09 - Arrumando a casa!

Enquanto nos dirigíamos ao Centro Pokémon, Amélia me passou seu Rotom Phone com uma chamada efetuada. Não demorou muito para reconhecer a voz de Edgar do outro lado da linha. - Fala Edgar! Galvanis aqui. Encontrei com a Amália e acabamos tendo uma batalha! - tentava ser objetivo com as palavras, ainda mais pelo fato de Edgar estar em horário de serviço - Ela se saiu muito bem, inclusive! Agora é dona de uma Liepard! - estiquei o dedo polegar em riste para a garota e abri um sorriso, ela também estava numa felicidade só. - Escuta, na verdade ela me pediu pra falar contigo pra te pedir um favor: permite que ela me acompanhe num treinamento nas montanhas aqui perto? Nada muito longe da cidade, só a distância necessária para não causar nenhum transtorno pra área urbana… - treinos com Pokémon poderiam ser bem caóticos, por mais que houvesse cautela, preparação e cuidado. - Pode ficar tranquilo, garanto a segurança dela! Vocês me treinaram pra isso afinal! - quer melhor forma de ganhar a confiança de seu superior que usar o treinamento que ele mesmo ajudou a aplicar? Amália parecia empolgada com a ideia e ao mesmo tentava trazer tranquilidade e confiança ao super pai! Bom, ao menos era o que esperava!                                                                                                  

A conversa até que foi rápida e um tanto quanto bem tranquila. Obviamente Edgar tinha seu tom de preocupação na voz, e a brincadeira foi muito bem entendida por mim. Passei o telefone para Amália e a primeira coisa que ela fez foi dar uma risadinha, possivelmente algum comentário feito por Edgar. - Er… o que ele te disse? - estava sim curioso para saber o que ele tinha falado, mas tinha algumas especulações.

Chegando no Centro Pokémon recuperei minha equipe e fiz algumas modificações. Era uma boa oportunidade para crescer outros membros da minha equipe. Com tudo resolvido, esperei Amália fazer suas preparações. - Então, vamos? Precisa passar na sua casa e pegar mais coisas? - questionei, já que a cidade não era muito grande e tínhamos tempo.                                                                                                  

Olhei para a menina com uma expressão de “É sério isso?” quando ela falou sobre o segredo entre pai e filha. Provavelmente foi um daqueles avisos tipo: “Juízo hein?”, ou “Não cai no papo desse guri ai não!”. Se esse fosse o caso, francamente, Edgar sabe que tenho namorada, e para além disso, Amália é muito mais jovem que eu! Essa possibilidade não existia em hipótese alguma. Mas era compreensível a grande preocupação, é ainda mais compreensível ainda a falta de noção de um pai preocupado com sua única filha!

Seguimos até a casa de Amália onde ela iria pegar algumas “provisões” para o treinamento. A noção de que chocolates são uma boa opção nutritiva para atividades físicas me diverte até hoje. Ah, a inocência. - Não esqueça de levar o equipamento básico. Já acampou alguma vez antes? - era uma questão um tanto quanto óbvia, ao menos para mim. Sendo ela filha de um membro da corporação, obviamente já teria tido essa experiência, certo? Ao menos era essa a principal atividade entre pai e filho que tinha com o meu. Pelo sim e pelo não, fiz a minha vez de responsável e a instruí sobre o que seria interessante levar, mesmo que fôssemos ficar uma tarde que seja nas montanhas: barraca, cantil ou garrafa térmica, cordas, isqueiro, saco de dormir e alimentos leves, além grãos e aqueles ricos em carboidratos e proteínas, já que ela iria garantir os lipídios com os chocolates!

No entanto, antes que pudéssemos seguir a viagem, recebi uma notificação no Rotom Phone. Era Gaulvi, líder dos The Wolves. Eles estavam na cidade de Cherrygrove participando de uma competição para uma rádio. Essa notificação era uma mensagem coletiva para os membros da sociedade sobre as atividades regulares da mesma. Pedi para Amália me aguardar só por algumas horas, pois teria que resolver uma situação. Corri de volta para o Centro Pokémon e trouxe de volta Aerodactyl para a equipe, voando imediatamente para Mauville.


                             

Depois de voltar para Lavaridge, devolvi Paarthurnax para o Storage e retornei a formação que tinha planejado para o treinamento. Me reencontrei com Amália, então seguimos para o local. A ideia era ir para uma área onde era mais seguro fazer esse tipo de atividade. Ainda não era montanha propriamente dito, devido à proximidade com a cidade, mas também não era perímetro urbano, nem domínio de nenhuma rota. Ou seja, era perfeito para um treinamento! Algumas horas de caminhada mais tarde, no entanto, recebi outro chamado. Amália e eu estávamos conversando sobre coisas corriqueiras quando isso aconteceu. - Só um instante, Amália. - levei a mão até o canal auricular em minha orelha esquerda - Recruta Vitale na escuta. - a voz saiu no tom calmo e objetivo que costumeiramente usava nessas situações. Do outro lado, reconheci a voz do Comandante Gordon. Era um repasse sobre um deslizamento de terra, próximo de onde me encontrava. - 10-4 comandante, a caminho. - aparentemente era algo tranquilo, mas estava na companhia de uma civil muito especial. - Tenho que averiguar uma ocorrência aqui na região, mas nada perigoso. Fique próxima a mim, tudo bem? Ah, deixe um Pokémon seu fora da pokébola para qualquer resposta rápida a um perigo. Por isso Kinney sempre fica ao meu lado, certo garota? - dizia para Amália, e depois olhei para minha Weavile, que saltou nas minhas costas e grunhiu de uma forma bem alegre. Ela deve estar se sentindo nostálgica com aquele ambiente, e eu também estava de certa forma!
                                                                                                   

A garota liberava sua Pokémon de grama, que bem rápida e esguia assim como Kinney, mas digamos que minha parceira ainda tinha alguma vantagem. Avançamos mais um pouco e rapidamente chegamos até o local do deslizamento. Era bem incomum, de fato, mas não impossível a ocorrência desse tipo de situação em áreas mais próximas da cidade.

Minha situação era bem delicada, mesmo que fosse uma ocorrência sem gravidade. Estava acompanhado de uma civil, muito jovem e provavelmente sem experiência naquele tipo de situação. Ela não era de cristal, mas até um simples arranhão era um crime gravíssimo para seu pai. Independente do que Edgar pensasse ou não, também era minha responsabilidade deixá-la segura.

Rapidamente Kinney subiu pelo entorno do deslizamento para averiguar. Logo ela chamou minha atenção para que me aproximasse. Um odor bem específico porém ainda desconhecido era sentido no local. Seguido de um pedido de socorro, fraco porém audível. - Vitale para base. Estou no local do deslizamento. Identificada uma vítima de soterramento. Iniciando remoção dos escombros. Solicitando reforços para remoção da vítima para emergência. - levei minha mão rapidamente até o aparelho auricular e tomei uma certa distância, enquanto retirava minha mochila. Depois, voltei-me para Amália - Preciso que me faça um favor, sim? - olhei para ela com o semblante calmo - Sabe montar acampamento? Coloque nossas coisas naquele local. - apontei para um local, uns 30, 40 metros do deslizamento, uma espécie de clareira - Comece a montar as barracas, tudo bem? - continuava a olhar para ela - Vai dar tudo certo, ok? - a reação da garota ao ouvir o pedido de socorro era completamente entendível, mas precisava que ela mantivesse a calma.

Mais leve devido a retirada da mochila e com Amália em segurança, era hora de trabalhar. Cometi um erro grave ao não deixar ao menos um parceiro comigo para eventuais emergências, do que um resgatista jamais deve cometer. Deveria trabalhar com aqueles que estavam comigo, e isso seria um grande desafio. - Certo Arges, pode sair! - liberei meu Duskull - Arges, entre por entre essas rochas e me diga a situação. Quantas pessoas, se há Pokémon, se estão feridos. Analise depois volte para cá. - comandei meu parceiro fantasma, que devido à sua natureza poderia entrar por entre as superfícies sólidas sem muita dificuldade. - Mirana, Ciri e Lucy, saiam também! - agora era a vez de liberar mais três parceiras para o resgate. - Estamos em uma situação de resgate, meninas. Lucy tem mais experiência com isso, então você será a capitã, certo? - apontei para minha pequena flor dançarina. Ciri e Mirana ainda não tinham experiência nesse tipo de situação, então era preciso uma orientação mais de perto. Esse treinamento era justamente para prepará-las melhor, no entanto terão que aprender “na marra”, como dizem por ai - Mirana, cubra a esquerda. Ciri vai pela direita. Lucy pelo centro. Cubram o perímetro do deslizamento e me informem caso tenha alguma modificação. Kinney e eu tentaremos remover o máximo de escombros para alcançar a pessoa presa ali dentro. Essa é a primeira experiência de vocês com esse tipo de resgate. Mantenham a calma e ajam somente nas minhas ordens, certo? Vamos lá! - instruções e orientações dadas, era hora do resgate! Segui com Kinney para uma parte mais elevada do deslizamento, local menos propenso a continuar a soterrar, e começamos a remover os escombros.                                      

Aquele aroma adocicado era bem familiar, mas devido a urgência do contexto não havia percebido. Até que com a retirada de parte dos escombros, a situação começou a se tornar mais clara. Encontramos um boné e um recipiente azulado, de onde era a origem do aroma.  - Droga! - os sons de rastejamento indicavam o pior, Pokémon selvagens estavam sendo atraídos pelo aroma, logo chegariam aqui. - Kinney e Arges, preparem-se para a batalha! Temos que tirar o máximo de escombros possível antes de continuar! - orientei meus parceiros para que se preparassem. No entanto, ouvi latidos e arfados. Olhei para trás de puder vem a figura de Ciri, correndo por entre as rochas, e sobre ela estava Mirana!



Não sabia ao certo o que tinha acontecido, mas antes que pudesse der o famoso "esporro", Kinney interveio. Parece que havia um motivo por detrás daquela atitude de Ciri e Mirana. Bom, isso era coisa para resolver depois. - Tudo bem, vocês quatro preparem-se! Ciri e Mirana fiquem atrás de Kinney e Arges! - dei breves instruções para ambas. - Estou ouvindo você! Estamos quase chegando! Qual é seu nome? - tentei estabelecer uma comunicação para manter a pessoa soterrada consciente. Agora era uma corrida contra o tempo, e eu estava ficando para trás.