[Missão Ranger] Patrulha de suspeitos

Os Whismur parecia minions desajeitados, cambaleando de um lado ao outro numa nuvem de confusão para não trombar com o rapaz que era de quatro a cinco vezes maior que os rosados. Swablu acharia graça se não estivesse com um bocadinho de medo naquele cenário esquisito. Ayzen conseguia sentir o órgão da ave que fazia era dar aquela tremidinha interna - gostosa até de sentir no ombro.

O cadete teve de virar à direita em certo ponto. Ele seguia em frente com cautela por alguns minutos e surpreendentemente NÃO HAVIAM ZUBATS ALI! Hoenn não era de todo mal, não é mesmo? Aos menos os biomas eram mais equilibrados no quesito "pragas de rotas". Mas tal como Zubat, nenhum ranger a vista.

Ay dava meia volta para retornar quando pisou num pedregulho e escorregou, caindo no chão. Swablu, que não era boba, bateu asas e voou. Quando o patrulheiro já não fazia mais nenhum movimento brusco, ela pousou novamente no ombro dele. Só que uma coisa engraçada -ou sinistra, a depender do ponto de vista - era que a pedra parecia estar... chorando? Talvez o ranger devesse pedir desculpas (?), pois a rocha tinha sentimentos. Na verdade ela tinha vida. Um Geodude era identificado ao apontar a luz da lanterna! Ele de mágoa, ficou irritado com aquela luz no meio dos olhos, gritando ameaças ao rapaz.

— Ou ou ou! Calma Geo, tranquilo. Tranquilo... - interveio um homem tão alto quando Kitshomo, só que com maiores proporções de massa... e gordura. - Vocês estão bem?

Foi perguntar isso e o pedregulho de dois braços começou uma longa ladainha apontando para o loiro, junto de algumas mímicas que terminava com um movimento fácil de entender. Ele unia as mãos com a direita fechada e a esquerda aberta, conseguindo inclusive realizar um barulho intimidade até.

— Entendi... - dizia calmamente o homem, olhando então para Ayzen esperando que ele se explicasse.

O personagem não usava nenhuma roupa de ranger - mas o herói em questão também não, né?! - e estava sujo de poeira e fuligem. Suas vestes eram um macacão marrom e botas firmes, junto de um capacete. E no escuro era meio difícil dizer que expressão ele tinha no rosto. Ao menos não indicava que iria cortar a garganta do rapaz ou roubar seu Swablu. Né?

Ao que tudo indicava, o homem não tinha o arquétipo de criminoso, tão pouco o psicológico, pois tratava o Geodude como trataria uma pessoa. Ele teve empatia e deu ouvidos às reclamações do Pokémon. Por mais que se parecesse com um parceiro de trabalho pesado, ainda sim tinha alguma dignidade e cumplicidade entre os dois.

Ayzen já pedia desculpas ao outro e tratava de explicar que nunca tinha passado pelo túnel antes. Ai ai, os privilégios de um fly. Como é que a gente vivia antes mesmo? Algum noob presente? Bem, aparentemente as pessoas ainda "caminhavam" para acessar cidades, se era possível crer nisso. Mesmo assim, Ay deixou escapar um desabafo de quem não mais fazia esse sacrifício, mencionando a falta de luminosidade ali e o difícil acesso. Ok, aquilo pareceu incomodar o parrudo, pois ele logo respondia:

— Olha, eu não concordo... Tudo bem que facilitaria a nossa vida, mas aqui é a casa de muitos Pokémon que não suportam luz. Eles moram aqui, a gente só ta de passagem... - Enquanto eles falavam mais dois Geodude se juntaram ao homenzarrão e pareciam estar planejando um motim com tantos olhares e apontamentos na direção do loiro. Ao menos isso antes de Ayzen fazer um pedido de desculpas especial para o rochoso. - Quer dizer, pelo menos você está. Eu trabalho aqui perto. Você está indo para Verdanturf, certo? A saída é logo mais adiante, virando a direita.

O homem dizia isso apontando para as costas, mas ele mostrava que tinha intenção de ir na direção oposta, voltando para a rota 116.

O homem ligava uma lanterna que era acoplada ao capacete, de potência e altura perfeita para enxergar todos os obstáculos a uns 10 metros de distância, fazendo a mini lanterna de Ay brochar na companhia. Inclusive, ao perceber que o rapaz estava voltando para a rota, e não só isso, mas pegando carona na visão dele, o personagem deu uma risadinha e então falava:

— Hmm, olha, já está quase na hora do almoço. Acho que meus irmãos não se importariam de botar mais água no feijão. - Ele gargalhava com uma vivacidade que parecia ser o homem mais bem aventurado do mundo, mesmo aparentando ter tão pouco. - Se quiser está convidado!

E em poucos instantes eles viam a luz do sol. O próximo caminho? Sim, ele estava se dirigindo à cabana logo ao lado do túnel. A mesma indicada por Karl, superior de Ayzen. Seria uma conspiração de Giratina ou uma benção de Arceus? Ao menos ele fora convidado.

O homem se apresentava como Mike.

— Ah, sim! Ele esteve aqui na semana passada e parece que meu irmão mais velho tem alguma informação que antes não tinha. - Ele falou como se não soubesse do que se tratava o assunto ou como se confiasse que os rangers resolveriam tão breve quanto resolveram a intriga na caverna. - Você é parceiro do Ranger Karl ou algo do tipo? Ele me pareceu ser um grande homem.

A caminhada durou cerca de dez minutinhos até a cabana. Era bem rústica, mas tinha o seu charme. Só por ser afastado da cidade, encostado na montanha que se estendia ao norte da rota, ela ganhava aquele ar pitoresco de casa do campo, mas não só por isso, ela também era toda de madeira. Aparentemente a família que morava ali era bem conectada com a natureza e respeitava os limites dela.

Ao entrar, Ayzen via que eles não tinham luxo. A casa de dois andares fora projetada em conceito aberto. A porta dava logo na sala de estar, onde era possível ver a mesa de jantar e mais adiante a cozinha! Um corredor desdobrava para o que devia ser o acesso ao banheiro, quartos e ao andar superior. A decoração era bem simples, ainda deixando a madeira ganhar destaque. Os móveis também tinham aspecto rústico entre tons claros e escuros de madeiras diferentes, mas que criavam uma harmonia no interior da casa.

— Gente, esse é o Ayzen, amigo do Ranger Karl. Veio esperar o colega aqui em casa, então convidei ele pra almoçar - disse o homem, adentrando a casa e deixando o patrulheiro a vontade, como se já fosse de casa.

— Muito prazer, rapaz, seja bem vindo. O almoço deve sair em breve. Gostaria de me ajudar a preparar a mesa? Vamos ter tempo para conversar depois de comer - recebia um outro homem, tão alto quanto o primeiro, só que mais magro. - Ah, nada de Pokémon em casa, desculpa.

Isso foi tanto para os Geodude, que davam a volta, já sabendo seu lugar, quanto para Swablu.

Tinham dois homens cozinhando na cozinha que só deram acenos e saudações breves. Pareciam bem ocupados por agora.

Explicado a relação do rapaz com o ranger que esteve ali na outra semana, Ay gostaria de se trocar - e de repente usar um desodorante pra ficar cheiroso pro chefe - perguntando se e onde poderia fazer isso, ao terminar de ajudar a botar a mesa. O irmão que estava com ele dizia:

— Claro rapaz, o banheiro é a primeira porta no corredor, fica a vontade. Tem também um pequeno centro pokémon no último quarto, caso precise cuidar dos seus companheiros, só tenha paciência, porque ela é meio lentinha. Se for fazer alguma transferência ela demora de 2 a 5 horas. Sem brincadeira, é bem por aí mesmo.

Enquanto Ayzen ficava sexy vestia o uniforme e dava uma lambida no narrador checada no CP se assim desejasse, o aroma da refeição do meio da tarde foi tomando conta de todo o chalé. Tinha muita carne e bastante verdura. Como eram trabalhadores que pegavam no pesado, era importante manter uma alimentação balanceada e eles tinham isso na mesa. Tantas cores e temperos faziam todos ali salivar, mas Ay só tinha conhecido 4 irmãos e a mesa fora preparada para 6 pessoas...

Bom, querendo ser útil, o homem que colocava as últimas coisas na grande mesa tinha sim uma tarefa para ele.

— Nos fundos da casa tem um pomar. Pode pegar algumas frutas para eu fazer um suco? - pediu um dos irmãos da cozinha.

Ayzen não precisou procurar muito. As árvores eram baixinhas, mas tinham muitos frutos. Os vermelhos pareciam mais maduros, tendo um aroma doce e cítrico ao mesmo tempo. Ele reunia um punhado, o bastante para 6 pessoas e voltava pra dentro, ajudando o outro a bater no processador e coar o sumo das frutas, adicionando água e só um pouquinho de mel para balancear.

Logo o irmão que faltava ser apresentado surgia com o outro que estava sujo anteriormente. O homem que Ay conheceu estava de banho tomado e roupa limpa! Uma nova e cheirosa pessoa. Já o novo integrante aos olhos do ranger era realmente mais velho que os demais. Com os pelos esbranquiçados e a pela mais flácida, ele se apresentava como Clark, cumprimentando o cadete. Todavia, apesar de aparentar ser mais velho que os demais, sua forma física parecia impecável! Era difícil dizer se estava nos seus 40 ou 50.

De toda forma, eles se sentaram diante da comida e depois de uma breve prece, puderam se deliciar!

A refeição estava perfeita, tinha arroz e batatas para acompanhar todo o resto, inclusive um pouco de chili para os que gostava de uma picancia. Depois que terminaram, os que arrumaram a mesa tiveram que lavar a louça (regras da casa) e isso incluía o convidado.

Enquanto Ayzen ajudava a secar os pratos, alguém batia na porta. Clark recebia a visita. Como o cômodo era em conceito aberto, o ranger pode ver quem chegava. Um homem de pele bem bronzeada e de sorriso largo, vestindo as mesmas roupas que ele agora usava. Karl era recebido com um forte aperto de mão, sendo convidado para entrar e ficar a vontade na sala enquanto esperavam o outro ranger para conversar. Antes de se sentar, o líder mirou Kitshomo nos olhos e deu uma piscadela, já que não podia simplesmente gritar ou invadir a casa para cumprimentá-lo. Bastou esse pequeno gesto para que Ay soubesse quem ele era, para então poder voltar a atenção para Clark.

— Fico feliz que mandou resposta assim que entrei em contato Karl. Da última vez que esteve aqui perguntando sobre algo de estranho ou diferente pelos arredores nós não tínhamos a informação, porque simplesmente não estávamos atentos para algo do gênero. Mas depois que comentou, eu fiquei alerta e na noite de sábado, Mike achou ter visto algumas pessoas nos limites da rota. Eu logo estranhei, porque ninguém em sã consciência se aventura por aqui tão tarde. A rota não tem iluminação, muito menos o túnel. Ele achou que deviam ser adolescentes, mas eu ainda estava com dúvidas. Coisa de irmão mais velho, né.

Ele interrompia a fala para pegar um copo de suco que serviam tanto para ele quanto para os rangers. Depois de lubrificar a garganta, continuava.

— Dai ontem eu fiquei de tocaia. Lá de cima não da pra ver tanta coisa, ainda mais por conta das árvores, mas eu estive atento e também vi uma movimentação quando estava tarde da noite. Já tinham passado das 23h e estava muito escuro para serem treinadores ou jovens se aventurando. Não penso ser acaso sua visita com esses episódios. Eu só não saí de casa para conferir, achei melhor marcar um encontro para reportar.

Karl estava bem atento à história de Clark. Em verdade ele não parecia ser tão mais jovem. Talvez tivesse o dobro da idade de Ayzen.

— Fez muito bem senhor Clark. Com nossas suspeitas, só Arceus sabe o que poderia ter acontecido se tivesse ido verificar. Que bom que seguiu minha recomendação e nos avisou. Será que pode nos acompanhar e mostrar onde, mais ou menos, viu essa movimentação suspeita?

Nabokov dava a intenção de que iria levantar e encarava Kitshomo, como quem perguntasse se ele os acompanharia ou não.

OFF: Posso ter exagerado um cadinho no tamanho do post, mas coisas importantes estão acontecendo, então atenção rs