[Missão Rocket] Entre Paus e Pedras (e Armas) eu sou Espada!

Ok. Importante. As câmeras na parte operacional eram muito mais que na recepção e administrativo, o que significava uma fortaleza na parte mais importante da indústria. Fora isso, os protocolos de segurança e manuseio de equipamentos, principalmente as armas. Imagina o motivo. Se uma dessas sumisse era demissão em massa na certa e um problema judicial enorme se uma arma da Taurus fosse usada e encontrada pela polícia ou rangers, fora dos registros. Inclusive imaginava se os superiores tinham porte e posse...

- Pode deixar, vou procurar não me perder senhor. - respondia.

Não imaginava o que ele gostaria de ouvir, mas não ia abaixar a cabeça por conta de uma escolha que não era minha, só tomava as notas mais importantes quando podia e ignorava os olhares conflitantes. Fingia até que ligava para prestar maior atenção nos espaços por onde passava.

Bem, foi um percurso extenso até chegar na designada área de testes. Barulhenta e tumultuada de capacetes verdes e laranjas. Imaginava se me colocariam para usar armas de fogo no modo automático pra fazer os testes, quase como em um curso de tiro. Não vou fingir que não estava interessado. Entendia inclusive o porquê de estarem todos meio putos com isso. Deveria ser o lugar menos trabalhoso da indústria porque o homem comumente tinha tesão em poder e armas nada mais eram que essa sensação durante o porte.

Agradecia a Torres pela companhia e me apresentava a Juarez - Bom dia senhor, sou um dos novos estagiários em treinamento, Matthew, e fui designado para esse setor pela senhorita Cintia. - só mencionava o nome da mulher pra ver como ele reagiria mesmo.

09h41min - Rutsboro City
"Sol forte com muitas nuvens, 21ºC"

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Sabiamente, Matthew ignorava os olhares, falas ríspidas e até ordens que pareciam ser opressoras. As câmeras continuavam ali naquele setor, mais do que nunca, além da interrogação daquela porta subterrânea, cuja função era um mistério para o jovem treinador. Ali, Juarez arqueava as sobrancelhas perante o menino e lançava um olhar questionador para Torres. O engenheiro apenas assentia positivamente, deixando claro que ele era uma indicação pessoal de Cintia. Só aquilo fazia todos questionarem o porquê... Claro, as fofocas de que Matthew pegava Cintia surgiram logo naquela entrada...

Juarez se propôs a orientar! Primeiro, a mini palestra se fez necessária para poder mostrar como o equipamento funcionava. Ali, os protetores de ouvido eram requisitados mais do que nunca, fazendo o jovem ter que reparar como funcionava cada trava e mecânica, até o processo seguir automático. Bem, era um trabalho muito menos braçal do que o que os outros aprendizes estavam enfrentando, porém, não deixava de ser monótono, chatíssimo! No fim, um sinal tocava.

O tempo passava rápido naquela manhã, com tantas explicações e detalhes pra anotar. Mesmo assim, Juarez não deixava o menino tocar em nada, apenas explicava e demonstrava. Claro que ele até gostava disso, porque ia mais lento e era cobrado menos, pois tinha que dividir seu tempo na mentoria de Matthew. Com o sinal, todos começavam a se deslocar para fora, indo ao refeitório. Era hora da pausa da manhã! O grupo de centenas de funcionários pareciam se reunir na recepção e de lá seguir para a área externa do local.

Eles traziam lanche casa, mas o cafezinho era por conta da empresa.... Não eram muito generosos, mas ao menos, parecia que o trabalho exaustivo era recompensado com um valor financeiro na conta de todos ali. Jimmy erguia-se da mesa onde estava, com um sorriso e um acenar para Matthew.

Será que eu me alimentava do caos assim como Musharna se alimentava dos nossos sonhos? Não sabia da resposta dessa questão, mas que era divertido acompanhar aquele primeiro impacto era, não vamos ser hipócritas. Certamente Matthew se sentiria intimidado, mas como eu não ligava, apenas dava de ombro. De novo, a aliança resolveria metade dos cochichos.

Havia coisa mais importante acontecendo. Juarez estava cooperando apesar da comissão externa, o que era um nível de profissionalismo admirável. Colava nele e prestava atenção nas instruções. Protetores auriculares, travas, mecânica e disparo automático. Ok. Eram pequenos os detalhes em algumas partes, mas se eram mencionas, eram importantes. Anotava em uma "page" de bloco diferente das do relatório, porque talvez precisasse recorrer ao que foi ensinado, tinha como. Ele parecia ser um bom mentor. Ele parecia até gostar disso.

Quando chegou o sinal de um intervalo, todos pareciam querer tomar um pouco de "ar puro" (o que era esquisito numa área onde a fumaça industrial dominava, mas não discutiria isso). Pensei em dar um perdido e explorar o lugar, mas Jimmy surgia com uma visão de pidgeot de não sei onde e fazia movimentos esquizofrénicos na minha direção. Não podia ignorar né? Fazia um sinal com a cabeça chamando ele pra me seguir e ia até a mocinha na recepção.

- Oi meu bem, estavam boas as trufas? - me debruçava sobre a bancada, esperando a resposta fingindo que me interessava. - Escuta, eu estava com os meninos passando pelo mezanino e eu vi uma porta que liga a um nível inferior. Qual setor fica lá embaixo?

09h49min - Rutsboro City
"Sol forte com muitas nuvens, 21ºC"

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Infelizmente, Matthew fora seguido por Jimmy. Embora o desejo do rocket era não ser notado, ele tinha que ter escolhido alguém tão carente para ajudar? Bem, fora o que fez... Agora ele tinha um menino ruivo de sardas que estava o seguindo até de volta à recepção, enquanto boa parte dos operários comiam na área aberta e cinzenta da fábrica. Na recepção, a mulher logo abria o sorriso quando via Matthew. Jimmy seguia correndo, tentando acompanhar o rocket, e ficando ofegante no caminho.

- Ah, mas você ficou bem neste macacão.- estava sendo gentil, mas realmente o bumbum do loiro foi bem delineado ali. - As caldeiras? É um local onde só os engenheiros entram pra controlar a temperatura. É onde vai quase que toda a água do prédio pra resfriar os equipamentos e evitar que exploda tudo.- de bom humor após um chocolatinho, ela fazia careta para mostrar que estava brincando, mas com um fundo de verdade.

Já Jimmy, de volta ao fôlego recuperado, conseguia finalmente encontrar o Rocket em seus gracejos, mas sem perceber, ou percebendo demais. - Você tá trabalhando na sala das armas? Poxa, todo mundo comentou que só operários de carreira trabalham lá... Você deve ter impressionado muito na entrevista... Não é à toa que é o 6ºde uma vaga que não existia- brincava o rapaz em sua inocência e sem maldade.

Por falar em maldade, os “toctocs” misturados em sons metálicos era ouvido de quem descia as escadas. Possivelmente Cintia que estava ali, já que o som era tão característico de sua presença. Será que ela já tinha uma proposta para o sócio “falido” da Avengers?

Depois que pensei, um loiro e um ruivo passeando juntos. Ótimo, só faltava um moreno pra fazer as três espiãs demais e ter nosso próprio show. Puta merda! Ia controlar a linguinha de Jimmy assim que ele tentasse se manifestar, porque de ajudante ele poderia estragar toda minha operação chamando atenção desnecessária, quer dizer, mais que o "normal" pra um estagiário com privilégios.

O bom é que conseguia uma informação sem precisar invadir e levar uma advertência. Uma informação como aquelas era um tesouro e ficaria ótima no relatório que redigiria mais tarde. As caldeiras...

Jimmy chegou afoito e, como imaginado, falando demais. Não respondia ele, apenas piscava pra mulher e dizia - Obrigado - e na despedida puxava Jimmy pelo braço para nos misturarmos na multidão. Evitaria Cintia para que não fosse chamado no particular o quanto pudesse.

- Eu posso ter insinuado que estou falido, o que não é bem uma verdade, mas eu realmente precisava dessa oportunidade... - Falava baixinho tentando manipular o ruivo pra que me ajudasse. - Eu tenho realmente um currículo bom demais pra operário e Cintia sabe disso, mas não posso ficar sozinho com ela, pode me ajudar com isso quando puder? Ah! Mas sem chamar muita atenção, por favor, tenho fobia social, por isso não quis me enfiar aqui antes.

Nada era bem uma mentira, apenas distorções de supostas verdades. Só esperava que ele pudesse cooperar. Não gastava gentilezas como "por favor" atoa.

10h01min - Rutsboro City
"Sol forte com muitas nuvens, 21ºC"

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De modo sério e com informações valiosas em mãos, Matthew puxava Jimmy pelo braço e chamava para fora mais uma vez, onde a maioria dos operários estavam em seu banho de sol – mesmo estando nublado de poluição. Ali o rocket jogava mais cartas estranhas e embaralhadas na mesa. Jimmy parecia fazer a reação ser mais lenta, como se realmente tivesse problemas cognitivos, mas também, que culpa ele tinha? Matthew tinha falado muito rápido, mas a única coisa que tinha restado era: preciso de ajuda!

Com este pedido que ele trazia para o rapaz, Jimmy sentiu a necessidade de ajudar, afinal, de alguma forma, ele foi ajudado pelo rocket. Estava na hora de ficarem quites! E foi nisso que Jimmy nem questionou mais as informações e motivações, saindo caminhando até a mulher do RH que mandava no pedaço. Entre um grupo de operários mais fortes e altos que estavam fazendo uma batalha em dupla, Matthew se escondia entre os golpes de Machamp e Victrebeel, vs Tyrogre e Swellow. Os pokémons mantinham golpes de contato que pouco poderiam trazer prejuízos para o local, mas poderia bem esconder o Rocket.

De longe era possível ver Jimmy se aproximar da mulher, de forma educado, e puxando conversa, mais agradecendo pela oportunidade. A presença de Cintia ali era intimidadora, e aos poucos ela tentava se afastar do menino e manter seus olhos à procura de alguém. Quem será? Sim! O herdeiro rico e playboyzinho da Avengers. Isso era complicado....

Mas foi só o sinal tocar, que todos começavam a se dirigir para voltar ao trabalho. Cintia era bem notada, já que ela poderia lançar alguns números a menos no contra-cheque e abrir processo administrativo contra os funcionários e, até, suspender contratos. Não ia ficar uma alma viva ali, com certeza, e isso incluía Jimmy. Mas 30 minutos de descanso? Isso era legal? Muitas coisas ali não parecia legais, mas aconteciam sobre visão dura dos rangers que precisam de armas...

Não queria imaginar quais os planos da equipe criminosa com a base de dados que eu estava coletando sobre uma industria de armas que fabricavam e vendiam para os rangers. Uma coisa que admiti logo cedo era que se não eu, outro faria o serviço. A contra balança seria avisar um ranger de confiança por uma maneira não rastreava - de ambas as partes - o próximo passo rocket. Assim mantinha um equilíbrio de informações, mas no momento só tínhamos conhecimento de Sckar e ele não tinha o que era preciso para aguentar um informante sem pirar na batatinha. E os últimos que encontrei eram tão idiotas que foram facilmente manipulados por Musharna e Metang.

Bem, procurar um aliado poderia levar tempo, mas não estava com pressa. Isso também porque minhas ideias de organização e planejamento não eram todas voltadas pra Hoenn e sim para Johto, e talvez Kanto. Enquanto não podia lidar com essas questões, focava simplesmente em sobreviver àquela semana de trabalho. E ao simples pedido de ajuda, Jimmy não questionou - milagre - indo na direção contrária fazendo com que eu me questionasse se tivesse sido uma boa estratégia, mas já estava feito. Enquanto ele ia até, provavelmente, Cintia, eu me enfiava no meio daqueles que torciam e batalhavam. E em poucos minutos o sinal tocava, mandando a horda de trabalhadores de volta pra fábrica. Eu, camuflado no meio da multidão, passava de cabeça baixa e caminhava direto pro setor de testes.

17h11min - Rutsboro City
"Sol forte com muitas nuvens, 25ºC"

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Sendo efeito de Jimmy ou do grande número de funcionários, Matthew conseguia passar desapercebido e retornar ao seu local de origem, pois ali era onde deveria trabalhar. Juarez mais uma vez deixava Matthew apenas na observação, já que tinha certa insegurança e queria que o menino aprendesse todas as travas antes de começar o trabalho. Mal sabia ele que o rocket não ficaria ali por muito tempo...

O tempo passava e a hora do almoço começava, mais um resquício de alegria no meio do dia trabalhoso. Os outros concorrentes já começavam a reclamar das dores em vários lugares do corpo, seja por pegar muito peso ou por manter uma posição muito ruim para o trabalho. A falta de costume deixava aquele trabalho mais difícil. Cintia não apareceu na hora do almoço e a comida ali era longe de ser boa. Batatas, arroz, um caldo estranho com carne picada e uma maçã. Centro Pokémon era um luxo!

No meio da tarde, Juarez deixou Matthew fazer uma parte do trabalho. Era muito mais difícil na prática do que na teoria. Algumas travas eram pesadas e outras dependiam de encaixe mais do que perfeito das armas. Foi neste momento em que Matthew viu que era bem lento, comparado ao velho Juarez, que fazia com muita habilidade.

A tarde até que passou mais rápido, porque o rocket estava aprendendo algo. Talvez nenhuma outra observação fosse possível a partir dali, mas na saída, às 17 horas, o rocket se deparava direto com Cintia. Enquanto os funcionários batiam os pontos, ela encarou o loiro e este nem pôde fugir.

- Olá, querido... Espero que esteja se adaptando bem. Amanhã de manhã eu estarei com uma proposta para você assinar. Será algo bem generoso!- dizia a mulher sorrindo

Começava a desconfiar que Juarez não me deixaria segurar o material nem tão cedo, mas também não apressaria o homem, afinal, ele era o responsável e se algo acontecesse, seria o dele na reta. Talvez eu também não tivesse confiança num estagiário que chegou do nada num alto cargo sem maiores explicações. Apenas observava o homem e tomava notas ora ou outra.

No próximo intervalo me juntei aos outros estagiários, sentando-me ao lado de Jimmy e dando a maçã de sobremesa para o ruivo em sinal de gratidão por mais cedo. Não era como se eu estivesse em situação igual ou pior que a dos outros, então preferia não tecer comentários, apenas ficar caladinho na minha.

Ao voltar pro posto quase não acreditei que o velho estava confiando uma das armas de teste a mim. Esperei por uns segundos para ver se ele se arrependeria, mas nada fez. Logo conferia as travas e sentia que mais uma vez toda teoria era muito mais fácil que a prática. Mas também nunca havia manuseado uma do tipo, apenas armas brancas. Foi difícil pegar o jeito da tarefa, mas não sentia o tempo se arrastar como na manhã. Em verdade, o segundo turno voou que não percebi. Agradecia ao velho Juarez pela oportunidade e paciência, desejando uma boa noite.

Na saída, fui pego por alguém que devia estar de olho... Cintia me encarava dando uma notícia que deveria me fazer sorrir de orelha a orelha, certo? Meh! Tinha que fingir que sim, então assim o fazia, sorrindo abobado como um jovem esperançoso.

- Uau, que rápido! Claro, até amanhã senhorita Cintia.

Ao dar as costas o sorriso sumia e já começava a organizar planos e desculpas pra manter aquele jogo até o fim da semana. No momento tudo o que desejava era a sopa quente do CP, um bom banho e um chá antes de dormir.

03h02min - Rutsboro City
"Lua minguante com poucas nuvens, 19ºC"

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Fugir de Cintia não parecia ser uma situação muito favorável, uma vez que ela tinha olhos por todos os lugares. Talvez o acesso dela às câmeras de segurança fizesse de Matthew um alvo fácil ali dentro daquele complexo. Por isso que quando o menino retorno ao pátio aberto, com número reduzido de câmeras, a mulher não conseguia o localizar diante de tantas cabeças. Um contrato estaria pronto para ele no dia seguinte e, claro, faria o menino perder sua posse da Avengers. Talvez o aceitem como membro, sem os privilégios de antes, claro...

Mas isso seria jogo pra outro dia. Matthew se sentia fadigado. Mais mentalmente, do que fisicamente. Retornou ao centro Pokémon bem quieto. Aproveitava das vantagens que tinha no local, incluindo comida boa e descansava. Era 3 horas da manhã. Uma madrugada fresca. A janela estava entre aberta? Bem, não foi dito, mas vamos deixar para facilitar para mim... Da janela aberta, a ave noturna entrava. Seu bater de asas era o suficiente para tirar o rocket dos seus sonhos mais terríveis e o fazer prestar a tenção. Matte, Thito ou Matthew perceberia aquele Murkrow no tapete simples do chão do quarto hospedado...

Foi ali que a ave noturna deixava um disco, que piscou duas vezes e emitia luzes que formava um holograma de uma mulher de roupas negras e um R vermelho evidente na frente, estampado com orgulho. - Sr. Monclar. Entrando em contato para relatório parcial de sua missão.- apesar da imagem azulada que vibrava, a voz era clara o suficiente.