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Capítulo 28 - Vinte e três primaveras

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Mensagem por Artie Sáb Ago 22 2020, 19:11

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Quando Blake avistou a cidade de Slateport das alturas, seu coração disparou. O típico cheiro da maresia, a visão das embarcações entrando e saindo do porto, o encontro da areia branca da praia de Slateport se encontrando com o intenso azul do oceano... Por mais que a cidade portuária não fosse mais seu lar, ele ainda sentia muito afeto por ela. Afinal, era sua terra natal. E, de vez em quando, é necessário voltarmos para nossas origens.

Blake estava em um momento de transição de sua carreira. Sua carreira como criador estava indo muito bem, mas McBride pretendia retornar para Johto pois havia recebido uma oportunidade de transferir sua fazenda para lá. Era uma mudança impactante e que de certa forma, relembrava de quando o treinador havia se mudado para Kanto, onde iniciou sua carreira como treinador. Poderia ser considerado até um "reboot" de sua jornada. Por coincidência, no meio deste período, havia uma data especial: o dia seguinte seria seu aniversário. Então, antes de sua mudança, nada melhor que passar o aniversário ao lado de seus progenitores.

Quando o criador avistou de longe o seu bairro, fez um sinal para sua Tropius indicando que aquele era o ponto onde desceriam. A híbrida dos tipos Grass e Flying fez um pouso tranquilo em uma praça próxima, onde havia pouco movimento e muito espaço. A caminhada até a casa de seus pais foi curta e logo o criador estava diante da residência McBride: uma casa bem simples, mas bonita e conservada. A mesma residência desde que Blake tinha 3 anos de idade.

Naquele horário, seu pai, Johny McBride, provavelmente estava na Feira Municipal de Slateport vendendo seus doces artesanais. Enquanto isso, sua mãe Jolene provavelmente estaria na cozinha de casa preparando os doces que seriam comercializados no dia seguinte. Blake gentilmente bateu na porta de sua casa e aguardou. Estava ansioso para dar um abraço bem apertado em sua mãe.
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Mensagem por Koi Dom Ago 23 2020, 14:22


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Uma nova página estava para ser escrita na vida de Blake McBride. Sonhos, ambições e uma carreira bem sucedida o conduziam a um novo oceano de oportunidades e aventuras. Para isso, seria preciso deixar a Hoenn que lhe proporcionou muitas histórias para trás, pelo menos por algum tempo.

Mudar para outra Região significava, entre outras coisas, abrir mão da praticidade de visitar seus pais a qualquer instante, bastando alçar voo em uma montaria alada. Afinal, a viagem de Johto até Slateport demandava um maior investimento de tempo e dinheiro. Porém, a mudança em si não seria uma novidade para pais e filho, visto que uma vida de aventuras sempre traz essas inconstâncias, enfim.

Em todo caso, esta deveria ser a melhor ocasião para revisitar a família, principalmente porque era também véspera do aniversário de Blake. Então é natural que, de fato, a soma desses fatores convergissem para uma sensação de "reboot", de renovação, de novos começos.

Nesse contexto, ali estava Blake McBride, parado diante de sua própria casa, batendo à porta com gentileza e ansiedade, como se fosse um visitante estranho, um vizinho amigável, ou simplesmente um filho ansioso e muitíssimo educado.

– Já vou! – ouviu a voz familiar avisar, lá de dentro.

Uma panela seria arrastada por sobre as grades do fogão, para longe da chama onde estivera antes. A colher de pau batendo na borda do recipiente metálico teria uma sonoridade nostálgica, assim como o dos chinelos arrastando pelo corredor, em direção à porta. Entretanto, duas outras coisas teriam uma nostalgia inigualável quando comparadas à todas as outras: o rosto da mulher que se mostrava na entrada e o aroma adocicado que viajou com ela desde a cozinha, e que encontrava a rua quando a porta se abriu.

– Aah! É vocêêê! – a expressão de Jolene era logo tomada por um sorriso largo, que lhe ressaltava charmosas rugas nos cantos dos olhos. Seus braços instintivamente se abriram para acolher o filho num abraço maternal, emotivo e sem cerimônias.

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Mensagem por Artie Seg Ago 24 2020, 00:29

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Quando Jolene abriu a porta e se deparou com seu filho, a emoção foi inevitável. Os dois poderiam ficar sem se ver por dois dias ou por dois anos, mas a intensidade do abraço e o carinho maternal seria o mesmo. Blake, de uma forma atrapalhada, já que os dois possuíam uma grande diferença de altura, retribuía o gesto de carinho e se deixava levar pelo calor da emoção. Jolene então fez um sinal para que Blake a acompanhasse para dentro de casa.

O rapaz deixou seus calçados na entrada e seguiu sua mãe até o interior da casa. Bastou sentir o aroma de baunilha no ambiente para se sentir em casa. Como seus pais passavam a maior parte do dia cozinhando, o uso de difusores no restante da casa era uma prática constante para disfarçar os cheiros vindos da cozinha. Assim que passou pela sala, deixou sua mochila apoiada na lateral do sofá vermelho. O móvel era uma das poucas mobílias com cores de destaque: de forma geral, a casa possuía móveis rústicos, feitos de madeiras com tonalidades naturais. As paredes eram revestidas com papel de parede listrado com as cores bege e cinza, deixando a casa ainda mais monocromática. Era possível perceber que decoração não era o forte de seus pais, mas McBride não podia julgar: quando tinha sua própria propriedade em Rinshin, sua sala também estava longe de ser exemplo de um catálogo de mobiliário.

Blake continuou seguindo Jolene até a cozinha e, como já conhecia sua mãe, não fez cerimônias: foi direto até a pia lavar suas mãos (higiene em primeiro lugar, sempre!) e então por conta própria colocou a grande panela de caramelo de volta no fogão, voltando a mexer num ritmo constante para que o doce não grudasse no fundo da panela. Como Blake havia assumido seu papel, Jolene decidiu antecipar outra tarefa, pegando algumas berries que estavam guardadas na geladeira e começando a cortá-las em pedaços menores.

Diferente da sala, a cozinha era um ambiente muito mais aconchegante e estiloso. Na verdade, era um cômodo maior do que a sala, o que refletia muito sobre o comportamento dos McBride: a família sempre foi da tradição de acolher seus visitantes com deliciosos quitutes e bebidas sempre geladas. Era uma família com originalmente quatro integrantes, mas a mesa de jantar era acompanhada por dez cadeira, comprovando o quanto gostavam de reuniões. As paredes da cozinha eram revestidos por belíssimos azulejos brancos, com pinturas em tons azulados. As prateleiras e mobília eram em sua maioria da cor branca, o que deixava explícito que o ambiente era sempre bem limpo e organizado. Como trabalhavam preparando e comercializando alimentos, aquilo era um elemento primordial.


- Como estão as coisas aqui em Slateport, mãe? Tudo bem com você e com o pai? - Disse o treinador, puxando assunto.

- Os refugiados de Kanto e Johto voltaram pra casa, então a feira tá meio vazia ultimamente. Mas nossas vendas tão indo bem. Um empresário gostou tanto do dulce de leche que quer fazer um contrato para vender nossos doces em Johto!

- Mas que notícia maravilhosa, mãe! Se vocês tiverem que viajar pra Johto, vocês podem ficar hospedados na minha casa!

Bastou tocar no assunto para que Jolene ficasse um pouco emotiva. Ele já havia avisado para seus pais sobre seu retorno para Tohjo e, por mais que Jolene tivesse apoiado a iniciativa, Blake sabia que ela ficou um pouco sentida. Mesmo que não tivessem se visto muitas vezes durante o período da jornada que Blake passou por Hoenn, o fato de que estavam na mesma região significava que poderiam se ver com mais facilidade. A mulher de meia idade aproximou-se de seu filho e então encostou carinhosamente as palmas de suas mãos no rosto dele. Os dois trocaram olhares e era impressionante como seus traços faciais eram parecidos, principalmente os olhos verdes.

- Tô tão orgulhosa de você! Tu é empenhado e apaixonado por tudo o que faz! Vou sentir saudades de ter você pertinho, mas só de saber que está crescendo e se tornando um grande homem já me deixa muito feliz! - Disse Jolene. A mulher então se afastou um pouco de seu filho e deu um tapinha carinhoso em seu braço. - Pra tudo ficar melhor ainda, só falta eu ganhar um netinho ou netinha, tá me ouvindo?

O criador ficou corado ao ouvir a cobrança. Ele não pretendia ter filhos tão cedo, mas sua relação com Miranda, apesar de alguns mal entendidos, ia muito bem. Na verdade, ele sentia que já estavam preparados para deixar a relação avançar mais um passo e, se desse tudo certo, a festa de aniversário de Blake seria ainda mais especial. Tudo dependia da resposta de Miranda.

Mas aquele não era o melhor momento para pensar naquilo. Blake acabou se distraindo por alguns segundos, o que fez com que o doce que estava na panela quase passasse do ponto. Não fosse pelo reflexo rápido do criador de afastar a panela do fogo, talvez o caramelo tivesse queimado. A calda estava com uma coloração âmbar exuberante, então Jolene assumiu a dianteira e adicionar o leite de Miltank e especiarias na calda, dando a consistência que ele precisava. Enquanto ela preparava o preparo do doce, Blake mudava o foco da conversa, pois não pretendia falar sobre filhos. Pelo menos não tão cedo...


- Eu conheço muito bem você e o pai, então já sei que vocês vão fazer um jantar amanhã. Eu pensei em chamar alguns treinadores que eu fiz amizade nos últimos tempo para passarem a noite com a gente. Achei que seria bom para você e pro papai conhecer as pessoas com quem eu me enturmei nos últimos tempos.

- Não faça cerimônias, meu filho! Pode convidar quem você quiser! Só peço para que me avise bem cedo para que o seu pai possa comprar todos os ingredientes amanhã na feira antes de vir para cá! - A mulher pareceu um pouco pensativa após sua fala, então fez um questionamento: - Você ainda tá seguindo aquela modinha lá de só comer legume, filho? Não me admira que está tão magrinho...

- Vegetarianismo não é modinha, mãe! - Respondeu o jovem, rindo. O rapaz levantou um pouco a sua blusa e apertou uma dobrinha de sua barriga. - Mesmo sem comer carne, eu ganhei umas gordurinhas, tá vendo?

Blake continuou auxiliando sua mãe no preparo dos doces e então esperou mais alguns instantes para ver se ela precisava de ajuda em alguma das tarefas domésticas. Além das tarefas domésticas, ele ainda precisava arrumar seu quarto. Queria deixar tudo em ordem antes de fazer um passei pelas ruas de Slateport. Por mais saudade que estivesse de seus pais, o jovem também estava ansioso para visitar sua namorada. Sabe como é, aquela tipica paixonite de jovens carregados de hormônios.
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Mensagem por Koi Seg Ago 24 2020, 19:32

Depois de um abraço de mãe o mundo inteiro parece que volta aos eixos. Toda e qualquer diferença também se tornam um nada, e nem horas de abraço são o suficiente para transmitir sentimentos cultivados desde antes do nascimento.

De volta ao lar, todo o sistema de Blake trouxe à tona comportamentos que um dia já fizeram parte de seu cotidiano, desde onde pôr os sapatos antes de entrar na casa, até a harmonia da cozinha à quatro mãos.

Aí os assuntos iam e vinham com naturalidade, evidenciando, entre outras coisas, as preocupações de Jolene com o futuro do filho. Assim, os anseios maternos tocavam em tudo: viagem, relacionamentos, alimentação. Sempre com a delicadeza de quem deseja o melhor para o outro.

– O Jake vem aí. E esse eu já me preocupo se for me dar netos. – como é típico das mães, não deixaríamos de ver uma comparação entre os filhos – Toda vez que ele me liga tá com uma moça diferente. Não sei pra quem puxou. Quero só ver quem vai trazer... – e de repente a expressão de Jolene se iluminou, como se ela tivesse atingido uma conclusão muito importante – Ah! Se lembra da Shirley, ali do 71? Aqui da rua de cima? Filha da Sandra? Aquela Sandra que eu vendi doce fiado naquele Natal... Pronto, já que tu vai convidar uns amigos eu vou ver se as filhas dela não querem vir pra festinha também. – a mãe sorria como se aquilo pudesse resolver todos os seus problemas – As meninas são uns amores. Parecem até gêmeas. Abriram uma tendinha de artesanato lá na Feira, mas já andam falando em ser treinadoras também. Vai ser bom pra ti e pro Jake... Darem uns conselhos pra elas, de repente. – tentou disfarçar suas reais intenções aqui.

Jolene já terminava parte dos seus processos, tendo um saldo positivo no tempo com a ajuda do filho. Este tempo extra veio a calhar agora que ela tinha um plano para por em prática. Com isso, dispensou Blake dos afazeres na cozinha para ir até a sala, tomar uns minutos ao telefone ligando para Shirley, filha da Sandra, da rua de cima, mãe de quase-gêmeas e potenciais... Bem, o que seria de um aniversário sem surpresas?!

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Mensagem por Artie Ter Ago 25 2020, 01:50

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Ao saber que Blake queria transformar o seu jantar em uma "festinha" de aniversário, Jolene achou que aquela oportunidade seria perfeita para servir como cupido e tentar arranjar um bom partido para ele. Da mesma forma como ela convenientemente queria que o criador ensinasse sobre pokémons para as garotas, ela também se esquecia que apesar de algumas idas e vindas que nem mesmo eles entendiam, Blake e Miranda estavam namorando. McBride se incomodava um pouco com isso, mas não afrontava sua mãe diretamente. Ao invés disso, retrucava a resposta com outra resposta ingênua.

- Eu me lembro da Sandra sim! Nem sabia que ela já era avó! Tenho certeza que elas vão aprender algumas coisas bem legais amanhã. Eu tenho muitas histórias para contar! Tenho certeza que a Miranda também! - Enquanto Jolene ia animada até o telefone para ligar para a vizinha, Blake pegava a sua mochila e subia o lance de escadas até o andar superior, onde ficavam os três quartos da casa.

O quarto do treinador ainda parecia o mesmo de quando tinha 16 anos de idade: paredes brancas, posteres de algumas bandas na parede e uma prateleira repleta de livros. O jovem até sentiu a tentação de se jogar na cama, mas segurou a vontade um pouco para pegar a roupa de cama no armário primeiro e deixar sua cama pronta para usar mais tarde.

Após arrumar a cama, Blake abriu a sua mochila e organizou alguns de seus pertences em cima da bancada. Entre esses pertences, estavam algumas fotos que ele havia mandado revelar e estavam expostas em um mural que ficava, na parede do seu quarto na fazenda de Rinshin. Entre as fotos, estava uma foto dele com todos os seus pokémons no meio dos campos de plantio de sua antiga fazenda, a foto de um encontro que teve com Miranda em Goldenrod - o dia do primeiro beijo do casal! -, uma foto de Blake e Jake acompanhados do Blastoise Sheldon na praia de Lilycove, a foto que Blake havia tirado com Rafael, Robin, Thito, Valentain e Tony durante o evento Sakura, organizado pela sociedade The Wolves, e uma das raras fotos que o jovem havia tirado com sua ex sociedade: o criador estava acompanhado de seus amigos Tyrant e Thomas na base da extinta Circulus Virtutum, atual Virtuum. Blake e Thomas posavam para a foto animados, Tyrant estava um pouco indiferente. Talvez ele nem soubesse que havia aparecido no registro fotográfico.

Como tinha cópias virtuais de todas aquelas imagens, Blake achou que seria uma boa ideia deixar aquelas fotos ali no seu quarto como lembrança. Pendurou elas ao lado do poster da banda Mienfoo Fighters. Com tudo organizado, McBride aproveitou para tomar um banho quente e relaxar um pouco. Trocou as suas roupas, deixando o tradicional combo de jaqueta vermelha, regata branca e calça jeans por algumas roupas que havia deixado em casa: colocou um moletom preto com listras amarelas e uma calça de moletom grafite. Trajando novas roupas, desceu as escadas, deu um beijo em sua mãe e, além de avisar que iria sair, se disponibilizou a auxiliar:


- Mãe, vou dar uma volta pelo quarteirão. Precisa que passe na feira e leve alguma coisa pro papai?

Mesmo que Blake estivesse se disponibilizando a ir na feira auxiliar seu pai, a verdade é que seu destino era outro: estava ansioso para rever Miranda. Será que a garota estava em casa?
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Mensagem por Koi Ter Ago 25 2020, 19:26

Mesmo a pequena provocação com a menção de Miranda não foi capaz de tirar Jolene do seu foco. Afinal, não há problema algum em conhecer gente nova e, de repente, mudar de interesse, certo?! Se Jake tinha uma namorada por semana, por quê não arriscar com o outro filho?!

Com a mãe distraída ao telefone, Blake teve seu tempo para matar saudade do segundo cômodo mais importante da casa (para ele): seu quarto. E foi como entrar num túnel do tempo, de volta a sete anos atrás, já que tudo parecia estar intocado, e isso obviamente lhe arrancava boas lembranças de quando vivia ali.  

Da parte de Blake, não parecia haver real intenção de mudar aquele quarto. Pelo contrário, as várias lembranças que ele trazia em forma de fotografias adicionavam ao ambiente um caráter saudosista, transformando-o quase num santuário de boas memórias. Enfim, tudo se manteve exatamente como estava, exceto pelos lençóis limpos sobre a cama e um par de roupas que tirou do armário para vestir, e ambos também provavam uma outra habilidade materna rara e bem desenvolvida: limpar sem tirar as coisas do lugar.

A propósito, talvez o Criador tivesse previsto as outras preocupações menores de sua mãe, pois vestiu moletom mesmo para sair de casa àquela hora da manhã em plena Slateport. Ainda assim, não conseguiu se livrar de todas as outras que Jolene disparou quando ele anunciou a saída:

– Quero nada não... Mas já vai? Chegou tem nem meia hora! – ela acrescentou um tom sutil de tristeza neste pequeno exagero – Tá bem agasalhado? Ah, tá de moletom, ótimo. Tá levando chave? Pega um guarda-chuva ali no armário, o tempo por aqui anda bem doido. Vai demorar? Se for, manda mensagem! Guardo um prato pra ti na geladeira.

Provavelmente ela teria ainda uma lista de coisas para questionar, confirmar ou pedir. Coisas de mãe, é claro. Mas, bastou um olhar para o rostinho de Blake e a mulher entendia a aflição dele em partir. Por isso, deu-lhe a bênção para sair, antes dela própria voltar aos afazeres. Àquela altura suas misturas já teriam esfriado, estando no ponto ideal para trabalhar!

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Mensagem por Artie Qua Ago 26 2020, 00:32

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Ao avisar que ia sair, Jolene logo ligou o sinal de alerta e agiu como todas as mães: encheu Blake de questionamentos e garantiu que ele estava com casaco, guarda-chuva, trocado na carteira e só faltou pedir para que ele prometesse que não falaria com estranhos e que também olharia para os dois lados antes de atravessar a rua.

Após ser aprovado pela "perícia" materna e ser liberado para sair, o jovem deu um beijo no rosto de sua mãe e a tranquilizou. A saída seria apenas um passeio rápido e ele voltaria cedo para casa.


- Prometo chegar em casa antes do jantar, fica tranquila!

Após sair de casa, chamou Sheldon para fora de sua pokébola para acompanhá-lo na caminhada. O pokémon aquático não era o mais veloz ao caminhar, mas não havia problema porque Blake não estava com pressa. Todo pokémon gostava de um tempo fora da pokébola e Sheldon era a prova viva disso: o criador se divertia observando o Blastoise acenando para as pessoas na rua e também fazendo eventuais paradas para admirar coisas aleatórias, como as lixeiras públicas com formato de Pelipper.

Seu primeiro destino seria a casa de Miranda, que ficava a três quadras de distância. Enquanto caminhava até a casa da loira, pegou seu Pokénav e enviou uma mensagem para a loira. Ao contrário de Jolene, ela não era do tipo que gostava de surpresas. Foi simples e direto em sua mensagem e esperava que Miranda retornasse logo.


"Oi!
Cheguei em Slateport hoje! Eu e Sheldon queremos passar aí para te dar um oi! Tá muito ocupada?
Beijos! *insira aqui um emoji de coração*"


Como o app mostrava que Miranda estava online, provavelmente não demoraria muito para responder. O coração de Blake palpitava naquele instante. Típico comportamento de jovem apaixonado, com muitos hormônios à flor da pele.
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Capítulo 28 - Vinte e três primaveras Empty Re: Capítulo 28 - Vinte e três primaveras

Mensagem por Koi Qua Ago 26 2020, 14:38

Uma vez vitorioso no checklist da mãe, Blake finalmente pôde sair para seu "passeio no quarteirão" com outras intenções. Apesar da ansiedade, não tinha pressa, tanto que aproveitou a oportunidade para passear com Sheldon.

O Blastoise se divertia caminhando por aquela parte mais residencial da cidade. Ele tinha uma simpatia natural para contrapor sua aparência intimidadora, fazendo-o parece uma grande tartaruga fofa e arrancando risinhos das pessoas a quem ele cumprimentava. Além disso, seu jeitão calmo e curioso daria ao treinador um verdadeiro passeio, com o Pokémon sempre apontando detalhes que lhe chamavam a atenção.

Aquelas pausas e a caminhada mais tranquila viriam a calhar para que se distraíssem durante a ida até a casa de Miranda. Apesar de não ser tão distante, de uma forma ou de outra Blake pegava a namorada de surpresa com sua mensagem. Tanto que teve em resposta:

OI! Perfeito!
Podem vir.
Deem três voltas no quarteirão antes.
Preciso me arrumar.
Bjs :* :* :*


Claro, ela não estava sendo literal naquele pedido, apenas prática com as palavras, já que precisaria de alguns minutos até estar suficientemente arrumada para aquele encontro. Miranda estivera online todo tempo esperando que Blake a avisasse de sua chegada na cidade, não que já estava à caminho da casa dela! Por sorte McBride conhecia sua namorada e entenderia que ela precisava do tempo extra. Ora, não poderia recepcionar o namorado com roupas de ficar em casa e cara amassada, certo?!

Como dito, só o passeio tranquilo com Sheldon daria ao Criador tempo suficiente para encontrar sua namorada pronta assim que chegassem à porta dela. Miranda era objetiva, apesar de tudo, e também ansiava em vê-lo, bem arrumada ou não.

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Mensagem por Artie Qui Ago 27 2020, 02:12

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Com a chegada da resposta de Miranda, Blake não se surpreendeu. A jovem com certeza queria causar uma boa impressão e, já que estava se arrumando, provavelmente significava que ela ia aproveitar a oportunidade para passear também. Para ganhar um pouco de tempo, o jovem decidiu alterar um pouco o seu trajeto e ir até a sorveteria que ficava perto de sua casa.

O criador pegou alguns trocados em sua carteira e fez um pedido simples: uma casquinha de baunilha e outra de chocolate. Sheldon ficou com a primeira, Blake ficou com a segunda. Os dois até poderiam aproveitar a guloseima dentro da sorveteria, mas Blake sentia falta da movimentação de sua cidade. Procurou por algum banco onde poderia se sentar com Sheldon e observar a movimentação.

Ficou desfrutando sua sobremesa gelada com calma e se divertia observando Sheldon comer. Seus braços eram curtos, o que dificultava um pouco o trabalho. Além disso, o aquático era um pouco desastrado: seu rosto, mãos e até mesmo o casco estavam repletos de sorvete! Felizmente o treinador estava com um "kit-Jolene" em sua mochila, então pegou um lenço umedecido para limpar seu inicial.


- As vezes eu menosprezo as dicas da minha mãe, mas não é que isso aqui é mesmo útil? - Dizia Blake, rindo ao ver que Sheldon fazia um sinal de positivo com a cabeça, concordando.

Após terminarem o sorvete e limparem toda a bagunça, Blake e Sheldon então foram até a casa de Miranda. Provavelmente ela já estaria pronta.
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Capítulo 28 - Vinte e três primaveras Empty Re: Capítulo 28 - Vinte e três primaveras

Mensagem por Koi Qui Ago 27 2020, 18:44

Desfrutar de um sorvetinho naquela manhã quente, sentados em um banco no parquinho mais perto, foi a melhor escolha de Blake e Sheldon para passar o tempo. Foi um momento muito bonito entre o treinador e seu inicial, que pela simpatia continuava a arrancar risinhos de quem passava e o via, principalmente agora lambuzado de creme!

Quando estavam prontos para encontrar Miranda, seguiram até a casa da garota novamente. Sim, ela já estava pronta para encontra-lo à porta da casa, com seu belo cabelo loiro escovado, um vestidinho de colegial branco, com uma sainha azul royal e detalhes em vermelho (estilo Sailor Moon) que combinavam com sua maquiagem em tons quentes. Os lábios seriam um espetáculo à parte para os hormônios de McBride, pois chamavam atenção com aquele brilho sutil que ressaltava o rosado natural.

Ansiosa, Miranda faria questão de ser ela a abrir a porta para o namorado quando ele chegasse. A alegria em vê-lo lhe arrancaria um sorriso e a faria "engolir" as palavras, ficando num breve silêncio emocionado, quebrado apenas pelo seu suspiro apaixonado...

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