Bem, eu levei um tempo pra postar porque não é fácil falar disso. Costumo me considerar bom com palavras escritas, diferente das faladas que normalmente me fazem engasgar. Por isso eu quis escrever algo, não pra ser uma declaração comovente, mas mais um desabafo, um punhado de lembranças, uma homenagem a quem o Zé era pra mim. Coisas que eu ainda não consegui dizer pra ninguém de outra forma por não querer lidar com vários nós na garganta e aperto no coração.
Acho que meu destino esbarra com o do Zé quando ele estava pra ser recrutado pra sociedade, mas uma regra de convidar as pessoas aos pares os fazem procurar por mais alguém. E eu, até então totalmente anônimo, tive a sorte de ser escolhido pra fazer par com ele nisso. Foi como a chave na porta de entrada pra eu conhecer pessoas maravilhosas nesse ciclo, que depois só se expandiu me dando uma nova perspectiva do fórum como um todo. Era pra ser só um refúgio de horas vagas e ociosas, mas se tornou o lugar pra onde eu sinto vontade de voltar todos os dias e reencontrar as pessoas.
E aí eu volto ao Zé. Um cara sensacional, com um coração imenso. Infelizmente, enquanto pessoas não nos conhecemos assim tão fundo, e disso eu me arrependo um pouco. Acho que a maior parte das nossas conversas foram sobre pequenas aflições de rotina, tempo corrido, cansaço, ideias, um pouco de música e de fórum. Ainda assim nos rasgávamos elogios e carinho sinceros, sempre. Isso é muito raro de achar nas relações efêmeras que geralmente são essas virtuais, por isso eu aprendi a reconhecer e valorizar com o tempo. Então posso dizer que o Zé é único.
Enfim. Já sinto falta dele chegar no chat dizendo que sentiu saudades da gente. De como nos amava e colocava entre os seus “amores da vida”. Já sinto falta da sua voz grave, quase de locutor, que contrastava com a manha pedindo ajuda no Among us, meio perdido. Já sinto falta do seu humor escrachado, às vezes sem pudor. E também do seu respeito com as particularidades de cada um de nós. Do seu carinho sincero. De alguém pra saber e nos chamar pelos nossos nomes reais, rompendo as “máscaras” que usamos como Nicks nesse ambiente virtual. Porque acho que Zé era assim, tão verdadeiro que queria saber quem realmente somos, não nossos personagens; queria estar próximo da gente. E por isso eu fiz de Noah, o seu personagem, o Príncipe Encantado dos contos de fada da minha Kiki; traduzindo minhas impressões reais dele aqui dentro também. Ele é um lindo, de todas as formas.
Encerro parafraseando uma música de um artista que, dentre muitos, nós dois gostamos e curtimos um tempo falando sobre:
Uma noite no alto de um prédio
Vendo a cidade por cima
Você disse: “a gente aprende
A voar na descida”
E você foi tão mais alto
E eu fiquei com o que dói
Em queda livre eu sou mesmo
Um anti-herói...
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Hiro ♡