Capitulo 16 - Agora te Pegamos, Phillipe Swirller! - "Um Mar de Justiça / Parte 3"

Por um momento os dois se perguntaram se a tal gangue vivia no mato, mas com uma visão aérea eles identificaram uma pequena comunidade a frente. Pousaram em meio a trilha que levava ao local, conscientes de que já podiam terem sido avistados.

- Típico local dominado pela criminalidade – murmurou Will ao ver a aparência das casas e o quanto isolado era a vila da cidade pulmão da ilha. O governo local pouco ou nada estendia sua influência sobre o lugar e isso facilitava o crescimento da marginalização.

- Uma verdadeira favela, você quer dizer – Completou Blade sem o mínimo de tato, enquanto avaliava o local dentro do limite de sua visão. – Precisamos identificar os membros da gangue para rastrear esse Damon.

- Em um lugar como esse? Vai ser fácil. Provavelmente virão até a gente assim que nos aproximarmos... Vamos lá. Não adiemos mais isso. – Os dois caminharam calmamente para a vila, direto para a área da fogueira. Ali, tentariam uma abordagem educada com os moradores locais. – Boa noite, boa gente! Vocês conhecem Damon Merrick? Eu e meio amigo aqui temos um assunto a tratar com ele... – Sempre sorrindo, sempre simpático, Will sondava a reação das pessoas. Se Damon fosse o chefe da gangue como o Carateca imaginava, seria famoso no lugar e fácil de achar. Caso contrário... Blade por outro lado continuava atento a tudo ao seu arredor como um segurança de uma celebridade faria. Mal encarado? Talvez aos olhos da maioria.

A falta de criatividade daquela gente de Moosdeep que só sabia chamá-lo de pirralho já não afetava Will, que mesmo sendo jovem, sabia ser mais adulto que muitos. – Relaxa aí amigo, nós viemos em paz! – O Carateca levantou o seu Pokenav como se quisesse conferir o GPS. – Não tem engano algum, o gps nos trouxe aqui.

Blade percebendo que seu sobrinho estava prestes a soltar uma piada, pousou a mão em seu ombro e o conteve, assumindo a palavra. – Nós viemos como representantes do Arcadia Bay, imagino que vocês o conheçam?

Will olhou assustado para o seu tio, sem saber o que ele queria com aquilo, pois dizer a quem eles representavam poderia frustrar a tentativa de entrar. Danniel piscou e meneou a cabeça de forma quase imperceptível, o que levou o mais jovem a respirar fundo e entrar na onda.

- Pense na gente como emissários – se é que eles sabem o que isso significa – estamos aqui para evitar uma guerra. Trazemos uma proposta ao senhor Damon para encerrar as hostilidades antes que ela comece. – Blade levantou a camisa para mostrar a sua linha de cintura e Will repetiu o gesto, ambos mostravam não estarem armados. – Fomos contratados para fazer essa negociação, já que a dona do lugar não queria arriscar seus preciosos funcionários. – O negro mostrou seus dentes brancos em um sorriso forçado, ele parecia entusiasmado com a própria mentira, pois dizem que a melhor mentira é a que traz pitadas de verdade.

O Carateca, por outro lado, ficou tenso. Seu tio era louco? Será que eles engoliriam aquilo? Pensou no que faria se os homens sacassem suas pistolas. Seu Chesnaught poderia lhes dar cobertura, mas seria rápido o bastante?

Will entendeu o plano de seu tio no momento em que viu Damian cruzar o portão para recebe-los. Tudo o que o negro queria era ser levado até o chefe, precisavam se aproximar do alvo, mas este, facilitando a vida dos dois, veio os encontrar no portão.

A confiança do homem era digna de nota, típico líder que se achava intocável, seja por sua força pessoal, seja por confiar naqueles que o cercam. Blade reconheceu isso e acenou para ele, como se mostrasse que o homem merecia o seu respeito, mas quando foram “convidados” a entrar e Damon ergueu o braço apresentando o seu reino, o que aconteceu pareceu ensaiado de tão rápido e sintonizado os dois Allstar agiram.

Como a única vantagem que tinham era o portão, pois esse colocava todos os inimigos a frente da dupla, Danniel reagiu, quando se colocou na direção do alvo, com um sinal previamente ensaiado com seu Scyther, velho amigo de guerra que aprendeu junto ao negro “as manhas” do Ninjutsu. O mestre nas artes ninjas bateu os dentes superiores com os inferiores duas vezes Ninpou Kagenui no Jutsu – sinal que o Scyther precisava para atacar qualquer pessoal ou Pokémon que estivesse bem à frente de seu mestre - e Delta saiu sozinho de sua Pokébola feito um raio, voando pelo pequeno espaço entre Blade e Damon para tentar fazê-lo de refém, colocando suas lâminas afiadas no pescoço do homem como ameaça: quando o alvo era um humano, o Pokémon era treinado para ameaçar com o intuito de fazer o alvo se render.

- Soltem as armas e se afastem se quiserem o seu chefe vivo. Só vamos levá-lo para conversar em nossos termos – Blade daria as ordens se o plano de captura funcionasse.

A reação do Carateca era um pouco mais lenta, pois apesar de conhecer o sinal, ele além de ter que esperar pelo código, não tinha treinado como seu tio. Mas mesmo Will tinha os seus truques. Assim que ouviu as batidas dos dentes de Danniel e o brilho do louva-deus se materializando, Will sacou a Pokébola do Chesnaught do bolso enquanto dava ordens ao seu Charizard. – Drako, use Earthquake. – Como Scyther, ao ouvir o seu nome, o Charizard respondeu saindo sozinho de sua Pokébola, colocando-se à frente do seu treinador para golpear o chão com sua cauda e desestabilizar qualquer ameaça na frente do grupo. Enquanto o “Dragão” agia, Will liberou o seu Chesnaght para que ele usasse Spiky Shield em caso de necessidade.

Será que o plano de raptar Damon funcionaria? Se não funcionasse seria um deus nos acuda. Apesar disso, a situação de perigo fez a adrenalina no corpo do jovem disparar e ao ver o sorriso tresloucado de seu tio ele também se viu sorrindo. Finalmente um pouco de ação.