Somewhere Only We Know_Glee

SOMEWHERE ONLY WE KNOW_GLEE ft. Victoria pft

A vida de Treinadores é complicada, não é mesmo? Dificilente uma jornada é um mar de rosas, sendo recheada de ataques de selvagens, envolvimento - mesmo que sem querer - com contrabandistas, sequestros, cirurgias invasivas e sem sentido, ou seja, todo o tipo de crime que possa existir. Se há uma chance de ocorrer, provavelmente um treinador já passou por isso... Talvez seja esse o motivo de momentos tranquilos serem tão importantes, apesar de curtos. Daisuke e Winnie passavam por um desses momentos agora mesmo, enquanto caminhavam pelo início da Rota 12 e podiam tirar um tempo para uma conversa madura. No meio disso, tinham de lidar com uma escolha difícil... Estrada pavimentada ou os confins de um bosque um tanto selvagem? Se você tem um Pokémon, uma mochila e já viveu "no mundo" lançando Poké Balls sabe que a escolha vai ser a segunda opção.

Mas tudo bem, né? Embrenhar-se na mata não significa exatamente perigo. Biólogos fazem isso o tempo todo e estão vivos, assim como outras profissões não tão formais e pessoas com intuitos não tão profissionais. Mas enfim... Não era lá uma Floreta Illex ou de Viridian, era apenas um bosque simples que ladeava a Rota 12. O maior problema seriam Spearows cagando sobre as cabeças alheias ou quem sabe sair todo gosmento de Seda especial de Caterpie... Enfim, independente dos riscos, partiram...

Entretanto, além das óbvias árvores e arbustos, além de eventuais clareiras recheadas de grama alta, a coisa mais estranha que o grupo encontrou foi um... Pato? Enfim... O Pokémon de plumagem escura e segurando um enoooorme Alho Poró mantinha uma expressão mista de curiosidade e tédio. Ele parecia muito com o Farfetch'd, Pokémon local, porém era maior e de cores diferentes. Ele também não estava parado sem fazer nada. Na verdade, ele usava seu Alho para tentar cutucar algo localizado no chão, mas tomava uma boa distância para isso, talvez por precaução. De onde estavam não era possível ver o que ele tentava cutucar, até porque a grama atrapalhava a visão. O que fariam então? Abordariam o Pokémon ou esperariam pra saber o que rolaria de suas ações?

Eu não sei muito bem porque, mas Daisuke decidiu deixar seu patinete ali mesmo, jogado em qualquer espaço do píer. Talvez fizesse sentido não carregar comigo para outro território aquele veículo, mas isso não seria um problema?! Acredito que o Patinete deveria ficar numa base por ai... ou ainda em algum lugar mais visível. Não sei, talvez eu esteja errada, mas sem ninguém para me "corrigir" era difícil não continuar.

Desacelerei. Se eu estivesse errada, ao menos o acompanharia em velocidade, né?! Ouvi o que tinha a dizer, sem que precisasse correr com a fala ou com as pernas. Sua respiração parecia ofegante, o que me fez desacelerar ainda mais o patinete.
- Ah, eu tenho um pokémon bem apático que ta no meu time principal - Respondi, me referindo à Fafnir - Ele na verdade já ta bem crescido, ta comigo a vários anos, já passamos por muitas coisas mas eu ainda não consigo entender ele... e acho que nunca vou - Num instante, alguns relances macabros do pokémon me tomaram a memória. Seu primeiro explosion em êxtase fora o principal deles - Mas eu aprendi a conviver com ele mesmo sem entender... acho que alguns pokémons tem umas razões mais estranhas... pra não serem compreendidos, ou serem tão estranhos... o Fafnir é meio bizarro e parece ser bem obscuro o que passa na cabeça dele... mas a gente conseguiu se ajeitar. Sua hora chega com ela... mas pra isso você tem que tentar, né?

Sim, ele tinha que minimamente tentar... mas quem sou eu para falar alguma coisa?! Impidimp chegou nascendo e já "assassinando" um pokémon meu, roubando minhas coisas e destruindo meus objetos. O que eu fiz?! Óbvio, botei ele no Day Care para todo o sempre. Nunca mais vi! Espero que volte completamente mudado... porque, sinceramente?! Não sei se conseguiria cuidar dele sem dar umas belas palmadas.

Bem, hoje esse textão não é sobre Odin... agora Daisuke mexia em sua mochila e me fazia parar. Tirava alguma coisa especial e me dava... eu fiquei bastante, BASTANTE surpresa. Não pelo ato de me presentear, mas pelo presente... uma arma branca?! Eu entendo as intenções, mas na minha cabeça... elas não são mais úteis que pokémons.

Bem, mal não vai fazer, né?!
- Talvez eu aprenda a usar isso... - Disse, pegando com uma das mãos o objeto e já levando até a outra, tentando encaixar o soco-inglês entre os dedos - É assim?! - Sei lá. Não sei como eu tava fazendo, mas eu tinha certeza que era a forma errada.

Timburr até ria de mim, o que me deixara um pouco tímida e até um pouco avermelhada. Meu pokémon bebê achou que a forma que eu luto é meio ridícula, vê se pode!
- Cuida do seu galho, rapá - Falei, num tom meio irônico, dando partida no Patinete.

Eu só queria lembrar que este é AQUELE patinete. Isso mesmo, o de Loki. Dessa vez, quando dei partida, o motor ativara forte demais: uma carga de energia fizera o veículo dar um estalo um tanto quanto alto e a parte de trás começou a esquentar. De uma forma estranha, passei a velocidade 'limite', definida pela Inmetro.

O veículo me levara rapidamente em direção aos arbustos e gramas altas e, sem muito saber o que fazer, fechei os olhos com força e pisei no chão, tentando usar meu pé como freio-de-mão. O veículo rodara ao redor do eixo (eu) e catapultara Timburr em direção a algum matagal bem estranho, que parecia ter uma certo 'supervisor'. O choque de Timburr não fizera tanto barulho, o que me fez pensar que talvez - apenas talvez - ele tenha caído em algo fofo... tipo um pokémon ou algum tucho de grama. Eu?! Bem, eu só tive tempo de gritar alguma onomatopeia escrota até enfim cair no chão.

SOMEWHERE ONLY WE KNOW_GLEE ft. Victoria pft

Com Winnie ainda sobre os patinetes, mesmo estando em um lugar não tão indicado para seu uso, a tragédia foi montada. Mas não se engane... O meio de transporte até aguentava um cenário meio de Rally, o problema não estava em sua capacidade de suportar impactos, mas sim na quantidade de impactos que já tinha suportado na vida, ainda mais nos últimos minutos com o peso exacerbado de Loki. O resultado foi uma perda total de controle e limitação de velocidade, lançando a jovem de cabelos rosas no meio da grama alta e o seu companheiro Timburr mais longe ainda, para o desespero de Daisuke.

O Ranger, com seu instinto protetor de sempre, pediu que Zhár, sua Ivysaur, usasse as vinhas para tentar "resgatar" a treinadora dos escombros(?) do patinete arrebentado. Entretanto, apesar da jovem ser leve, a Ivysaur não tinha peso suficiente para contrabalencear o içamento. Quem sabe como Venusaur...? O importante é que, mesmo sem completar o objetivo, a Pokémon deu sustentação para que Winnie levantasse por conta própria, ficando em pé sem muitos problemas e podendo vislumbrar a desgraça ocorrida.

Timburr havia voado diretamente sobre o Farfetch'd "diferentão", fazendo patinete, toco de madeira e alho poró voarem para locais distintos. E mais! Criando uma certa "desavença" entre o Pato mal-encarado e o lutador super-protetor. Os dois, ainda tontos, notaram a presença curiosa de um ao outro, procurando logo suas "armas" para o combate. Entretanto, desorientados, buscaram apenas o que tinha pela frente. O Timburr pegou uma das partes de aço do patinete, segurando-a tão facilmente, mesmo com o peso superior ao toco, que o surpreendeu ao notar o que realmente tinha em mãos. Enquanto isso, o Farfetch'd notara estar com o antigo pedaço de madeira do Pokémon Lutador. Uma ofensa a um Farfetch'd, uma espécie que se vangloriava pelo tamanho do alho. Sendo assim, sem qualquer pudor, o Pokémon Pato mordiscou a tora de Timburr com o bico e.... Partiu em pedacinhos...

Talvez eu devesse ouvir Daisuke mais vezes... eu não sei porque falo como se tivesse algo a ensinar. Certamente levar esse patinete para cá fora uma ideia terrível. Quando eu patinei pelo terreno-esburacado, eu pude sentir isso. Quando eu parei e dei partida ele tremelicou, me fazendo sentir ainda mais isso. Quando ele se espatifou no chão eu até evitei o rosto de Daisuke a princípio... e se ele estivesse com AQUELA cara de "eu avisei?"... Arg, não quero nem pensar.

Aceitei o cipó de Zhár para levantar, segurando-a como uma corta. A pokémon enroscou as vinhas no meu braço e me ajudou com o impulso inicial. Eu já tava bastante dolorida do último evento; talvez por isso não doeu tanto quanto achei que um acidente-de-automóvel pode acontecer. O problema é que minha dor era a de menos! Assim que fiquei de pé dei uma boa visualizada o cenário, completando três voltas (1080º) e ficando tonta ao fim.

Eu simplesmente não ACHAVA TIMBURR. Dei um gemido um tanto quanto desesperados, daquele que simboliza um belo de um "merda, fudeu", e pareceu que Timburr ouviu de alguma forma, porque assim que eu emiti aquele som, ele deu um guinchado rouco, tentando se empoderar. O barulho dera uma direção ao meu olhar e eu finalmente achei Timburr.

Ele estava ao chão, próximo dos 'escombros' do patinete, brigando com um... Farfetch'd? Olhei a cena um tanto quanto caótica... os dois pareciam humanos demais se desentendendo. O pássaro pegara a tora de Timburr e dera uma boa bicada, forçando-a com a asa para quebrar no meio. Nesse ponto meu pequeno lutador sur-tou. Tomou a haste do patinete - que ainda parecia conectada ao guidão -, ergueu-a sem dificuldade alguma e soltou todo o peso na cabeça do pássaro! Quando o impacto aconteceu, uma energia enorme pareceu ser liberada: primeiro um som de 'tuc' oco, que ecoara pelas árvores. Por fim uma luz! Timburr de alguma forma se tornara amorfo e aquilo tudo explicara a pergunta que não queria calar: como ele segurou um pedaço de aço daquele tamanho?!

Quando vi a luz, já entendi. Tirei do bolso lateral o item de Loki... sim, o Flame Orb. Joguei ao meu pokémon lutador e gritei algumas ordens. Essa seria sua primeira batalha sozinho:
- Timburr, protect e depois Facade nesse pássaro. NÃO DEIXE SUA TORA SEM SER VINGADA!

Talvez eu nunca 'hypei' tanto uma luta aleatória de pokémons meus. Sabe... eu sei que provavelmente não iria perder, mas dessa vez o meu pokémon que comprou uma própria luta e eu tinha uma sensação de que ele tava tão "crescidinho". Pareceu tão maduro! Resolvendo seus problemas por conta própria... sei lá, achei fofo.

O que é um pouco sádico, né?! Mas tudo bem, quem nunca, né?!

A emoção do momento parece ter deixado Timburr puto o suficiente para evoluir. Nada melhor do que tirar poder do cu com o ódio no coração, não é mesmo. É o tipo de poder que vale a pena! O corpo todo do lutador parecia ter sofrido uma mutação, com músculos crescendo até mesmo na sua cabeça. Até o patinete, parcialmente destruído, evoluiu para uma barra de aço bruto de construção. É, isso mesmo, só... Não façam perguntas, ok? O importante é que o Pokémon de Winnie estava "mocinho" e independente, batalhando sozinho e tudo mais. Ou melhor, quase batalhando, né? Farfetch'd ainda só observava o oponente ao mesmo tempo que procurava seu alho poró e.... ACHOU!

Com um rolamento, o pato conseguiu alcançar sua "arma" vegetal, mas ao levantá-la notou algo bastante estranho... Na ponta do Alho havia uma criatura que abocanhou sua ferramenta. Com movimentos quase peristálticos, o Pokémon ainda desconhecido devorou parte do vegetal e se preparava para outra "mordida", quando Farfetch'd agitou o objeto, jogando o Pokémon na direção de Daisuke. A criatura faminta, que parecia uma mistura de armadilha e pantufa, voou bem focada no "tirulipo" do Ranger, sendo bloqueado por pouco pela graça divina de Zhár, que o rebateu para o chão com sua vinha. Seria o segundo Pinto de Daisuke abocanhando no mesmo dia...

Enquanto isso, Farfetch'd, agora com o Alho Poró deformado, com uma mordida óbvia na ponta, entrava de vez no combate. Houve um choque dramático de "ferramentas" entre os dois, uma, duas, três vezes e então se separaram. Gurdurr, com um jeitinho edgy apaixonante, nem olhou para o lado quando Winnie lhe jogou uma Flame Orb, apenas a segurou no ar e guardou consigo, fazendo uma barriera de proteção que impediu o Brutal Swing do adversário bem à tempo. Logo depois, seu corpo inteiro incendou-se com força pelo item que carregava, apesar dele nem parecer se abalar. Farfetch'd surpreendeu-se e foi pulando para trás, tentando ganhar distância para o próximo golpe. Entretanto, a fúria do Guts era imbatível, forçando o pato a usar seu Detect para um desvio milagroso do Facade.

Daisuke estava diante de um engraçado Stunfisk de Galar. Ele iria lutar com essa criatura? E Winnie, como levaria essa batalha?


Campo: Clareira na Rota 12. Espaço com muita grama alta, dificultando ver o chão de terra.