[Saffron]Capítulo 2: Restauração

Restauração

Com a próxima tarefa já definida, Ruby apressava-se a seguir na frente mais uma vez: escolhia o caminho de sua direita, montando em seu Kadabra e disparando naquela direção. Muitos diriam que o jovem é um adolescente extremamente ansioso e, bom, suas atitudes provam que de fato é. Acenou para o casal, até sumir no campo de visão de ambos.

A temperatura estava bem mais baixa que do dia anterior, provavelmente por conta da frente fria que se instalou na madrugada. Sem edifícios, casas ou qualquer estrutura para parar a ventania que provavelmente vinha de Vermillion, a situação perante o clima que dançava por Saffron não era lá das melhores. Se Tyrant ou Karen não estivessem bem agasalhados, tremeriam dos pés à cabeça.

Caminharam por alguns minutos, até ouvirem uma gritaria vindo diretamente da tenda que organizava a tarefa em si: um homem, possivelmente um voluntário, de porte alto e presença impositora, gritava para os quatros ventos algo com... Ruby? Aproximando-se ainda mais rápido, finalmente nossos heróis conseguiriam entender do que se trata.

— Porra! Se não pode bater neles como vamos tirar eles dali? Já tentamos de tudo e eles não saem por nada! — o loiro rapaz continuava a gritar — Vamos tirar eles na marra, um Hyper Beam do meu Gyarados e, além de desmaiar todos esses aquáticos fracos ainda seca essa parte inundada!

Ruby retrucava, dizendo que não era para usar força bruta, já que provavelmente existe algum porquê dos Seel e Dewgong não saírem daquele local. Além disso, era ilegal e contra as regras dos Voluntários de Tohjo tudo que o homem pregava, mas, por algum motivo, não havia nenhum responsável por aquela tarefa na tenda, o que possivelmente explicaria a postura do loiro.

Estavam todos parados às margens do local, até mesmo um pouco afastados, já que qualquer aproximação fazia com que os aquáticos nativos de Kanto se irritassem e atacassem. Depois, mergulhavam novamente e, parecia, que a concentração principal dos monstrinhos se encontrava embaixo d'água, com alguns emergindo de vez em quando para tomar "conta" do local. Mais uma vez o rapaz gritou:

— Não vou ficar aqui pra sempre por causa dessa merda desses bichos! Só vim pra essa bosta de região destruída pra conseguir os brindes que dão no final. — bufou, afastando-se do local com uma dezena de pessoas, provavelmente fãs dele já que vestiam suéteres com o rosto do rapaz estampado na frente; atrás, algo com dizeres em relação a algo chamado "Battle Subway - Unova" — Dou cinco minutos para acharem uma solução.

Ruby somente suspirava, voltando sua atenção para Tyrant e Karen, aparentemente sem ter ideia do que fazer...

E agora?

Restauração

Pode-se dizer que a tentativa de Tyrant de tentar argumentar com o homem não fora lá essas coisas: o rapaz e seu fã-clube simplesmente ignoraram o moreno, mas não sem antes dar algumas risadas da voz fanhosa que se manifestava graças ao resfriado. O loiro somente abriu sua mão, simbolizando os cinco minutos ditos anteriormente.

A ideia do Ranger, mesmo incentivada por Karen, talvez não fosse tão fácil assim de ser colocada em prática; os aquáticos não estavam amigáveis, então, precisariam pensar em uma maneira de convencê-los a deixar ao menos Tyrant mergulhar para ver do que se tratava. Enquanto isso, algo na mochila da mono-treinadora começava a brilhar e, aos poucos, um brilho começou a se expandir de dentro do compartimento. Ali, finalmente, estava um pequenino e simpático Ralts, que erguia seus bracinhos para a moça em sinal de afeto. Uma graça.

Não demorou muito e mais aquáticos emergiram com uma expressão não muito feliz... Afinal de contas, com aquela confusão que acontecera ali agora mesmo que os ânimos dos monstrinhos não estariam bons, não é? O curioso era o seguinte: Arthur, depois de analisar o recém-nascido psíquico de cima a baixo, decidia dizer algumas coisas em seu idioma ininteligível para os Seel e Dewgong ali presentes. Aos poucos, a expressão raivosa dos "invasores" se desfazia, mas ainda estavam relutantes em deixar Tyrant se aproximar. O Kadabra de Ruby se aproximava junto com Passimian e, então, pareciam argumentar com os aquáticos o que estava acontecendo.

Com a iniciativa do símio, talvez estivesse aí uma boa oportunidade de tentar convencê-los. E, bom, nada melhor do que os restantes dos Pokémon tentarem também, não é?

Restauração

Além da surpresa referente ao chocamento do egg de Ralts de Karen, algo mais inusitado ainda acontecia: Cupid, como sempre curiosa, se enfiava na mochila de Tyrant, encontrando a pedra necessária para evoluir e tornar-se uma belíssima e imponente Togekiss. No final das contas, todos os monstrinhos decidiam conversar com os aquáticos e, honestamente, parecia convencê-los: dois Dewgong nadaram até a beirada, sinalizando para que tanto Karen quanto Tyrant entrassem na água... Pareciam bem firmes em relação a isso. Ou entravam os dois ou não entrava ninguém.

Com isso, alguns minutos haviam se passado. Faltava um pouco ainda para completar os cinco minutos que o loiro mal encarado havia dado. Se quisessem seguir com o plano, precisariam ser rápidos -- principalmente se o homem retornasse e seu Pokémon desse um Hyper Beam com os mesmos dentro d'água.

Já na beirada, Karen e Tyrant conseguiriam ver ao fundo uma dezena de Seel e Dewgong, parecendo proteger alguma coisa. Com a permissão dos protetores, poderiam mergulhar e ver do que se tratava... Mas acredito que já tivessem uma ideia do que era e o porquê de estarem tão convictos a não saírem dali.

Restauração

Após serem aceitos pelos aquáticos para adentrarem a água, não tinham outra escolha a não ser fazê-lo para tentar evitar uma confusão ainda maior da que se formara minutos atrás. Seel e Dewgong que protegiam a linha d'água abriam espaço, enquanto os monstrinhos de Tyrant e Karen que não sabiam nadar permaneciam do lado de fora, ainda acalmando os elevados nervos dos protetores em relação ao loiro que causara toda aquela aflição.

Já próximos ao fundo, as suspeitas do casal se concretizavam! Estavam dispostos ali uma grande quantidade de ovos Pokémon, provavelmente daquela espécie específica, já que com a inundação, viram aquele local como um lugar tranquilo para terem seus bebês. Uma das Dewgong, provavelmente fêmea e mãe de uma das incubadores, se aproximava de Tyrant e Karen, dançando em volta dos dois... Possivelmente aceitando sua presença ali. Poucos segundos depois, começava a apontar com sua barbatana para os diversos ovinhos com um olhar de preocupação; sinalizou, então, que se aproximassem e pegassem-os com as mãos, provavelmente indicando para levá-los para outro lugar.

Mas para onde em um tão curto período de tempo e se eventualmente a água em volta de Saffron seria drenada?

Dada a permissão para Ruby também entrar, o rapaz acenava para que Karen e Tyrant subissem à superfície:

— Existe um lago mais ao norte que... d-dá em Cerulean. — ofegante, o coordenador não parecia ser lá muito fã da temperatura gelada da água — Po-podemos levá-los até lá pela água mesmo. — Ruby fitava novamente o loiro à distância — Precisamos ser rápidos.