporação Devon em Rustboro. Agora, podemos ir?