Pokémon Mythology RPG
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Contest #12 - Apresentações

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Contest #12 - Apresentações - Página 2 Pp6Y2kA

SPRING EQUINOX

Era enfim o grande dia do Contest em Lilycove. Eu me preparei um monte, só por hoje; só por esses 15 minutos de fama. Como eu cheguei até aqui? Não sei te dizer. Vivi a infância inteira cercada de artes, de todos os tipos. Moldada para ter diversos talentos. Todos eu pensei ter deixado para trás quando me assumi treinadora. Então, sinceramente? Eu não esperava estar aqui hoje. Pode chamar de destino, ambição, experimentação, aventura. Só sei que eu já não sou mais a mesma e eu vim para entreter!

Eu não era a primeira, tampouco a última, então fiquei nos bastidores esperando meu momento chegar. Diferente de muitos outros competidores que traziam seus Pokémon junto e gastavam os últimos minutos na companhia deles, eu estava só. Fisicamente, é claro! Porque lá no fundo eu sentia todas as boas energias postas sobre mim, incluindo a do meu parceiro, guardado naquela Poké Bola rosa escondida em meu decote. ”Respira. Não pira.”

Me dediquei a dar uma última conferida no meu vestido: todo em um tom suave de rosa, com belíssimas flores sintéticas harmoniosamente distribuídas. Eu usava um decote ousado para meu corpo, na frente e atrás, mas não me importava. Meu cabelo estava solto em cachos, emoldurando meu rosto com uma maquiagem simples, que não roubava a cena daquelas delicadas pétalas verdadeiras que foram cuidadosamente coladas nas minhas maçãs.

Faltava só mais uma apresentação, antes da minha. Queria me dar uns tapas para perder o tremor das mãos, mas aquilo seria no mínimo esquisito... Com mãos tremendo e tudo, peguei meu PokéNav na bolsa, dentro do armário, e nele abri os dois únicos grupos que me importavam. Escrevi as mesmas palavras em ambos: ”Eu sou a próxima! Torçam por mim! <3 “. Um enter enviaria a mensagem para minha família e para a Requiem.

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APRESENTAÇÃO VISUAL

Eu estava parada bem na entrada para a arena quando chamaram meu nome. Já tinha feito todo trabalho de aquecimento e respiração possíveis, então agora era hora de agir. Lilycove era referência na moda, no desfile, e era isso que eu serviria à eles nesta primeira parte da noite. Ombros para trás, pescoço ereto, queixo para frente. ”Now, walk”.

Entrei na arena caminhando em linha reta, com graça e leveza, na direção dos jurados. Apesar de um desfile exigir certa seriedade, eu sorria; encantada com a beleza do lugar depois de toda grandiosa estrutura estar finalmente montada e operante. Aquele mesmo sorriso já seria usado para encarar e tentar conquistar o público, pois era um riso sincero, feliz e de coração. Um adeusinho de miss antecipava o contato com com as pessoas.

Pouco além do centro da arena fiz uma reverência de dama em frente aos jurados: sutil, curta, com as mãos erguendo delicadamente as laterais do vestido. No momento que olhei para baixo, tomei fôlego, enchendo os pulmões para enfim quebrar o gelo:

– Boa noite, Lilycove! – eu usava um microfone muito discreto fornecido pela produção, então minha voz era amplificada, causando estranheza aos meus ouvidos –  Eu me chamo Kiki, e é um prazer estar em sua presença, hoje. Nesta noite, cada um de nós contará a vocês, de diversas formas, sobre o Equinócio de Primavera. Por isso, venho apresentar a minha versão. Mas, eu não venho só. – tentava conversar com o público com a desenvoltura teatral de quem conta uma história ou recita um poema – Por favor, recebam com carinho e aplausos meu companheiro, o grande Ga’Hoole!

Pronto. Se você esteve se perguntando esse tempo todo por que meu Pokémon não estava comigo nos bastidores, eis sua resposta. Lancei ao ar a esfera rosa que tirei do decote, em direção ao centro. Ga’Hoole, meu Tropius, apareceu após um intenso brilho rosado. Mas ele era ainda só um grande borrão verde que girava intensamente na vertical, pois saiu da esfera envolto no intenso vórtice de vento que era seu Gust!

De súbito, Tropius parou, desfez a ventania e abriu suas asas de forma esplêndida, planando no ar. Depois, ele se lançou por sobre as arquibancadas, voando e lançando glitter sobre o público e os jurados. Ele brilhava em tom azulado, deixando um rastro de delicadas penas de energia que evanesciam ao cair, provocadas pelo uso de Roost.

O grande quadrúpede já trazia em si as cores da natureza: o verde das plantas contrastando com o marrom da terra. Porém, para aquela noite, a cabeça de Tropius estava ornada com uma delicada coroa de flores, tão rosas quanto a decoração do Hall. Ainda usava, amarrada à base de seu pescoço, uma elegante echarpe também rosa (Pink Scarf), que esvoaçava enquanto ele se deslocava pelo ar.

Eu assistia a tudo tão maravilhada quanto o público e, de novo, usando das minhas reações para distribuir sinceridade e honestidade em meu sorriso e olhos que brilhavam de encanto. Enquanto Ga’Hoole voou, eu sabia que uma das câmeras também me captava, então refiz meu desfile até o centro do palco, onde executei algumas poses até meu Pokémon pousar logo atrás de mim. Com ele no chão, encerramos com uma reverência dupla e sincronizada, mostrando respeito e gratidão àqueles que nos apreciavam.

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APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA

– Agora, Lilycove, peço gentilmente sua atenção para uma história que eu vou cantar. – dei um olhar maroto para a câmera mais próxima, registrando a intenção do último verbo – Ela reflete sobre ciclos. E que oportunidade melhor para falarmos disso, senão neste Equinócio de Primavera? – eu tornava a caminhar pela arena, em direção ao público, com quem eu falava diretamente – Quando o Sol e a Lua compartilham do mesmo tempo sob o céu de nossos dias. E quando deixamos para trás toda sobriedade que o inverno representa, para vivenciarmos o recomeço! – um meio-giro delicado foi o suficiente para esvoaçar meu vestido, antes de eu caminhar na direção contrária – Sim, pois é na Primavera que toda natureza torna a desabrochar, as criaturas encontram seus pares e, enfim, toda vida renasce bem diante de nossos olhos, e reinicia este ciclo. – outro meio-giro, outro movimento de vestido e eu já podia voltar para meu lugar ao centro, e Ga’Hoole se posicionava, deitando sobre as patas – Por isso, Lilycove, eu lhes peço, mais uma vez: atenção para a história que eu vou cantar, pois é sobre um Ciclo sem fim...

Todas as luzes diminuíram drasticamente no instante em que eu baixei minha cabeça e juntei as mãos ao peito. Respirei fundo duas vezes, abandonando de vez qualquer resquício de nervosismo que pudesse me sabotar. Vamos nos divertir e emocionar, Lilycove!



– Naaaaants ingonyama bagithi baba! – um holofote brilhou exatamente sobre mim, enquanto erguia a cabeça para entoar a plenos pulmões palavras que vivem em minha descendência; a música de fundo tocava, me acompanhando – Naaaaants ingonyama bagithi babaaa-eeeya! – estendi esta parte, com espaço para notas mais agudas e floretes.

Enquanto o coral na música de fundo seguia cantando em semitons, toquei a cabeça de meu Tropius, para que ele entendesse que era hora de levantar. Tínhamos uma interpretação para executar. Uma luz também caiu sobre o Pokémon e o acompanhou caminhar na direção dos jurados.

– Desde o dia em que ao mundo chegamos, caminhamos ao rumo do Sol. – a plateia era meu Sol, e enquanto algumas luzes gradualmente retomavam, simbolizando o amanhecer, eu caminhava contrária aos jurados – Há mais coisas pra ver. Mais que a imaginação. Muito mais que o tempo permitiiir! – minha mão direita dançava com leveza, enquanto a esquerda segurava a ponta do vestido; tudo que eu menos precisava era tropeçar – São tantos caminhos pra se seguir, e lugares pra se descobrir. E o Sol a girar, sobre o azul desse céu, nos mantém neste rio a fluiiir!

Me virei com graça para trás e meu companheiro, do lado oposto, fez o mesmo. Bem como ensaiamos, com códigos discretos e palavras-chave para ele não se perder. Era um grande bebezão, afinal. E agora estávamos frente a frente.

– É o ciclo sem fiiim que nos guiarááá!“vai Ga’Hoole, ative o Sunny Day! Isso, bom garoto!”À dooor e a emoção. Pela fé e o amooor. – preciso cantar cada palavra no tempo e na entonação certas, para não perder nenhum pingo de intensidade – Até encontraaar o nosso caminho... – eu bailava do meu lado, e movido pelo Sol que ele próprio gerou, Ga’Hoole era envolvido pela brilhante aura amarela de GrowthNesse ciclooo... Nesse ciclo sem fiim! – como uma planta, ele se nutria e crescia sob o Sol, agitando suas asas.

Apesar da música tranquila tocada em flauta, eu avancei a passos longos e graciosos de ballet, como se pegasse impulso para um jeté. Alguns centímetros maior do que antes, Tropius levantaria alguma poeira ao acelerar suas pernas na minha direção. Era hora do nosso clímax!

Ga’Hoole parava e baixava a parte dianteira do corpo, como um cão prestes a pular, mas quem saltou fui eu. Saltei, com a mão estendida para me agarrar no echarpe que coloquei estrategicamente na base daquele longo pescoço. Quando meus pés tocaram seu dorso, Ga’Hoole tomou impulso e voou!

– É o ciclo sem fiiim que nos guiarááá. – como num ciclo, reinicie o refrão – À dor e a emoçãooo. Pela fé e o amooor… – um toque suave no pescoço e o grandão sabia que deveria fazer chover folhas verdes e brilhantes sobre todos, com Leaf Storm potencializado por tudo que o Sol lhe proporcionava, mas que cairiam com delicadeza lá embaixo, como ensaiamos – Até encontraaar o nosso caminhooo… Nesse ciclooo! Nesse ciclo sem fiiim!

Sobrevoamos a plateia e os jurados, enquanto eu estendia as últimas partes da música; lançando folhas sobre todos, e meu vestido rosa lá em cima esvoaçando. Eu me segurava no cachecol dele como se fossem rédeas, pois estava de pé me equilibrando esse tempo todo. Nunca tive medo de altura afinal.

No fim, Ga’Hoole logo cansaria, pois a presença do Sol também lhe consumia energia (Solar Power). Ele pousou com delicadeza, no centro, todas as luzes, inclusive o Sunny Day se apagaram. Deitou sobre as patas, e eu deitei sobre ele, com carinho. E o silêncio antecipou os aplausos.

– Obrigada! – agradeci num sussurro emocionado. Reverências minhas e de Ga’Hoole contemplariam jurados e plateia, antes de sairmos.
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Lista de itens, moves e referências :



Última edição por Koi em Sex Set 18 2020, 13:20, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Corrigir link quebrado da música)

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Hiro ♡

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Importante :



Equinócio de Primavera

Eu nunca fui muito apaixonada pelas minha ações. É fácil para mim amar outra coisa, mas amar o que eu faço nunca é uma opção… talvez por isso foi importante conhecer meus pokémons. Eles não são eu e certamente me causam paixão.

Dentre essas dezenas de companhias que fiz, hoje eu quero falar da importância de foi descobrir unzinho só, um bem esquisitinho, mais desconhecido, um pouco amuado… um laranja de nariz empinado, de rabo afofado, de curiosidade aparente... Um-você: um Nickit. Isso porque sua performance, meu amor, não é minha mas me causa um tremendo orgulho, orgulho de um pequeno ato meu: o ato de dar-te a oportunidade para me fazer amar.

Conhecer-te foi um acaso; te descobrir uma escolha. Escolha que foi ação minha. Ação minha que (paradoxalmente) amei ter.

Então decidi escrever essa carta a você, minha raposa… apesar de ela não ser bem a ti, afinal de contas tu não és alfabetizada; nunca será circunscrita na nossa fala e nunca poderá entender nenhuma letra disso aqui. Tu tens dialeto próprio, tens grunhidos irreconhecíveis, força nos pés, poderio nos golpes e jeito no palco, enquanto eu só tenho minha consciência e sua companhia...

Além de, claro...
... minha vontade de escrever uma carta abertamente fechada; aberta para quem achar & ler e fechada em ti. É minha memória sobre você e a você.




Hoje mais cedo eu tentei dormir. Eu digo mais cedo porque foi realmente essa madrugada. Não ensaiei muito, disse para mim mesma que não perderia (tanto) tempo numa apresentação que provavelmente iria perder. Ainda assim, no final de um dia corrido, eu deitei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos em vão.
O pior de tudo é que eu imaginei. Eu imaginei vivamente as cenas que estavam por vir. No pé do palco; na boca do lobo. No pior dos lugares que uma Winnie poderia estar. A plateia estava lá fora e eu ouvia uma música lenta, um Jazz ambiente, daqueles que tocam em elevador, o lugar mais propício a ter que se cumprimentar alguém que nunca viu na vida. Minha trilha sonora era basicamente a personificação do desconforto cotidiano.
Era engraçado, no meu delírio eu não tinha nem sequer entrado, e só de imaginar meu coração disparava. Acelerava, continuava, continuava e continuava. Meu órgão-mor avançou TANTO que já não parecia possível frear. Ali eu fui obrigada a abrir os olhos e dar um pulo para fora daquele colchão. Se é possível meu coração bater tão rápido em um delírio sonolento, não seria também possível que eu perdesse o completo controle da situação real?

De realidade eu tinha muito pouco. Liberei-te nos bastidores do nada, até você que mal me conhece percebeu que eu estava avoada. Sem muita vivacidade te amarrei um laço rosa, que escondia as perninhas do Scarf. Ajeitei - de forma mecânica - o volume do pelo de seu peito, penteei seu rabo e espirrei em ti uma colônia, te fazendo espirrar.
‘Desculpa’, pedi num bom presságio. Talvez aquela culpa fora minha primeira ‘injeção de cafeína’ do dia, porque apesar do remorso, achei aquilo terrivelmente fofo.

Eu guardei essa memória mas não com tanto amor quanto outras. Sendo bem sincera, antes de entrar no palco eu não tinha certeza se você era incrível. Dizem que a maior prova de amor não seria amar desde sempre, mas provar do amor que há ali... e se há, desde quando?

Talvez aquele espirro fosse o começo de algo muito maior, mas como todo o bom começo, a gente quase nunca sabe para onde está indo.

Seu focinho vermelho dava um tremelique, enquanto eu tentava parar de sorrir e prender meus cabelos em grampos. Botei a peruca-loira e me virei ao espelho… pra quê, né?! Eu estava mais que esquisita naquela fantasia… parecia um saco verde de batatas! Destoava tanto, que dificilmente combinaria com alguma coisa naquele salão.
Ao menos eu não tinha tanto tempo para me encarar no espelho, senão eu teria desistido.

Chamaram meu nome & te retornei a esfera. Num raio só, você sumiu. Botei-te dentro da minha coroa, escondida dos outros olhares.


Apresentação Visual


Sabe o sonho que contei agora pouco? Pois é, foi aqui que ele se tornou realidade. Apresento-lhe a tal boca-do-lobo ou pé-do-palco. Meu nome era anunciado e eu só conseguia pensar em você. Meu pensamento já se tornou uma oração, de tanto que eu repeti: ‘por favor, entre por mim?!’
Entrar primeiro & sozinha não era só esquisitice, era burrice também. Meus joelhos bambeavam e a única coisa que disfarçava o problema, eram aqueles enormes ‘sacos verdes’ em que encaixei as pernas... popularmente chamados de calças, ou fantasia larga-demais.

Veja bem, eu não tinha uma fantasia bonita ou um laço rosa bem amarrado. Eu não combinava com o cenário. Minha noção de ‘cute’ era outra e eu precisava ser uma criança. A inocência era o alicerce e a fofura estaria na história que eu iria encenar.

Ser belo ficava para você. Apesar de bem treinado, você ainda tinha a esclera esbugalhada de um filhote. Seu focinho era pequenino e tremia toda vez que o vento esfriava. Suas orelhas às vezes caiam porque você simplesmente esquecia de as levantar... até seu sorriso ladino tinha dentinhos pequenos e de leite. Era tão difícil te levar a sério... tão complicado acreditar que você era um pokémon até que forte.
Nem me importava seu tipo! Não tinha certeza se você gostava de sombras e nem sabia se era um noturno-sorrateiro.

Na verdade quem gosta de sombras sou eu, né? Até entrei por elas! Caminhei rente a cortina e pintei de verde o cenário, com minha presença distante. Quando reparei no quão difícil era ver os jurados - o que devia ser bastante recíproco -, dei três pequenos passos em direção ao meio.
Foi um sacrilégio tomar coragem e caminhar até o centro-beira do palco. Quando cheguei lá, olhei para baixo e procurei os olhos curiosos de quem pagou para ver aquilo. Por consequência, pagaram para me ver.

Desculpem a encarada, não fiz por mal.

Uma hora eu levantei a cara, precisei começar a atuar. Meu objetivo era cair no chão e minhas pernas bambas facilitaram o serviço. Assim que flexionei meus joelhos cai junto, ‘sem querer querendo’. Sentei tão rápido quanto devia, recuperando o tempo que perdi andando até ali.

Com a popa do quadril afastada do chão, inclinei meu torso para frente e joguei minhas pernas para trás. Deitei sobre um dos meus cotovelos, colei a barriga no tablado e mantive meu queixo rente ao limite do palco. Comecei o monólogo falando entre dentes, esperando que o microfone pegasse bem o vocal esganado, típico de quem fala com o queixo e barriga pressionados.

‘Eu tenho uma Raposinha aí na terra, mas eu queria trazer ela para o meu planeta’. A primeira frase fora um pouco baixa e sem sentimento aparente. Precisei arranhar a garganta e recuperar o fôlego para as próximas... Eu pegaria o jeito, né?
‘Alguém ai pode desenhar uma raposinha para mim?’ perguntei, botando uma das mãos por dentro de um bolso. Dali tirei um pequeno bloco de notas: ‘Ela é assim... oh’. Abri numa página que outrora rabisquei. Eu fiz ao menos dez desenhos de você com acessórios. Nenhum parecia bom o suficiente para mostrar, mas num certo ponto eu me toquei do óbvio: eles não o veriam. Não havia distância para ver! Era uma en-ce-na-ção.

Eu já esperava o silêncio, afinal contests não eram interativos. ‘Cheguei pra cuidar da minha rosa, mas queria minha raposinha comigo’. A frase ficou no ar, me dando aval para prosseguir: ‘é que minha rosa não é muito fácil de lidar’. Quem conhece o conto sabe que ela não é flor que se cheire.

Deixei que o silêncio pairasse até incomodar. Quando me incomodou, retornei ao ato: ‘ah... ninguém sabe desenhar uma raposinha? Adultos realmente não tem criatividade’. Peguei de volta o bloquinho e fechei, botando de novo no bolso da fantasia. Sentei com os joelhos flexionados e bufei irritada, exacerbando um certo ar de frustração. Segurei a ponta de meus sapatos com as mãos e abri as pernas, formando asas de borboleta; típico de alongamentos de Educação Física. Retomei minha coluna para uma posição reta, balancei os joelhos alçando vôo e voltei a anunciar o monólogo pronto. ‘... Ah, meus desenhos terão que servir então’.
A ansiedade me fez perder o ritmo mas até que combinou. Balancei um pouco mais rápido meus joelhos e quando cansei larguei os pés. Estiquei minhas pernas no tablado gelado, botei as duas palmas das mãos bem rente ao chão, peguei impulso e levantei. Um ato tão súbito que até baixou minha pressão.

Levantei a cabeça, respirei fundo e caminhei em direção à cortina. Quando dei as costas para a plateia passei uma das mãos na testa, limpando o resquício (suor) de um nervosismo inevitável. Com a outra mão movi a coroa e te botei em cena, revelando a pokebola outrora escondida ali.
Você - em forma de item - deslizou pela minha peruca, bateu no meu ombro e fora direto para a minha mão. Cliquei o botão central e revelei sua identidade ao resto da plateia. Eles mereciam te ver.

Sabe o que era mais engraçado? Não sabíamos como seria. Você nunca viu plateia. Apesar de ter vivido na Wild Area, lidar com um bocado de turistas não é encarar multidão. Mesmo sem experiência, ao cair naquele palco você nem pestanejou… Sabia o que fazer melhor que eu.

Seu distônico laranja-com-rosa pousou quando eu ainda estava de costas para o público. Caíra entre meu dorso e os jurados: o intermédio (geográfico) desta relação se tornou você, que batera a língua fina no céu da boca e fizera um grunhido repleto de r's.
Tudo isso sem deixar cair a rosa que lhe dei.

Ainda sem ver, ouvi dois pulos seus indo até a beirada do palco. O som de seu pisar forte me fez virar abruptamente, preocupada com teu rumo. Por um mísero instante, achei que você avançaria o limite: desrespeitaria o plano e pularia na plateia.
Mesmo com minha virada repentina, você não freou; deu outros quatro passos saltados, sem olhar para trás. Você já estava na beira do palco quando gritei por ti. ‘Nickit!’. Olhos arregalados, boca bem aberta, mãos esticadas em sua direção e dois pés prontos para explodir em uma corrida. Eu não tinha um sorriso no rosto, mas não me faltava expressão.

O ‘problema’ é que você só parou. Ao chegar na beirada do palco, simplesmente forçou seu corpo para trás e estacionou. Era como se apenas fora ali mostrar-se aos espectadores. Nada mais. A luz do holofote não pareceu te cegar ou incomodar.
Ignorando meu grito, você decidira ir brincar na quina, me obrigando a encarar o ápice do palco mais uma vez. Era estúpida sua vocação. Questionei se aquilo era um convite ou uma provocação.

Contest #12 - Apresentações - Página 2 5pIIQQS
Independente de qual fosse, certamente não era uma desqualificação. Quando percebi isso, meu assombro todo foi transformado em alívio. Nem precisei atuar: o espanto fora convertido numa risada boba, que para Winnie era auto-depreciativa, mas para quem via, passava serenidade.

Não era mentira dizer que eu estava tranquila… Tranquila por estar errada, principalmente.
Apesar da calma, dei rápidas passadas até você. Ao me ver pisar na área-iluminada, você largou mão da quina e parou de brincar com o perigo da queda. Caminhou em minha direção e sentou-se no próprio rabo, dando as costas ao júri e me fitando. Eu tinha sua completa atenção. ‘Você veio!’.

Se abrirem minha cabeça agora, provável que encontrem algo próximo dessa memória que guardei de ti. Cauda aconchegada à frente, rosa encaixada entre-dentes, fita alinhada e Scarf afofado. Você estava perfeito e não há nada que me convença do contrário. Meu desenho se baseia nisto e nenhuma foto te registrará mais belo que meu imaginário.

Depois disso você pegou impulso e pulou nos meus braços, me forçando a agarrá-lo e pressioná-lo contra meu peito. Nossa rosa arranhou minha bochecha mas você não deu a mínima; continuou roçando sua pelugem branca em meu pescoço, enchendo meu ‘saco verde de batatas’ com seus pelos.

Num momento eu precisei pôr ordem naquilo: não tenho o costume de demonstrar afeto em público, tenho menos ainda o de deixar que o tempo passe sem controle algum. Por isso que te peguei com os dois braços bem encaixados na tua barriga. Ergui-te no ar, trouxe para perto da minha face e dei-lhe um belo beijo na testa. ‘É ótimo que vocês estejam aqui’. Larguei-te no chão e você me entregou sua (ou nossa) rosa. Peguei-a com as mãos lisas e dei nela outro beijo. Meu discurso agora era para minha flor... e mais quem quisesse ouvir: ‘eu voltei! Viajei para os asteróides 325, 326, 327, 328, 329 e 330 para ter com o que me ocupar e aprender. Minha última parada foi um planeta, a terra… e lá existe um tempinho em que as plantas florescem mais…’.

Parei por aí, olhei para o alto e apontei para o holofote: ‘ei adulto, você pode apagar essa luz aqui?’. Felizmente ele fez ‘obrigado!’.

Apresentação Artística


Depois de tão pouco, meu coração desacelerou. Não tenho certeza se fomos agradáveis ao público mas posso confirmar que aquela apresentação me agradou. Continuar ela foi um desafio mais leve, até porque eu estava contigo, e pelo visto você aguenta.

Agora no escuro, caminhei pelo palco. Deixei que meu passo pesado ecoasse no ritmo do Jazz do fundo. Coloquei a mão no bolso e toquei alguns itens chaves. De meu pequeno leque, escolhi o Flame Orb para ilustrar o cenário. Tirei-o dali e balancei com as duas mãos, alimentando com oxigênio a chama em seu centro. Infelizmente, eu não conseguia segurá-lo por muito tempo após a ativação. Logo o rolei no chão. Ele cambaleou para um lado, depois para o outro e parou próximo do centro. Você se sentou na penumbra recém formada e emitiu um grunhido animado, me chamando para ficar ao seu lado.
O que você pediu foi ordem. Eu me abaixei, apoiei meus joelhos no chão e sentei sobre minhas panturrilhas, cercando o crepúsculo que nos destacava. A única luz do palco era o Flame Orb e isso me dava um conforto único; o de não estar tão à vista.

Por outro lado, eu o invejava. O próprio alaranjado do fogo mesclava em ti. Seu pelo absorvia a meia-luz e uma sombra se estendia por detrás de seu rabo, como prótese & extensão, que maleava junto da instabilidade ígnea.
Eu queria conseguir ser tão hipnotizante assim...

Ainda que a atenção fosse você, eu tinha que prosseguir. ‘Eu peguei um bocado de balões quando fui embora, e tive que parar de rocha em rocha para enchê-los de novo… o que me fez ouvir um pouco sobre aquilo ali...’, um de meus dedos indicadores ficara bastante à mostra graças ao Flame Orb. Ao apontar para ele, uma relação recíproca; enquanto ele me realçava no palco à penumbra, eu especificava-o de forma direta, indicando o tema de minha tese. ‘Na terra chamam de Sol. Eu ouvi um empresário chamar de Sua, um rei nomear como Reino, um acendedor de lampião o tratar como um Regulamento e um geógrafo inscrevê-la como Anã Amarela. Nenhuma dessas faz muito sentido, mas eu gostei de Sol. É mais simples.’.
Em torno do Sol, um vazio à meia-luz. Ao apresentá-lo, uma necessidade tomou o enredo: precisávamos de uma terra.

Como combinado, tirei minha Intriguing Stone do bolso de atrás. Você abocanhou e o soltou, o fazendo rolar até uma área intermediária. Com as patinhas tu contiveste o movimento, controlando e começando a empurrar. Aquilo já era planejado: em sua viagem, você contornou meu sol com maestria. Numa ora você usava o rabo para fazer a curvatura, numa outra a deixava ir mais livre, perdendo o carácter de elípse.
Tu brincavas com tua sombra & projeção; quando longe da beirada, ficava sob a luz. Quando próximo do júri, um eclipse te tornava noite. Você tinha o controle de sua própria imagem à medida que contornava o orbe-solar.

‘Sabe, na Terra eles são estranhos. Eles calculam exatamente as durações dos dias e noites. Eu nunca liguei muito, se eu quiser fugir do sol, eu só mudo minha cadeira de lugar, mas lá é tão... tão... mas tão grande... que eles só conseguem ver um pôr-do-sol por dia’.

Tu até parou. Olhou-me com o cenho franzido, um tanto quanto desconfiado. Fez a terra parar de girar em torno do sol e me encarou: ‘calculando, calculando, & calculando... lá tem muito adulto e adulto gosta muito de números… eu acho que até existe um número para medir o quanto eles gostam de números lá’.
Dando-me certa segurança, tu confirmastes com a cabeça e voltastes a empurrar nossa terra. Agora usava o focinho, parando apenas para nos encarar. Ora eu, outra ora a multidão... Seus olhos pareciam em chamas após certo tempo de cabeça-baixa.

‘Mas dessa vez eu até achei interessante, sabe por quê? Lá na terra um fiz um amigo e ele me disse que nessa contagem descobriram dois dias em que o sol tem a mesma duração em toda a terra… isso ainda parece bem inútil, não é? Mas pensa só, e para a rosa que não consegue mudar a cadeira de lugar? Mesmo num jarro de plantas, se ela quisesse ficar mais tempo no sol, eu teria que tirá-la de lá. Isso não é triste? Quando eu fui embora, talvez ela tenha perdido um tempão de sol só porque eu não sabia disso! Agora que sei, sou eternamente responsável por deixar ela na posição com mais sol possível…’.
Você revirou os olhos ígneos em deboche. Não porque discordava, mas por ser seu papel me mostrar o quão caduco eu soava. Tu me repudiou por um medo encenado: o medo de que eu realmente tentasse.

‘O mais legal na verdade é que, dependendo do lado que você tá lá na terra, logo depois desse dia especial, os outros dias vão aumentando e as noites vão ficando curtinhas… eles chamam isso de Primavera… e as outras flores ficam mais vivas quando isso acontece, e falam bem mais. Você sabe o quanto a Rosa vai ficar feliz se eu conseguir fazer isso por ela? Ela vai me amar. Se eu cativar ela, eu não preciso mais ir embora, porque eu saí daqui magoado... mas se ela me amar, eu serei eternamente responsável, então não poderei deixá-la aqui.’.
Você abaixou a cabeça em silêncio, afinal de contas não podia me ajudar. O que eu precisava era descobrir o equinócio-de-primavera em um Asteróide, mas eu não sabia nem por onde começar: ‘qual movimento será que a gente faz ao redor do sol?’.
Você largou a minha Intriguing Stone de lado e veio em minha direção. Dera um choro baixinho com o Fake Tear, abocanhou o topo de minha coroa e tirou de lá um enfeite… mais um item. Um menor, cinzento e brilhante item. Uma Pearl.
Cuspiu-a no chão, já adicionando vetor ao nosso aerólito. A peróla seguiu viagem reto, ignorou por completo o Flame Orb e viajou em direção ao Planeta Terra. Chocou-se e causou um pequeno estalo, logo absorvido pela esfera maior, mais forte e mais colorida. Antes de parar por completo, nosso asteróide rodopiou de quatro à cinco vezes a superfície da Stone. No fim fora fadado à inanição.
Completamente refém da esfera que a sobrepujava. Na física falaríamos da diferença grotesca de densidade & da lei de gravitação universal. No palco podemos chamar de inferioridade inevitável.

Ao que tudo indicava, éramos apenas ‘resquício espacial’, capturados pela atmosfera terrestre; tornando-nos reféns de um corpo maior, mais forte e mais atrativo.
Parei. Precisei analisar o significado disso e (por consequência) um silêncio tomou o palco. Afinal de contas, qual a moral da minha história? Por que trazer uma raposa para cá? Foi de fato um ‘plot’ digno? Há alguma felicidade em estar aqui? Parecia ridículo achar que isso era uma boa ideia. Eu te trouxe para ser refém comigo. Refém de um asteroide-prisão… que ora ou outra se chocará com a terra.
Minha casa é datada. Deverá morrer antes que eu (e ela) cresça.

Num outro polo, se não há primavera a se calcular, também não há agrados para minha rosa. Se nem esse amor o pequeno príncipe (ou eu) posso ter, o que mais quero?

‘.. Isso é muito triste’, deixei que o silêncio reinasse após a morte da frase. Derramei uma pequena e verdadeira lágrima. O sentimento não era o mesmo do Pequeno Príncipe. Eu não estava triste pela primavera de cálculo improvável, mas pela impossibilidade de se envelhecer ali.
‘Eu não posso desenhar uma primavera para trazer pra cá’, e nem uma poção da vida a um Meteorito. Seria a primavera indesenhavel? Meu eu - Pequeno Príncipe - nunca havia visto uma estação. Precisava de adultos terráqueos e depender deles é sempre estúpido...

Tirei nossa rosa detrás da orelha e coloquei-a deitada na meia-luz. Você tombara ao meu lado, se esfregando em mim com pena. Pedi licença e espaço, me afastando de ti e caminhando sobre a maquete. Deixei que uma pequena lágrima salgada caísse sobre o item-ígneo. Mesmo morno, o ato fez um barulho típico de ebulição, dando a deixa para que as luzes voltassem, extinguindo o crepúsculo.

Seu holofote voltou.

O exagero luminoso me cegava, apesar de você não se incomodar com isso. Fechei meus dois olhos com força, concentrei-me no som e continuei: ‘não há primavera no nosso asteroide?’. Você não negou e eu levei uma das mãos para a frente da face, enfraquecendo a fonte de luz para poder continuar.
De relance te vi, apontando para nossa terra-projeção. Pedia para que voltássemos juntos para lá. Neguei com a cabeça; eu não largaria minha rosa.
Dei um peteleco forte na Pearl, que a fez bater no Flame Orb e voltar para mim. Peguei-a de volta e a guardei no bolso, junto da outra rocha que usei para contracenar. Restara o fogo do centro e a rosa caída.

Minha cabeça baixa logo virou dor nos ombros. Minhas costas penderam para baixo, aguentar meu próprio corpo ficou complicado. Joguei-me no chão. Deixei minha bochecha bem rente ao tablado de madeira gélido, esperando que ao menos ele me abraçasse.
No ápice do Drama, você andou em minha direção tentando me animar. Lambeu minha bochecha e me pediu para não desistir... mas ali eu tinha certa razão: ‘a rosa nunca vai me perdoar por ter abandonado ela e voltado sem nada…’.

Tu negastes fortemente com a cabeça. Dessa vez sua posição era clara, mordia a barra do meu cachecol e me puxava para ir resolver isso logo. Apesar de não falar, era fácil saber as palavras vindas ti: ‘sentem e conversem’. Cedi, levantei & fui, mas um pequeno acidente aconteceu… Eu não tinha planejado, mas há coisas que acontecem e pronto. Ao tocar a rosa, um de seus espinhos me furou. Não fora fundo, mas suficiente para me fazer exclamar. Por impulso soltei a flor. Por sorte você a pegou no ar.

Vimos o sangue colorir a ponta do meu dedo aos poucos. Levei-o até a boca e deixei que você ficasse com a rosa para ti. Aquilo adiantara meu fim e eu agradeceria a Deus por isso mais tarde. ‘Eu amo ela, mas acho que ela nunca vai me amar como deveria... ’. Você jogou a rosa no chão e latiu contra meu drama, avançando sobre mim.
Ficamos nesse lenga-lenga agressivo por mais algum tempo, até a voz de nosso amigo Luke dublar um de seus rosnados:

‘Se o que te conquistou não é responsável por ti, ele não te cativou, te aprisionou’

Seu rosnado fora ficando mais baixo. No fim, o único som audível era minha respiração angustiada. Não havia mais nada a falar, o Pequeno Príncipe apenas largou de mão.
Caminhei até o Flame Orb e o tirei do chão, chamei você com um estalar de dedos-limpos e você veio. Desta vez, caminhei até a quina do palanque com mais coragem.

Era a primeira vez que eu realmente chegava na ponta. Abafei (e  apaguei) o Flame Orb com minha coroa, guardei-o no bolso junto com as outras pedras e bati a língua no céu da boca várias vezes, emitindo um chamado a você. Em resposta, tu pulastes no meu colo. Botei-te nos meus ombros.
Apresentei-me diretamente à plateia. Você dera um grunhido triste e eu referênciei de pé. Quando retornei a posição ereta, assenti com a cabeça, devagar, pausada e incessantemente. Fiz disso um tique, até me curvar à plateia mais uma vez e em silêncio dar as costas, caminhando para as cortinas.


Pósfacio

Talvez esta tenha sido a evolução mais estranha que já presenciei. Seu peso aumentara subitamente e eu precisei te largar no chão, por detrás das cortina. Quando pousou já era Thievul. Onde já se viu um pokémon-noturno que gosta tanto assim de uma luz?
Talvez essa carta só exista por saudosismo à sua forma menor.

• • •

Horas mais tarde, rasguei do meu diário estas queridas páginas & meu garrancho de ti. Dobrei, aconcheguei-os dentro de uma pequena vasilha e tampei com bastante cuidado. Quando estivesse saindo de Lilycove, trataria de passar próximo da entrada do Monte Pyre, cavaria um buraco mediano e enterraria minha pequena cápsula do tempo.

Amanhã volto para Kanto, mas saiba que quando eu vier para Hoenn de novo - e imagino que não seja tão cedo - terei a felicidade de mostrar isso…

... a Urd, o guardião do meu Passado.
Contest #12 - Apresentações - Página 2 PkFSxwI

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Spoiler :




Spring Day

Talvez Yoshiro não fosse a participante mais desesperada daquele Contest, mas ela com certeza era a pior em esconder isso. Estava totalmente inquieta: ora ficava andando de um lado pro outro do camarim, ora restringia-se a olhar com visível arrependimento para a tela onde as outras apresentações estavam sendo mostradas. Não posso culpá-la por estar tensa, aqueles coordenadores eram mesmo… bem, incríveis. Muito diferentes da minha dona, que nem coordenadora é (e, se Arceus me ouvir, jamais será). Na verdade, ela só fez a inscrição pelo nobre desejo de realizar um sonho de infância e pela não-tão-nobre necessidade financeira - motivações fortes o bastante para fazerem-na ignorar o "leve" risco de passar vergonha em cadeia nacional. Não estou com um bom pressentimento sobre isso...

Pode parar? Tá me deixando tonto!”  Exclamei, um tanto exasperado, depois que a menina já tinha dado umas três voltas ao meu redor numa falha tentativa de se acalmar. Por sorte, ela captou a frustração no meu tom, sentando-se na cadeira mais próxima. E lá ficou, ajeitando a boina sobre sua cabeça repetidas vezes sem a menor necessidade e espanando das roupas uma poeira que só existia na imaginação dela.

- Será que ainda dá tempo de desistir? - Perguntou em um fiapo de voz, com o corpo trêmulo e o olhar fixo no chão. Nunca vi minha dona desse jeito antes, já até me arrependi por ter brigado com ela...

Com certeza.” Admito, a ideia me agradou mais do que deveria. Entrar nisso aqui com certeza não foi escolha minha. Yoshiro se levantou e nós dois começamos a andar, prontos para sair de fininho pela porta dos fundos. Rozen, que até então estava encolhido num cantinho para se proteger do frio, estranhou nossa atitude e veio me questionar.

Ué, para onde estão indo? Nossa apresentação é a próxima.

Esse é o problema!

No fim, mal pudemos dar três passos, pois um dos responsáveis pela parte técnica veio falar com Yoshiro, querendo se assegurar de que o timing das caixas de som seria perfeito. Ah sim, tem esse pequeno detalhe… minha humana tinha dado certo trabalho para a equipe, pois estava dependente de recursos sonoros tanto para a narração quanto para outros efeitos durante a peça, e não conseguiria providenciá-los sozinha. Por sorte, era normal que os organizadores fornecessem esse tipo de apoio aos participantes. E, diante de tamanha solicitude, nossos planos de fuga foram arruinados. Yoshiro não podia decepcionar dessa forma depois de todo o empenho que tiveram em ajudá-la.

Após resolver essas questões técnicas, a menina deixou-se cair na cadeira, derrotada, e eu aproveitei para subir no colo dela. Tentei fazer algumas gracinhas para acalmá-la, o que não era muito o meu estilo, mas valia a pena para conseguir arrancar alguns risos dela. Rozen, também querendo ajudar, ergueu-se sobre suas patas traseiras, colocando as outras duas sobre os joelhos da humana. Fechou os olhos e sorriu docemente, colocando nesse simples gesto tanto carinho que até eu achei adorável. Yoshiro, sentimental como é, abraçou o gramídeo e por pouco não começou a chorar ali mesmo. Dessa vez, de alívio.

Por mais tímida que fosse, seu maior medo não era o de subir em um palco, mas o de enfrentar o público sozinha. Bulbasaur, sempre tão tranquilo e amoroso, fez aquela tonta enxergar que não, os olhares e julgamentos não estariam apenas sobre ela. Independente do que fosse acontecer ali, Rozen estaria ao seu lado, e foi na fé dele que Yoshiro pôde se apoiar. Numa mera troca de olhares, os dois pareceram formar um tratado silencioso. Não havia razão para ter medo.

"Boa sorte, Yo."  Quando o nome da minha dona foi anunciado, dei-lhe um último incentivo e corri para a arquibancada, queria um bom lugar para assistir. Alguns humanos me olharam com uma certa estranheza, mas preferi ignorar. Até parece que nunca viram um anfíbio na plateia antes…

                                                                    Apresentação Visual  


Agora mais calma, Yoshiro entrou no palco sem demora. O tempo era um elemento especialmente precioso nessa primeira cena, e ela sabia que não estava em posição de desperdiçá-lo. Mal tinha andado dois metros quando lançou a Pokébola de Rozen para cima, liberando o réptil em seu habitual feixe escarlate. Assim que se viu livre, o filhote encolheu seu corpo e girou-o em uma cambalhota, agitando seu bulbo de forma a liberar um pó de brilho azul claro. O Sleep Powder misturou-se aos resquícios da luz liberada pela esfera bicolor, dando aos esporos um tom arroxeado que combinava curiosamente bem tanto com a decoração cor-de-rosa do Contest Hall quanto com a Pink Scarf que Rozen trazia ao redor do pescoço. Foi um jogo de cores interessante, porém curto: o grass-type logo perdeu altitude e, concluindo a pequena acrobacia, apoiou suas patas no chão com firmeza. Bulbasaur, ainda coberto pelo cintilar do pó sonífero, bradou em alto e bom tom o nome da própria espécie, deixando sua voz ecoar pelo auditório como um clamor corajoso, mas ainda assim brincalhão.

- Boa noite, Lilycove! É uma honra estar aqui hoje. Sou Yoshiro Yakumo, e este é Rozen. - A menina fez uma reverência para o público, gesto que foi imitado pelo meu parceiro de time. Com ambos no centro do palco, era possível observar melhor os ornamentos que traziam, todos cortesia do Workshop. Bulbasaur, além da Pink Scarf, tinha uma Blue Barrette presa à orelha esquerda, fazendo par com o item de mesma cor que Yoshiro trazia no cabelo. Ademais, ostentava uma Beret equilibrada na cabeça, discretamente presa à Scarf para não correr o risco de deixá-la cair.

A humana, por sua vez, não contava com muitos enfeites: com exceção do laço azul, não tinha nada visível além da fantasia. Era uma roupa simples, porém dotada de um charme impossível de se ignorar. A parte mais chamativa consistia basicamente em uma blusa branca de gola alta e mangas compridas, coberta por uma espécie de casaco rosado bem solto no corpo, em especial nos braços. E, sobre seus cabelos escuros, uma boina da mesma cor do casaco, lembrando a de Rozen. No demais, apenas shorts e uma meia-calça, junto a um par de sapatilhas, nada extravagante. Mesmo assim,Yoshiro tinha feito questão de escolher um vestuário que combinasse tanto com a decoração do ambiente quanto com os acessórios que seu Pokémon usava, o que preciso admitir que foi fofo da parte dela.

- Ah sim, a primavera… é uma estação interessante, não é? - Juntou as mãos em frente ao corpo enquanto falava, inclinando de leve a cabeça e direcionando seu olhar na mesma direção, em uma atitude bem despretensiosa. Conhecendo minha dona como conheço, quase comecei a rir ao ver a cena -  chegar assim, como quem não quer nada, é uma arte que toda pirralha mimada que se preze domina. E geralmente significa que tem muita coisa tramada por trás daquele olhar inocente. - Nela há tanta vida… a luz, as cores, cortam o branco do inverno com uma aquarela totalmente nova!

Yoshiro fez um ligeiro rodopio, com os braços bem estendidos, só para dar um drama a mais às suas palavras. Rozen, vendo sua deixa, correu ao redor dela, liberando seu Giga Drain em um raio de luz que também começou a circular a garota. Aproveitou-se do comentário sobre cor para liberar seu Toxic no ataque anterior enquanto corria, pintando o feixe branco na coloração tão característica do tipo venenoso, mas que se incorporou ao Giga Drain de forma que seu tom original foi clareado, dando-lhe um aspecto mais delicado. Era bonito, uma pena que não durou muito - alguns instantes, apenas. Assim que a menina parou de girar, Bulbasaur interrompeu seu movimento também.

- Por isso, viemos aqui hoje contar uma pequena história em sua homenagem. - A humana sentou com as pernas cruzadas no chão do palco, por mais atípico que aquilo fosse, e tirou um livro de dentro da manga. Rozen se aproximou para farejar o objeto, curioso, e por uns segundos o cabelo da garota nos impediu de vê-lo com clareza. Yoshiro aproveitou-se disso para atrair a atenção da plateia, assim Bulbasaur estaria livre para terminar seu truque. - Ela começa com dois amigos brincando na floresta, comemorando a chegada do Equinócio… e com um juramento antigo que, por uma ingênua ambição, não pôde ser mantido. - Ao concluir sua fala, terminou de abrir o livro, revelando uma pequena esfera de energia sobre as folhas, formada pelo Giga Drain concentrado em um único ponto. A menina sorriu docemente para Rozen, que encarava aquela centelha com um encantamento tão impecável que nem parecia ter sido ele o responsável por aquilo.

- Sabe, Rozen… ignorar uma prece não é fácil. Principalmente quando você tem o poder de atendê-la. - Enquanto a menina falava, a luz do refletores começou a enfraquecer, lançando penumbra sobre o ambiente e destacando ainda mais aquele ponto luminoso que pulsava sobre as páginas. - Mas o preço para realizar um milagre… realmente vale a pena pagá-lo? Mesmo que seja caro demais para algo tão simples… - Yoshiro ergueu o livro acima de sua cabeça, impulsionando a esfera para cima. Ela subiu alguns metros, instigando os espectadores a seguirem-na com os olhos. Era como se, ao abrir o livro, um mundo novo tivesse se desprendido das palavras… representado bem ali, por aquela pseudo-estrela que em poucos instantes cativou a atenção de todos. Naquele momento, já tinha se tornado a única iluminação do cenário.

- …Mesmo que seja muito a se dar por um mero dia de primavera? - No topo da trajetória, a esfera não conseguiu permanecer íntegra - o Giga Drain consumiu a si mesmo, liberando faíscas luminosas enquanto se desmanchava no ar. Quando a luz sumiu, todo o palco foi mergulhado no escuro.

                                                                    Apresentação Artística  

A natureza sempre foi regida por um delicado equilíbrio. Cada estação conhece o seu momento e a ele deve respeito, sem jamais sobrepor-se ao reinado da outra. Como prova desse acordo mútuo, elas cederam aos mortais um presente: uma rosa mística que nasce apenas nos solstícios e equinócios, pois são os momentos de transição entre os seus governos. ‘Enquanto ela estiver intacta, manteremos nosso juramento’, foi o que avisaram. No entanto, tantos anos se passaram… que essa promessa acabou caindo no esquecimento.

A escuridão foi cortada por um brilho intenso, um pouco atordoante no início, mas assim que meus olhos se acostumaram pude contemplar o quão bela aquela luz era. Uma forma luminescente, tão majestosa quanto uma estrela, ergueu-se no campo, ficando vários metros acima deste e iluminando o palco ainda melhor do que os refletores haviam feito (Sunny Day). Não importa o quanto os humanos tentem imitá-la… há na luz natural uma deslumbrância que suas lâmpadas e lanternas jamais poderão obter.

Sob o sol em miniatura, duas figuras brincavam. Meu colega de time, geralmente tão pacato, havia incorporado bem o seu papel: saltava alegremente, girando seu corpo com precisão e, ao tocar as patas no solo, realizava uma sequência de passos que tanto simulavam uma dança quanto serviam de impulso para o próximo pulo. Enquanto ele girava no ar, um brilho verde apoderou-se do corpo do Pokémon, expandindo-se em anéis luminosos que se espalharam pelo campo, fazendo grama, flores e até alguns cogumelos crescerem como em um passe de mágica (Grassy Terrain).

Yoshiro, encantada pela vegetação que havia surgido ali, também entrou na brincadeira: corria e rodava ao redor do Bulbasaur, por vezes imitando seus saltos, mas sem jamais tentar roubar o foco da cena para si. Era uma cena fofa de se ver, e eles estavam mesmo se divertindo… como duas crianças brincando. Sorri comigo mesmo ao ver o quanto se deixaram levar pelos seus papéis, Yoshiro estava tão entretida que até pareceu esquecer do público que a fitava. Enfim, estava mais relaxada… para o seu azar, o jogo logo foi interrompido por vozes que ecoaram no palco, como sussurros trazidos pelo vento. Chamavam o nome da garota, e pareciam preocupadas. O sorriso em seu rosto se desfez e ela direcionou um olhar tristonho ao Bulbasaur.

- Tenho que voltar para casa agora… te vejo de novo amanhã? - Perguntou muito à contragosto, com um suspiro decepcionado por não poder brincar mais. O réptil, sentindo isso, correu até a menina e jogou-se nos braços dela, dando um último abraço antes de por fim se despedirem. Yoshiro começou a caminhar em uma direção e Rozen correu para o lado oposto, sumindo em meio às plantas que ele mesmo havia convocado. Entretanto, assim que o pequeno saiu de vista, a humana parou, sua atenção tinha sido atraída por algo em meio à grama. - Uma… rosa…?

Aproximou-se em passos cautelosos da referida flor, fascinada pela sua beleza. Os telões centraram-se nela, revelando a cor vívida e os traços tão delicados daquela rosa vermelha, a qual tanto se destacava em meio às demais plantas. Não parecia uma flor normal, era algo a mais que isso… sua beleza deslumbrava até os olhos mais frígidos, e mesmo eu, que já a tinha visto durante os ensaios, peguei-me outra vez encantado com ela. Parecia quase… mágica.

Não é apenas da maldade que nascem as tragédias… não, mesmo os corações mais dóceis podem ser dominados pela ganância. É simplesmente parte da natureza humana… são incapazes de ver um tesouro sem querê-lo para si.

Conforme Yoshiro se abaixava para tocar a flor, o ar no Contest Hall pareceu ficar mais pesado, como um prenúncio de que algo ali não acabaria bem. Acho que não foi só impressão minha, pois notei que alguns humanos ao meu redor pareciam mais tensos. Minha treinadora hesitou por um instante, mas a tentação era forte demais: colheu a flor em um único e brusco movimento, admirando aquele belo tesouro que agora era sua posse…. sem notar que, logo atrás dela, a grama começou a farfalhar.

E, assim… todo o equilíbrio foi rompido.

Nesse instante, a vegetação recém-formada agitou-se violentamente, como se estivesse sendo balançada por um forte vendaval.  A razão logo se tornou clara: uma enorme tempestade de folhas ergueu-se sobre o campo, girando em espirais caóticas enquanto se expandia, consumindo tudo em seu caminho (Leaf Storm). Yoshiro se virou a tempo de vê-la vindo, e seu radiante sorriso distorceu-se em um medo tão realista que até em mim causou calafrios. A grama e as plantas foram cortadas e destruídas, tamanho era o poder daquela tormenta, e nem mesmo o sol escapou impune. Sua luz foi bloqueada pelas folhas, impedindo-nos de ver o palco e deixando a escuridão outra vez dominar o ambiente.


                                                                            ***  
                                                                         Doubt                


Os segundos que se seguiram pareceram uma eternidade para mim. Eu sabia que minha treinadora estaria bem, que Rozen jamais deixaria seu Leaf Storm machucá-la… mesmo assim, foi só quando todas as folhas sumiram que pude suspirar aliviado. Aquele poderoso ataque se desfez aos poucos, dando tempo suficiente para que meu companheiro de time fizesse uma pequena… mudança de cenário, por assim dizer. Quando pudemos visualizar novamente o campo, ele estava coberto por um pó azul-esbranquiçado (Sleep Powder), que cintilava sob os raios do Sunny Day. Entretanto, algo parecia…. diferente… a luz estava visivelmente mais pálida. Aquele pseudo-disco solar agora apresentava manchas escuras por toda a sua extensão, que drenavam-lhe a vitalidade como um veneno (Toxic).  

Sob a luz enfraquecida, o Sleep Powder ganhava uma nova feição - seu cintilar natural era realçado, contudo, tornou-se um brilho abatido. Por mais deslumbrante que fosse o cenário, havia nele uma melancolia que beleza nenhuma era capaz de disfarçar. Regiões de penumbra formaram-se nas extremidades do campo, e nelas Rozen havia se escondido. Não era possível ver o Bulbasaur. Yoshiro, por outro lado, estava sentada em um cantinho, abraçando as próprias pernas e mantendo a cabeça baixa. Os esporos que caíam sobre seu corpo não lhe causavam sono - estavam atenuados, seu efeito era visual. Apenas uma tentativa de simular o inverno através das duas cores que melhor o representam: azul e branco.

Com a retirada da rosa, o inverno sentiu-se no direito de subjugar a estação seguinte. Era um desejo que ele nutria há muito tempo… e agora, finalmente, tinha uma desculpa para realizá-lo. Pelos meses seguintes, a primavera não apareceu.

- Isso… não vai acabar, não é…? -Yoshiro ergueu a cabeça, fitando tristemente a rosa que ainda trazia na mão. Agora desprendida de todo o seu encanto, estava pálida e murcha - morta, talvez. - Por quê…? Colher uma mísera flor é um pecado tão grande assim? Já faz tanto tempo...

Ela mantinha o olhar baixo, sem encarar o público, enquanto compunha seu monólogo com a voz trêmula e abatida. Uma boa atriz, tenho que admitir. A menina levantou e correu até o centro do palco, permitindo-se cair de joelhos ali. Então, encostou a rosa no solo, como se tentasse replantá-la. - Se há mesmo algo especial em você… por favor, me deixe ver a primavera outra vez… nem que seja só por um dia… - Yoshiro curvou-se, quase encostando seu rosto no palco, e entoou baixinho uma prece que só pudemos ouvir devido ao microfone. Nesse momento, Rozen saiu de seu esconderijo, fitando com melancolia aquela menina que, tempos atrás, ele tinha visto tão alegre e cheia de vida.

Dia após dia, ela continuava voltando àquele local, mesmo sabendo que era inútil. Com sua vida ceifada, o presente devoluto não tinha valor - e uma substituta não poderia nascer em um mundo onde o inverno não cede espaço ao equinócio. No entanto, as orações da garota não foram vãs…

Bulbasaur sentou-se ao lado da menina, esfregando seu rosto com carinho no dela e, assim, secando algumas lágrimas que teimavam em escorrer. Ela… de fato conseguia atuar a esse ponto? Ou aquele choro silencioso era apenas sua ansiedade enfim começando a extravasar? Não consigo dizer… todavia, fosse o que fosse, se encaixou muito bem na cena.

- Você é um filho da floresta, não é? Pode… m-me mostrar a grama e o sol outra vez? Por favor... - Sua voz estava falhando um pouco, porém ainda audível. Mesmo sabendo que era só uma peça, senti meu coração apertar ao vê-la assim. Boba ou não, atrapalhada ou não, Yoshiro ainda é a minha humana, eu faria qualquer coisa para que ela não precisasse mais chorar… e acho que Rozen também. Um olhar determinado surgiu no rosto do Pokémon, e ele assentiu em resposta ao pedido.

Anéis de energia, coloridos em um forte tom esverdeado, circularam o corpo do filhote ao mesmo tempo em que o corrompido Sunny Day teve fim. O palco teria escurecido, se não fosse por aquele brilho que girava ao redor de Bulbasaur como órbitas planetárias, expandindo-se pelo resto do campo logo em seguida. A luz não era suficiente para vermos a grama formada pelo Grassy Terrain, apenas os resquícios do cintilar típico desse ataque… mas não por muito tempo. Rozen aproveitou-se do ligeiro escuro para invocar outro Leaf Storm, este muito mais fraco que o anterior, para dispersar parte do Sleep Powder. Dessa forma, quando o segundo Sunny Day se ergueu sobre o palco, os esporos já não eram tão predominantes, como se o inverno estivesse começando a ceder.

Yoshiro olhou ao redor, deslumbrada, e um sorriso radiante se formou nos seus lábios. Ergueu-se em um pulo e começou a brincar em meio ao cenário, cada gesto seu extravasando a alegria que sentia por aquele pequeno milagre. Os movimentos dela eram bem familiares - os mesmos que Rozen tinha feito no início da peça, curiosa mistura de uma coreografia ensaiada com uma brincadeira boba e infantil. De tão feliz que a menina estava, não notou que o gramíneo ainda não tinha levantado.

Quando seus olhos enfim recaíram sobre o Bulbasaur, ele estava deitado sobre a grama, inerte. Minha humana chamou-o para brincar, sacudiu seu corpo para despertá-lo, contudo, sem resposta. Não importava o que ela fizesse, ou o quanto chamasse. Para um Pokémon de planta, gastar tanta energia em meio a um inverno rigoroso… seria praticamente uma sentença de morte, não? A garota demorou uns instantes para notar que seu desejo tinha um preço alto demais. O sorriso se desfez e ela deitou ao lado do réptil, abraçando-o. Uma das últimas cenas, já tá mais do que na hora de acabar! Entretanto… ela se levantou antes do que deveria. Olhou diretamente para a plateia e começou a dizer algo que definitivamente não estava no script.

- Sonhos são algo engraçado, não? Assim como esperanças, sentimentos… tanto tempo cultivando-os, e por tão pouco podem se esvair… são tão delicados quanto uma flor. - Minha humana soltou a rosa, deixando-a cair ao lado de Bulbasaur. - O Equinócio é um recomeço, uma chance de vida nova. Mas qual preço ele nos cobra por isso? Restaurar um sonho despedaçado exige que outra coisa seja quebrada em seu lugar. Segurança, um comodismo… ou mesmo um coração. Por mais bela que seja a ideia de renovação, ela é dolorosa em igual medida. Não são todos que se sentem prontos para passar por isso… eu mesma não sei se estou. - Ela se abaixou e tocou a testa de Bulbasaur, o qual reagiu abrindo os olhos e grunhindo fracamente para a nossa dona. Em seus olhos, vi o reflexo a mesma confusão que eu sentia. O que essa louca está fazendo…? - Mas não esta noite… hoje, nenhum sacrifício precisará ser feito.

Dizendo isso, deu alguns passos para o lado, revelando que a rosa agora estava totalmente recuperada. Como se nunca tivesse sido colhida. Essa era a deixa para o fim da narração, finalmente terminando aquela peça.

Naquele momento, inverno e primavera se encontraram. Uma transição perfeita - um momento tão propício quanto o verdadeiro Equinócio. Ele foi suficiente para que a dádiva das estações florescesse outra vez. Com o equilíbrio enfim restaurado, a natureza pôde voltar ao seu devido ciclo… na esperança de que mais nenhuma interrupção ocorra.” (Espero que tenham ouvido isso, humanos. Interromper é o que vocês fazem de melhor.)

Assim que as palavras se perderam no ar, Rozen dispersou os resquícios restantes do Sleep Powder com seu Giga Drain. Ainda deitado ao lado da flor, a posição das câmeras fez parecer que aquele raio de luz havia saído dela, como uma bênção capaz de devolver à primavera o seu devido reinado. O pequeno se levantou e, com uma breve reverência, Yoshiro e Rozen se despediram da plateia. A menina saiu do palco sem demora, não queria esperar pela reação do público. Pela primeira vez desde que a conheci, vi o medo superar sua curiosidade.

                                                                     Encerramento    


Quando a garota saiu de cena, corri atrás dela. O que diabos tinha sido aquilo!? Você não pode mudar o roteiro de uma hora pra outra, sua tonta! Se Rozen não tivesse seguido o fluxo e improvisado tão bem, poderia ter arruinado a apresentação inteira! Na pressa que eu estava, foi rápido encontrá-la, e já me preparava para dar a maior bronca na humana quando notei que ela estava chorando. Dessa vez, tive certeza de que não era encenação. Segurava na mão um pequeno retrato, e não desviou os olhos dele nem mesmo quando me ouviu chegando.

- Será que eles vão me perdoar algum dia? - Não precisei olhar a foto para saber de quem ela estava falando. Saltei para o ombro da minha treinadora, esfregando meu rosto no dela em uma tentativa de confortá-la. A resposta sincera é que eu não sei… nunca conheci seus pais. Nesse momento, entendi a razão do improviso. Você precisava deixar essa mensagem para eles, não é, Yoshiro…? Já que nem pôde  se explicar antes de fugir… é importante para você que saibam o quanto lamenta por deixá-los. Mas era necessário, sei que era. Pelo seu próprio Equinócio - pela chance de, uma vez na vida, ter o direito de escolher seu próprio caminho. - Sapphire, eu passei muita vergonha lá?

Minha treinadora forçou um sorriso e mudou de assunto para não me preocupar. Tarde demais, Yo. Todavia, deixei que ela guiasse a conversa e respondi com um risinho tão pouco verdadeiro quanto o dela. “Só um pouquinho.” Ou um tanto mais que isso, talvez.

- Sabe, até que foi divertido… e ainda bem que ninguém aqui me conhece haha - Girou a Pokébola de Rozen nas mãos e começou a caminhar de volta para o camarim, fazendo um gesto para que eu a seguisse. - Mas vou ficar um tempo sem dar as caras na rua, só por garantia.

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Persephone's Return



Contest #12 - Apresentações - Página 2 45c107b0cf69e87f2a8bbfe734e5d667

Respire fundo. Acalme-se, não transpareça nervosismo. Você precisa assumir outra persona, só nessa apresentação. Não vai ser tão difícil, né? Qual é! Desafios maiores te deixaram menos tenso, não sucumba agora... Se ao menos escutar a mim mesmo fosse tão fácil como parecia... O meu cérebro captava o diálogo interno, mas as emoções continuavam a me atormentar.

De repente os meus olhos focavam no meu reflexo e o além se distanciava. A lente vermelha brilhava, inquietante. A “voz” da psíquica me despertava da sequência de conflitos internos. Inclinei, levemente, a cabeça para trás para vê-la. Não contive o sorriso, ela estava linda. Todavia, o figurino ainda estava incompleto, a tiara de crânios e rosas seria entregue em um momento especial da apresentação visual.

- Ghouuh... – O som, intensificado por um eco criado pela mesma, não era tão reconfortante assim.

Não que essa fosse uma das suas características marcantes, pelo contrário, Clementine agia com precisão, sem se preocupar demais com as emoções alheias. Ela me encarou de forma assustadoramente serena. Bem, aquela era a sua tentativa de me apoiar e eu deveria ser grato pelo gesto.

- Obrigado, Clem... – Tentei continuar a frase, mas ela repetiu o som. Dessa vez com mais intensidade, um som perturbador, e apontando para o palco. “Menos papo, mais ação”. – Hora de mostrar a eles as duas faces da existência.

Contrariando o padrão, que eu raramente conseguia quebrar, das minhas apresentações eu e Clementine entraríamos em lados opostos do palco. A iluminação já harmonizava com o tema. Uma parte do Contest Hall estava clara e suave, contrastando com a penumbra do meio e a escuridão da extremidade oposta.





Apresentação Visual


Kailee Morgue

A música tema começou a tocar, enquanto eu desfilava da escuridão para a penumbra. Os meus passos eram firmes e as minhas lentes vermelhas se destacavam na postura imponente que eu tanto treinei para conquistar, assim eu raramente perdia o contato visual com a plateia e as câmeras. Pequenos pontos luminosos permitiam que os expectadores visualizassem meu figurino chamativo e trevoso. Nem mesmo as rosas foram poupadas dos tons de preto, mas o pálido das suas pétalas se destacava entre as demais cores da paleta.

Do lado iluminado da arena a Gothorita surgia. Os arranjos das mesmas flores em sua cabeça contrastavam com as da minha fantasia. As cores vibrantes traziam a sensação de vida, algo que estava em falta no meu acessório. Os louros, verdes e exuberantes, e o cajado com a rosa vermelha, com um pequeno cristal branco encrustado, complementavam a estética da psíquica. Clementine sorria simpaticamente enquanto brincava com o cetro. Três esferas esverdeadas e cintilantes surgiram, próximas ao objeto de madeira, e se transformavam em espirais vívidas.

A gótica simplesmente encenou que as soprou, quando na verdade estava as guiando com seus poderes paranormais, em minha direção. Em questões de segundos o Energy Ball alterado alcançou a penumbra e posteriormente me alcançou. Todavia, o gesto foi muito mais complexo do que aparentava ser, pois as luzes transformavam-se em uma só à medida que a combinação avançava pelo palco, o sopro da vida agraciava a apresentação com a oportunidade de recomeçar o ciclo.

- As idas e os retornos de Perséfone para o submundo marcam o fim de uma estação e o começo de outra. Uma vez inocente e alheia do seu poder, essa deusa encontra no reino dos mortos adubo para florescer... Vida e morte são partes fundamentais da existência. – Pela primeira vez, em um Contest, meu tom de voz era firme em uma apresentação. O sorriso que jazia em meus lábios não era simpático, nem convidativo, apenas controlado. – Após retornar do submundo, Perséfone se empodera, amadurecendo e adquirindo malícia.

Enquanto eu conversava com a plateia, Clementine rodopiava enquanto conjurava o Dark Pulse, moldando uma espécie de portal. Essa foi a minha deixa para fazer os movimentos chamativos, mimetizando um “Z” com os braços. A psíquica sorriu e ergueu o cajado, absorvendo a enorme quantidade de energia gerada pela coreografia. A camada de luz originada foi corrompida pela técnica noturna, ofuscando a visão da plateia sobre a Gothorita. O aprimoramento do Protect calhava muito bem nessas horas. Poucos segundos se passaram e cada elemento visual foi moldado em pétalas efêmeras que se desintegravam antes mesmo de tocar o chão. Agora a lolita estava coroada pela tiara de rosas e crânio e pronta para avançar para próxima etapa.
 



Apresentação Artística


Rev 22:20

Quebramos o personagem por uma fração de segundos, apenas para fazer uma reverência à plateia, algo breve e de praxe nas competições. Algumas luzes apagavam, anunciando o começo da fase artística. Com um simples movimento de braço, apontando a rosa do cajado para o chão, a criaturinha trazia a matéria negra de volta ao campo. Uma aura roxa, típica do ataque, criava ondas sombrias, como se fosse uma gota caindo em uma poça d’água. A transição de uma música para a outra ocorria de forma suave, com um pequeno blend das batidas.

- Estranho... Parece que as nossas estações estão trocadas. Nossa primavera é o seu inferno!  – A frase era um gatilho importante para a minha parceira realizar a primeira combinação.

Os olhos de Clementine brilharam em carmesim. Graças ao Psychic o movimento Dark Type sofria uma mutação, raízes emergiam do submundo, adquirindo um aspecto retorcido e medonho. Como se não bastasse isso, uma nuvem tóxica e roxa saia da arma de “Perséfone”. Admito que se eu não tivesse ensaiado bastante com a paranormal eu não estaria tão calmo ao seu lado, pois o movimento estava nos cercando no meio do palco e nos deixando sem saída. Um sorriso de canto escapou quando o Toxic transmutou em pequenas flores lilases, acompanhando as raízes para a periferia do palco. Havia um potencial letal em cada combinação que poderia passar despercebido graças à estética.

Parte de mim estava apreensiva, pois a gótica estava se divertindo demais manipulando as técnicas nocivas em diferentes direções, enquanto a outra apenas se concentrava em se manter calmo no meio daquele inferno primaveril. Então a monstrinha mudou o seu foco para o uso do Reflect em pontos estratégicos.

Diferente dos movimentos anteriores, os quatro espelhos de luz eram inofensivos e brilhavam em tons diferentes: o primeiro em verde e rosa, o segundo em verde-escuro e amarelo, o terceiro em laranja e o quarto em azul. Então a selvageria retornou. Sem qualquer piedade, Clementine comandava a sua flora do submundo para um ataque contra três das proteções. As telas eram sufocadas e envolvidas pelas raízes, estilhaçando em pétalas que voaram para cantos diferentes do palco. Exibindo um olhar mais terno, a moça erguia o seu cajado, apontando para a sua última criação pacífica em campo.

Estendi a minha mão para a Gothorita, que a pegou com a sua pata livre. Caminhamos, sendo que “Perséfone” desfilava de forma imponente, enquanto eu me restringia a uma posição menos chamativa, em direção ao espelho. O emaranhado floral nos seguia, como se fosse um segurança da divindade, trazendo mais elementos visuais para a cena.

Assim que chegamos perto do Reflect a Lolita soltou a minha mão, educadamente, encostando na proteção incandescente de forma gentil. Ela simbolizava a estação da primavera, a época do ano em que ela podia se reunir com a sua mãe. Com uma ágil movimentação do acessório, as monstruosas raízes caiam, “murchando” e se transformando em brilhos obscuros.

- Um novo ciclo começa. Com oportunidades para nos reinventarmos e florescermos após o árduo inverno. Muito obrigado por nos receber, Lilycove. Não tenham medo das suas fases, por mais selvagens que elas possam parecer, sempre haverá uma primavera. – O tom doce mesclava-se com a entonação firme, driblando o meu padrão de gentileza.

A Pokémon soprou um beijo para a plateia, rodopiando e batendo o seu bastão no palco. O Energy Ball era conjurado mais uma vez, porém a técnica aumentava de tamanho gradualmente. Quando o movimento tomou as proporções desejadas para a Gothorita, ela modificou a sua estrutura com o Psychic, o transmutando em brotos de energia. As luzes se apagaram, permitindo a nossa saída de efeito e destacando os gérmens neons que caíam lentamente. Quando as luzes acenderam, o áudio da risada maníaca da psíquica foi reproduzido, bem na hora em que as plantinhas explodiam.

Acessórios e itens :




(C) soph


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Do Cerne ao Jardim

Inspirou. Expirou. Inflou-se. Esvaziou-se.

Se tivesse de escolher um único momento o qual se arrependia ou desejava dar meia volta e sair correndo, com certeza escolheria aquele no qual se encontrava. Nem em seus momentos mais decisivos estivera tão nervoso como naquele. Suas mãos, elétricas como sempre, tremiam nos bolsos da calça negra, tamborilando suas pernas incansavelmente, onde nem mesmo o toque gélido da tesoura em seu braço que jazia em sua cintura o fazia reagir diferente. Para ser sincero, preferia aquele toque à ansiedade que lhe afligia.

Mais uma vez, fechou os olhos com força e respirou fundo, cerrando suas mãos em punhos nos bolsos. A cada segundo que se aproximava da hora de seu nome ser chamado, tal sentimento só aflorava cada vez mais dentro de si. Infelizmente esse era o bônus de se tornar um dos últimos a ser chamado. Morrer de ansiedade. Ainda mais sabendo que estava na disputa com outros tantos coordenadores experientes e pouco teria chance de fazer algo próximo ao nível deles.

- Calma... – Murmurou para si. Então resgatou a pequena esfera rosácea, passeando-a por seus dedos, como de costume. – Ei Cameron... A gente vai conseguir, né? Digo, fazer tudo direitinho, a gente nem teve tempo de ensaiar direito... Tipo, loucura minha vir assim do nada apenas na emoção. – Riu levemente ao final na tentativa de deixar o clima mais ameno. Então, respirou fundo. – Mas... Vamos sim tentar fazer o melhor que podemos. O objetivo é não fazer feio! – Finalizou no mesmo tom de antes.

Sabia que a pequena criatura não poderia lhe responder no momento, mas ao menos poderia escutar o que ele tinha a dizer. Se bem conhecia a velha Cameron, nesse instante ela deveria estar super ansiosa para entrar em cena. Ela se animava com esse tipo de coisa, ao contrário de seu treinador que não gostava muito do público, afina, isso só aumentava a tensão sobre o que tinha de fazer. Tinha de se focar no divertimento, apesar de não ser uma das coisas mais fáceis do mundo quando estava prestes a encarar um grande público.

Então, finalmente sua vez chegara quando seu nome fora anunciado.

Apresentação Visual

Ao passo que saia do corredor onde deveria esperar por sua vez, o jovem de característicos cabelos verdes posicionou a boina também esverdeada em sua cabeça, deixando seus braços livres enquanto seguia com passos firmes para sua posição. Ali então, se ajoelhou, respirou fundo e apreciou o silêncio que envolvia todo o ambiente, tentando se abstrair do lugar e da plateia, focando somente em sua apresentação. Aos poucos, tentando manter calma em sua voz, começou a entoar:

”Diante a tenaz pacatez
Calor e ânsia refletem
Singularidade de fraque
Repleto de esmero e dulçor”


Então, ao mesmo tempo que proclamava aqueles versos, levemente, esticando seu braço como se fosse parte de uma coreografia, lançou sua esfera rosácea em linha reta pelo chão do palco, que seguia girando. Estranhamente, no momento em que fizera isso porções de pó prata começaram a vazar das bordas da esfera, criando um nítido caminho prateado por onde o objeto seguia (Silver Wind). Quando enfim chegou na borda, subitamente fez uma curva e girou, seguindo um novo caminho e aumentando a velocidade ao passo que mais prata era deixado pelo ambiente (Confusion). Assim, a esfera continuou seguindo, se deixando levar através do palco com suas curvas como se quisesse orquestrar um desenho.

Com o retorno da esfera para o centro do palco, então o jovem de boina esverdeada se ergueu com leveza do chão. Levou o braço direito a sua barriga enquanto estendia o esquerdo, passando a se curvar como em uma reverência. Ao mesmo tempo, todo o pó prateado se erguera do chão subitamente, construindo, envolvendo-se e revelando a forma de uma rosa prateada que reluzia diante a iluminação do local. Como se somente isso não bastasse, do centro da rosa para o teto um par de asas esbranquiçados com detalhes negros surgiu enquanto girava no seu próprio eixo, revelando com leveza, quando parou de girar, a bela borboleta de Kanto.: Cameron, a Butterfree. Essa brilhava tanto quanto a rosa do cenário por estar envolvida pelo pó prateado.

Contest #12 - Apresentações - Página 2 SkPVGpZ

Em sua cabeça, um pequeno véu prateado estava presente, cobrindo boa parte de seu corpo com exceção de suas asas e membros. Em seu pescoço, um gentil laço esverdeado se destacava, enquanto em suas curtas patas uma pequena flor branca se encontrava. Então, ao seu redor, a rosa prateada explodira, permitindo que o palco ficasse repleto de prata que, pouco a pouco, flutuava em direção ao chão como neve.

Enquanto o jovem Sabazura retomava sua postura, retirou de seu bolso uma bela rosa amarelada.

Apresentação artística

Mais uma vez, o garoto tornou a liberar sua voz no palco, emitindo os novos versos da poesia que proclamava. Já Cameron tratara de bater asas em direção ao seu treinador, lhe estendendo a rosa branca enquanto a amarela era apontada para sim. Então, com os presentes em riste, ambos trocaram de flor e, por instantes de leveza, encostaram suas testas para logo se separar.

”Porém, a hora é gélida
Dormência é preciso
E paciência faz parte
Para a chama não perecer”


Enquanto batia suas asas por aquele ambiente, mais uma vez a inseto buscou o centro do palco, passando a se envolver no véu prateado que carregava consigo, cobrindo todo o seu corpo com ajuda de seus poderes psíquicos e assumindo a forma de um casulo como há tempos atrás já fora uma vez. Então, repousou no chão enquanto a pó prateado continuava a ceder no campo como neve, cobrindo o chão e representando os tempos frios que o inverno trazia, onde uma vastidão de uma única só cor se observava até o horizonte.

Com isso, Raiko permitiu-se andar desolado pelo palco enquanto esfregava seus braços, buscando fugir da sensação fria que assolava o ambiente e que nem mesmo sua roupa podia conter. Nesse momento, sua tremedeira de nervosismo fizera seu papel, auxiliando o jovem a se portar como se realmente tremesse de frio. Contudo, aos poucos, um leve brilho esverdeado começara a ser emitido no centro do palco em pulsações, como se fosse um pequeno coração. Tal coisa chamara a atenção do jovem que começara a se aproximar com o olhar curioso e impressionado. De sua boca, mais uma vez, emitia seus versos.

“E quando o frio se vai
A doce menina cintila
Respira, verde, contagia
O mundo veio exercer”


Diante ao brilho esverdeado, jovem então se virou para a plateia, ficando de costas e em um único movimento cruzou seus braços, revelando o bracelete que também brilhou em seu pulso. Esticou seus braços juntos para frente e juntou as palmas de suas mãos, trazendo-as para junto de seu corpo enquanto dobrava seus joelhos. De repente, em um único movimento, se ergueu e então liberou as palmas de suas mãos, abrindo seus braços para cima enquanto seu rosto seguia para a mesma direção, como se esperasse receber algo dos céus. Assim completou a magnifica coreografia repleta de energia gramínea. Atrás de si, um feixe luminoso esverdeado irrompeu, seguindo para o teto da arena e transformando todo o palco a sua volta.

Ao redor do feixe e do garoto, um campo gramado se estendeu até os limites do palco. Dessa maneira, aos poucos pequenos brotos começaram a emergir da grama, crescendo, vigorando e liberando as mais variadas cores de botões de flores, onde cada um abria de forma aleatória, trazendo beleza e vida para um ambiente que há instantes atrás era um mar prateado (Bloom Doom).

Ali, novamente, o jovem de cabelos verdes se ajoelhara, retirando a tesoura de sua cintura e começando a aparar as pequenas folhas de uma rosa branca que crescia a sua frente. Em meio ao seu trabalho delicado permitiu que os últimos versos escapassem de seus lábios.

”E com ela, fadas renascem.
Brincando de o mundo cruzar
Embelezar, sorrir e cantar
Para nunca deixar de sonhar”


Do feixe esverdeado então, uma figura alada passara a sair voando pelo cenário e tratara de visitar as flores enquanto dançava no ar. Como se somente uma não bastasse, algumas outras abriam voo do da luz esverdeada que aos poucos extinguia, liberando para o Contest Hall de Lilycove várias borboletas de Kanto, que ali exerciam seu principal papel na natureza de permear um pó amarelado de flor a flor com sua coreografia, concretizando o lindo cenário da polinização (Double Team + Stun Spore).  Ali tínhamos a visão de fofas borboletas a trabalhar naquele tão admirável cenário que era a primavera, onde os insetos se tornavam mais ativos e ajudavam o florescer de um mundo melhor.

Enfim, o jovem Raiko finalizava seu trabalho com a rosa, erguendo-se do chão e aproximando-a de sua face, passando a sentir sua fragrância. Algo que não aproveitaria sozinho, já que logo sua parceira, uma de tantas outras, batia asas em sua direção, se aproximando e passando a examinar também a doce fragrância que a rosa emitia, completando o mural de seu próprio jardim.

Suas asas, então, começaram a emitir um brilho esverdeado, que entrou em sintonia com todo o campo de flores e com as suas cópias, pulsando como um só coração nas cores da essência da vida. Dessa maneira, tudo explodiu em fagulhas de luz esverdeadas que caiam ao chão e iluminavam o palco enquanto ambos, treinador e Pokémon, apreciavam as últimas fragrâncias doces da primavera até que a rosa em suas mãos também se desfizesse.

Com isso, enfim, se curvaram de forma respeitosa e chegaram ao fim de sua apresentação.

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Contest de Lilycove
"Temporada 1 - Contest 12"




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