[Violet] #002 The city of nostalgic scents

Era enfim chegada a hora de Nakeisha retornar à sua terra natal, a cidade de Violet, em Johto. Não esperava que esse momento chegaria tão cedo, mas graças à Força Solidária Tohjo ali estava ela, a caminho do lugar que um dia chamou de lar.

Sonhava acordada com as lembranças da cidade, seu ar suburbano, quase rural, cercado de altas árvores e pessoas que acreditavam na vida em harmonia com os Pokémon. Pensou se, talvez, fosse reencontrar algum rosto familiar retornando à Violet também, como um amigo de infância ou até algum dos velhos sábios da curiosa Torre Sprout, que antes ficava cercada por um amplo lago.

Lembrou do pronunciamento da Sienna Co. e associados, que viu pela TV, antes de abrirem as viagens pela Força Solidára. Aí, foi inevitável sorrir com a imagem mental que sua memória trouxe de Falkner, líder do ginásio de voadores da cidade, quem ela admirava apesar de nunca ter podido conhecê-lo pessoalmente. Talvez ele estivesse lá, já que os líderes também se engajaram no projeto.

As lembranças eram boas, sim, graças à memória afetiva atrelada à elas. Contudo, exatamente por isso é difícil prever se a jovem mono treinadora está ou não emocionalmente pronta para o que encontrará depois das catástrofes que obrigaram a evacuação da cidade. Não faltaram esforços dela para se preparar para o que viria a seguir. Mas, como disse, prever é uma tarefa difícil...

Off: Olá narrador(a)! A título de informação, estou trazendo comigo os dois Pokémon que tenho até agora, time "completo" ^^

A primeira parada foi a Base de Operações da Sienna Co., a grande responsável pela missão de ajudar na reconstrução de Kanto e Johto. Já estavam no meio da manhã quando Nakeisha se reuniu com outros jovens voluntários que, ela veio descobrir depois, também eram amantes de Pokémon Voadores. Sentiu como se o próprio Falkner tivesse ali, semeado em cada um dos treinadores, a partir de sua maior paixão.

Os responsáveis por aquele grupo peculiar eram dois homens muito curiosos e até um pouco engraçados. Os dois pareciam ter dividido seus corpos ao meio e trocado um com o outro, em algum tipo de experiência bizarra, porque o velho era baixinho e musculoso apenas na metade de cima, enquanto o homem rouco era muito mais alto e com a metade de baixo musculosa.

Depois de o idoso passar as primeiras orientações, o homem alto deu um ultimato aos voluntários, indicando que finalmente partiriam para o local da tarefa. Nakeisha se preocupou com o fato de não haver centro Pokémon na cidade e ela, evidentemente, não dispor de muitos dos seus para um dia longo de ação. Tinha sorte de possuir pelo menos duas Oran Berries, dadas por Linda na noite anterior, confiando que as frutas seriam o suficiente para aguentar o dia inteiro. Também, ficou levemente apreensiva pelas condições do clima, mas achou que estava preparada vestindo roupas leves e tênis, e levando na mochila um casaquinho versátil.

Enfim, não tinha realmente nenhuma pergunta para fazer, então se manteve quieta e empolgada em seu lugar até que pudessem entrar no veículo e partir. Estava com a mente nublada pela ansiedade de rever a cidade de Violet - apesar de que a ideia de encontrar cadáveres por lá não fosse tão bonita assim -, por sorte, o céu lá fora estava lindo e limpo. Quando se gosta de voar, era sempre um bom presságio.

OFF ao narrador:

Nakeisha foi uma das primeiras a entrar no helicóptero, quando autorizaram, só para achar o melhor assento, aquele que lhe deixasse espiar algo da paisagem lá fora, com uma janela ou coisa parecida. Sentiu um frio na barriga quando o estrago no cenário lá embaixo se desenhava. Como ela e a família deixaram a cidade com urgência, ainda não tinha visto as consequências da catástrofe. Ficava evidente o porquê da Força Solidária, afinal a quantidade de trabalho a ser feito era nítida.

Camila, uma mulher bonita e com ar de autoridade, foi a responsável pela recepção da jovem treinadora quando finalmente pousaram no posto montado para os trabalhos. Pedia uma apresentação, para achar as tarefas mais adequadas para a garota. Nakeisha tinha a voz carregada de empolgação, disfarçando a ansiedade em saber o que a aguardava.

– Oi Camila, bom dia. – retornou o cumprimento – Obrigada por me receber. Bem, eu nasci e cresci aqui na cidade de Violet, foi por isso que escolhi vir pra cá ajudar. – sorriu ao lembrar brevemente da infância – Desde criança frequentei a Escola de Treinadores, inclusive a daqui da cidade. Por isso, pode ser que eu conheça algumas teorias importantes. Sempre fui apaixonada por Pokémon tipo Voador e...  Eu sou uma treinadora novata, comecei minha jornada ontem. Trouxe comigo os Pokémon que tenho, uma Woobat e um Taillow. Mas você pode contar comigo pro que precisar, estou cem por cento disposta! – comentou, como que numa tentativa de compensar sua inexperiência.

Sabia que era um risco se oferecer para algo tão importante tendo tão pouco a oferecer, porém sua força de vontade e determinação eram as ferramentas mais poderosas para que ela executasse qualquer coisa. Além disso, Nakeisha era criativa, com certeza daria um jeito para superar os obstáculos!

Quando a pequena apresentação terminou, Nakeisha viu Camila remexer em alguns documentos e, em seguida, convocar um outro rapaz, que curiosamente tinha o mesmo biotipo do homem alto que havia embarcado os voluntários no helicóptero. A partir dali conheceu Mateus, quem lhe levou para uma outra área, mais plana, ampla e limpa, exceto por marcações coloridas no chão que, de acordo com o rapaz, indicavam o respectivo uso para aquele espaço, além de representar a cor da tenda que a treinadora montaria.

Uma mochila lhe foi entregue, contendo algumas ferramentas e acessórios que precisaria para erguer e fixar as tendas. Kiki analisou com cuidado tudo que tinha, tentando fazer um plano mental para organizar as etapas, já que nunca tinha feito nada parecido na vida. Mateus deu uma baita ajuda com sua lista de passos, então ela resolveu adotar a orientação como base.

– Tudo bem. Obrigada Mateus, pode deixar que eu te procuro se precisar! – apesar de se sentir um pouco perdida na tarefa nova, Kiki não perdia a animação em momento algum, nem o sorriso no rosto.

Decidida, a jovem treinadora começou a separar o material que precisaria para a primeira etapa: as hastes de suporte que iriam no chão, a base delas e os conectores onde as demais hastes da tenda se encaixariam, além das ferramentas necessárias para cavar e firmar as hastes. Também, pensou em uma solução peculiar para acelerar o processo: usar seus Pokémon!

– Woobie, Taillow, venham me ajudar! – lançou as Pokébolas no ar, liberando-os.

– Woobaaat!

– Taillooow!

– Sejam bem vindos à cidade de Violet, minha terra! – cumprimentou seus companheiros – Claro, já vi dias melhores, mas estamos aqui com uma missão de ajudar na restauração da cidade, então preciso de vocês! – tentava repassar sua empolgação aos Pokémon – Primeiro, vão me ajudar a abrir pequenos buracos e colocar essas hastes. Vejam, tem que ser um buraco pouco fundo e nem tão largo, assim... – usou uma ferramenta pequena de escavação para mostrar, além de indicar a própria haste para que os ajudantes tivessem alguma referência – Taillow, você pode cavar com os pés ou o bico, como preferir. Woobie, você vai me ajudar concentrando o Gust nas hastes, para girar e encaixar bem firme no chão.

Nakeisha aproveitou a oportunidade para fazer um carinho nos seus Pokémon, como um incentivo. Para a ave aquela tarefa seria bem fácil, pois Taillow podia ciscar, bicar, ou até usar Peck para cavar. Woobat talvez tivesse alguma dificuldade, mas a treinadora precisava ver para saber como tirar o melhor das habilidades da morceguinha. Assim, o trio começava a primeira parte: fixar as hastes de suporte nas tendas verdes, pois estavam em menor número e espaço – eram apenas duas. Em ordem de prioridade, Kiki decidiu que fixariam todas as hastes da verde, depois das azuis, e por fim das vermelhas. Nessa ordem, para não perder o ritmo de cavar e fixar antes de mudar a etapa.

O sol da manhã já começava a se tornar mais agressivo, principalmente num céu limpo, quando Nakeisha terminou de furar todos os buracos e fincar todas as hastes de suporte das tendas, além de, com sorte, ter erguido por completo uma das duas tendas verdes. Já se sentia um pouco sem fôlego, porque aquela parte da atividade exigia um  pouco mais de força para cavar e firmar as peças, por isso se permitiu sentar no chão por alguns poucos minutos, para se recuperar e repensar na estratégia.

Ao contrário do que a garota tinha planejado, a primeira parte levara um bom tempo, principalmente nos primeiros momentos até que ela entrasse em sincronia com seus Pokémon e percebesse as limitações deles. Ainda assim, tê-los como ajudantes pareceu ter sido uma boa ideia para aquela fase. Ela não conseguia se imaginar tendo que cavar e fincar todas aquelas hastes sozinha, naquele espaço de tempo.

– Muito obrigada, gente, vocês foram incríveis. – palavras de agradecimento costumam ser ótimos incentivos também.

Depois de sentir a intensidade do sol, Kiki percebeu que talvez precisasse refazer parte dos planos. Já tinha todos os suportes no chão, e isso era um grande avanço. Estava tentada a finalizar a última tenda verde, mas se deu conta de que a lógica talvez não fosse a melhor opção naquele momento. O que a fez mudar de ideia foram a sede e a fome que começavam a ensaiar uma visita em seu corpo, permitindo que lembrasse das tendas azuis, que eram as mais numerosas, mas também as mais urgentes, pois abrigariam o refeitório.

– Estão prontos, minha força tarefa? – perguntou aos Pokémon em retórica – Essa parte vai ser um pouco pesada e corrida. Vamos lá! Precisamos montar essas tendas azuis antes do meio dia.

Já de pé, a mono treinadora voltou até a sacola de materiais que Mateus havia entregue. Tirou e organizou tudo que precisaria para erguer as tendas do refeitório (azuis), que seriam sua prioridade agora. Já tinha erguido uma das verdes, então não seria mais uma novidade lidar com os apetrechos.

– Woobie e Taillow... preciso achar um nome pra você... – refletiu, sozinha – Vou montar as armações de ferro e vocês vão me ajudar erguendo elas até encaixarmos nos suportes, ok? – os voadores concordaram – Depois, faremos o mesmo com as tendas. Vocês voam com elas por cima da armação e eu amarro aqui embaixo. No fim, me ajudem a prender forte as estacas no chão: Taillow, você vem com Peck, e Woobie com Gust. Só pra termos certeza que estão bem firmes!

E assim era seu plano: usaria os Pokémon voadores para erguer as partes superiores da tenda e encaixá-las nos suportes que já estavam montados, assim a própria Nakeisha evitaria subir e descer de escadas; ela esperaria embaixo para amarrar os fios da tenda nas estacas, algo que mãos humanas conseguiriam fazer com agilidade; para finalizar, seus Pokémon golpeariam as estacas para confirmar que ficariam bem presas no chão, evitando imprevistos. A jovem treinadora montaria uma tenda de cada vez, das azuis, para não haver acidentes, assim o refeitório teria, progressivamente, espaços prontos para começar a se instalar.