004 - BRACCAE

O que aconteceu? As garotas venceram a batalha, mas Mei estava desesperada correndo atrás de um som estranho que ocorreu e deixou as crianças em estado de choque. O que fazer? Karen pensou que a melhor solução era ajudar sua colega enquanto Lancelot cuidava da molecada. O Herabro consentiu com a cabeça enquanto sua treinadora corria ao local do estrondo.

O que ela viu quando chegou era surpreendente... E assustador. Eram muitos em volta de uma cama onde um Scraggy estava deitado, desacordado. Atrás da cama observando o pokémon estava Nara com uma expressão de total indiferença em seu rosto, nada parecido com o que elas viram nas outras vezes que se encontraram, principalmente Mei. Esta estava assustada com os seres que compunham o exército da ruiva. Eram uns diabinhos rosa com língua azul bem escura. Alguns deles usavam sacos de batata na cabeça.


-Mei... Você é previsível, sabia?

Algo também chamativo era o enorme buraco na parece que pareceu ser forçado pelos pokémons à sua frente, através dele dava para ver outras espécies com sacos de batata cobrindo a cabeça causando confusão na cidade, incluindo alvejando cidadãos do lado de fora.

-Eu conheço esse lado da cidade, você tentou acionar pessoas que simpatizam com o trabalho desses garotos para ajudar, não é? Que pena, eu já lidei muito com isso pra não estar preparada, agora...

Nara estalou os dedos, no mesmo momento ouviu-se algo vindo por trás da porta delas, não tiveram tempo de olhar, apenas Mei sentiu algo puxando-a pelo cabelo e forçando o braço em sua barriga. Karen observou o mesmo pokémon de antes agredindo a garota, a força era tanta que ela começava gritando e alguns segundos depois já estava lutando para conseguir respirar, dava para ver a dor dela, principalmente por seus olhos lacrimejando. Ela já não falava mais.

-E você, Karen... E pensar que não precisaria ver isso se simplesmente resolvesse me ajudar. A gente poderia ter feito isso sem machucar ninguém, igual você queria... A culpa é sua, seu monstro! - Nara ria após usar esse termo contra Karen.

Estavam sem saída, não é? O plano de Mei de pedir ajuda não deu certo, muito pelo contrário, só pioraria mais a imagem daquele lugar e das crianças.

-Mas eu vou te dar uma chance de saírem daqui sem precisar machucá-la mais ainda. Se quiser que meu pokémon solte sua amiga, implore!

Não havia o que ser feito, Karen só tinha a opção de se ajoelhar e implorar para que Nara parasse com toda aquela atrocidade, assim o fez quebrando qualquer contato visual, talvez não quisesse que a ruiva a visse chorando, não tinha como manter o emocional diante daquela situação, principalmente alguém sem experiência para esse tipo de coisa. Diante do apelo de Mei, a ruiva riu bastante antes de estalar os dedos novamente. Grimmsnarl soltou Mei, deixando-a cair no chão enquanto gemia de dor e tentava recuperar seu fôlego.

-Acabamos por aqui. Peguem nossa caça e vamos embora.

Nada puderam fazer. O exército de Nara pegou o Scraggy deitado na cama e o levou, saíram pelo buraco na parede enquanto sua mestra os guiava para fora. Mei tentava se levantar e ir atrás deles, porém Grimmsnarl pisava em suas costas, fazendo-a voltar ao chão. Vulpix estava assustado ao lado de sua treinadora sem condições de reagir. Nara olha para trás.

-Tente algo e não vou ser boazinha de novo.

Eles se foram, o pokémon que fez a garota de refém foi o último a sair deixando Karen ajoelhada e Mei no chão gemendo de dor e chorando. Aos poucos, do lado de fora, a confusão ia cessando e as pessoas entravam na casa para socorrer as amigas e as crianças. Na sala, encontram-nas encolhidas nos cantos e Lancelot caído desmaiado. Uma ambulância foi chamada para socorrer Mei, que foi levada ao hospital da cidade para ficar sob tratamento. Quanto a Karen, o pessoal tentou cuidar de seu psicológico naquele momento difícil.

...

Poucos dias se passaram, Karen estava no centro pokémon com sua equipe recuperada. Ao seu lado estava Arthur e Bedivere, este mais preocupado e no colo da garota tentando animá-la, sabia que ela não estava nada bem. Mas talvez as coisas estivessem melhorando, uma mensagem foi recebida em seu celular.

Sakura Mei escreveu:

Oi, Karen, aqui é a Mei. O médico disse que eu vou receber alta em breve. É ótimo, né? Será que você poderia vir me ver hoje? Eu vou entender se não puder.

Partiu para o hospital assim que leu a mensagem de Mei. Após algumas instruções, conseguiu pegar as direções corretas e chegar ao seu destino, foi logo recepcionada e foi encaminhada ao quarto de Mei sem muita demora. Ao abrir a porta, avistou sua amiga em roupas hospitalares sentada na cama com o pequeno Vulpix em seu colo.

-Karen...

Sua voz estava mais fraca que o normal, talvez ainda doesse para falar -Ainda dói um pouco para falar - sabia.

Ela sorria enquanto algumas lágrimas escorriam por seu rosto, não estava fácil para as duas encararem aquele problema. Mei chamou Karen para perto dela, só queria que se aproximasse mais, o suficiente para abraçá-la fortemente. No mesmo momento, as emoções de Mei começaram a sair. Ela chorou, chorou, chorou até que suas lágrimas secassem, aquilo realmente havia mexido com ela de tal maneira que só queria um ombro amigo que servisse de consolo.

-O... Obrigada...

Após agradecer, ficou um momento a mais abraçada com Karen até se largarem. Mas por que motivo ela havia chamado a especialista no hospital? Seria apenas a necessidade de um ombro amigo? Não. logo veio a resposta.

-Karen... Eu falei com o pessoal do bairro sobre Nara e eles não estavam entendendo do que eu falava. Quando eu disse sobre o que passamos com ela um dia antes, um dos motoqueiros disse... "Aquela não é a caçadora". Pelo que parece... ela é alguns anos mais velha, nada parecida com ela e sumiu do público faz algumas semanas. Desde em tão, a caça aos Scraggy acontecem nas sombras.

Mei estava ofegante para falar, mas ainda assim insistia. Mas do que ela falava? havia gente dizendo que aquela suposta caçadora era uma impostora? Talvez Mei tivesse mais a dizer.

"E agora, Mei?" foi uma pergunta que a deixou incomodada, abaixou a cabeça e desviou o olhar, elas queria dar uma resposta a Karen, mas não tinha a coragem para fazê-lo, não antes de tomá-la para si e dizer as suas intenções para a amiga.

-Eu... Eu vou ter que... Ir atrás dela...

Mei levantou-se, mas com dificuldade, ainda sentia um pouco de dor daquela pancada e do pisão que foram além do normal, ela teve sorte de não se ferir mais gravemente que isso. Usava a cabeceira da cama para se apoiar ao mesmo tempo que Vulpix tentava pedir para que a treinadora se mantivesse deitada.

-Não... Não é nada... - ela mentia tentando deixar Karen menos preocupada -Eu já vou melhorar. Eu vou ter que descansar um pouco antes, mas eu... Eu meio que sei pra onde ela foi... vou te mandar a mensagem que recebi.

Mei sentava em sua cama, na verdade ela deixou seu corpo cair, colocando a mão em suas costas devido ao incômodo sentido na hora do impacto dando uma leve gemida que tentou disfarçar. O texto encaminhado para Karen chegou.


-Eu não posso deixar eles cuidarem disso sozinhos... Não posso. Karen... Você não precisa se meter mais nisso... Desculpa... Deve ter sido horrível pra você, né? É tudo culpa minha...

Karen não acreditava no que ouvia, melhor, não queria acreditar no que ouvia, Mei ir atrás daquela mulher não passava de suicídio, uma atitude irracional de alguém que talvez se sentisse culpada pelo que aconteceu dias atrás. Apesar dessa suposição, Mei não se sentia assim de verdade. Ela segurou a mão que Karen usava para tocar seu ombro e manteve a cabeça baixa.

-Obrigada, mas... Eu sei que não é... Você não precisa vir comigo. Eu vou descansar, melhorar e resolver esse problema. Não se preocupe, todo mundo vai estar lá também. Dessa vez, eu vou preparada.

Mesmo em sua situação atual, Mei estava determinada a pelo menos tentar colocar um fim naquilo ou auxiliar para que isso fosse possível. Vulpix subia no colo da garota e começava a se esfregar na barriga, a dor era sentida, mas suportável apesar dos gemidos.

-Eu sinto muito por não ter conseguido te ajudar a pegar um Scraggy pra você, mas não acho que ir atrás de um agora seria o melhor momento. Então... O que você vai fazer agora?