Tasting Freedom

Ultimamente eu estava me sentindo acorrentado a qualquer coisa, como se uma onda de eventos importantes me impedisse de simplesmente sair e explorar algum lugar. Por menor que o meu espirito de aventureiro fosse, ele ainda existia. Ou era apenas a minha vontade de quebrar a rotina monótona que havia se estabelecido com a transição de um festival para um Contest, aliais se continuasse nesse ritmo eu deixaria de ir em muito mais competições do que só a de Sienna.

Tomei um belo café da manhã em Lavender e aproveitei para dar uma ida na torre fantasma, prestar respeito às pessoas queridas que já haviam partido dessa vida. Para alguns o lugar poderia ser macabro, mas eu o achava curiosamente relaxante. Retornei ao Centro Pokémon para tomar um banho e fazer uma “limpeza energética”, uma vez arrumado me preparei para adentrar a Rota 10.

O cheiro do mar me saudou como um anfitrião de bom coração. Fechei os olhos e procurei um lugar para me escorar e ficar largado por alguns minutos. Isso sim era descanso. Quando me senti satisfeito, libertei os quatro monstrinhos de suas esferas de captura para aproveitarem a viagem. Rookidee ainda estava se acostumando comigo, enquanto a Scorbunny só tinha a impressão que todos os filhotes associavam ao seu treinador, mas ainda não sabia muito sobre mim.

- Espero que estejam gostando do lugar, mas caso queiram ficar na Poké Ball é só me avisar. – Comentei, preocupado que a coelha não estivesse confortável perto de tanta água. – Eu pensei nos seus nomes. O que acham de Dinah e Nikita? – Apontei para o corvo e depois para a felpuda. Recebi uma expressão levemente satisfeita da primeira e pulinhos animados da segunda. – Perfeito! Aliais, essas são Silena e Thalia.

Apresentei a Togekiss e a Grookey para as integrantes mais novas. A símia, por ser tão agitada como a Fire Type, logo fez questão de acenar e pular sobre as duas, como se estivesse tentando dar um abraço. Por outro lado, a fada gigante apenas sorriu e as cumprimentou em sua linguagem incompreensível. Sendo assim, começamos a caminhar/voar pela rota. As duas filhotes ficavam mais próximas de mim, enquanto as voadoras as vigiavam e exploravam o território.  

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Durante o percurso me perdi em pensamentos sobre a região nativa das criaturinhas que estavam vagando pelas rotas adjacentes à Sienna. Alola era um arquipélago paradisíaco que sempre estava na lista de lugares para se visitar. A região tinha peculiaridades que a deixavam ainda mais única, como a ausência de ginásios e um modelo diferente dos seus treinadores provarem força para participar da liga nativa.

Em meio a sorrisos e pausas para aproveitar eventuais brisas marinhas, percebi que Nikita e Thalia estavam começando a se aproximar. Ambas conversavam bastante, sendo bem “tagarelas” em sua linguagem, e compartilhavam do mesmo ritmo acelerado. Elas eram muito diferentes do Riolu, o azulado mal “vocalizava” para se comunicar, reparar nos filhotes sempre me deixava com uma expressão boba por conta das doses exacerbadas de fofura.

Silena e Dinah combinavam bastante. A fada voava silenciosamente, apenas aproveitando o tempo, enquanto o corvo piava melodicamente, uma particularidade observada ainda na tenda onde foi capturada.

Nenhum dos Pokémon selvagem pareciam se sentir ameaçados pelas minhas parceiras, nem mesmo demonstraram sinais de territorialidade ou comportamento agressivo. Um ótimo começo. Olhei para o caminho e vi que a ponte estava cada vez mais perto, mas eu não tinha planos de passar pelo caminho mais fácil.

- Vamos explorar um pouco, depois seguiremos pela praia. – Avisei aos monstrinhos, enquanto observava a paisagem em busca de algo que me chamasse atenção.

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Os monstrinhos eram, supostamente, criaturas criadas em cativeiro e que teriam mais dificuldade de procurarem por comida na rota. Dentro dessa linha de raciocínio, talvez alguns deles tivessem optado por se manter próximos da cidade e procurar refeições com os nativos, afinal eles seriam monstrinhos de zoológico e provavelmente saberiam interagir com humanos para sobreviver.

Não fiquei tão convencido assim com o que havia acabado de elaborar, mas estava sem vontade de pensar em outras justificativas. Para todos os fins: eu simplesmente queria ir para lá. Olhei para a cesta que carregava, para checar o bem-estar dos ovos, deixando um sorrisinho escapar.

Dinah demonstrava estar mais interessada no rastreamento dos Pokémon, o que era adorável. O corvo observava tudo, mas com menos foco e atenção que a ave gigante. Inclusive, foi a Togekiss que chamou a minha atenção primeiro, apontando para a entrada da cidade. Talvez um dos monstrinhos retornando da sua caça por comida?

- Obrigado Silena! Vamos meninas, devemos estar perto do primeiro. – Avisei ao grupo, seguindo a direção indicada pela fada.

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Ansioso? Eu?! Sempre. A Togekiss me enchia de expectativas com a sua descoberta, mas a sua personalidade levemente desligada me preocupava. Eu poderia fazer uma bela maquiagem de palhaço, vulgo a minha skin care, caso chegasse no lugar e me deparasse com uma árvore maravilhosa para ela tirar um cochilo.

Tudo bem, a fada provavelmente não faria tanta cena se não fosse algum monstrinho perdido, mas quebrar as minhas próprias esperanças me livrava de boas frustrações. Primeiro eu precisava chegar no território apontado pela ave, então deixei a minha mente se remoer no subconsciente.

Haviam alguns treinadores passando por ali, quem sabe alguns habitantes também, para entrar ou sair da cidade. O que me deixava preocupado, pois outros humanos tenderiam a me atrapalhar na busca pelos monstrinhos. Por sorte, a área apontada por Silena estava bem vazia.

Pedi para que as minhas parceiras me acompanhassem, enquanto dava um jeito de seguir para o terreno “deserto” sem chamar muita atenção. Então eu consegui ver o que a Flying Type estava apontando, era uma criaturinha sim! Bem, poderia ser um monstrão também, pois eu não fazia ideia do que poderia sair daquele esconderijo.

- Oi... Prometo que não vou te machucar. – Por mais que eu estivesse ansioso por batalhar, só faria isso com o consentimento do Pokémon.

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Não teve como esconder uma expressão de alegria ao ver uma criaturinha tão adorável como aquela. O lobinho de pelagem marrom e olhos azuis era bem único, não conhecia nenhuma espécie parecida com ele. Puxei a minha Poké Dex e analisei as informações que me foram concedidas.

Rockruff. Um tipo pedra. Aquilo estava certo? O Pokémon não aparentava ser desse elemento, pelo menos não exclusivamente Rock Type. Podia jurar que ele tinha algo relacionado aos normais, mas isso o deixava cada vez mais único. O canídeo certamente não era um recém-nascido, pois já sabia se esconder e reconhecer ameaças.

- Você é lindo. – O elogiei, exibindo um sorriso e me agachando para ficar em sua altura. Não tentei acaricia-lo de imediato, estendendo a minha mão para que ele pudesse se acostumar com o meu cheiro. – O que acha de me ajudar a treina-las? Tenho certeza que também é bem forte e elas gostariam de observar uma luta.

Caso ele aceitasse, três das minhas parceiras entraram em posição, mas exibindo uma postura muito mais leve e feliz do que a tensão característica das batalhas. A principio poderia parecer que o lobo estava em desvantagem, mas Scorbunny e Grookey não atacariam, permanecendo ali só o suficiente para receber a experiência compartilhada.

- Silena, só você vai lutar, Nikita e Thalia vão apenas observar o primeiro turno se defendendo com o Protect e depois sairão da batalha. Então siga com uma sequência de Dazzling Gleam. – Passei as instruções, enquanto usava um tom gentil.