[Saffron]Capítulo 2: Restauração

Off:

Enquanto estava naquele avião, não pude parar de pensar em nossa viagem até nossa casa. Eu estava animado com aquilo, sério, poder rever a cidade onde vivi toda a minha vida, pisar novamente na região onde comecei minha jornada, ajudar a restaurar parte dela dentro do que nos for proposto, era um sonho não tão distante... Mas quanto mais nos aproximávamos, mais nervoso eu ficava. Antes de irmos, tive aquela conversa com Karen sobre podermos fazer isso juntos e tal, mas eu estava tão inseguro quanto animado, na verdade eu já não tinha mais segurança nas coisas que eu fazia desde o que aconteceu no Mt. Pyre... Aquela derrota realmente mexeu comigo. Queria deixar isso de lado, não era minha intenção deixar Karen preocupada comigo. Logo ouvimos o piloto mencionar sobre a aterrissagem estar próxima.

-Finalmente! - tentei parecer animado e esconder o nervosismo.

Conforme o avião chegava cada vez mais próximo do chão, conseguia ver a minha Saffron e seu estado... Deplorável. Aquela não era a minha Saffron, aquela era a Saffron de um monstro que a tornou em uma cidade fantasma... E de fato deveria haver fantasmas lá, fantasmas de... Pessoas que não conseguiram se salvar seja pelo motivo que for. "Não quero pensar nisso" - foram as palavras que mantive em minha mente até chegarmos ao solo. Pacientemente, saí junto dos outros passageiros e peguei minha mochila na área de bagagens.

-Então tá na hora, huh? - disse a Karen -Eu espero que não esteja tão ruim quanto pareça. Deve ter alguém responsável pela organização das equipes da Força Voluntária por perto.

Olhei para um lado, olhei para o outro e procurei... Eu estava fazendo tudo errado, né? É claro que procurar dessa maneira na área de embarque e desembarque do aeroporto não daria resultado, o tanto de gente passando bloqueava o alcance de visão, era hora de sair de lá e procurar por informações na recepção, certo? -Acho que... Olhar de um lado por outro não vai adiantar muito. Você lembra de algum lugar por aqui que seria ideal pro pessoal da Força Voluntária ficar?

A verdade era que eu nunca tinha ido naquele aeroporto antes, evacuei para Hoenn de navio e só estava pisando neste lugar porque cheguei nele de avião. Esperava que ela pudesse conhecer alguma coisa.

Off:

Não foi preciso procurar por eles, por sorte nossa um membro da Força Voluntário nos encontrou e veio até nós com uma lista de tarefas em mãos. Sua vestimenta indicava que enfrentaríamos água em certas áreas do lado de fora... E eu não tive como me preparar para isso, foi uma decisão tão repentina que esqueci do óbvio... Não era como se e tivesse, mas poderia ter ido atrás de alguma coisa assim. O formulário que ela nos entregou não estava nas melhores condições, principalmente pelo aviso da quarta tarefa estar em parte borrado.

-Não dá para ler o resto, mas acho que já sei o que significa.

Era só preencher o rodapé, certo? Peguei uma caneta e coloquei os dados que eram pedidos. Em seguida, precisaríamos subir no Lapras? Hmmm, seria isso um spoiler daquilo? Antes de prosseguir, seria interessante se analisássemos as nossas tarefas antes. A primeira era sobre retirar água dos arredores da cidade, com certeza era prioridade. A segunda era para retirar pokémons aquáticos da entrada da cidade para desobstruí-la... Era um trabalho que talvez exigisse um pouco mais de nós. O terceiro dizia para ajudar na ponte improvisada entre a cidade e a base da Sienna Co. Provavelmente facilitaria e muito a chegada de recursos para Saffron. Por último, procurar por objetos... Não seria interessante por hora, não pelos objetos, mas... Você sabe.

-Tem preferência por alguma? - perguntei a Karen -Eu acho que a terceira seria mais fácil para nossos pokémons e para nós fazermos. Se tiver outra sugestão...

Sabe, uma tarefa tranquila dessas serviria para aquecer a gente para as próximas, não só isso, mas acho que nos forneceria a moral e o ânimo necessários, não era um momento fácil, principalmente após ver a situação medíocre da cidade, mas não era só essa situação que pasava por minha cabeça. No tempo em que sobrevoamos Kanto e passamos por outras poucas cidades, deu para ver pequenas "formigas" indo para um lado, indo para o outro, juntando-se em grupos e se espalhando, tudo em prol da restauração de suas cidades ou apenas por sentirem o dever de ajudar. Qualquer que fosse o motivo, estavam determinadas a cumprirem com suas obrigações, era isso que me dava determinação para continuar. Sabia que não estávamos sozinhos nessa.

Não era algo que só duas pessoas faziam, elas poderiam contar com a ajuda de seus companheiros... Apesar de um deles terem ficado meio impaciente com a espera -Hã? - senti uma de minhas pokébolas balançando e caindo ao chão em seguida, a esfera bicolor se abriu e... Bem... A ladra de flores saiu -Cupid... - a fada não queria permanecer na pokébola, na verdade Togetic preferia mesmo era voar ao meu lado... Era interessante ver como elas mudam depois que evoluem... Eu deveria me preocupar em como ela vai ficar depois de evoluir novamente?

Era hora de continuar, entreguei o formulário e esperei que Karen fizesse o mesmo. Quando prontos, era só caminharmos em direção ao Lapras e subir nele.. Desde que nada acontecesse para atrapalhar isso. Quanto a Cupid? Ah, Cupid iria voando, seria uma decisão dela, não importa o que eu dissesse. Só esperava que ela não roubasse flores no caminho.

Não teve muita conversa, só precisamos entregar os relatórios para subir em Lapras e começar nossa viagem até o local destinado. A visão da cidade era horrível, não era o que eu imaginava, mas podia dizer que era tão ruim quanto, aquela imagem lutava contra meu positivismo me fazendo virar de costas para os "tripulantes" e passar o trajeto cabisbaixo. Cupid percebeu o desânimo que me deixava abalado e voou até mim, um tempo depois, para me fazer companhia. A fada se esfregava em meu rosto.

-Cupid... Obrigado... Sabe, é estranho ver como você mudou. Antes parecia ser toda tsundere.

Não sei o que aconteceu, mas ela se afastou lentamente. Ergui a cabeça para ver do que se tratava e ela estava com suas bochechas infladas e com o rosto virado com aquela expressão de "não é como se eu quisesse te confortar ou algo assim". É, boa e velha Cupid... Talvez só boa mesmo. Dei uma risada e mantive a cabeça erguida, afinal estávamos quase chegando e não queria chegar lá passando uma sensação de incerteza.

Chegamos. Diferente de antes, não havia ninguém para nos receber, pelo menos não de imediato -Acho que.. Eles vão deixar por nossa conta em arrumar os materiais? - eu realmente esperava que não fosse o caso. Logo os problemas acabaram... Ou só estavam para começar? Uma garota loira se aproximou e nos cumprimentou... "nos" cumprimentou? Na verdade, ela pareceu que nem tinha notado a presença de Karen, apesar de se referir a ambos. Seu sorriso era bem largo e... Assustador? A jovem loira se apresentou como Yuna.

-Ah, sim, sim - resposta genérica para uma abordagem repentina -Eu sou Tyrant. Estamos aqui pra ajudar a Força Voluntária. E essa é... - bem, seria melhor deixar Karen se apresentar, correto? Apesar da aproximação suspeita, achava que não teríamos problemas com ela... Assim espero.

Okay... Mais uma vez, a garota havia ignorado completamente a existência de Karen... Bem, completamente não, Yuna olhou para ela por um segundo quando a monotreinadora se apresentou, mas voltou a me fitar logo em seguida. Então ela disse ter achado meu nome... Lindo? -O-Obrigado? - na real, meu nome não era uma das maiores maravilhas pra alguém achá-lo lindo... Pelo menos alguém achava isso. Além disso, ela parecia ser uma garota bem distraída, já que estava pensando em algo quando falamos o que viemos fazer aqui, por sorte ela conseguiu captar a mensagem, ainda disse que estava vindo de lá.

-Sim, bastante coincidência... Eu acho.

Apesar de dizer isso, o estado dela dizia que estava em uma atividade diferente antes de nos encontrarmos, mas não consegui identificar em quê. Cupid não conseguiu acreditar nas palavras ditas e tentou cruzar seus curtos bracinhos, porém sem o menor sucesso e teve de se contentar com uma expressão de dúvida. Não entendi a desconfiança... Bem, talvez tivesse entendido um pouco. Por algum outro motivo... Ou seria o mesmo? Bem, a fada voou ao lado de Karen e lá permaneceu com as bochechas infladas enquanto encarava Yuna. Coloquei a mão na nuca e fiquei sem entender aquilo.

Transição de cena. Yuna acabou nos levando até o nosso destino onde estava mais movimentado pelos locais onde passamos, tão movimentado que uma senhora que parecia liderar aquela área estava dando ordens e tarefas aos voluntários. Isso não parecia ser um problema para a loira que começou a falar algo, eram palavras meio aleatórias que não conseguia nem continuar após a primeira sílaba, pelo menos era o que parecia até ela chamar Karen de "você" e dizer para ela pegar algumas ferramentas.

Acho que posso ajudar ela a escolher - pensei. Mas antes que eu pudesse sugerir isso e antes que Yuna pudesse continuar, a voz da velha senhora foi ouvida dirigindo-se à garota. -Então... acho que seria bom falar com a senhora antes de começar, não é? - sugeri, mas não seria preciso. Após o momento de conversa entre as duas, a senhora veio em nossa direção e falou sobre nossa próxima atividade.

-Carregar madeira? Sem problemas - por sorte eu tinha em minha equipe pokémons perfeitos para carregarem o material. Agora, quanto à outra parte da tarefa em que um ficaria em cima da ponte e o outro na água, teríamos de decidir isso em conjunto -Eu fico na água, sem problemas - não era pra ser em conjunto? Ok, fui impulsivo -Quer dizer, se você não tiver nenhuma objeção.

Chegou a hora de organizar quem carregava o que e quantos carregavam. Amarílis não teria dificuldade em carregar mais de dois pedaços do madeira com as suas vinhas, seria apenas necessário envolvê-los e transportá-los por elas até as proximidades de onde a ponte estava sendo construída, ou no local indicado de onde os construtores(vulgo nós) as pegariam. Heracross, uma por vez se voasse e puxasse a madeira até nós. Quanto a Cupid, ela conseguiria fazer o mesmo que o inseto, mas com cuidado e colocando um pouco mais de força. Na parte da tarefa, Eevee poderia ajudar trazendo ferramentas e pregos e Gunvolt poderia auxiliar na parte a fixar cada tábua em sua correta localização. E Héstia, bem... Aquecer as pessoas que saíssem da água? Era uma tarefa simples, mas eficiente. Ok, estava decidido, seria dessa maneira. Peguei suas pokébolas e liberei os seus.

-Pessoal, vou precisar da ajuda de todos... - expliquei a eles o que digitei logo acima... Espera, digitei? Será que... Não, esquece isso. Bem, deixei o sexteto ciente de suas tarefas e pareciam bem animado, exceto por Heracross que ao ver Karen apenas cruzou seus braços e virou o rosto. Ela definitivamente não se esqueceu do que aconteceu em Petalburg e não parecia tentar esquecer tão cedo -Eh... Não precisa ser assim. Por que você tá assim com ela mesmo? - sem resposta, Heracross simplesmente seguiu para começar sua atividade, assim como os outros.